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Através de seus poemas, recupera certos valores parnasianos e simbolistas, como o rigor
formal e o vocabulário erudito.
Temáticas:
O Nordeste com sua gente: os retirantes, suas tradições, seu folclore, a herança
medieval e os engenhos; de modo muito particular, seu estado natal, Pernambuco,
e sua cidade, o Recife. São objeto de verificação e análise os mocambos, os
cemitérios e o rio Capibaribe, que aparece, por mais de uma vez, personificado.
A Espanha e suas paisagens, em que se destacam os pontos em comum com o
Nordeste brasileiro. "Sou um regionalista também na Espanha, onde me considero
um sevilhano. Não há que civilizar o mundo, há que 'sevilhizar' o mundo", afirma
o poeta.
A Arte e suas várias manifestações: a pintura de Miró, de Picasso e do
pernambucano Vicente do Rego Monteiro; a literatura de Paul Valéry, Cesário
Verde, Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos e Drummond; o futebol de Ademir
Meneses e Ademir da Guia; a própria arte poética
Poemas
1.
Saio de meu poema
como quem lava as mãos.
2.
Esta folha branca
me proscreve o sonho,
me incita ao verso
nítido e preciso.
Eu me refugio
nesta praia pura
onde nada existe
em que a noite pouse.
Como não há noite
cessa toda fonte;
como não há fonte
cessa toda fuga;
3.
Neste papel
pode teu sal
virar cinza;
pode o limão
virar pedra;
o sol da pele,
o trigo do corpo
virar cinza.
Neste papel
logo fenecem
as roxas, mornas
flores morais;
todas as fluidas
flores da pressa;
todas as úmidas
flores do sonho.
4.
O poema, com seus cavalos,
quer explodir
teu tempo claro; rompendo
seu branco fio, seu cimento
mudo e fresco.
5.
Vivo com certas palavras,
abelhas domésticas.
Do dia aberto
(branco guarda-sol)
esses lúcidos fusos retiram
o fio de mel
(do dia que abriu
também como flor)
que na noite
(poço onde vai tombar
a aérea flor)
persistirá: louro
sabor, e ácido
contra o açúcar do podre.
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
1. Leia o poema de João Cabral de Melo Neto e assinale o que for correto.
O relógio
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
01) No poema, as “caixas de vidro”, sejam entendidas como “jaula”, sejam como
“gaiolas”, referem-se a “relógio”. *
02) Na quarta estrofe, o eu lírico descreve a aflição de um pássaro que vê a liberdade fora
de seu alcance, pois está preso numa gaiola.
04) As palavras “jaula” e “gaiolas” têm afinidades semânticas entre si, mas não possuem,
no contexto, o mesmo significado que tem a palavra “relógio”. No poema, o relógio é a
“caixa de vidro” a ser exibida nas paredes ou no pulso, ou seja, está ligado à vaidade.
08) A objetividade e a ausência de sentimentalismo caracterizam o poema. No trecho
transcrito, o eu lírico reflete sobre alguns objetos na “vida do homem” sem se derramar
em emoção, em subjetividade. *
16) A música que “a gente às vezes canta” (última estrofe) refere-se às atividades de lazer
e recreação que permitem às pessoas interagir animicamente com a Natureza.
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