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A liberdade econômica e a extinção (formal) do Fundo Soberano

O governo aproveitou a chamada medida provisória (MP) da liberdade econômica —


editada para diminuir a burocracia no país — para acabar de vez com o Fundo
Soberano do Brasil, extinto na prática no ano passado. O ministério da Economia
explicou, na apresentação sobre a MP, que a ideia é eliminar custos burocráticos.

O Fundo Soberano foi criado em 2008 para ser uma poupança pública a ser usada em
momentos de crise. Naquela época, o Brasil produzia superávit fiscal (economia para
pagar os juros da dívida pública), uma realidade que mudou nos anos seguintes.

Por causa deste e de outros motivos, o governo Michel Temer editou, em maio de
2018, uma medida provisória que extinguiu o Fundo e direcionou seus recursos para
abater a dívida pública. Na época, foram resgatados cerca de R$ 25 bilhões. A MP de
Temer acabou sendo rejeitada pelo Congresso, mas a poupança já havia sido
esvaziada e continuou assim desde então.

Na apresentação que acompanhou a divulgação da MP da liberdade econômica, o


governo explica que a decisão de extinguir o Fundo Soberano foi para acabar com
“custos burocráticos com fundo desprovido de recursos”. Procurado para comentar por
que decidiu usar o texto da MP da liberdade econômica para formalizar o fim do fundo,
o Ministério da Economia ainda não se pronunciou.

A MP da liberdade econômica e o veto de Bolsonaro ao comercial do BB

Editada por Jair Bolsonaro, a MP da liberdade econômica contradiz a decisão do


próprio presidente de vetar a propaganda do Banco do Brasil para o público jovem.

O artigo 4º do capítulo III, que trata das “garantias de livre iniciativa”, diz o seguinte:

“É dever da administração pública e dos demais entes que se vinculam ao disposto


nesta Medida Provisória, evitar o abuso do poder regulatório de maneira a,
indevidamente:

IX – restringir o uso e o exercício da publicidade e propaganda sobre um setor


econômico, ressalvadas as hipóteses expressamente vedadas em lei.”

O problema não é ser “sublime”, mas coerente.

Em 30 de abril de 2019 houve a edição da aclamada (mas nem


tanto) Medida Provisória 881 que trata de abarcar a
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, bem como
extinguir formalmente o Fundo Soberano do Brasil e
implementar de modo formal as “garantias de livre iniciativa”.
Na interpretação do governo, se trata de esforços para
estímulos ao mercado econômico para que o estado letárgico
no qual se encontra a economia seja movimentada em favor
de um bom caminho em especial para pequenos e médios
empreendedores desenvolverem suas atividades.
O estatuto da Liberdade prevê em seu escopo diversas
alterações no corpo do Código Civil em especial na Parte Geral
com especial destaque na desconsideração da Personalidade
Jurídica e no Título V, na Teoria dos Contratos.
Segundo o artigo 1ª da MP, “fica instituída a Declaração de
Direitos de Liberdade Econômica, que estabelece normas de
proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade
econômica e disposições sobre a atuação do Estado como
agente normativo e regulador”.

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