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Tipos de sermões que atrapalham o culto

Apenas para ilustrar, vamos fazer uma rápida classificação dos sermões que mais atrapalham o
culto. Se você freqüenta igreja há vários anos, é provável que já se tenha encontrado com alguns
desses sermões mais de uma vez. A seguir, descrevem-se os tipos de sermão que atrapalham o
culto.

1) O SERMÃO SEDATIVO – É aquele que parece anestesia geral. Mal o pregador começou a falar
e a congregação já está quase roncando. Caracteriza-se pelo tom de voz monótono, arrastado, e
pelo linguajar pesado, típico do começo do século, com expressões arcaicas e carregadas de
chavões deste tipo: "Prezados irmãos, estamos chegando aos derradeiros meandros desta senda",
Porque não dizer: "Irmãos, estamos chegando às últimas curvas do caminho"? Seria tão mais fácil
de entender. Ficar acordado num sermão desse tipo é quase uma prova de resistência física.
Como dizia Spurgeon: "Há colegas de ministério que pregam de modo intolerável: ou nos
provocam raiva ou nos dão sono. Nenhum anestésico pode igualar-se a alguns discursos nas
propriedades soníferas. Nenhum ser humano que não seja dotado de infinita paciência poderia
suportar ouvi-los, e bem faz a natureza em libertá-lo por meio do sono".

2) O SERMÃO INSÍPIDO – Esse sermão pode até ter uma linguagem mais moderna e um tom de
voz melhor, mas não tem gosto e é duro de engolir. As idéias são pálidas, sem nenhum brilho que
as torne interessantes. Muitas vezes é um sermão sobre temas profundos, porém sem o sabor de
uma aplicação contemporânea, ou sem o bom gosto de uma ilustração. É como se fosse comida
sem sal. É como pregar sobre as profecias de Apocalipse, por exemplo, sem mostrar a importância
disso para a vida prática. O pregador não tem o direito de apresentar uma mensagem insípida,
porque a Bíblia não é insípida. O pregador tem o dever de explorar as belezas da Bíblia, selecioná-
las, pois são tantas, e esbanjá-las perante a congregação.

3) O SERMÃO ÓBVIO – É aquele sermão que diz apenas o que todo mundo já sabe e está
cansado de ouvir. O ouvinte é quase capaz de "adivinhar" o final de cada frase de tanto que já
ouviu. É como ficar dizendo que roubar é pecado ou que quem se perder não vai se salvar (é
óbvio). Isso é uma verdade, mas tudo o que se fala no púlpito é verdade. Com raras exceções,
ninguém diz inverdades no púlpito. O que falta é apenas revestir essa verdade de um interesse
presente e imediato.

4) O SERMÃO INDISCRETO – É aquele que fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente
menos para uma igreja, onde as pessoas estão famintas do pão da vida. Às vezes, o assunto é
impróprio até para outros ambientes. Certa ocasião ouvi um pregador descrever o pecado de Davi
com Bate-Seba com tantos detalhes que quase criou um clima erótico na congregação. Noutra
ocasião, uma senhora que costumava visitar a igreja confessou-me que perdeu o interesse porque
ouviu um sermão em que noventa por cento do assunto girava em torno dos casos de prostituição
da Bíblia, descritos com detalhes. E acrescentou: "Achei repugnante. Se eu quiser ouvir sobre
prostituição, ligo a TV". De outra vez, um amigo me contou de um sermão que o fez sair
traumatizado da igreja, pois o pregador gastou metade do tempo relatando as cenas horrorosas de
um caso de estupro. Por favor, pregadores: o púlpito não é para isso. Para esse tipo de matéria
existem os noticiários policiais.

5) O SERMÃO REPORTAGEM – É aquele que fala de tudo, menos da Bíblia. Inspira-se nas
notícias de jornais, manchetes de revistas e reportagens da televisão. Parece uma compilação das
notícias de maior impacto da semana. É um sermão totalmente desprovido do poder do Espírito
Santo e da beleza de Jesus Cristo. É uma tentativa de aproveitar o interesse despertado pela mídia
para substituir a falta de estudo da Palavra de Deus. Notícias podem ser usadas esporadicamente
para rápidas ilustrações, nunca como base de um sermão.

6) O SERMÃO DE MARKETING – É aquele usado para promover e divulgar os projetos da igreja


ou as atividades dos diversos departamentos. Usar o púlpito, por exemplo, para promover
congressos, divulgar literatura, prestar relatórios financeiros ou estatísticos, ou fazer campanhas
para angariar fundos, seja qual for a finalidade, destrói o verdadeiro espírito da adoração e,
portanto, atrapalha o culto. A Igreja precisa de marketing, e deve haver um espaço para isso, mas
nunca no púlpito. Isso deve ser feito preferivelmente em reuniões administrativas.

7) O SERMÃO METRALHADORA – É usado para disparar, machucar e ferir. Às vezes a crítica é


contra um grupo com idéias opostas, contra administradores da igreja, contra uma pessoa
pecadora ou rival ou mesmo contra toda a congregação. Seja qual for o destino, o púlpito não é
uma arma para disparar contra ninguém. Às vezes o pregador não tem a coragem cristã de ir
pessoalmente falar com um membro faltoso e se protege atrás de um microfone, onde ninguém vai
refutá-lo, e dispara contra uma única pessoa, sob o pretexto de "chamar o pecado pelo nome".
Resultado: a pessoa fica ferida, todas as outras, famintas, e o sermão não ajuda em nada.

Às vezes o disparo é contra um grupo de adultos ou de jovens supostamente em pecado. Não é


essa a maneira de ajudá-los. Convém ressaltar que chamar o pecado pelo nome não é chamar o
pecador pelo nome. Chamar o pecado pelo nome significa orar com o pecador e se preciso chorar
com ele na luta pela vitória. A congregação passa a semana machucando-se nas batalhas de um
mundo pecaminoso e de uma vida difícil e chega ao culto precisando de remédio para as feridas
espirituais, não de condenação por estar ferida. Em vez de chumbá-la com uma lista de
reprovações e obrigações, o pregador tem o dever santo de oferecer o bálsamo de Gileade, o
perdão de Cristo como esperança de restauração. As obrigações, todo mundo conhece. Nenhum
cristão desconhece os deveres do evangelho. Em vez de apenas dizer que o cristão tem de ser
honesto, por exemplo, mostre-lhe como ser honesto pelo poder de Cristo. Isso é pregação com
poder.

Todos esses sermões mencionados acima atrapalham o culto mais do que ajudam. Prejudicam o
adorador, prejudicam a adoração. São vazios de poder. Se você quer ser um pregador de poder,
busque a Deus, gaste dezenas de horas no estudo da Bíblia antes de pregá-la, experimente o
perdão de Cristo e estude os recursos da comunicação que ajudam a chegar ao coração das
pessoas.

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