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obrigação, pois nas perdas e danos não uma troca de devedores, pois um terceiro
subsiste a solidariedade. Mas nos juros, sim. assume a obrigação do devedor.
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algum tipo de interesse, ou seja, pelo devedor putativo. Putativo vem de putare, que significa
ou por um terceiro. A lei, no entanto, crer, acreditar. Haverá credor putativo quando
estabelece consequências diferentes para o se paga de boa-fé a quem não é o credor, ou
pagamento sendo feito pelo devedor, por seja, se pagou à pessoa errada, mas havia
terceiro interessado ou por terceiro não motivos para acreditar ser ele o credor. Um
interessado. Quando se fala em terceiro exemplo já foi visto quando da abordagem do
interessado ou não interessado, fala-se em tema cessão de crédito. Vimos que o devedor
interesse jurídico, pois, se o terceiro paga, não precisa concordar, mas deve ser
algum tipo de interesse ele tem. O terceiro notificado da cessão de crédito para saber
será interessado quando puder ser cobrado que o credor mudou. Vimos que se não for
pela dívida. Assim, um fiador que paga a notificado e de boa-fé pagar ao cedente, ele
dívida do afiançado é um terceiro interessado, está exonerado e a razão é simples: pagou a
mas o pai que paga a dívida de um filho maior credor putativo.
de idade, embora tenha um interesse
sentimental, é considerado um terceiro não No que se refere ao objeto do
interessado. pagamento, este será o cumprimento da
prestação. O credor não é obrigado a aceitar
Se o devedor efetuar o pagamento, prestação diversa da que lhe é devida, ainda
extinta estará a obrigação e ele estará que mais valiosa, afirma o art. 313 do CC.
exonerado. Se um terceiro pagar, também Ainda que a obrigação seja divisível, como
estará extinta, mas ele poderá reaver o valor dever dinheiro, não pode o credor ser
pago, embora de forma diferente a depender obrigado a receber nem o devedor ser
de quem pagou: se terceiro interessado, sub- obrigado a pagar por partes, se assim não se
roga-se nos direitos do credor; se terceiro não ajustou.
interessado, apenas tem direito de reembolso,
não se sub-rogando nos direitos do credor. Quem paga tem direito de receber
Em ambos os casos, o terceiro cobra do uma prova de que pagou. É o que chamamos
devedor o que pagou por ele, mas diferem de quitação. O instrumento da quitação é o
porque, ao se sub-rogar nos direitos do recibo, que sempre pode ser por instrumento
credor, terá as garantias especiais dadas a particular. Se o credor se recusar a dar
ele, o que não ocorre no mero direito de quitação, o devedor pode legitimamente reter
reembolso. Detalhe: isso ocorrerá se o o pagamento enquanto não lhe for dada.
terceiro pagar em seu nome, pois se pagar
em nome do devedor, é considerado uma Assim sendo, em regra, quem prova o
mera ajuda, não tendo direito de reaver o que pagamento é o devedor, apresentando o
pagou. recibo recebido como instrumento da
quitação. No entanto, em três casos haverá
A quem se deve pagar? O pagamento presunção de pagamento, dispensando o
deve ser feito ao credor ou a quem de direito devedor de provar que pagou. Ocorre que é
o represente. Se o pagamento foi feito à uma presunção relativa, ou seja, aquela que
pessoa errada, pagou-se mal e quem paga admite prova em contrário. Desta forma,
mal, paga duas vezes, pois o verdadeiro sendo um dos casos de presunção de
credor poderá cobrá-lo. No entanto, em dois pagamento, não se fixa uma verdade absoluta
casos, o pagamento feito a um terceiro libera de que existiu pagamento, mas sim uma
o devedor: se o credor confirmar o pagamento inversão do ônus da prova, pois o devedor
ou tanto quanto provar ter se revertido ao não precisa provar que pagou, mas o credor
credor. pode provar que o devedor não pagou.
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credor. Cuidado: não confunda remissão com Note que a diferença entre
remição. A causa de extinção da obrigação é inadimplemento e mora reside no critério de
a remissão, é o ato de remitir, que significa utilidade para o credor. Em ambos os casos,
perdão, perdoar. Remição ou ato de remir não a prestação não é cumprida, sendo
é causa de extinção da obrigação, pois inadimplemento se a prestação não é mais
significa resgate, resgatar. útil ao credor e mora se a prestação ainda é
útil ao credor.
Tanto na confusão quanto na remissão
há um aspecto importante para você saber Por que diferenciar mora e
sobre obrigações solidárias. Confusão ou inadimplemento? Se o caso é de
remissão entre credor e um dos devedores inadimplemento, como a prestação não é
solidários ou entre o devedor e um dos mais útil ao credor, a única solução é o
credores solidários: mantém-se a pagamento de indenização por perdas e
solidariedade entre os demais, descontada a danos (ar. 389 do CC). Por outro lado, se o
parte remitida ou da confusão parcial. caso é de mora, cabe o que chamamos de
purgação ou emenda da mora. O que é isso?
Exemplo: Imagine três devedores É cumprir a obrigação, porque ainda útil para
solidários em trinta mil reais ao pai de um o credor, acrescido dos encargos moratórios.
deles (solidariedade passiva). Com a morte Purga-se a mora pagando-se com retardo,
do pai ou do filho ou se o pai perdoar só a acrescido de: correção monetária, juros de
dívida do filho, os outros dois devedores mora, perdas e danos decorrentes da mora e
serão solidários em vinte mil reais. Da mesma eventual honorários de advogado (art. 395 do
forma, imagine que um devedor deve trinta CC).
mil reais a três credores solidários, sendo um
deles o pai do devedor (solidariedade ativa). 5.2. Mora
Com a morte do pai ou do filho ou se o pai
perdoar só a dívida do filho, os outros dois O art. 394 do CC diz que se considera
credores serão solidários em vinte mil reais. em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-
5. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a
convenção estabelecer. Note haver mora não
5.1. Diferença entre inadimplemento e apenas quando não se paga no tempo
mora devido, mas também se não se paga no lugar
e na forma devida. Note ainda não haver
Quando o devedor não cumpre a mora só do devedor, mas também do credor,
prestação, estamos diante do que ocorre quando este não quiser
inadimplemento, que pode ser de dois os injustificadamente receber o pagamento,
tipos: absoluto ou relativo. O inadimplemento sendo o pagamento em consignação a
é absoluto quando a prestação não é solução para o devedor se livrar dos encargos
cumprida e não é mais útil ao credor que o da mora.
devedor a cumpra - por exemplo, contratação
de cantor para cantar em um casamento que Segundo art. 395 do CC, configurada
não comparece à cerimônia. O a mora, o devedor pode purgá-la, cumprindo
inadimplemento é relativo quando a prestação a prestação acrescida dos encargos
não é cumprida, mas ainda é útil ao credor moratórios. Todavia, se a prestação tornar-se
que o devedor a cumpra, por exemplo, não inútil ao credor, este poderá enjeitá-la e pedir
pagamento de uma dívida em dinheiro no dia perdas e danos. A razão é simples: se inútil
do vencimento. O inadimplemento absoluto é ao credor, deixou de ser mora e se
chamado simplesmente de inadimplemento e transformou em inadimplemento absoluto.
o inadimplemento relativo é chamado de
mora. Como exemplo, imagine uma
costureira que deixa de entregar o vestido de
noiva no prazo estipulado. É caso de mora
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ou inadimplemento? Depende. Se ainda não ato ilícito civil é causar dano a alguém,
houve a cerimônia, em razão de a data gerando ao causador o dever de indenizá-lo.
marcada lhe ser bastante anterior, o caso é Poderíamos pensar ser caso de mora ex
de mora; se já houve a cerimônia, em razão persona, pois o devedor deve ser constituído
da data marcada ter sido na véspera do em mora por um ato do credor, propondo
casamento, o caso é de inadimplemento, ação judicial (citação válida constitui o
caso em que o credor poderá rejeitar a coisa devedor em mora). No entanto, tal
e pedir perdas e danos, pois ao se tornar inútil entendimento é equivocado, pois a lei diz que
a ela, a mora se transformou em essa mora é automática, independendo de
inadimplemento absoluto. qualquer ato do credor. O art. neste momento
em análise diz que nas obrigações
Completa a ideia de mora o art. 396 do provenientes de ato ilícito, considera-se o
CC, que preceitua não incorrer em mora o devedor em mora desde que o praticou (a
devedor quando não haja fato ou omissão responsabilidade de reparar o dano fixada na
imposta a ele. Significa que a mora é o não sentença judicial retroage à data do ato para
cumprimento culposo da obrigação. Se não aplicar os efeitos da mora).
há culpa, não há mora. Se uma conta do
devedor só pode ser paga no banco e o Os arts. 399 e 400 do CC trazem dois
vencimento cai em um domingo, ao se pagar efeitos da mora, um para mora do devedor e
no dia seguinte, não há de se falar em mora, outro para a mora do credor:
tanto que se paga sem encargos moratórios.
a) Efeito da mora do devedor (art. 399 do
O art. 397 do CC nos faz perceber CC): O devedor em mora responde pela
haver dois tipos de mora: ex re e ex persona. impossibilidade da prestação, ainda que esta
A mora ex re é automática, ou seja, é aquela se dê por caso fortuito ou força maior. Se a
que independe de ato do credor para o prestação do devedor se torna impossível
devedor ser constituído em mora sem culpa do devedor, simplesmente se
(interpelação judicial ou extrajudicial, resolve a obrigação sem qualquer ônus a lhe
notificação, protesto ou citação do devedor). ser imposto. Todavia, se a impossibilidade
Por sua vez, a mora ex persona é aquela que ocorrer durante seu atraso, o devedor ficará
precisa de um dos citados atos do credor para obrigado a indenizar o credor pela
o devedor ser constituído em mora. Quando a impossibilidade da prestação, mesmo que
mora é ex re e quando é ex persona? esta tenha se dado por caso fortuito ou por
força maior. Apenas em dois casos, estará
Há dois tipos de obrigações: com dia desobrigado de indenização: quando provar
certo de vencimento e sem dia certo de isenção de culpa no seu atraso (evidente,
vencimento. Quando a obrigação tem um dia pois nesse caso não há mora, pois a mora é o
certo de vencimento, o devedor não precisa não cumprimento culposo da obrigação) e se
ser constituído em mora por ato do credor, provar que o dano ocorreria mesmo se a
pois o simples não pagamento no vencimento prestação tivesse sido cumprida no tempo,
o constitui em mora (dies interpellat pro lugar ou forma devida, ou seja, mesmo se não
homine, ou seja, o próprio dia interpela o houvesse mora.
devedor). Por outro lado, quando a obrigação
não tem dia certo de vencimento, o devedor b) Efeito da mora do credor (art. 400 do
só estará em mora se for constituído por ato CC): A mora do credor, ou seja, se o credor
do credor. Assim, quando a obrigação é com se recusar injustificadamente a receber o
dia certo de vencimento, a mora é ex re e pagamento, gera três efeitos: (i) retira do
quando a obrigação é sem dia certo de devedor isento de dolo a responsabilidade
vencimento, a mora é ex persona. pela conservação da coisa (só indeniza perda
ou deterioração do bem se teve dolo, não
O art. 398 do CC demonstra que a respondendo se teve culpa stricto sensu, ou
mora é ex re quando a obrigação não seja, imprudência, negligência ou imperícia);
cumprida decorre de ato ilícito. Com efeito, (ii) obriga o credor a ressarcir o devedor das
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despesas que teve para conservar o bem; e responsabilidade civil contratual, se não
(iii) sujeita o credor a receber o bem pela houver culpa do contratante em não cumprir a
estimação mais favorável ao devedor se o prestação. O mesmo ocorre com o
seu valor oscilar entre o dia estabelecido para inadimplemento absoluto, que pode ser
o pagamento e o da sua efetivação. culposo (com culpa do devedor) ou fortuito
(sem culpa do devedor), mas, em regra, só
5.3. Responsabilidade Civil Contratual haverá obrigação de indenizar se o devedor
teve culpa no inadimplemento. Se um cantor
Responsabilidade civil é o dever de é contratado para cantar no casamento e
indenizar um prejuízo causado. Há dois tipos propositalmente não aparece na cerimônia,
de responsabilidade civil: contratual e será responsabilizado em perdas e danos,
extracontratual. A responsabilidade civil mas se não cumpriu o contrato porque foi
contratual é aquela em que há um contrato sequestrado na véspera, não há de se falar
entre as partes, ou seja, um contratante não em dever indenizatório.
cumpre o contrato, causando prejuízo ao
outro contratante, gerando dever de Importante: O art. 393 do CC dispõe
indenização. A responsabilidade civil que “o devedor não responde pelos prejuízos
extracontratual, também chamada de resultantes do caso fortuito ou de força maior,
aquiliana, é aquela em que não existe um se expressamente não se houver por eles
contrato entre quem causa e quem sofre o responsabilizado” Note que, conforme visto, a
dano, como no caso de alguém bater no carro responsabilidade civil contratual é subjetiva,
de outrem, tendo que indenizá-lo. mas as partes podem expressamente prever
Responsabilidade civil extracontratual é tema no contrato que o inadimplente responderá
do capítulo responsabilidade civil. mesmo que não tenha cumprido o contrato
Responsabilidade civil contratual é estudada por caso fortuito ou motivo de força maior, ou
aqui em obrigações, pois ocorre diante de seja, sem ter tido culpa, pois caso fortuito ou
mora e inadimplemento. motivo de força maior são situações
inevitáveis, que o inadimplente não podia
O contratante que não cumpre o impedir, como no caso do cantor contratado
contrato será civilmente responsabilizado, para cantar em um casamento que não
mas apenas se isso gerar um dano ao outro cumpre a obrigação por ter sido sequestrado
contratante, pois responsabilidade civil é o na véspera.
dever de indenizar um dano causado.
Conforme o art. 402 do CC, o inadimplente Qual a diferença, então, entre
deverá indenizar não só o dano emergente, responsabilidade civil contratual e
mas também os lucros cessantes, que são os responsabilidade civil extracontratual
dois tipos de dano material. Dano emergente: subjetiva? Em ambos os casos só há
prejuízo efetivamente experimentado; lucro responsabilidade civil diante da existência de
cessante: o que se legitimamente se deixou culpa do devedor, mas na responsabilidade
de ganhar. A eles se acrescenta dano moral. civil contratual, a culpa é presumida. Todavia,
é uma presunção relativa, ou seja, aquela que
Diante de inadimplemento, seja admite prova em contrário, representando,
absoluto ou relativo, quem não cumpre o assim, a inversão do ônus da prova. Na
contrato causando dano ao outro contratante responsabilidade civil contratual, basta ao
deverá indenizá-lo. A questão é: a contratante provar que o outro não cumpriu o
responsabilidade civil contratual é subjetiva contrato. Se este não teve culpa no
(depende de culpa) ou objetiva (independe de inadimplemento, ele que prove. Por outro
culpa)? lado, se é responsabilidade civil
extracontratual subjetiva, a vítima do dano, ao
A responsabilidade civil contratual é cobrar perdas e danos, deverá provar que o
subjetiva, pois só há mora se o não agressor teve culpa ao causar o dano, pois
cumprimento da prestação for culposo. esta não é presumida.
Significa que não há mora e, portanto, não há
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não ter o outro contratante cumprido sua para cantar depois, por exemplo, no
prestação. Já a cláusula penal moratória tem aniversário dele que será na semana
a função de intimidar, pois o contratante seguinte. Sendo cláusula penal moratória,
pagará uma multa se retardar o cumprimento sobrevindo mora, o credor pode exigir o
da prestação. cumprimento da prestação acrescido da
multa, pois, se não pagou a dívida no dia, o
O art. 408 do CC demonstra que a credor a cobrará acrescido da multa com os
cláusula penal é uma prefixação de perdas e demais encargos moratórios.
danos e que a responsabilidade civil
contratual é subjetiva, pois diz que incorre de Para fechar o tema, é preciso saber
pleno direito na cláusula penal o devedor que que o juiz pode reduzir o valor da cláusula
culposamente deixe de cumprir a obrigação penal compensatória em dois casos previsto
ou que se constitua em mora. Significa que, no art. 413 do CC:
em caso de inadimplemento, o outro
contratante pode executar a multa, a) Se o valor é manifestamente excessivo:
independente de provar a extensão do dano O art. 412 do CC estipula um valor máximo da
em ação de conhecimento. E a lei vai mais cláusula penal compensatória ao afirmar que
longe ainda com o art. 416 do CC, prevendo ela não pode exceder o valor da obrigação
que sequer é necessário provar que houve principal. No entanto, mesmo dentro desse
dano, se este foi prefixado no contrato. limite, o juiz poderá reduzi-la a pedido da
parte se manifestamente excessivo segundo
Uma questão pode ser levantada: se o as circunstâncias do caso.
prejuízo do contratante for maior do que o
valor da multa, poderá ele cobrar a diferença? b) Se a prestação tiver sido cumprida em
A princípio não, pois o parágrafo único do art. parte: a função da cláusula penal
416 do CC diz que só poderá cobrar eventual compensatória é compensar o contratante
valor a mais, se esta possibilidade estiver pelo fato do outro não ter cumprido a
expressa no contrato. Se assim for, o valor da prestação. Assim, se este cumpre parte da
multa já é objeto de execução e o valor a prestação, a compensação deve ser apenas
mais deverá ser provado em ação de da parte não cumprida. Exemplo: se o
conhecimento para seguir a execução por contrato de locação diz que o locatário deve
título executivo judicial. Se não houver pagar multa de três meses de aluguel se
permissivo contratual, limita-se a executar a devolver as chaves antes do fim do contrato,
multa. caso ele devolva tendo cumprido metade do
contrato, não deverá arcar com toda a multa,
Há importante diferença na cobrança mas apenas metade dela.
da cláusula penal a depender se
compensatória ou se moratória (arts. 410 e 5.5. Arras
411 do CC): no inadimplemento o credor
cobra cláusula penal compensatória ou o Arras significam sinal, ou seja, é aquilo
cumprimento da prestação enquanto que na que é entregue por um dos contratantes ao
mora o credor cobra cumprimento da outro como princípio de pagamento quando
prestação e cláusula penal moratória. da celebração do contrato para confirmação
do acordo. A vantagem do adiantamento de
No caso da cláusula penal um sinal é confirmar o negócio, pois se
compensatória, havendo inadimplemento, houver desistência, aquele que desistiu
esta se converterá em alternativa a benefício perderá o valor das arras para compensar os
do credor, ou seja, este poderá escolher entre prejuízos. Se quem deu o sinal desistir, não
cobrar do contratante inadimplente a multa ou poderá cobrá-lo de volta; se quem o recebeu
o cumprimento da prestação. No exemplo do desistir, devolverá o valor em dobro (como
cantor contratado para cantar no casamento, recebeu arras, a perda efetiva será no valor
diante do não comparecimento à cerimônia, o das arras)
contratante poderá cobrar a multa ou pedir
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a) Compra e venda de coisa futura: O b) Contrato real: é aquele que se forma com
contrato de compra e venda de coisa futura é a tradição, ou seja, com a entrega do bem,
aleatório, pois não se sabe se a coisa virá a que se segue ao acordo de vontade das
existir e em que quantidade. Pode o partes. São três os contratos reais: mútuo,
contratante assumir o risco da coisa não vir a comodato e depósito.
existir, pagando mesmo assim o preço
(chamado de contrato de compra e venda 2.5. Contrato de execução instantânea,
emptio spei) ou assumir o risco de vir a existir continuada e diferida
em qualquer quantidade, pagando o preço se
vier a existir em quantidade inferior à a) Contrato de execução instantânea: é
esperada, mas não pagando se nada do aquele que é cumprido em uma só vez, no
avençado vier a existir (chamado contrato de momento da celebração do contrato
compra e venda emptio rei speratae). Em (exemplo: compra e venda com pagamento à
ambos os casos, não pagará o preço se vista).
menos do esperado vier a existir por culpa ou
dolo do contratante. Como exemplo, pense na b) Contrato de execução continuada: é
compra de peixes que ainda serão pescados, aquele em que a prestação é cumprida em
em que se paga o preço mesmo que nenhum cotas periódicas (exemplo: compra e venda
peixe seja pescado (emptio spei) ou se vier com pagamento parcelado).
em qualquer quantidade, só não pagando se
nenhum vier (emptio rei speratae). Em c) Contrato de execução diferida: é aquele
nenhum dos dois casos pagará, se o em que a prestação é cumprida em uma só
insucesso total ou parcial decorreu de dolo ou vez, mas no futuro (exemplo: compra e venda
culpa do pescador. com pagamento a prazo).
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expectativa de contratação e, sem qualquer contratual são subjetivas, mas esta tem culpa
justificativa, por mero capricho, não presumida. Assim, se o caso é de
formalizou a proposta de compra e venda. responsabilidade contratual, basta ao
contratante prejudicado provar o
5.2. Pré-contrato ou contrato preliminar inadimplemento, sem precisar provar que o
outro teve culpa no descumprimento do
O pré-contrato, também chamado de contrato (este poderá elidir sua
contrato preliminar ou pacto de contrahendo, responsabilidade provando não ter tido culpa,
é um contrato em que as partes assumem a pois a presunção de culpa é relativa,
obrigação de celebrar um contrato definitivo admitindo prova em contrário, o que
no futuro, por não ser possível a contratação representa inversão do ônus da prova). Por
agora ou por não ser o melhor momento. outro lado, se é caso de responsabilidade civil
extracontratual subjetiva, a vítima do dano, ao
Exemplo: Um time de futebol quer cobrar perdas e danos, deverá provar que o
contratar um jogador. Não pode celebrar um agressor teve culpa em causá-lo. Assim
contrato definitivo agora, pois ele tem contrato sendo, a responsabilidade civil contratual é
em vigor com outro clube. No entanto, mais vantajosa para quem sofre o dano, pois
poderão celebrar um pré-contrato, em que se não precisará provar o difícil elemento
obrigam a contratar ao término do contrato subjetivo da culpa. Além disso, como há um
em vigor. Caso o jogador negocie seu passe contrato, podemos pré-fixar as perdas e
com outro clube ou este não queira mais danos em uma cláusula penal, dispensando a
contratá-lo, haverá descumprimento do parte prejudicada de provar não só o dano,
contrato, devendo arcar com perdas e danos, mas, sobretudo, a sua extensão.
que provavelmente virá pré-fixada em uma
cláusula penal. No supramencionado exemplo da
compra dos tomates, o fabricante, por ser
Importante: O pré-contrato deve ter fase anterior à proposta, tem
os mesmos elementos do contrato definitivo, responsabilidade civil extracontratual,
à exceção de um deles: a forma. As partes e somente sendo responsabilizado civilmente
o objeto são os mesmos, mas a forma não se os agricultores provarem a justa
precisa ser a mesma. Se o contrato definitivo expectativa de contratação e a recusa sem
tem que ser por escritura pública, nada qualquer justificativa, mas também a sua
impede que o pré-contrato seja por culpa na não celebração do contrato. No
instrumento particular. entanto, se na fase de negociações
preliminares, as partes reduzirem as bases do
Qual a importância do pré- contrato a escrito em um pré-contrato,
contrato? Em princípio, a responsabilidade bastarão provar que o fabricante assinou um
civil na fase de negociações preliminares é pré-contrato e que houve inadimplemento,
extracontratual, pois ainda não há um além de sequer precisar provar o dano e a
contrato. No entanto, se celebrarem um pré- sua extensão, pois poderão executar direto a
contrato, as partes transformarão essa cláusula penal.
responsabilidade pré-contratual em contratual
antes mesmo da celebração do contrato O mesmo ocorre no exemplo da
definitivo, pois o pré-contrato é um contrato. contratação do jogador de futebol. Se o clube
Qual a vantagem? A parte prejudicada não apenas conversa em negociações
precisará provar a culpa do inadimplente no preliminares, acertando as bases de um
descumprimento do contrato nem tampouco o futuro contrato, pode ser que, ao final do
dano, seja sua própria existência, seja a sua contrato em vigor, o atleta quebre a confiança
extensão. Você lembra o que vimos a respeito e resolva permanecer no clube que está ou
do tema? contratar com outro. Para responsabilizá-lo
civilmente, deverá provar que o atleta não
Lembrando: tanto a responsabilidade contratou culposamente, mas, se assinar um
civil extracontratual (em regra) como a pré-contrato, bastará comprovar o
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6.3. Contrato com pessoa a declarar: É o a) O alienante responde por eles mesmo que
contrato em que um dos contratantes pode não haja previsão expressa em contrato, pois
indicar uma pessoa que irá assumir a sua são garantias implícitas, que decorrem de lei
posição no contrato. É um terceiro ao contrato e não da vontade das partes.
tendo direitos e deveres que dele decorrem.
Exemplo: uma pessoa quer comprar uma b) O alienante responde por eles apenas
casa, cujo dono jamais lhe venderá por diante de alienações onerosas. Atenção: a
problemas pessoais, podendo se valer de doação é uma alienação gratuita, mas o
uma pessoa para contratar com o proprietário, alienante responderá por eles quando a
inserindo no contrato cláusula que lhe permite doação for com encargo, o que a lei chama
indicá-lo a assumir sua posição no contrato. de doação onerosa.
Essa indicação deve ser feita em quinze dias,
se outro prazo não for estipulado, mas tem c) O alienante responde por eles mesmo que
efeito retroativo à data da celebração do a aquisição do bem tenha se dado em hasta
contrato, pois o indicado assume os direitos e pública, ou seja, através da venda pública de
deveres do contrato desde a sua celebração e bem penhorado em processo de execução.
não apenas a partir da sua nomeação. Esse
contrato exige muita confiança entre quem 7.1. Vícios Redibitórios
indicará e quem será indicado, pois se não
houver nomeação ou se esta não for aceita Aqui a responsabilidade é diante da
pelo indicado, o contrato produz efeitos entre existência de defeitos materiais, ou seja, o
os contratantes originários. bem está quebrado. Importante você não
confundir a disciplina civil dos vícios
7. GARANTIAS IMPLÍCITAS IMPOSTAS AO redibitórios com a disciplina consumerista.
ALIENANTE Sendo o CDC uma lei especial em relação ao
CC, só aplicamos suas regras quando
Quando uma pessoa aliena um bem, inaplicáveis as regras do CDC. Quando,
deve garantir ao adquirente, em nome da então, aplicamos as regras dos vícios
boa-fé objetiva, o seu normal uso e fruição, redibitórios previstas no CC? Quando não
bem como a garantia de que não o perderá houver relação de consumo, o que ocorre em
para terceiros por razões de direito. Assim dois casos: (i) quando o alienante não é
sendo, o alienante responde perante o fornecedor, como ocorre na venda ocasional
adquirente do bem tanto por defeitos de um bem usado, pois ser fornecedor exige
materiais como por defeitos jurídicos. habitualidade da negociação; e (ii) quando o
adquirente não for consumidor, como ocorre
O alienante, responder por defeito no caso de alguém adquirir um bem para
material é responder por vício redibitório, ou renegociação, pois o CDC afirma que só é
seja, o bem apresenta um defeito físico que o consumidor quem adquire um bem como
torna inútil ao seu uso ou que lhe diminui o destinatário final. Aqui nos concentraremos na
valor. Por sua vez, responder por defeito disciplina civil do tema, deixando as regras da
jurídico é responder pela evicção, ou seja, relação de consumo para um estudo
quem alienou o bem não poderia tê-lo feito e específico do tema.
o adquirente o perdeu para um terceiro,
podendo buscar uma indenização do Por definição, vícios redibitórios são
alienante. defeitos ocultos que tornam o bem impróprio
para o uso a que se destina ou que lhe
Procederemos aqui ao estudo em diminuem o valor. Note que na disciplina civil,
separado do vício redibitório e da evicção. No diferente da relação de consumo, o alienante
entanto, de plano, merecem destaque três só responde por defeitos ocultos, ou seja, que
observações comuns a ambos os institutos, não poderia ter sido facilmente detectado
pois são questões muito recorrentes em prova pelos órgãos dos sentidos, pois se o vício era
e que merecem sua especial atenção: aparente, presume-se que o adquirente o
admitiu, pois dele ciente.
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sendo o evicto parado em uma blitz e o carro úteis. É o caso que ocorre aqui, pois o evicto
levado à delegacia e devolvido ao seu real tem a posse do bem e a perde para o evictor.
dono.
Assim, se ele realizou benfeitorias
Informação importante para a sua necessárias ou úteis no bem antes da perda,
prova da OAB: Nos termos do art. 448 do poderá reclamar indenização do evictor. O art.
CC, as partes podem por cláusula expressa 453 do CC diz que o evicto pode cobrar do
reforçar, diminuir ou até excluir a alienante o que gastou com benfeitorias
responsabilidade do alienante pela evicção. necessárias e úteis, se não foram abonadas,
Cuidado, pois a exclusão só valerá se o evicto ou seja, se não foram pagas pelo evictor. No
foi informado do risco da evicção e o tenha entanto, completa o art. 454 do CC, se as
assumido (art. 449 do CC). benfeitorias foram feitas pelo alienante e
abonadas, ou seja, pagas ao evicto pelo
Ao perder o bem, o evicto poderá evictor, o valor será deduzido quando o evicto
cobrar indenização do alienante. A regra é o cobrar a indenização do alienante.
ressarcimento da integralidade do dano do
evicto, o que lhe permite cobrar do alienante Para cobrar o direito que da evicção
não só a devolução do que pagou pelo bem, lhe resulta, o evicto poderá denunciar ao
como também as perdas e danos em razão alienante da lide, para, em caso de sentença
da evicção, os frutos que eventualmente decretando a perda do bem, já determine o
tenha sido obrigado a restituir ao evictor e o juiz na sentença a indenização por ele devida
que gastou com custas judiciais e honorários ao evicto. Em havendo sucessivas vendas
advocatícios (art. 450 do CC). antes de o dono reclamar o bem, poderá o
evicto cobrar indenização não só do alienante
Ainda dentro da regra da indenização imediato, mas também qualquer dos
da integralidade do dano, o alienante anteriores (art. 456 do CC).
responderá perante o evicto por eventual
valorização do bem entre a época da Por fim, fechando o tema evicção,
alienação e da evicção. Se o bem se precisamos entender o que é evicção parcial,
desvalorizou, o evicto cobrará do alienante o tema que é tratado no art. 455 do CC. Haverá
preço que lhe pagou, mas se houver evicção parcial quando o evicto perder
valorização, cobrará o valor do bem da época apenas parte do que adquiriu na alienação,
em que se evenceu, ou seja, da época em por exemplo, quando compra cem cabeças de
que perdeu o bem pela evicção. gado e perde vinte ou trinta delas pela
evicção. Qual a consequência? Depende se a
Mais uma vez, ainda dentro da regra evicção é considerável ou irrisória, pois uma
da indenização da integralidade do dano, coisa é perder uma ou duas cabeças de gado,
ainda que o bem esteja deteriorado, o evicto outra é perder noventa delas. Se a perda for
poderá cobrar do alienante o valor total do considerável, o evicto pode pedir a rescisão
bem, a menos que tenha sido causado do contrato ou restituição da parte do preço
dolosamente por ele, quando só poderá correspondente ao desfalque sofrido, ou seja,
cobrar do alienante o valor que passou a valer devolver o que sobrou e cobrar devolução do
o bem. Note que, se a título de culpa em que pagou ou ficar com o que sobrou e cobrar
sentido estrito a deterioração, ainda assim o apenas o equivalente à sua perda. Se, no
evicto cobrará do alienante o valor integral do entanto, a perda for irrisória, só poderá o
bem. evicto cobrar a indenização pela perda
sofrida, permanecendo com o que sobrou.
Conforme será visto no estudo da
posse no capítulo de direitos reais deste livro,
para onde remetemos a sua leitura, o
possuidor que realiza benfeitorias no bem e
vem a perdê-lo, tem direito de ser indenizado 8. EXTINÇÃO DO CONTRATO
quando as benfeitorias forem necessárias e
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A resolução com culpa não pode ser retroativo (ex nunc) da resolução dos
bilateral, apenas podendo ser unilateral. Se contratos de execução continuada valem
ambas as partes tiverem culpa no tanto para a resolução com culpa quanto para
inadimplemento, a culpa será daquele que a resolução sem culpa. A única diferença
primeiro tinha a obrigação de cumprir sua entre eles é que na resolução culposa o
prestação. A razão disso é o princípio da inadimplente será devedor de indenização por
exceção de contrato não cumprido, pois, se perdas e danos, o que não ocorre, em regra,
houver prestações simultâneas e um dos na resolução sem culpa.
contratantes não cumpre sua prestação, o
outro está legitimado a não cumprir a sua Cuidado com um detalhe: no caso da
prestação. resolução sem culpa decorrente da aplicação
da teoria da imprevisão ou da onerosidade
8.3. Efeitos no tempo da resolução e da excessiva, para cuja abordagem remetemos
resilição dos contratos sua leitura, seja contrato de execução
continuada ou diferida, o efeito será, por
Havendo resolução do contrato, essa expressa previsão legal, retroativa, mas até à
decisão tem efeito retroativo ou não data da citação do processo em que o
retroativo? Depende se o contrato for de contratante pede a sua resolução (a teoria
execução instantânea, diferida ou continuada. não se aplica aos contratos de execução
instantânea).
Se o contrato é de execução única, ou
seja, de execução instantânea ou até E se o caso for de resilição do
diferida, a decisão produz efeitos retroativos contrato, a decisão tem efeito retroativo ou
ou ex tunc, desfazendo-se o que foi feito até não retroativo? Quando falamos em resilição,
então, pois resolver o contrato é fazer retornar estamos falando de contrato de execução
ao estado em que as partes se encontravam continuada, pois na resilição o contratante
antes da sua celebração. Assim, se estamos quer interromper o cumprimento da sua
diante da resolução de um contrato de prestação prolongada no tempo. Por isso, a
compra e venda, o comprador devolve o bem resilição do contrato tem efeito não retroativo
e o vendedor devolve o dinheiro recebido, ou ex nunc, não se desfazendo os efeitos
buscando-se eventual indenização diante da produzidos até então, mas apenas afastando
perda ou deterioração do bem ou até em a produção de efeitos daí para frente, até
razão de algum melhoramento por que porque não há qualquer causa jurídica a gerar
passou. o seu término, apenas o acordo de vontades
em acabar com um contrato que produziu
Se, no entanto, o contrato for de efeitos normalmente até então.
execução prolongada no tempo, ou seja, de
execução continuada, os efeitos serão não
retroativos ou ex nunc, mantendo-se os
efeitos até então produzidos. A razão disso é
evitar um enriquecimento sem causa de um
dos contratantes. Imagine um contrato de
locação: se a resolução tivesse efeito
retroativo, faria com que o locador devolvesse
o valor recebido durante o contrato, não tendo
como o inquilino devolver o tempo que usou o
bem, o que lhe geraria um enriquecimento
sem causa por ter alugado o imóvel por um
tempo sem por isso pagar.
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