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BOTTOLI, Cristiane2; BÜRGER, Raquel Baptista3; CASTRO, Luiza Manassi4; FERRÃO, Natacha
da Rosa5
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Trabalho Grupo de Extensão: Refletindo sobre a parentalidade e a separação conjugal: Grupo de
pais _UNIFRA
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Docente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil
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Acadêmica do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil
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Acadêmica do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil
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Acadêmica do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil
E-mail: cbottoli@hotmail.com; luizinha_mcc@hotmail.com; natacha-fr@hotmail.com;
raquell_bb@hotmail.com;
RESUMO
2. METODOLOGIA
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O presente trabalho foi elaborado por meio de pesquisa bibliográfica, explorando
artigos, livros e discussões a cerca do assunto, com a finalidade de esclarecer ideias e
conceitos sobre essas questões da família contemporânea e também proporcionar
questionamentos sobre o assunto. Foram utilizados também como subsídios as discussões
realizadas no Projeto de Extensão, intitulado: Refletindo sobre a parentalidade e a
separação conjugal: Grupo de pais.
3. DESENVOLVIMENTO
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mudanças significativas na sua estrutura e as ações e atitudes de cada membro passaram a
afetar os outros e vice-versa (WAGNER, 2002).
Hintz (2001), afirma que o homem por ter o poder econômico da família detinha o
poder sobre ela, enquanto que para a mulher sempre permanecia a sombra do dono da
casa, cabendo-lhe apenas os afazeres domésticos, pois, foi somente em 1943, segundo a
Legislação Brasileira, que a mulher casada conseguiu o direito de poder trabalhar fora de
casa sem precisar da autorização do marido.
Para Scavone (2001), tais mudanças ocorridas nas últimas décadas contribuíram
não somente para uma nova configuração familiar, mas também para uma mudança de
papéis dentro de casa, onde a ideia de uma mulher-indivíduo começou a se impor frente à
ideia da mulher-natureza, destinada a ser mãe e dona-de-casa. Isso não quer dizer que esta
nova mulher ao trabalhar fora de casa deixará de ser a dona de casa. A mulher atual almeja
o sucesso pessoal incluindo em seus ideais de vida a realização profissional sem deixar de
participar na subsistência da família (WAGNER, 2002).
As transformações paradigmáticas, ocorridas principalmente a partir de meados do
século XX, no que diz respeito à configuração e ao funcionamento familiar, provocaram
alterações na estrutura e na dinâmica de suas relações, contribuindo para a concepção
contemporânea de família. Essas modificações têm acarretado mudanças nos padrões de
funcionamento entre seus membros, levando a um processo de assimilação e de construção
de novos modos de relacionamento (WAGNER et al, 1999).
Neste contexto, a figura do pai, também se modificou, caracterizando-se atualmente
como mais afetivo e presente na vida da família e dos filhos, sendo ainda o responsável
maior por dar limites e “soltar’’ as amarras dos filhos. A mãe tem uma tendência a proteger a
prole, transmitindo valores como acolhimento e proteção. Já o pai estimula a independência
dos filhos e “corta’’ o excesso de proteção da mãe. Seu papel é muito importante na
construção da autonomia e da ousadia da criança. A diferença é que antes, a autoridade
paterna era acompanhada do medo que as crianças sentiam frente a uma figura tão severa
e distante. Hoje, esse processo ocorre de maneira mais saudável, já que os pais atuais não
se fazem entender apenas no grito (BURIESCO, 2011).
O fato de a mulher estar mais inserida no mercado de trabalho é outro elemento que
contribuiu para as novas configurações familiares, pois além delas não serem mais tão
dependentes dos homens, por estarem inseridas nesse mercado, conseguem ter suas vidas
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mais independentes, criando seus filhos sem serem casadas, dando origem a um grande
número de famílias monoparentais. Outro fator é o aumento das separações, que segundo
IBGE (2009), em todos os Estados brasileiros, a maior porcentagem de separações não
consensuais foi requerida por mulheres, sendo estas 71,7% do total.
A expressão “famílias monoparentais”, termo originariamente da França, desde a
metade dos anos setenta, designa as unidades domésticas em que as pessoas vivem sem
cônjuge, com um ou vários filhos (VITALE, 2002). Portanto, qualquer pai ou mãe que
conviva com um ou vários filhos, sem o cônjuge serão consideradas família monoparental. A
respeito desse modelo familiar Diniz (2002) apresenta em sua obra a análise de que,
A família monoparental ou unilinear desvincula-se da ideia de um casal
relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um dos seus
genitores, em razão de viuvez, separação judicial, divórcio, adoção
unilateral, não reconhecimento de sua filiação pelo outro genitor, produção
independente, etc. (p.11).
Além disso, outras causas dessa nova configuração familiar pode ser a produção
independente materna no qual encontramos hoje em dia; um caso de adoção, de viuvez;
pode ser também um caso em que o pai decide não fazer parte da criação desse filho se
desligando também dessa mulher com a qual o concebeu, ou ainda o caso do pai ser
deixado de fora pela figura materna sem possibilidades de acompanhar o desenvolvimento
dos filhos; além disso, o meio social pode não lhe outorgar as possibilidades de se colocar
na cadeia produtiva para ser o provedor na família, causando seu afastamento
(WEISSMANN, 2008).
Desta forma, o desenlace conjugal pode acarretar numa série de mudanças no
cotidiano da família, com alterações no desempenho dos papéis parentais e no
relacionamento entre pais e filhos (BRITO, 2008). Ao ocorrer a separação, na maioria dos
casos, um dos membros do grupo familiar fica responsável pelos cuidados dos filhos sendo
denominado guardião, acumulando diversas atribuições. Já o genitor que não reside com os
filhos, conforme Torraca, Ribeiro e Dominomi (2010) têm como definição genitor visitante,
pois visita o filho, participando pouco de sua vida, ficando, muitas vezes afastado de alguns
direitos e deveres parentais, sendo assim um genitor classificado como “pai/mãe de fim de
semana’’.
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Outra questão a ser discutida, e que caracteriza outra configuração familiar, se refere
a quando um dos pares recasa, constituindo assim uma nova família, buscando uma nova
tentativa de casamento, ou recasamento. A palavra recasamento está longe de ser a melhor
expressão para designar esta nova união, já que o uso do prefixo "re" traz a ideia de
repetição, de reformulação e de recriação, o que, por sua vez, nos remete a pensar em
remendo e reconstituição, trazendo uma conotação negativa, como se antes existisse uma
união mais original ou verdadeira. Desse modo, a família nuclear é ainda vivenciada como
mais valorizada e legítima, como se o que fugisse a esse padrão fosse de menor valor
(BRUN, 1999, apud TRAVIS, 2003).
Segundo Cano et al (2009), muitos recasamentos acabam ocorrendo de modo
consensual, ou seja, sem qualquer registro ou procedimento legal, assim, constata-se que o
número de divorciados que se casam novamente é muito elevado. Acrescido a isso, tem-se
o aumento do índice de divórcios, de modo que se pode inferir que, atualmente, os
recasamentos devam ocorrer em números mais elevados do que demonstram os dados
estatísticos disponíveis.
Para Féres-Carneiro (2003), muitos casais buscam o divórcio por acreditarem que o
casamento possa ser algo mais do que aquilo que suas relações oferecem. Isso pode ser
também compreendido com a afirmação de Carter e McGoldrick (1995) de que, no
recasamento, as pessoas buscam encontrar a satisfação de expectativas anteriores ao
primeiro casamento. Aumentando assim a expectativa de vidas das pessoas após o
divórcio, buscando relacionamentos mais felizes do que o anterior.
No caso das “famílias reconstituídas” ou “recompostas” há estatísticas que indicam
um crescente aumento de crianças que vivem nesta configuração de lar com apenas um
genitor (STRATTON, 2003). No passado, a existência de famílias constituídas por um
genitor decorria, geralmente, da morte do pai. Hoje, na maioria delas, o pai está vivo, mas
não presente, sendo essa presença substituída algumas vezes pela do padrasto. Esta
configuração de família é cada vez mais habitual em nossa sociedade.
Mas não podemos esquecer que as “famílias reconstituídas”, por sua vez, “requerem
considerável ajustamento por parte de todos os seus membros e as dificuldades podem
continuar por muitos anos após a inserção do padrasto ou madrasta na família”
(STRATTON, 2003, p. 46). Neste caso, as crianças têm que se adaptar à diminuição do
tempo despendido com seu pai/mãe e às mudanças na rotina da casa, enfrentar o conflito
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que surge frequentemente entre a “lealdade” ao pai ou à mãe biológicos, e a formação de
uma relação mais íntima com o padrasto ou madrasta e novos irmãos/irmãs (SCHÜSSLER,
2008). Nesses casos os jovens que coabitam com as figuras de padrasto, madrasta e filhos
do padrasto ou madrasta, por mais de dois anos, tem considerado estes personagens como
parte da família (WAGNER; BANDEIRA, 1996; WAGNER; FÉRES- CARNEIRO, 2000).
Contudo, não podemos deixar de lado e esquecer que mesmo com essa diversidade
de configurações familiares as famílias influenciam o futuro de uma pessoa e não importa se
há ou não casamento, se é monoparental ou biparental, ela existe de variadas formas e
arranjos, o importante é que ela exista, como confirma Hironaka (1999),
4. CONCLUSÃO
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configurações familiares e como estas vem se desenvolvendo na contemporaneidade. Através destes
aspectos podemos identificar como se deu a trajetória desde a família nuclear até a família
contemporânea, e as várias influências que vem através dos fenômenos sociais, políticos, afetivos,
sócio-políticos, até mesmo do avanço da tecnologia.
Notamos, que estas novas configurações mostram que a família não desapareceu, e sim
continua se alterando e se adaptando as demandas da contemporaneidade. Com isto, independente
da configuração, a família exerce um papel fundamental na vida de um individuo, onde mesmo com
esta diversidade o afeto, o apoio, o sentimento e a dedicação não mudam, o importante é que ela
exista, e que podemos fazer parte dela e assim nos desenvolvermos.
5. REFERÊNCIAS
BRITO, L. (org.). Famílias e separações: perspectivas da psicologia jurídica. Rio de Janeiro: EDUERJ,
2008.
CANO, D.; GABARRA, L.; MORÉ, C.; CREPALDI, M. As transições familiares do divórcio ao
recasamento no contexto brasileiro. Psicologia: Reflexão Crítica, v. 22, n. 2. Porto Alegre, 2009
FAMILÍA. In: FERREIRA, A.; FERREIRA, M. (coord.).; ANJOS, M. (coord.). Aurélio: o dicionário da
língua portuguesa. 2.ed. Curitiba, SC: Ed. Positivo, 2008. p. 243.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito de família. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002. v. 5.
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SCHÜSSLER, M. Concepções de cuidado familiar na visão de adolescentes abrigados, das
suas famílias e de educadores de uma OMG. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2008, p.
22.
TORRACA, M.; RIBEIRO, A.; DOMINONI, J. Debates entre Pais e Mães divorciados: Um trabalho
com grupos, 2010. p. 817.
UOL Notícias. Divórcios crescem mais do que separações no país, diz IBGE. São Paulo, 2009.
Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/11/25/ult5772u6329.jhtm>. Acesso em: 13
abr. 2012.
VITALE, M. Família monoparentais: indagações. Revista Serviço Social e Sociedade. n. 71, São
Paulo: Cortez , 2002.
WAGNER, A.; RIBEIRO, L.; ARTECHE, A.; BORNHDOLT, E. Configuração familiar e o bem-estar
psicológico dos adolescentes. Psicologia: Reflexão e Crítica, n. 12, p. 147-156, 1999.
WAGNER, A. A família em cena: trama, dramas e transformação. Ed. Vozes: Petrópolis-RJ, 2002.