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FARAL/UNIRB
BACHARELADO EM DIREITO
Alagoinhas-BA
2019
VANDILSON ADSON MORAIS ALVES DE SOUZA
Alagoinhas-BA
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................05
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................
REFERÊNCIAS..................................................................................................24
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INTRODUÇÃO
O tema ora abordado é atual e condiz com o novo panorama do processo civil
no Brasil: a participação das partes na escolha do meio mais adequado para resolução
do seu conflito, utilizando o método da arbitragem aplicado a matéria tributária, ou
seja, a concessão de poder aos litigantes para que estabeleçam a melhor forma de
resolver sua lide, que consiste na potencialização da autonomia privada e a
sedimentação da cooperação entre eles.
No entanto, a ausência de legislação especifica sobre o tema leva a algumas
incertezas quanto a sua viabilidade e eficiência, mesmo diante do código de processo
civil brasileiro vigente e definições acerca dos procedimentos específicos da
arbitragem e a necessidade elucidar que a implantação da arbitragem em matéria
tributária promoveria a pacificação social diante dos problemas da jurisdição que em
muitos casos se tornam ineficazes pela morosidade exacerbada de seus
procedimentos extremamente formais.
No Brasil não há meios alternativos para a discussão dos créditos tributários,
após finalizada a disputa perante tribunais administrativos, e, por enquanto, não há
expectativa de melhora desse cenário atual: lentidão e abarrotamento do Judiciário,
na maioria das vezes, por execuções fiscais.
Nesse prisma, a presente pesquisa tem a intenção de responder a seguinte
pergunta: De que maneira a utilização dos meios alternativos de resolução de
conflitos, aplicados a matéria tributária, contribuiria, se houvesse previsão legal no
ordenamento jurídico brasileiro?
Diante dessas considerações, insta dirimir que o objetivo geral da pesquisa gira
em torno da análise da viabilidade da utilização dos meios alternativos de resolução
de conflitos, a arbitragem, em matéria tributária no ordenamento jurídico brasileiro e,
especificamente, investigar acerca da teoria do conflito, a lentidão da prestação
jurisdicional no Brasil, o princípio constitucional do Livre Acesso ao Poder Judiciário,
a indisponibilidade do poder público e o do crédito tributário , bem como um estudo
em volta da necessidade de mudança de paradigmas em uma sociedade de educação
judicante e litigiosa.
A arbitragem, em matéria tributária, surge como uma forma alternativa de
jurisdição, onde é concedido as partes o direito de escolha ao método na resolução
de seus conflitos, método esse, utilizado com sucesso em outros países como:
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confidenciais; econômicos porque têm baixo custo; eficazes pela certeza da satisfação
do conflito.
O novo Código de Processo Civil brasileiro, 2015, traz como obrigação,
estimular os métodos alternativos por meio dos institutos da conciliação e mediação.
Certos quanto a necessidade de normatizar o instituto da mediação, medida essa
fundamental, haja vista que conforme a sociedade evolui o Direito precisa
acompanhar lá, o Estado, após a reforma do novo código de processo civil brasileiro,
constituiu a lei 13.140/2015, regularizando o mecanismo da mediação.
conflito de forma definitiva e imutável, por sentença arbitral. Esta decisão possui
eficácia independente de homologação judicial e não poderá ser objeto de recurso no
Poder Judiciário. Em razão disso, a adoção de arbitragem deve ser precedida de um
ajuste entre as partes por meio do qual se pactua, através da cláusula
compromissória. Assim, eventuais controvérsias serão solucionadas por meio de
arbitragem, no entanto, nada impede de o método ser adotado após a instalação da
controvérsia, hipótese em que as partes adotarão o compromisso arbitral.
Embora categorizadas em planos diversos, a arbitragem e a mediação não são
impedidas de funcionarem paralelamente. Malgrado nas formas heterocompositivas
de resolução de conflito, nada impede que haja a resolução consensual por meio da
mediação, mesmo que as partes, incialmente, tenham optado pelo uso do método da
arbitragem, ou seja, a mediação e a arbitragem podem ser utilizadas numa mesma
oportunidade.
Meios alternativos de resolução de conflitos – MARC – é a denominação mais
utilizada no tratamento dos mecanismos que permitem a obtenção da resolução de
um conflito à margem da via jurisdicional, expressão que decorre da tradução do termo
mais recorrente na doutrina internacional para seu tratamento: ADR – Alternative
Dispute Resolution. Esta é a expressão norte-americana para denominação desses
mecanismos. Na Argentina e nos demais países da América Latina costuma-se
traduzir a expressão para RAD – Resoluciones Alternativas de Disputas; na França
se fala em MARC – Modes Alternatifs de Règlement des Conflits.
Ademais, segundo Fernanda rocha Lourenço Levy, o emprego dos institutos da
mediação e arbitragem, quando utilizados concomitantemente, atuam mitigando o
desgaste gerado pela contenta, facilitando o diálogo entre as partes envolvidas,
mesmo que não seja possível obter uma anuência entre os litigantes e se faça
necessário a intervenção arbitral. Ademais, a aplicabilidade simultânea dos institutos
supracitados também aponta a uma redução de custos e tempo na resolução de
contendas.
claro que os conflitos de interesses fizeram e fazem parte da vida social e que há uma
necessidade de recorrer aos caminhos da autotutela, autocomposição e
heterocomposição. A vista disso, Alcalá-Zamorca Y Castillo leciona de forma a
esclarecer o entendimento e compreensão dos tipos de autocomposição.
No período em que não havia ordenamento jurídico e um Estado com poderes
para garantir o cumprimento das leis, a saída era recorrer a autotutela, ou seja,
buscava se a satisfação de suas pretensões por atos de vontade unilaterais, utilizando
se dá força, contudo, tal condição não atribuía a necessidade de justiça.
A vista disso, cumpre esclarecer que a autotutela tratou se de uma concepção
contingente de resolução de composição de conflitos, caracterizada pelo uso da força
com intuito de manter resguardado os direitos das partes envolvidas. Em
contrapartida, em um Estado amparado por normas jurídicas, a autotutela não é
permitida, porém há exceções em que são admitidas reações imediatas, sem que haja
tempo hábil para prestação da tutela jurisdicional, sendo atribuída, no ordenamento
jurídico brasileiro, como legítima defesa, estado de necessidade e direito de retenção.
Todas estas soluções têm em comum a circunstância de serem parciais, no sentido
que dependem da vontade e da atividade de uma ou de ambas as partes envolvidas.
Dentre as espécies de autocomposição encontra-se a renúncia, o
reconhecimento à pretensão e a transação. A primeira distingue se por ser um ato
unilateral da parte atacante que desiste, de forma definitiva, da pretensão litigiosa. A
segunda, por sua vez, consiste na absoluta submissão da parte resistente à pretensão
litigiosa que lhe é dirigida. Ademais, a transação, realização de concessões recíprocas
de interesses dos sujeitos, ainda que em proporções diversas, para se chegar a uma
composição, devendo-se respeitar as particularidades legais para a sua realização.
No método da heterocomposição, a diferença consiste no poder que é dado a um
terceiro para intermediar às partes na resolução do conflito, legitimando-se pelas
regras estabelecidas pelo Estado para o prosseguimento e prática dos atos com vistas
a auxiliar o julgador a formar sua convicção acerca do conflito e julgar de forma
decisiva. Há, assim, duas formas de resolução heterocompositiva de conflitos:
arbitragem e jurisdição. Na arbitragem, instituto esse regulado pela Lei 9.307/1996,
as partes poderão escolher um terceiro imparcial para dirimir litígios relativos a
direitos patrimoniais disponíveis, enquanto que, na jurisdição, o processo é
conduzido por um juiz togado pertencente ao sistema judiciário.
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A vista disso, nota se que o Poder Judiciário adquiriu um cuidado maior acerca
dos meios alternativos de resoluções de conflitos, auxiliando na preservação e
restauração de vínculos entre pessoas, e por consequência, melhorando seu
desempenho social. Além da Resolução 125/2010, o Conselho Nacional de Justiça
também publicou a Recomendação n. 50/2014 para estimular e apoiar os tribunais na
adoção das técnicas consensuais de resolução de conflitos.
direito ao alimento seja um direito indisponível, no sentido de que não pode ser
renunciado, a quantificação e a forma de prestá-lo é perfeitamente disponível, e,
inclusive, são frequentemente objeto de transação judicial.
Outro aspecto relevante da arbitragem é o de que esta não pode ser autorizada
nos casos de conflitos que exigem a intervenção do Ministério Público como fiscal da
lei. De fato, não seria lícito subtrair sua participação nos casos em que a lei determina
expressamente a sua participação para resolvê-los por meio de um procedimento
paralelo, burlando-se a intenção do legislador.
Ademais, destaca-se outras características da arbitragem no direito brasileiro,
como a possibilidade de escolha da norma de direito material a ser aplicada, isto é, as
partes podem convencionar qual a regra a ser aplicável, bem como se o julgamento
ocorrerá com base nos princípios gerais do direito, costumes e usos e nas regras
internacionais do comércio (art. 2º, parágrafo 1º e 2º da Lei 9.307/96).
Poderão sujeitar-se à arbitragem apenas as pessoas capazes; observa-se que
não se trata de capacidade processual, mas sim de capacidade civil plena - pessoas
naturais e pessoas jurídicas regularmente constituídas -. Quanto ao árbitro, dois são
os requisitos exigidos pela lei: ser pessoa jurídica e de fato.
A saber, os árbitros possuem o status de juiz de direito e de fato, sendo
equiparados a servidores públicos para fins penais. Quanto à sentença arbitral, frisa-
se que está não precisa ser homologada judicialmente, produzindo, portanto, efeitos
imediatos. A possibilidade controle judicial restringe-se apenas à validade da
sentença, não alcançando o seu mérito. A decisão material fica, portanto, imutável
pela coisa julgada material.
A opção pela resolução de litígios pela via arbitral é realizada através de um
acordo comum entre as partes, chamado pela lei de arbitragem de convenção de
arbitragem. Com efeito, esta é realizada através da cláusula compromissória ou do
compromisso arbitral. A primeira refere-se a litígios futuros e deve estar sempre
inserida por escrito no contrato ou aderindo-lhe. Já o compromisso arbitral regula o
presente, pois pressupõe a existência de litígio.
Por sua vez, no compromisso arbitral que se estipulam todos os elementos
necessários à constituição e desenvolvimento da arbitragem. O compromisso pode
ser judicial ou extrajudicial, neste caso podendo ser realizado por escrito particular,
desde que assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público.
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Arbitrabilidade objetiva
outros que tenham um núcleo não patrimonial. “É o que ocorre com a ação civil
derivada de ilícitos penais ou a reparação por uso indevido da imagem, que podem
ser resolvidas por arbitragem se houver convenção das partes nesse sentido”.
Além de ser patrimonial, exige-se do direito a ser submetido ao procedimento
arbitral que seja também disponível. Nas lições de Francisco José Cahali, “a
disponibilidade do direito se refere à possibilidade de seu titular ceder, de forma
gratuita ou onerosa, (...) sem qualquer restrição”. Trata-se de direitos sujeitos ao poder
de autorregulamentação das partes e, por isso, passíveis de negociação.
A doutrina e a jurisprudência majoritária entendem ser cumulativos os
pressupostos de patrimonialidade e de disponibilidade para que um litígio seja
arbitrável, no entanto há doutrinária minoritária que desconsidera a necessidade do
quesito da disponibilidade, atribuindo-lhe uma compreensão diversa. Segundo essa
corrente, sempre haverá situações que, obrigatoriamente, deverão ser apreciadas
pelo Poder Judiciário, não havendo a disponibilidade de outro meio de solução de
controvérsia. Considerando ainda que o Código Civil tenha derrogado o quesito da
disponibilidade, somente poderá haver a submissão de determinado litígio à
arbitragem se o ordenamento pátrio não impor às partes a resolução do conflito pelo
Poder Judiciário.
Nesse sentido, manifesta-se Rafael Véras de Freitas ao julgar insuficientes a
recente atualização por que passou a Lei nº 9.307/96, alterada pela Lei nº
13.129/2015. O articulista sustenta que se perdeu uma grande oportunidade de
avançar no tema da arbitrabilidade objetiva, pois a Lei nº 13.129/2015 não especificou
o que são direitos patrimoniais disponíveis, alvo de intensa controvérsia doutrinária e
jurisprudencial. Por fim, o autor ainda assevera que, sem critérios seguros
delimitadores da matéria, não há parâmetro legal para estabelecer-se as matérias que
podem integrar o conceito de arbitragem objetiva, seja no âmbito do direito privado,
seja no âmbito do direito público.
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REFERÊNCIAS
WALD, Arnold. Revista de Arbitragem e Mediação. vol. 32/2012. Jan - Mar / 2012.
p. 81 - 99. Doutrinas Essenciais Arbitragem e Mediação. vol. 1/2014. | Set / 2014. p.
703 – 722. DTR\2012\2295. p.