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Manual de Exportações:

Guia de Procedimentos par a Acesso a Mercados Internacionais par a Bijuteria , Folheados, Gemas e Joias

Promovido por:
FICHA TÉCNICA
Presidente: Assessoria em Promoção Comercial: A duplicação ou reprodução desta obra,
José Pascoal Costantini Pangea Ideias Aproximando Mercados / sob qualquer meio, só é permitida mediante
Gustavo do Vale autorização do IBGM. As ideias expressas
Vice-Presidente Internacionalização: nesta publicação poderão ser reproduzidas
Marcelo Bernardes Desenvolvimento do conteúdo: desde que citada a fonte. Todos os direitos
Gabriel Ligabue reservados ao Instituto Brasileiro de Gemas e
Metais Preciosos.
Diretoria Executiva:
Ecio Barbosa de Moraes Parceiro:
Agência Brasileira de Promoção de
Gerencia Internacional: Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)
Clarissa Maciel
Projeto gráfico e editoração eletrônica:
Gerencia de Relações Institucionais: Doors Comunicação
Carolina Lucena Godoi
Edição: Outubro / 2016

Analista de Projetos:
Rafael Macedo
APRESENTAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos – IBGM é uma entidade nacional de direito
privado, sem fins lucrativos, criada em 1977 com o objetivo de representar toda a cadeia produtiva
do Setor de Gemas, Joias e Bijuterias e Relógios. Sediada em Brasília/DF, conta com escritório em
São Paulo/SP. Tem por missão representar, mobilizar, desenvolver e promover todos os elos da
cadeia produtiva – gemas, joias, bijuterias e relógios -, harmonizando seus interesses e promovendo
a transferência de conhecimento, a confiança e a apreciação de seus produtos pelos consumidores.
APRESENTAÇÃO

SOBRE A APEX-BRASIL

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) atua para


promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para
setores estratégicos da economia brasileira. A Agência realiza ações diversificadas de promoção
comercial, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação
de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, e visitas de compradores estrangeiros e
formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira.

Além da sede em Brasília, a Apex-Brasil possui dez Escritórios de Negócios em importantes


mercados globais, para auxiliar no processo de internacionalização das empresas brasileiras,
prospectar oportunidades de negócios e incrementar a participação nacional nos principais
mercados globais, além de servir de referência para a atração de investimentos estrangeiros. Os
Escritórios de Negócios estão localizados em Miami e São Francisco - EUA; Pequim e Xangai -
China; Bogotá - Colômbia; Luanda - Angola; Dubai - Emirados Árabes Unidos; Havana - Cuba;
Bruxelas - Bélgica; e Moscou - Rússia.
APRESENTAÇÃO
Exportar é afinal uma boa estratégia para o suas oportunidades e firmeza para superar os principais normas e regulamentos referentes
meu negócio? O que é importante saber antes obstáculos que naturalmente surgem. à exportação de produtos do setor, modelos
de tomar uma decisão a esse respeito? Caso de documentos utilizados nessas operações,
demonstre ser uma boa estratégia, como me A partir das questões acima, esta nova edição (FAQ) - dúvidas mais frequentes do exportador,
preparar para obter sucesso nesse tipo de do “Manual de Exportação de Joias, além de uma lista de fontes de referência
operação? Gemas e Afins” procura apresentar, de forma para obtenção de informações adicionais
prática e acessível, os principais elementos, sobre o tema.
Essas são apenas algumas das perguntas que mecanismos, vantagens e desafios que
passam pela cabeça de qualquer empresário, envolvem esse tema, relacionando os aspectos Nosso intuito é que este manual venha a se
de pequeno ou grande porte, iniciante ou formais da operação com as práticas adotadas tornar uma fonte de consulta para todos aqueles
experiente, ao tratar do tema da exportação. ao longo dos anos pelos exportadores do setor. que de alguma forma se relacionam com o
Afinal, exportar não é apenas realizar uma setor de Gemas, Joias, Bijuterias e Afins, mas
operação comercial e logística, mas atuar num Este documento foi estruturado em cinco é especialmente dirigido aos seus empresários,
mercado global de grande complexidade e capítulos. Os quatro primeiros abordam os procurando fornecer informações que possam
sobre o qual temos muito pouca governabilidade principais aspectos estratégicos e operacionais efetivamente ajudá-los a tomar as decisões
e controle, apesar de altamente promissor. Um ligados ao tema, e o quinto e último é composto mais adequadas aos seus negócios.
mercado que exige competência para aproveitar por um conjunto de documentos para consulta:
Operacionalização
01 Planejamento
de Exportação 02 da Exportação

1.1 Porque exportar 2.1 Como exportar


.................................................................... ...........................................................................................
1.2 Para onde exportar 2.2 Formalização das exportações no Brasil
.................................................................... ...........................................................................................
1.3 O que exportar 2.2.1 Fatura comercial (Commercial Invoice)
.................................................................... ...........................................................................................
1.4 Como se preparar para exportar 2.2.2 Nota fiscal
.................................................................... ...........................................................................................
1.5 Como atingir o cliente no Exterior 2.2.3 Certificados
.................................................................... ...........................................................................................
2.3 Procedimentos administrativos da exportação
...........................................................................................
2.3.1 Exportação Normal
...........................................................................................
2.3.2 Exportação em Consignação
...........................................................................................
2.3.3 Procedimentos para registro da exportação
...........................................................................................
2.3.4 Utilização da Declaração Simplificada de Exportação – DSE
...........................................................................................
2.3.5 Exportação via Correios – “Exporta Fácil”
...........................................................................................
2.3.6 Exportação via remessa expressa – Empresas de Courier
...........................................................................................
ÍNDICE

Negociação com Aspectos financeiros


03 o Importador 04 da exportação

3.1 Aspectos comerciais e culturais envolvidos 4.1 Recebimento da exportação


............................................................................ .........................................................................................................
3.2 Condições de venda – INCOTERMS 4.1.1 Operações de câmbio
............................................................................ .........................................................................................................
3.3 Modalidades de pagamento das exportações 4.1.2 Recebimento em Papel Moeda, Traveller´s Check e Cheques
............................................................................ .........................................................................................................
3.4 Formação do preço de exportação 4.1.3 Recursos em moeda estrangeira mantidos no Exterior
............................................................................ .........................................................................................................
4.1.4 Vale Postal Internacional
.........................................................................................................
4.2 Instrumentos de financiamento das exportações
.........................................................................................................
4.2.1 Adiantamentos cambiais
.........................................................................................................
4.2.1.1 Adiantamento sobre contrato de câmbio – ACC
.........................................................................................................
4.2.1.2 Adiantamento sobre cambiais entregues – ACE
.........................................................................................................
4.2.2 PROEX – Financiamento vinculado ao Tesouro Nacional
.........................................................................................................
4.2.3 BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
.........................................................................................................
4.2.4 Seguro de Crédito à Exportação – SCE
.........................................................................................................
ÍNDICE

Situações especiais
05 vinculadas ao setor 5.2

5.2.1
Exportação em consignação transportada em mãos pelo exportador
...................................................................................................................
O que é exportação transportada em mãos
...................................................................................................................
5.1 Venda a não residente 5.2.2 Quem pode realizar esse tipo de operação
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.1 O que é venda a não residente 5.2.3 Como se habilitar para ter direito a esse benefício
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.2 Porque realizar essa operação 5.2.4 Procedimento de saída da mercadoria do país (exportação)
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.3 Antes da venda 5.2.5 Procedimento de retorno em mãos da mercadoria ao país (total ou parcial)
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.3.1 Habilitação no SISCOMEX 5.2.6 Procedimento em caso de venda total da mercadoria exportada
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.3.2 Confecção do carimbo padronizado 5.2.7 Prazo para conclusão do procedimento
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.4 Durante a venda 5.3 Operações com diamantes no mercado internacional
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.4.1 Documentação do comprador 5.4 Regime especial de Drawback
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.4.2 Emissão da Nota Fiscal 5.4.1 Principais modalidades de Drawback
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.5 Depois da venda 5.4.2 Concessão do regime de Drawback
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.5.1 Emissão do Registro de Exportação – RE 5.5 Exportação de amostras
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.5.2 Liquidação cambial 5.6 O Designer na exportação
............................................................................ ...................................................................................................................
5.1.5.3 Arquivamento de documentos 5.6.1 Exposição e concursos internacionais
............................................................................ ...................................................................................................................
ÍNDICE

Material de apoio – Anexos


06
6.1 Fluxograma genérico de exportação
.........................................................................................................
6.2 Termos e siglas utilizados neste manual
.........................................................................................................
6.3 Modelos de documentos de exportação
.........................................................................................................
6.4 Legislação básica de interesse do setor
.........................................................................................................
6.5 Dúvidas mais frequentes do exportador (FAQ)
.........................................................................................................
6.6 Fontes de referência úteis ao exportador
.........................................................................................................
PLANEJAMENTO DE EXPORTAÇÃO
1.1. Porque exportar
Planejamento de exportação | 1.1

A atividade exportadora normalmente traz grandes benefícios, diretos e indiretos, para as empresas:
• Redução de tributos: as exportações são beneficiadas com a não incidência de tributos que
recaem sobre a venda no mercado interno, o que favorece o aumento da lucratividade, facilita a
negociação de preços com os clientes e estimula a formalização do próprio negócio. O quadro a
seguir relaciona os principais benefícios relacionados a esses itens:

item benefício legal


Antes de iniciar uma operação no
mercado internacional é importante Imposto sobre Produtos Imunidade tributária de IPI disciplinada pelo artigo 18º, Inciso II, do
que o empresário avalie: Industrializados - IPI Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto nº 7212/2010.

1. Quais as vantagens que a exportação Não incidência do ICMS conforme artigo 3º, Inciso II, da Lei Complementar
apresenta para seu negócio; nº 87/96, disciplinada pelo Regulamento do ICMS do respectivo Estado.
Exemplos:
2. A capacidade que o negócio tem para poder Imposto sobre
aproveitar esse potencial, sua “capacidade Circulação de • São Paulo: artigo 7º, inciso V do RICMS, aprovado pelo Decreto 45.490, de

exportadora”. Mercadorias e 30.11.2000;


Serviços - ICMS • Rio de Janeiro: artigo 47º, inciso II do RICMS, aprovado pelo Decreto 27.427,
de 17.11.2000;
• Rio Grande do Sul: artigo 11º, inciso V do RICMS, aprovado pelo Decreto
37.699, de 26/08/97.
A capacidade exportadora de uma
empresa depende das característi- Contribuição para o
Isenção do pagamento da COFINS, conforme Artigo 14º, Inciso II da Medida
cas de seus produtos, dos mercados Financiamento da
Seguridade Social - COFINS Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001.
que pretende atingir, do comprome-
timento de seus dirigentes, da sua
Programa de Integração Isenção do pagamento do Programa de Integração Social – PIS, conforme
capacidade de investimento e de sua
Social - PIS/PASEP Artigo 14º, §1º da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001.
estrutura de gestão. Esses elementos
combinados são determinantes para
As operações de crédito à exportação e de Adiantamentos de Contrato
obter sucesso na exportação, o que
Operações de Câmbio (ACC) ou Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) são
só reforça a necessidade de planejar
de Câmbio beneficiadas com Alíquota de 0% no Imposto sobre Operações Financeiras
com cuidado essa operação.
– IOF, conforme Artigo 8º, Inciso III do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro
de 2007.z

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Planejamento de exportação | 1.1

• Menor instabilidade: o acesso ao mercado externo reduz a dependência e os riscos decorrentes


das instabilidades do mercado interno; Apesar dos benefícios que traz,
exportação não é a panaceia que
resolve todos os problemas de uma
• Maior competitividade: exportar faz com que a empresa adquira novas competências e empresa. O sucesso na exportação
conhecimentos, aperfeiçoando processos industriais e gerenciais que impactam diretamente no não é imediato, exige planejamento,
aumento de competitividade; persistência e estrutura. Deve
conviver com a operação no mercado
interno e não constituir uma mera
• Melhor posicionamento no mercado interno: estudos comprovam que as empresas
opção para seus momentos de crise.
exportadoras tornam-se mais competitivas também no mercado interno, fortalecendo sua
Tentar exportar quando o mercado
posição nesse mercado;
interno está ruim e refluir o processo
quando esse mercado melhora
pode levar a empresa a não obter
• Acesso a financiamentos: exportar permite acessar instrumentos de financiamento não
resultados satisfatórios em nenhum
disponíveis para as empresas que atuam exclusivamente no mercado interno;
deles, além de comprometer sua
imagem, estrutura e recursos.

• Ganhos de imagem: exportar gera visibilidade no mercado e agrega valor à marca.

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Planejamento de exportação | 1.2

1.2. Para onde exportar

Quando se trata de saber para onde exportar, qual mercado atingir ou priorizar,
algumas perguntas costumam vir à mente do empresário:

• Quais são os mercados que podem consumir meus produtos?


• Como consigo atingir esses mercados?
• Onde posso conseguir essas informações?

Essas perguntas, ainda que extremamente relevantes, sugerem um empresário fortemente focado
no seu produto e não no mercado a atingir. Indicam a preocupação de quem tem um produto na
mão e quer achar quem o compre (um problema em busca de uma solução), e não a de quem
procura identificar mercados potencialmente lucrativos e desenvolver produtos que atendam suas
especificidades (uma solução para uma oportunidade detectada).

Ao longo dos anos, essa abordagem realmente se mostrou preponderante entre muitos empresários
do setor, que acabaram insistindo na busca de mercados já adaptados aos seus produtos e não no
desenvolvimento ou adequação de produtos que permitissem atender outros mercados promissores,
frustrando a obtenção de resultados mais consistentes.

13
Planejamento de exportação | 1.2

Para conseguir mudar esse padrão é importante fazer uma análise criteriosa dos mercados
potenciais. Começar coletando informações em sites da Internet, entidades setoriais, agências de
promoção comercial, câmaras de comércio e organizações similares (ao final deste manual são
indicadas algumas fontes de consulta). Analisar pesquisas de mercado que estão disponíveis sobre
os mercados pretendidos. Obter informações sobre:

• Tamanho dos mercados pretendidos (demanda, oferta, características demográficas, etc.);


• Concorrência local e internacional nesses mercados (características dos produtos importados,
preços, exigências de qualidade e restrições legais);

• Hábitos de consumo específicos e características culturais relevantes;


• Regras e custos de internação (procedimentos aduaneiros, acordos comerciais com o Brasil,
barreiras tarifárias e não tarifárias, etc.);
Se a sua empresa não tem
• Conjuntura política e econômica dos mercados pretendidos; flexibilidade para atender demandas
• Canais de comercialização mais utilizados nas importações por esses mercados. específicas de outros mercados, ou
encara a exportação simplesmente
Também é útil consultar outras empresas que exportam para esses mercados, ainda que sejam como uma oportunidade de
relacionadas a outros segmentos, para obter mais referências sobre suas características e sobre os “desovar” o estoque de produtos
procedimentos aduaneiros usuais. não comercializados no mercado
interno, repense desde já sua atuação
Por fim, é melhor evitar trabalhar ao mesmo tempo com muitos mercados, pois isso torna mais complexa nesse campo, para evitar maiores
a gestão das informações e tende a encarecer os custos e dispersar recursos. Principalmente no prejuízos e o comprometimento da
início, é mais adequado concentrar o foco nos mercados cujas informações indiquem bom potencial imagem da empresa em mercados
e menor custo de acesso, que apresentem menos barreiras técnicas e comerciais em relação aos potencialmente promissores.
produtos da empresa.

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Planejamento de exportação | 1.3

1.3. O que exportar O terceiro nível é o que se denomina produto Dependendo do segmento de atuação (gemas,
ampliado, que agrega ao produto real joias, bijuterias), o impacto desses diferentes
outros benefícios também determinantes níveis pode variar, mas ainda assim mostra-se
Os especialistas em marketing costumam dizer para a decisão de compra: garantia, suporte válido. Esquematicamente, esta é a composição
que um produto apresenta diversos níveis, aqui pós-venda, entrega e crédito, assistência dos diferentes níveis de um produto:
sintetizados em três: básico, real e ampliado. técnica, reposição, etc.

O produto básico representa sua finalidade,


o benefício central que ele oferece. Buscando
um exemplo no setor, imagine uma aliança. Sua PRODUTO AMPLIADO:
O QUE PRECISAMOS
função principal é representar um compromisso Reposição Entrega
OFERECER!
e Crédito
entre pessoas, esse é basicamente seu papel.

Embalagem Marca PRODUTO REAL


O segundo nível representa o produto real,
aquele que efetivamente chega às mãos do
cliente e que, além da finalidade, possui um
padrão de qualidade, design, marca, entre PRODUTO
PRODUTO BÁSICO
ESSENCIAL
outras características específicas. No nosso
(funcionalidade)
exemplo da aliança, ela poderia ser de ouro Nível de
Design
qualidade
amarelo 18k com brilhantes, de design inovador, Suporte percebida Garantia
com características sustentáveis na produção e pós-venda
na embalagem, etc.
Características

Assistência técnica

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Planejamento de exportação | 1.3

Observe se o seu produto apresenta algum diferencial em relação aos produtos


concorrentes:

• Ele apresenta algumas características que o diferenciem dos outros encontrados nos mercados
pretendidos?

• Ele atende aos requisitos e normas daqueles mercados?


• Precisa de alguma adequação para poder entrar nesses mercados?
• Tem preço mais baixo?
• Tem prazo de entrega menor?
• Tem facilidade de reposição?
• Exige assistência técnica? Caso exija, você tem condições de garantir essa assistência?
• Necessita manter estoque local para reposição de partes e peças?
• Tem capacidade de atender grandes pedidos?
A grande questão para quem
pretende exportar é conseguir
oferecer o produto ampliado, pois
hoje a diferenciação da concorrência Evite perder tempo e dinheiro trabalhando somente na base da tentativa e erro. Testar a
apoia-se fundamentalmente nesse aceitação de seu produto em um determinado mercado não significa passar por cima dos
nível de produto. Por isso, antes de parâmetros que o envolvem. Comece por produtos que apresentem algum diferencial
exportar, assegure-se de planejar nesse mercado, que necessitem menos adaptações e que sua empresa consiga manter
sua operação tomando por base o um melhor nível de atendimento. Construa sua reputação junto ao importador de forma
produto ampliado e não o produto sólida e gradativa. Não “empurre” produtos que podem comprometê-la, pensando
básico. apenas num rápido retorno financeiro.

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Planejamento de exportação | 1.4

1.4. Como se preparar


para exportar
Atuar no mercado externo de forma consistente Para ampliar as possibilidades de obter sucesso no processo de exportação, é importante que a empresa:
exige que a empresa profissionalize sua gestão. • Desenvolva produtos com nível de qualidade adequado ao segmento de atuação e aos mercados
Há cada vez menos espaço para “amadores” em que pretende atuar;
nesse mercado e é fundamental entender o
que isso significa.
• Tenha capacidade e agilidade suficientes para atender as necessidades específicas dos mercados
pretendidos, em termos comerciais e legais;

Aquele espírito de que “o importante é vender, • Tenha real conhecimento de sua estrutura de custos, para poder estabelecer margens adequadas
depois se resolvem as outras questões” já não nas suas linhas de produtos;
funciona para quem quer operar seriamente e • Saiba estabelecer e manter uma política de preços específica para exportação, considerando os
obter sucesso no comércio exterior. Há alguns benefícios legais e as questões financeiras envolvidas;
anos, vários importadores reiteradamente
• Possua profissionais dedicados diretamente à exportação, que consigam estabelecer um
citavam as dificuldades que as empresas
bom relacionamento com o mercado externo, sem barreiras idiomáticas, ruídos ou atrasos de
brasileiras do setor tinham para cumprir
comunicação;
acordos e atender suas exigências em relação
a prazos de entrega, política de preços,
• Desenvolva bons fornecedores relacionados ao processo de exportação (despachantes, empresas
transportadoras, instituições financeiras, etc.);
assistência pós-venda e características dos
produtos negociados. • Invista no processo de exportação, reservando recursos para participação em feiras, rodadas de
negócio, missões empresariais e outros eventos nessa área.
Por outro lado, na maioria das vezes as
competências para exportação não estão
diretamente vinculadas ao porte da empresa, Perder oportunidades por não ter se preparado é desperdício de tempo e recursos. Expor em
pois há espaço para grandes e pequenas uma feira de negócios sem ter se preparado convenientemente; não conseguir estabelecer
no mercado. O que as diferencia no contato com um potencial cliente por barreiras culturais ou idiomáticas; praticar preços
sucesso alcançado é justamente o nível de pouco competitivos por não conhecer a própria estrutura de custos, ou por desconhecer
profissionalismo e comprometimento com que os benefícios tributários da exportação, configuram erros que podem comprometer, até
atuam. mesmo de forma definitiva, a inserção da empresa no mercado pretendido.

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Planejamento de exportação | 1.5

1.5. Como atingir o cliente no exterior

As maneiras de acessar os mercados pretendidos dependem das suas características, do tipo de Quanto menor a experiência, a estrutura e a
produto comercializado, das oportunidades identificadas, além da própria estrutura e capacidade capacidade de investimento do exportador,
de investimento do exportador. O importante é que ele tenha uma boa noção sobre o tipo de cliente mais longe ele fica de conseguir oferecer essa
que pretende atingir (atacadistas, varejistas, distribuidores, lojas especializadas, consumidor final) condição ao importador, o que diminui sua
e consiga identificar a melhor forma de chegar a eles. capacidade de concorrência naquele mercado.

Sobre esse tema vale uma observação. Muitos empresários procuram evitar intermediários, Dentro desse contexto, atuar por meio de
desejam vender diretamente ao seu cliente-alvo, pensando em ampliar sua lucratividade. Resistem uma comercial exportadora ou ter um agente
a recorrer aos serviços de empresas comerciais exportadoras ou designar representantes nos no país destino pode ser uma boa atitude,
mercados que pretendem atingir, pois isso normalmente implica no pagamento de comissões principalmente no início. Reduz o tempo e
sobre as vendas. No entanto, para as empresas com pouca experiência, baixa capacidade de o custo de aprendizado, pois esses
investimento ou pequena estrutura, esses serviços podem tornar a operação bem menos arriscada intermediários normalmente repassam
no início, ainda que o retorno seja aparentemente mais baixo. conhecimentos bastante úteis sobre os
mercados que atuam, além de facilitar e servir
É importante lembrar que, independentemente do país, a condição ideal para o cliente no exterior de apoio no relacionamento com importador,
será sempre aquela em que ele pode contar com um apoio local, a quem pode rapidamente inclusive no que diz respeito ao recebimento
recorrer no caso de um problema ou da necessidade de reposição ou troca de algum produto. dos valores exportados.

Evite assinar contratos com intermediários sem recorrer a serviços de assessoria jurídica especializada, pois é fundamental esclarecer
devidamente as responsabilidades das partes. Deve-se atentar para cláusulas de exclusividade, área territorial de atuação, prazos,
quantidades mínimas de compra e de venda, ações promocionais, responsabilidades nos custos operacionais, entre outros aspectos, para
evitar problemas futuros.

18
Planejamento de exportação | 1.5

Para realizar a prospecção de clientes nos mercados pretendidos,


a empresa pode recorrer a diversos instrumentos, entre eles:

• Realização de viagens exploratórias a esses mercados;


• Contratação de pesquisas de mercado específicas;
• Serviços de assessoria de imprensa ou de relações públicas;
• Participação em eventos (feiras, rodadas de negócio, etc.);
• Anúncios em publicações impressas e eletrônicas especializadas;
• Utilização de malas diretas segmentadas;
• Participação em ações de entidades setoriais e agências e promoção;
• Identificação de agentes ou distribuidores nos mercados pretendidos;
• Identificação de parceiros no Exterior para atuar em sociedade (join venture);
• Realização de ações promocionais via websites e redes sociais;
• Criação de plataforma para vendas online.

Quaisquer que sejam os instrumentos utilizados, a empresa deve demonstrar profissionalismo e comprometimento com resultados de longo
prazo. Desrespeitar usos e costumes dos países por falta de conhecimento prévio sobre eles, não manter a regularidade de participação
em feiras ou não contar com materiais de comunicação adequados, são exemplos de falhas que podem comprometer seriamente a
imagem empresa. Nesses casos o mais prudente é seguir a velha máxima: se é para causar uma má impressão, é melhor não causar
impressão alguma.

19
OPERACIONALIZAÇÃO DA EXPORTAÇÃO
Operacionalização de Exportação | 2.1

2.1. Como exportar

Existem hoje três principais organismos envolvidos com as atividades de Há também os chamados órgãos anuentes,
comércio exterior no Brasil: que atuam na operação pontualmente, quando o
produto a ser exportado necessita de algum tipo de
manifestação vinculada às suas respectivas áreas
de competência. Um exemplo são os diamantes
INSTITUIÇÃO FUNÇÃO em bruto, cuja exportação exige anuência prévia
do Departamento Nacional de Produção Mineral –
Secretaria de Comércio Determina as regras e procedimentos administrativos que DNPM, com a emissão de certificado Kimberley.
Exterior (SECEX) os exportadores devem seguir.
O processo de exportação é operacionalizado por
meio do SISCOMEX-Sistema Integrado de
Secretaria da Receita Fiscaliza a entrada e saída de produtos e de recursos Comércio Exterior, plataforma web que interliga
Federal do Brasil (RFB) oriundos do comércio exterior. os diversos órgãos envolvidos nos trâmites de cada
operação. É nessa plataforma que os interessados
(exportadores e/ou seus representantes legais,
Banco Central do Brasil despachantes aduaneiros, entre outros) realizam
Regulamenta o mercado de câmbio.
(BACEN) a inserção das informações e o acompanhamento
dos processos junto aos órgãos reguladores.

Com a implantação do Programa Portal Único de Comércio Exterior http://portal.siscomex.gov.br/, a ser concluído até o final de 2016,
o sistema de operacionalização e controle das operações de comércio exterior deverá sofrer importantes alterações. Haverá inclusive
substituição de alguns documentos hoje exigidos e a disponibilização de uma série de serviços no próprio Portal, que incluem a emissão
de licenças, certificados e outros documentos, o que promete simplificar todo o processo.

21
Operacionalização de Exportação | 2.1

Existem duas formas de realizar a operação de exportação no Brasil e ambas


gozam de benefícios fiscais e tributários:
No caso da Exportação Indireta por
Exportação Direta: é aquela em que o próprio exportador responde por todo processo de meio de comerciais exportadoras,
exportação, inclusive pelos trâmites alfandegários e demais operações envolvidas no processo. é importante verificar suas
Nesse caso é preciso que o CNPJ da empresa esteja habilitado para utilizar o SISCOMEX, por meio referências, uma vez que será
do Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros – RADAR. O exportador deve ela também a responsável pelo
ainda providenciar os documentos exigidos na exportação e se responsabilizar pelos procedimentos recebimento, liquidação cambial
aduaneiros da mercadoria a ser exportada, contratando serviços de despachantes especializados. e repasse do valor negociado ao
Essa forma é a mais utilizada pelas empresas que exportam regularmente e possuem estrutura exportador. Ao final da operação,
específica para isso. a comercial exportadora deverá
enviar o respectivo “Memorando
Exportação Indireta: é aquela em que o exportador recorre a uma empresa comercial exportadora, de Exportação” para o exportador,
trading company ou qualquer outra empresa habilitada a operar com o comércio exterior, como os documento que comprova a efetiva
correios (via “Exporta Fácil”) ou empresas de Courier, para enviar a mercadoria ao Exterior. Neste saída das mercadorias para exterior
caso todos os trâmites são realizados sob o CNPJ dessas empresas, não necessitando do registro e permite ao exportador usufruir
do exportador no SISCOMEX (RADAR). Normalmente é utilizada pelos exportadores que realizam dos mesmos benefícios fiscais da
operações menos regulares, de menor volume ou que simplesmente preferem operar dessa forma. Exportação Direta.
que realizam operações menos regulares, de menor volume ou que simplesmente preferem operar
dessa forma.

22
Operacionalização de Exportação | 2.1

Cabe ao exportador verificar qual das duas formas de exportação lhe é mais vantajosa, lembrando
que elas não são excludentes entre si. A empresa pode optar por uma ou outra forma, de acordo com
a oportunidade ou conveniência, já que ambas podem ser utilizadas a qualquer momento. Por isso é
interessante que o exportador providencie sua habilitação no SISCOMEX tão logo possível, pois podem
ocorrer situações em que a exportação direta se mostre mais recomendável. Será sempre melhor ter a
opção de escolher a forma de realizar a operação do que ficar restrito a apenas uma delas.

Os procedimentos de habilitação ao SISCOMEX e credenciamento de representantes para


atividades relacionadas ao despacho aduaneiro estão disciplinados pela INRFB 1.288,
de 31/08/2012, modificada pela INRFB 1.570, de 25/06/2015, disponível entre os anexos
deste manual (item 6.4.). A pessoa física responsável pela empresa perante o CNPJ será
igualmente responsável perante o SISCOMEX.

Por ocasião do primeiro processo de exportação, a empresa será cadastrada automaticamente no


Registro de Exportadores e Importadores - R.E.I. Esse cadastro disponibiliza informações para controle
dos órgãos reguladores e anuentes, além de alimentar os dados do exportador nos documentos do
SISCOMEX, sendo a atualização dessas informações de suma importância.

23
Operacionalização de Exportação | 2.2

2.2. Formalização das exportações no Brasil

Do ponto de vista formal, resumidamente a operação de exportação no Brasil


envolve as seguintes ações:

• Elaboração de fatura comercial (Commercial Invoice);


• Quando necessário, elaboração de Romaneio de Carga (Packing List);
• Emissão de Nota Fiscal;
• Obtenção dos certificados exigidos pelo importador, quando for o caso; OBS: Pode ocorrer mais uma etapa
no processo, de vistoria previa
• Registro da exportação na plataforma do SISCOMEX (RE); e lacração da mercadoria a ser
• Emissão do Extrato da Declaração de Despacho Aduaneiro (DDE); exportada, executada por peritos
autônomos credenciados na Receita
• Processamento do despacho aduaneiro;
Federal. Essa vistoria tem por
• Conclusão do despacho e averbação junto à SRF; finalidade verificar a autencidade

• Emissão do comprovante de exportação. e valores das mercadorias a serem


exportadas e evita que elas sejam
manipuladas novamente pela
Normalmente a emissão da Commercial Invoice, da Nota Fiscal e mesmo de certificados são realizadas fisclaização aduaneira ao chegar nos
pelo exportador e as demais ações por despachantes aduaneiros, já que envolvem trâmites junto a terminais de embarque, correndo o
repartições públicas dos principais terminais de embarque do país. risco de sofrer danos ou extravios.

24
Operacionalização de Exportação | 2.2.1

2.2.1 Fatura Comercial ou Commercial Invoice

A Commercial Invoice é um documento emitido em inglês (ou eventualmente em outro idioma solicitado pelo importador) e é essencial para a liberação das
mercadorias no país de destino. Além disso, no Brasil ela é parte integrante do processo de desembaraço aduaneiro dos produtos do setor. A Commercial
Invoice contém informações sobre valores, código internacional dos produtos (NCM/SH*), quantidades, prazos, forma de pagamento, modalidade de
transporte, entre outras.

Não há um formato padrão ou restrição de campos na Commercial Invoice. Os modelos a seguir constituem apenas dois exemplos, entre os diversos que
podem ser utilizados na exportação:

MODELO 1

Commercial Invoice:
Exporter: Importer:

Country of origin: BRAZIL Payment terms: At sight Net weight: - grs


AWB/BL Nº: From: GRU Airport - SP - Brazil Gross weight:
Transport Agent: To: Shipping Date:
NUM CODE WEIGHT UNIT TOTAL
NCM QTY UNIT DESCRIPTION
ITEM ITEM (Grs) PRICE (USD)
1 71131900 1 PC Ring Au 18K with Citrine, Emerald, Lapis Lazuli and Diamonds 0,00 -
2 71131900 1 PC ...... 0,00 -
... 71131900 2 PC ....... 0,00 -
Total 4 - -

CREDIT TO SIGNATURE
Bank account holder:
Bank:
Bank address:
Bank account:
Bank swift code:

25
Operacionalização de Exportação | 2.2.1

MODELO 2

Commercial Invoice: LX.05.01/2015


Exporter: Importer:

Consignee: Notify:

Country of origin: BRAZIL Net Weight (Grs): 36,50


From: GRU Airport - Brazil Total Value (USD): 3.645,40
To: MIA - Miami, FL - USA Payment terms: On consigment
N REFERENCE NCM ITEM UNIT DESCRIPTION Weight Qty USD
1 PG 18492 RBEM-OR 71131900 Pendant Piece Gold 18k, Ruby, Esmerald, yellow saphire and pink sapphire 13,70 1 1.796,30
2 AN 11843 CTDR-OR 71131900 Ring Piece Gold 18k and Citrine 10,90 1 983,40
3 AN 12259 RB-OB 71131900 Ring Piece Gold 18k and ruby 11,90 2 865,70
TOTAL USD 36,50 4 3.645,40

*NCM/SH: o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) é um método de classificação de produtos elaborado para facilitar o
comércio internacional. O código SH é formado originalmente por seis dígitos, mas permite aos países a criação de mais dígitos identificadores para refinar a
especificação dos produtos. Na formulação do código NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), os países do bloco optaram pela utilização de oito dígitos, sendo
os seis primeiros o código SH.

26
Operacionalização de Exportação | 2.2.1

Entre os anexos deste documento (item 6.4.) há uma tabela com os códigos do Capítulo 71 do NCM
e respectivo código NBM (Nomenclatura Brasileira de Mercadorias), no qual estão inseridos os
produtos do setor, mas os principais são:

PRODUTO NCM
OBS: Quando a carga a ser
exportada está distribuída em mais
Joias em ouro 7113.19.00
de um volume é preciso providenciar
também o Romaneio de Carga
Joias em prata 7113.11.00
(Packing List), documento que
relaciona os volumes e descreve
Gemas brutas (exceto diamantes) 7103.10.00
seus respectivos conteúdos. Sua
Gemas lapidadas (exceto diamantes, rubis, safiras e esmeraldas) 7103.99.00 finalidade é permitir conhecer o
conteúdo de cada volume sem
Rubis, safiras e esmeraldas lapidadas 7103.91.00 precisar abri-lo, facilitando os
trâmites de desembaraço aduaneiro
Diamantes brutos 7102.31.00 e a manipulação da mercadoria no
país importador. Na prática, ele tem
Diamantes lapidados 7102.39.00 mesmo o formato da Commercial
Invoice, porém sem os campos
Folheados 7113.20.00 relativos às informações de preço
das mercadorias.
Bijuterias de metais comuns 7117.19.00

Outras bijuterias 7117.90.00

27
Operacionalização de Exportação | 2.2.2

A Nota Fiscal de produtos destinados à exportação segue o mesmo padrão daquelas utilizadas no
mercado interno, devendo-se atentar para o preenchimento dos seguintes campos:
É recomendável que o empresário
consulte sempre sua assessoria
CAMPO DA NF EXPORTAÇÃO DIRETA EXPORTAÇÃO INDIRETA contábil, caso tenha dúvidas em
relação à emissão de Notas Fiscais
“Exportação” ou “Exportação “Remessa com Fim Específico das operações de exportação,
Natureza da operação para evitar que algum detalhe
em Consignação” de Exportação”
específico do seu negócio, ou uma
7101, 7102, 7949 5501, 5502, 6501 ou 6502 eventual alteração da legislação
CFOP
pertinente, o leve a cometer
Indicação da legislação que Indicação da legislação que
enganos que possam prejudicá-lo
Dados adicionais dispõe sobre a não incidência dispõe sobre a não incidência nessas operações.
de ICMS e IPI. de ICMS e IPI.

28
Operacionalização de Exportação | 2.2.3

2.2.3 Certificados

Outros documentos que acompanham o produto na exportação são os certificados de origem ou TIPO DE EMISSOR
CERTIFICADO
declarações específicas eventualmente solicitadas pelo importador.
SGP Banco do Brasil
As normas preferenciais de origem são benefícios tarifários ( isenção ou redução do imposto de
importação, cotas tarifárias, etc.) que determinados países concedem a outros, de forma unilateral Federações das
SGPC
ou mediante acordos de reciprocidade. O Sistema Geral de Preferência (SGP - Certificado de indústrias
Origem FORM A), SGPC (Sistema Global de Preferências Comerciais), o Mercado Comum do
Sul (MERCOSUL), a Associação Latino - Americana de Integração (ALADI) constituem exemplos Federações das
desse tipo de benefício. ALADI indústrias, comércio
e agricultura.

O Certificado de Origem é o documento que atesta a origem da mercadoria e é emitido por


Federações das
organizações credenciadas ou órgãos da administração pública. Para cada país importador, deve
MERCOSUL indústrias, comércio
ser verificada a existência de acordo internacional assinado com o Brasil, para saber qual o tipo
e agricultura.
de Certificado de Origem que é necessário. Os certificados de origem são emitidos por:

Para internação da mercadoria no país importador podem ser exigidos outros documentos que atendam normas e regulamentos
específicos daquele país. O certificado de não radioatividade em gemas, ou de não presença de níquel em peças folheadas, são exemplos
de certificados exigidos em alguns mercados. O importante é que o exportador se informe a respeito desse tipo de exigência antes de
proceder à exportação da mercadoria, para não inviabilizar a operação.

29
Operacionalização de Exportação | 2.3

2.3 Procedimentos operação definição


administrativos
Consiste no envio de mercadoria ao exterior em caráter definitivo, sem retorno
da exportação ao país. Ao processar o Registro de Exportação no SISCOMEX, o responsável
Exportação Normal pelo registro definirá no campo “Enquadramento da Operação” o código
Como já citado anteriormente, toda mercadoria 80000, que significa Exportação Normal, indicado na tabela de enquadramento
que é exportada deve ser registrada no de operação contida na Portaria SECEX nº 23, de 2011.
SISCOMEX e submetida ao despacho
aduaneiro. A tabela de enquadramento de cada Consiste no envio de mercadoria ao exterior em caráter temporário, com
eventual retorno (parcial ou total) ao país. Ao processar o Registro de
operação de exportação, que está contida
Exportação em Exportação no SISCOMEX, o responsável pelo registro definirá no campo
na Portaria SECEX nº 23, de 2011, instrui a
Consignação “Enquadramento da Operação” o código 80102, que significa Exportação em
definição o tipo de operação que está sendo
Consignação, indicado na tabela de enquadramento de operação contida na
realizado: Exportação Normal, Exportação em
Portaria SECEX nº 23, de 2011.
Consignação, Exportação em consignação
conforme Instrução Normativa 346/2003 e A DSE foi criada com o objetivo de simplificar os trâmites da exportação em
Declaração
Venda a não residente. algumas situações, que serão adiante descritas. Foi disciplinada por meio
Simplificada de
da Instrução Normativa SRFB nº 611, de 18 de janeiro de 2006, cuja última
Exportação - DSE
Neste capítulo trataremos dos procedimentos alteração foi dada pela IN RFB 1456, de 10 de março de 2014.
que envolvem a Exportação Normal, e a
Exportação em Consignação, além de três A exportação pelos Correios foi disciplinada pela Instrução Normativa SRF
instrumentos vinculados a esses procedimentos: nº 611, de 18 de janeiro de 2006, em seu Art. 30, inciso VI, sendo que a
exportação via correios - “Exporta Fácil”, Exportação via ECT – ECT funciona como um agente intermediário entre o exportador e o AFRP
exportação via empresas de Courier e DSE - Exporta Fácil (Auditor Fiscal da Receita Federal). Pode ser realizada para valores até US$

Declaração Simplificada de Exportação. 50.000,00 (cinquenta mil dólares) por remessa, utilizando a DSE – Declaração
Simplificada de Exportação.

As operações de “Exportação em Consignação


A exportação via empresas de Courier segue procedimentos similares
conforme Instrução Normativa 346/2003” e
Exportação via aos do Exporta Fácil, utiliza a DSE e também é autorizada para valores
de “Venda a Não Residente” serão abordadas
Courier até US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares) por remessa. Essas empresas
mais adiante, juntamente com outras situações responsabilizam-se pelo transporte e pelo despacho aduaneiro da mercadoria,
especiais vinculadas ao setor. mediante procuração do exportador.

30
Operacionalização de Exportação | 2.3.1

2.3.1 Exportação Normal

Esse tipo de exportação é geralmente considerado de menor risco para o exportador, já que ele
pode realizar o recebimento antecipado da exportação ou remeter a mercadoria de forma que
o importador só possa retirá-la após seu pagamento. Envolve, porém, diversos aspectos que
podem dificultar a negociação, mormente no início das operações, quando laços de confiança
ainda não foram estabelecidos e certas exigências podem gerar desconforto, principalmente na
negociação de prazos e formas de pagamento.

O exportador deve ter consciência que a realização de uma eventual cobrança internacional pode ser uma operação complexa e cara.
Por isso, verifique o nível de segurança da forma de pagamento acordada, antes de realizar uma operação desse tipo com um importador
sobre o qual não tenha referências. Além disso, é importante sempre analisar a possibilidade de fazer seguro para assegurar o recebimento
das exportações.

31
Operacionalização de Exportação | 2.3.2

2.3.2 Exportação em Consignação


Nas operações em consignação,
a exportação pode ser realizada
Neste tipo de operação o risco é teoricamente maior do exportador, pois ele disponibiliza ao pelo valor de custo da mercadoria.
importador uma quantidade de produtos sem garantia imediata de recebimento de valores. Não há vantagem em utilizar o valor
Todavia, como o exportador tem um prazo de até 720 (setecentos e vinte) dias, contados da data de venda, já que alguns custos
do embarque, para comprovar a efetiva venda da mercadoria ou providenciar seu retorno ao país, da operação são proporcionais
essa modalidade acaba sendo muito utilizada para facilitar a negociação com os importadores. ao valor da Commercial Invoice, a
mercadoria sai do país sem garantia
Além de facilitar bastante o trânsito de mercadorias entre o exportador e o importador, pois de venda e o seguro restitui somente
permite retorno total ou parcial dos lotes, essa operação também favorece a concessão de prazos o valor de custo da mercadoria,
mais longos e o parcelamento de pagamentos, já que o fechamento de câmbio pode ser realizado caso ocorra um sinistro durante o
de forma parcial. transporte. No caso de venda parcial
ou total da mercadoria exportada em
Esse tipo de operação é muito utilizado nos casos onde já há confiança estabelecida entre o consignação por um valor maior do
exportador e o importador e as operações comerciais entre eles são feitas com maior assiduidade. que aquele originalmente colocado
Também é bastante utilizado nas operações de remessa de mercadoria para feiras e exposições na Commercial Invoice, a legislação
internacionais, por agilizar a realização dos trâmites aduaneiros. brasileira já prevê os procedimentos
contábeis adequados para o devido
registro da operação.

32
ITEM PROCEDIMENTO
Operacionalização de Exportação | 2.3.3

O exportador (ou seu representante legal) insere no sistema do SISCOMEX


as informações de caráter comercial, cambial e fiscal que caracterizam a
exportação. O sistema gera o número do Registro de Exportação, necessário
Registro de
para obter o status do processo no SISCOMEX.
Exportação - RE
Nota: No caso de produtos que dependem de órgãos anuentes, o sistema
submete o RE à anuência prévia desses órgãos antes da efetivação do RE. (Como
no caso da emissão do Certificado Kimberley para diamantes).

Quando efetivado, o RE está aprovado e liberado para a solicitação do despacho


Efetivação do aduaneiro de exportação. Para esse registro ser efetivado, a empresa não poderá
Registro de possuir pendências junto ao Banco Central e ao Departamento de Comércio
Exportação - RE Exterior - DECEX (órgão da SECEX). Caso o Registro de Exportação não seja
efetivado, o SISCOMEX informa o motivo da pendência.

Após a efetivação do Registro de Exportação, a Declaração de Despacho


Declaração de
de Exportação - DDE é gerada pelo SISCOMEX automaticamente, com um
Despacho de
número que se vincula ao RE e é necessário para obter o status do processo no
Exportação - DDE
SISCOMEX. Nesta etapa dá-se início ao despacho aduaneiro de exportação.

2.3.3 Procedimentos para Emitida pelo exportador em moeda nacional, com CFOP do grupo 7000 “Saída
registro da exportação destinada ao exterior”. A NF ampara o trânsito da mercadoria do estabelecimento
exportador até o local alfandegado e permite efetivar a presença de carga no
SISCOMEX. Pode ser emitida antes do RE, porém respeitando a data limite para
que transite com a mercadoria até o local alfandegado. A NF deve ser cópia fiel
O processo de exportação se inicia quando o
do processo de exportação, no que diz respeito a pesos, valores e quantidades.
exportador, ou seu representante legal, solicita
Emissão da Qualquer equívoco e/ou discrepância entre os documentos, por menor que seja,
o Registro de Exportação – RE diretamente na
Nota Fiscal interrompe o processo burocrático de exportação.
plataforma do SISCOMEX, a não ser no caso
Nota: O Sistema de Registro de Informações de Exportação - RIEX, aplica-se no
da chamada “Venda no mercado interno a
Estado de São Paulo e deve ser utilizado para obtenção, por meio eletrônico, do
não residente no país”, cujo registro é emitido
visto nas NFs de saída de mercadorias com o fim específico de exportação tratada
posteriormente à exportação. O fluxo formal
o artigo 1º da Portaria CAT nº 50, de 21/06/05. Conforme a Portaria CAT nº 201, de
da operação de exportação, seja ela do tipo 28 de dezembro de 2010, o governo paulista dispensa do RIEX os contribuintes
“Normal” ou do tipo “Consignação”, envolve os emitentes de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), desde que, essas empresas efetuem a
seguintes passos: Escrituração Fiscal Digital (EFD), nos termos do regulamento do ICMS.

33
*Canal Cinza (Valoração Aduaneira): o SISCOMEX tem uma sistemática para avaliar o preço da mercadoria a ser exportada
antes da liberação. Por isso, é aconselhável que a empresa exportadora programe com antecedência o Despacho Aduaneiro
Operacionalização de Exportação | 2.3.3 de Exportação, pois o auditor fiscal designado pode requisitar a presença de um perito ou a apresentação de um laudo
técnico, o que ocorre principalmente nas exportações de gemas, casos em que o embarque será postergado.

ITEM PROCEDIMENTO

Conhecimento de Documento emitido pela transportadora, que evidencia a data de entrega da mercadoria para transporte e a data em que foi recepcionada no
Transporte de Carga recinto alfandegado.

Presença de Carga - O exportador ou o depositário efetiva a presença de carga informando no SISCOMEX o recinto e o setor onde a carga se encontra, nos
Recinto e Setor recintos alfandegados.

A DDE é submetida ao módulo de seleção parametrizada do SISCOMEX, para fins de conferência aduaneira. A parametrização consiste na
seleção de canais de liberação, de forma aleatória, direcionando o procedimento a ser adotado pela fiscalização. São eles:

Exigência na parametrização do SISCOMEX

Conferência Canais Conferência


Aduaneira Documental Física da Mercadoria

Verde nihil nihil

Laranja nihil nihil

vermelho necessária necessária

Canal Verde – A DDE é liberada sem conferência aduaneira (documental e física), mediante procedimento automático do sistema.
Canal Laranja – A DDE passa por conferência documental. Para isso, os seguintes documentos instrutivos do despacho são entregues
na repartição da RFB – Receita Federal do Brasil: Nota Fiscal; Cópia do Registro de Exportação; Extrato da DDE; Commercial Invoice e
Desembaraço
Romaneio de Embarque, quando houver. A RFB realiza a análise e, se considerar necessária, faz a conferência física da mercadoria para
Aduaneiro*
efetivação do desembaraço aduaneiro.
Canal Vermelho – A DDE será registrada no SISCOMEX pelo Auditor Fiscal da Receita Federal – AFRF designado para realizar a
conferência aduaneira documental (como no canal laranja) e física da mercadoria. O despacho será interrompido até o cumprimento de
exigências legais.

Controle do Embarque O exportador acompanha o status do processo diretamente no sistema, aguardando a conclusão da etapa anterior, momento em que é
para o Exterior autorizada a saída da mercadoria e a carga é liberada para a transportadora, que registra no sistema a efetiva saída da mercadoria do país.

Averbação do A averbação do embarque pelo sistema será automática se os dados informados pela transportadora coincidirem com os da DDE. Caso
Embarque contrário a averbação será efetuada por um auditor fiscal de RFB, após análise da documentação.

Comprovante de O Comprovante de Exportação (CE) é emitido através do SISCOMEX. Esse documento certifica a efetivação da exportação. Por isso,
Exportação recomenda-se que seja parte integrante do processo arquivado.
34
Operacionalização de Exportação | 2.3.3

Situações específicas da exportação em Consignação: o quadro abaixo


indica os procedimentos que devem ser realizados a cada situação que ocorra nesse tipo de
operação:“Normal” ou do tipo “Consignação”, envolve os seguintes passos:

SITUAÇÃO PROCEDIMENTO

O exportador deverá providenciar proposta de alteração de RE averbado, para


Venda total mudar o código de enquadramento para 80000 (Exportação Normal) e consignar o
da mercadoria valor pelo qual a mercadoria foi efetivamente vendida, seja maior, menor ou igual ao
valor embarcado, realizando a devida operação cambial.

O exportador deverá providenciar proposta de alteração de RE averbado, para


mudar o código de enquadramento para 80000, informando o valor e a quantidade
Venda parcial que foi efetivamente vendida e o destino da parcela não vendida. No caso de
da mercadoria retorno ao País, informar o número da Declaração de Importação-DI (ou Declaração
Simplificada de Importação-DSI) no campo “Observação” do RE. O exportador
deve realizar a operação cambial da parcela efetivamente vendida.

O exportador deverá providenciar proposta de alteração de RE averbado, visando


mudar o código de enquadramento para 80000 e “zerar” os valores e quantidade
O processo de exportação pode ser Retorno integral no RE. Caso o sistema não aceite valor e quantidade “zero”, poderá ser inserido
liberado no mesmo dia em que foi da mercadoria o menor valor possível (exemplo: 0,01) e deverá ser informado o número da
entregue à fiscalização da Receita Declaração de Importação-DI (ou Declaração Simplificada de Importação-DSI) no
Federal do Brasil. Entretanto, campo “Observação” do RE.

eventuais exigências do Auditor


O exportador deverá providenciar proposta de alteração de RE averbado,
Fiscal da Receita Federal - AFRF
Inviabilidade de para mudar o código de enquadramento para 99199, mantendo os valores e
poderão retardar o processo em
retorno parcial ou quantidades que permaneceram no exterior. O exportador deverá justificar a
cerca de quatro dias úteis ou mais.
total da mercadoria permanência dos bens no campo “Observação” do RE e acompanhar a análise do
processo pelo sistema.

35
Operacionalização de Exportação | 2.3.4

2.3.4 Utilização da Declaração Simplificada


de Exportação – DSE

A DSE é um documento que substitui a DDE e dispensa a emissão do RE, agilizando o processo de
despacho, porém somente pode ser utilizada no despacho aduaneiro de bens:
Nota: a pessoa física poderá exportar
mercadorias em quantidade que não
• Exportados por pessoa física ou jurídica, até o limite de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares revele prática de comércio e desde
americanos) ou o equivalente em outra moeda; que não se configure habitualidade,
• Que estejam sob regime de exportação temporária, para posterior retorno ao país no mesmo à exceção de artesãos, artistas
estado ou após conserto, reparo ou restauração; ou assemelhados devidamente

• Contidos em remessa postal internacional até o limite de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares
registrados como profissionais
autônomos, para os quais não há
americanos) ou o equivalente em outra moeda;
essa restrição.
• Contidos em encomenda aérea internacional até o limite de US$ 50.000,00 (cinquenta mil
dólares americanos) ou o equivalente em outra moeda, transportada por empresa de transporte
internacional expresso porta a porta (Courier);

• Integrantes de bagagem desacompanhada.

36
Operacionalização de Exportação | 2.3.4

Procedimentos relacionados à Declaração Simplificada de Exportação:

ITEM PROCEDIMENTO

O exportador (ou seu representante legal) elabora a DSE na plataforma do


SISCOMEX. Concluído o preenchimento dos dados o sistema solicita a
Declaração
confirmação. Admite-se a emissão de DSE por solicitação da ECT ou de empresa
Simplificada de
de Transporte Expresso de Cargas (Courier).
Exportação - DSE
Nota: Produtos que dependam de anuência prévia para exportação não poderão
ser exportados ao amparo da DSE.

Emitida pelo exportador em moeda nacional, com CFOP do grupo 7000 “Saída
destinada ao exterior”. A NF ampara o trânsito da mercadoria do estabelecimento
exportador até o local alfandegado e permite efetivara a presença de carga no
Emissão da SISCOMEX. A NF-e deve ser cópia fiel do processo de exportação, no que diz
Principais vantagens da utilização Nota Fiscal respeito a pesos, valores e quantidades. Qualquer equívoco e/ou discrepância
da DSE: entre os documentos, por menor que seja, interrompe o processo burocrático
de exportação.

• Redução dos custos operacionais; Documento emitido pela transportadora, que evidencia a data de entrega
• Mesmo o CNPJ não habilitado SISCOMEX Conhecimento de
da mercadoria para transporte e a data em que foi recepcionada no recinto
Transporte de Carga
(IN 1.288, de 2012) pode exportar por meio alfandegado.
da ECT - Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (EXPORTA FÁCIL) ou de empresas O registro da Presença de Carga é uma informação obrigatória para todos os
de transporte internacional expresso – Presença de Carga - despachos simplificados com armazenagem. Nesse caso, a DSE somente será
Courier; Recinto e Setor efetivada após a informação no SISCOMEX da presença da carga. (art. 34 da IN
SRF nº 611, de 2006).
• Dispensa do cadastramento prévio de
despachante aduaneiro;
A efetivação do registro da DSE (art. 34 da IN 611, de 2006) ocorrerá se verificada
• A liberação alfandegária ocorre com maior
Efetivação do
a regularidade cadastral do exportador, após informada no SISCOMEX a presença
registro da DSE
celeridade. da carga e os dados relativos ao embarque da mercadoria.

37
Operacionalização de Exportação | 2.3.4

Procedimentos relacionados à Declaração Simplificada de Exportação:

ITEM PROCEDIMENTO

A DSE será instruída (art.36 da IN 611, de 2006) com os seguintes documentos:


Instrução da
a) Primeira via da Nota Fiscal, quando for o caso;
Declaração
b) Via original do conhecimento de carga ou documento equivalente e;
Simplificada
c) Outros documentos indicados em legislação específica.

Conferência A DSE é submetida ao módulo de seleção parametrizada do SISCOMEX, para


Aduaneira fins de conferência aduaneira.

Canal Verde – A DSE parametrizada no canal verde libera a mercadoria


sem conferência aduaneira, ou seja, a mesma é desembaraçada mediante

Desembaraço procedimento automático do sistema.

Aduaneiro Canal Vermelho – A DSE parametrizada no canal vermelho será registrada


no SISCOMEX pelo Auditor Fiscal da Receita Federal – AFRF designado para
realizar a conferência aduaneira.
O exportador pode também realizar suas
exportações por DSE utilizando os serviços
Controle do Quando se tratar de transporte por via aérea, marítima, fluvial, lacustre ou
da ECT - EXPORTA FÁCIL ou de empresas
Embarque para terrestre, o transportador informará no sistema a efetiva data de saída da
de transporte internacional expresso de
o Exterior mercadoria do País.
cargas (Courier), desde que respeitados
Averbação do os critérios da legislação em vigor. Podem
A averbação do embarque pelo sistema será automática.
Embarque fazer uso desse benefício mesmo os
O Comprovante de Exportação (CE) é emitido através do SISCOMEX. Esse exportadores que não estão cadastrados
Comprovante de
documento certifica a efetivação da exportação. Por isso, recomenda-se que seja no RADAR - Registro e Rastreamento da
Exportação
parte integrante do processo arquivado. Atuação dos Intervenientes Aduaneiros.

38
Operacionalização de Exportação | 2.3.5

2.3.5 Exportação via Correios – “EXPORTA FÁCIL”

As maiores vantagens desta modalidade de exportação são:

• A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT faz todo serviço de alfândega, não sendo Essa questão do seguro constitui um dos
necessária a contratação de despachante ou preparação de documentos no SISCOMEX; maiores entraves ao uso regular desse serviço,
• Redução de custos administrativos de exportação; já que normalmente o valor máximo de cobertura
aceito pelos países não ultrapassa os US$
• Rapidez no processo de preparação da exportação; 5.000,00, quando o valor limite da mercadoria
• Facilitação de exportação em cidades desprovidas de recintos alfandegados. que pode ser exportado via EXPORTA FÀCIL é
de US$ 50.000,00.
As regras para o transporte internacional por meio dos Correios são determinadas pela União Postal
Universal (UPU). Por isso, a ECT determina critérios de peso e dimensão do volume exportado de Uma solução alternativa nesses casos, quando
acordo com o tipo de serviço escolhido e o país de destino da remessa. A ECT instrui o exportador se mostrar operacional e financeiramente viável
quanto aos limites (valores, pesos, dimensões da embalagem e possíveis restrições) que envolvam o para o exportador, é dividir o lote total a ser
país de destino da mercadoria. exportado em parcelas que não atinjam o limite
de cobertura do país destino. Outra solução
Um seguro opcional de transporte da mercadoria também é oferecido pelo EXPORTA FÁCIL, com adotada pelo mercado é fazer uma só remessa,
limitação de cobertura que varia de acordo com o país de destino da mercadoria. No website dos porém contratar um seguro junto a terceiros
correios (http://www.correios.com.br/para-sua-empresa/exportacao-e-importacao/exportacao) é para cobrir o valor que exceder o limite de
possível encontrar informações sobre os valores em cada país de destino. cobertura do país destino.

39
Operacionalização de Exportação | 2.3.5

Considerando os diferentes critérios que envolvem cada país de destino, recomenda-se ao interessado
que consulte sempre uma agência da ECT para obter informações sobre cada caso.

Roteiro Prático para utilização do “EXPORTA FÁCIL”:

a) Embalagem das mercadorias para exportação;

b) Emissão de Nota Fiscal de exportação;

c) Emissão da Fatura Comercial (Commercial Invoice);

d) Contatar uma agência dos Correios e obter as informações complementares;

e) Preencher o formulário que lhe será entregue pelos correios (Airway Bill - AWB), informando:
• Nome e endereço completo do exportador/importador;
• Discriminação das mercadorias (em inglês ou idioma do país de destino), com quantidade,
unidade, classificação tarifária (código NCM), e valor na moeda de exportação (US$ ou outra);
• O lançamento e o pagamento do valor do seguro de transporte contratado;

f) Pagamento do frete da remessa no ato da postagem e, se este for por conta do importador,
poderá ser cobrado por Vale Postal Internacional, denominado como Dinheiro Certo; ou por
outro meio (Banco/Cartão de Crédito);

g) A ECT emitirá a DSE - Declaração Simplificada de Exportação, anotará o número da mesma


na via correspondente do AWB, que seguirá com o objeto para o país de destino, e entregará o
Comprovante de Exportação no endereço do exportador, para ele possa tomar as providências
cambiais relacionadas à operação.

40
Operacionalização de Exportação | 2.3.6

2.3.6 Exportação via remessa expressa – Empresas de Courier

O serviço de remessa expressa (Courier) está previsto no artigo 30, inciso VII da IN nº 611, de 2006, com redação alterada pela IN 846 de 12 de maio de
2008 e foi regulamentado pela Receita Federal através da IN - 1073, de 01 de outubro de 2010.

Tendo em vista os diferentes serviços e preços oferecidos pelas empresas de transporte internacional expresso de cargas, recomenda-se ao interessado
acessar o site: www.abraec.com.br – Associação Brasileira de Transporte Internacional Expresso de Cargas (ABRAEC), contatar algumas empresas e
avaliar quais são aquelas mais adequadas para realizar o transporte de sua mercadoria, verificando inclusive os valores e limites dos seguros praticados
por essas empresas.

O exportador normalmente fornece as vias da Commercial Invoice, da Nota Fiscal e do Packing List (se necessário), juntamente com a mercadoria, e
elas se encarregam dos trâmites aduaneiros. Para isso utilizam seus próprios despachantes (mediante procuração do exportador) ou podem recorrer ao
despachante do exportador, caso ele assim o deseje.

Aspectos administrativos da exportação – Quadro Resumo

• Plataforma do SISCOMEX – Sistema Informatizado de Comércio Exterior


• Classificação internacional de produtos – NCM / SH
• Documentos básicos:
• Facilitação de exportação em cidades desprovidas de recintos alfandegados.
• Nota Fiscal, Commercial Invoice, Packing List (eventual): emitidos pelo exportador;
• Registro de Exportação (RE): exportador ou representante legal (despachante);
• Conhecimento de embarque (AWB - Via aérea) / (B/L - Via marítima): emitido pelo
agente de carga;
• Certificados de origem (Form A/Aladi/Mercosul): emitidos por organismos autorizados
a pedido do exportador;
• Contratos de câmbio: bancos /corretoras.

41
NEGOCIAÇÃO COM O IMPORTADOR
Negociação com o Importador | 3.1

3.1 Aspectos comerciais e culturais envolvidos

Sem dúvida muitos empresários do setor almejam atingir bons clientes nos mercados mais desenvolvidos e de moedas fortes. Muitas vezes, no entanto,
isso acaba esbarrando na falta de preparo do próprio empresário para negociar com o cliente potencial. Mesmo entre aqueles que conseguem sucesso no
mercado interno, há os que acabam por obter resultados pífios lá fora, por desrespeitarem usos e costumes locais e não terem planejado uma estratégia
de negociação de acordo com cada mercado.

Uma estratégia de negociação traçada para um determinado mercado pode funcionar muito bem nele, porém pode ser ineficaz em outro. Não perca
de vista o fato de que não existe um único padrão mundial para negociação. O negociante deve, principalmente, ter flexibilidade para lidar com as
particularidades de cada negociação, de cada negociador e de cada mercado.

Para ampliar as possibilidades de êxito numa negociação internacional é importante:

• Estar culturalmente familiarizado com os costumes do mercado alvo; Nunca subestime seu interlocutor
e nem reproduza determinados
• Adaptar seu processo de negociação ao ambiente negocial do país; vícios e comportamentos existentes
• Planejar a negociação conhecendo bem o limite até onde você pode ir; no mercado interno dentro de uma
• Construir relações interpessoais sólidas, respeitando os costumes do interlocutor; negociação internacional. Variações

• Manter a sua integridade pessoal, sem causar a impressão de estar num “vale tudo”; abruptas de tabelas de preços,
substituições de componentes ou
• Pensar que ambos devem sair satisfeitos da negociação, não somente você; de modelos por outros sem acordo
• Evitar fazer concessões desnecessárias, pois isso pode desmerecer seu produto e sua empresa prévio, prometer prazos de entrega
perante seu interlocutor; que não poderá cumprir, ou outras
• Manter sempre a expectativa de compromissos de longo prazo; atitudes do gênero, são absolutamente
comprometedoras nos mercados mais
• Utilizar linguagem simples e acessível; desenvolvidos, pois denotam falta
• Saber escutar as argumentações do seu interlocutor; de planejamento, de seriedade e de
• Estar aberto a realizar adequações no seu produto para aquele mercado; compromisso com o cliente.
• Ser, sobretudo, paciente.
43
Negociação com o Importador | 3.2

SIGLA RESPONSABILIDADES

O exportador tem a obrigação de colocar a mercadoria dentro do navio, assumindo


todos os custos até aquele ponto. O importador é o responsável pela contratação
FOB (Free on Board - e pagamento do frete e do seguro internacional. Essa condição é normalmente
Livre a bordo) utilizada nas exportações via marítima ou fluvial, porém informalmente essa sigla
passou a ser empregada independentemente do tipo de transporte utilizado,
inclusive aéreo.

CFR (Cost and O exportador tem a obrigação de colocar a mercadoria dentro do navio e assumir os
Freight - Custo e respectivos custos, além de contratar e pagar o frete internacional até o destino no
3.2 Condições de Venda – Frete) exterior. Usada somente nas operações transportadas via marítima ou fluvial.
INCOTERMS
CIF: Cost, Insurance Além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o exportador
and Freight - Custo, contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o
No comércio internacional as condições Seguro e Frete porto de destino combinado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário.
de venda de uma exportação são definidas
por siglas padronizadas, em inglês, pela O exportador apenas produz a mercadoria e a deixa à disposição do importador

International Chamber of Commerce - ICC no local de origem combinado (fábrica, depósito, armazém, etc.). Por essa razão,
EXW (Ex Works - o importador é responsável pela contratação e pagamento do frete e do seguro
(Câmara Internacional de Comércio). Cada uma Local de produção) - internacional, assim como assume todos os custos necessários à exportação do
delas indica os custos e as responsabilidades
produto. Aplica-se a qualquer meio de transporte, principalmente rodoviário.
do exportador e do importador naquele tipo
de operação. A ICC, em sua Publicação nº
O exportador completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando
715E/2010, discrimina os INCOTERMS em vigor entrega a mercadoria desembaraçada para a exportação ao transportador ou a
desde janeiro de 2011. A Resolução Camex FCA (Free Carrier - outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem. A
nº 21, de 7 de abril de 2011, os regulamentou Transportador livre) partir do local combinado, o importador assume todos os custos para embarcar a
no ordenamento jurídico nacional. Esses mercadoria e colocá-la no destino final no exterior. Aplicável em qualquer modalidade
INCOTERMS são elencados no quadro a seguir: de transporte.

44
Negociação com o Importador | 3.2

SIGLA RESPONSABILIDADES

O exportador encerra suas obrigações no momento em que a mercadoria,


desembaraçada para exportação, é colocada ao longo do costado do navio
FAS: (Free Alongside
transportador indicado pelo comprador, no cais ou em embarcações utilizadas para
Ship) - Livre ao Lado
do Navio carregamento da mercadoria, no porto de embarque nomeado pelo importador.
Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário.

CPT (Carriage Paid to Além das condições de venda disciplinadas pela


Essa condição de venda tem características idênticas à CFR, sendo que a CPT é
- Transporte pago até) aplicável a qualquer meio de transporte, rodoviário, aéreo ou ferroviário.
publicação nº 715E, de 2010, da ICC, outras três
estão previstas na Resolução Camex nº 21, de 7
CIP (Carriage and de abril de 2011:
Insurance Paid to - Equivalente ao CIF, com a diferença que o CIP é utilizado em qualquer modalidade
Transporte e Seguro de transporte, rodoviário, aéreo ou ferroviário. • C+F: COST PLUS FREIGHT/CUSTO MAIS
pagos até) FRETE: o exportador arca com os custos
e riscos das tarefas no país de exportação,
O exportador completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a
bem como contrata e paga o transporte
DAT (Delivered at mercadoria é colocada à disposição do importador, na data ou dentro do período
internacional convencional. Utilizável em
Terminal) - Entregue acordado, num terminal de destino nomeado (cais, terminal de contêineres
no Terminal ou armazém, dentre outros), descarregada do veículo transportador e não qualquer modalidade de transporte.
desembaraçada para importação. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. • C+I: COST PLUS INSURANCE/CUSTO MAIS
SEGURO: o exportador arca com os custos e
O exportador completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando riscos das tarefas no país de exportação, bem
DAP (Delivered at coloca a mercadoria à disposição do importador, na data ou dentro do período como contrata e paga o seguro de transporte
Place) - Entregue no acordado, num local de destino indicado que não seja um terminal, pronta para ser
internacional convencional. Utilizável em
Local descarregada do veículo transportador e não desembaraçada para importação.
qualquer modalidade de transporte.
Utilizável em qualquer modalidade de transporte
• OCV: OUTRA CONDIÇÃO DE VENDA:
DDP ( Delivered Duty O exportador fica responsável por todos os custos até a entrega da mercadoria no Utilizável em operação que não se enquadre
Paid) - Entregue com local indicado pelo importador no país de destino, inclusive aqueles custos referentes em qualquer das situações descritas na
Direitos Pagos à liberação alfandegária e internação da mercadoria no país de destino. Resolução Camex nº 21, de 7 de abril de 2011.

45
Negociação com o Importador | 3.2

Considerando-se que o importador, direta ou


indiretamente (inserido no preço do produto),
arcará com todos os custos de importação
O quadro abaixo apresenta as responsabilidades do Exportador (E) e do Importador (I), nas diversas da mercadoria, todas as condições de venda
condições de venda dos INCOTERMS 2010: ou INCOTERMS a princípio são equivalentes.
Todavia, para o exportador, a melhor condição
DESCRIÇÃO DA DESPESA INCONTERMS 2010 é aquela em que ele desembolse menos no
momento do embarque ou que não tenha que
"EXW" "FCA" "FAS" "FOB" "CFR" "CIF" "CPT" "CIP" "DAT" "DAP" "DDP"
se envolver com processos alfandegários no
EMBALAGEM PARA EXPORTAÇÃO E E E E E E E E E E E país de destino, ou seja, as modalidades onde
a contratação dos serviços se encerre o mais
CARREGAMENTO NA ORIGEM I E E E E E E E E E E
próximo possível da origem: EXW – FAS – FOB
FRETE DOMÉSTICO NA ORIGEM I E E E E E E E E E E
– FCA.
DESEMBARAÇO NA EXPORTAÇÃO I E E E E E E E E E E

NO COSTADO DO NAVIO / CAIS (NA (ORIGEM) I I E E E E E E E E E

A BORDO DO NAVIO NA ORIGEM I I I E E E E E E E E Apesar da condição de venda FOB


ser a mais comum nas operações
FRETE INTERNACIONAL I I I I E E E E E E E
relacionadas ao setor, há casos em
SEGURO INTERNACIONAL I I I I I E I E E E E que o importador, principalmente
DESCARREGAMENTO NO DESTINO I I I I I I I I E I I quando se trata de grandes redes
varejistas, exige outra condição,
CAIS, ARMAZÉM, ETC. (NO DESTINO) I I I I I I I I E I E
como a DDP, que gera custos e
DESEMBARAÇO NA IMPORTAÇÃO I I I I I I I I I I E responsabilidades adicionais ao
IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO I I I I I I I I I I E exportador, tornando a operação
mais complexa. Por isso, ainda que
FRETE DOMÉSTICO NO DESTINO I I I I I I I I I I I
busque trabalhar com as condições
Grupo "E" "F" "C" "D" cujos custos e responsabilidades lhe
Origem Transp. Internacional Transp. Internacional Responsabilidade no são mais favoráveis, é preciso estar
Não pago Pago Destino
preparado para estabelecer preços e
negociar considerando os diferentes
“E” = Responsabilidade do Exportador “I” = Responsabilidade do Importador INCOTERMS.

46
Negociação com o Importador | 3.2

INCOTERMS – International Commercial Terms – Quadro Resumo

EXW: CIF/CIP:
importador responde por todos os custos a partir da exportador assume também o custo do seguro
porta da fábrica. de transporte.

FOB/FCA: DDU:
exportador assume todos os custos até o embarque exportador responde pela entrega da mercadoria no armazém
da mercadoria. do importador, porém não arca com tributos de importação.

CFR/CPT (custo e frete): DDP:


exportador responde também pelo custo do frete exportador responde pela entrega da mercadoria no armazém
até o porto/aeroporto de destino. do importador completamente livre de tributos importação.

47
Negociação com o Importador | 3.3

3.3 Modalidades de MODALIDADE DEFINIÇÃO


pagamento das exportações
Pagamento O exportador recebe o pagamento da mercadoria a ser exportada antes de
Antecipado embarcá-la, por meio de transferência bancária, cheque traveller check ou espécie.

Ao negociar o pagamento do produto exportado,


A Cobrança é realizada após o embarque da mercadoria, necessitando dos
deve-se ter em mente as características do
documentos de embarque (no mínimo: Fatura Comercial e Conhecimento de
país e da empresa importadora e dos bancos
Embarque) para que a Cobrança Documentária possa ser efetivada por meio de um
envolvidos na operação. Quando o comprador é
Cobrança banco. A cobrança pode ser à vista, contra entrega dos documentos, ou a prazo.
desconhecido, ou de um país sem estabilidade Documentária (à Nesse caso, o exportador envia junto com os documentos de exportação um saque
político-econômica, as condições para o vista ou a prazo) (funciona como uma duplicata), em que o banco cobrador (no país pagador) entrega
exportador serão menos favoráveis, ao contrário os documentos de embarque ao importador contra aceite no saque, selando o
do que ocorre com empresas tradicionais de compromisso (concordância) de pagamento.
países estáveis.
Antes do embarque da mercadoria o importador solicita a um banco no seu país
As principais modalidades de pagamento são: (banco emissor) que garanta o pagamento da operação, mediante a abertura de
Carta de Crédito
uma carta de crédito a favor do exportador, estipulando as condições negociadas.
Letter of Credit L/C
O pagamento ocorrerá assim que o exportador entregar ao seu banco (denominado
(à vista ou a prazo)
banco avisador) todos os documentos de exportação comprovando o cumprimento
das condições pactuadas. O banco avisador então envia os documentos ao
banco emissor, que os entrega ao importador para o respectivo desembaraço da
mercadoria.

48
Conforme a modalidade de pagamento, os
Negociação com o Importador | 3.3 documentos de exportação têm a seguinte
destinação:

Pagamento Antecipado – os documentos


originais acompanham a mercadoria ou são
Os riscos de recebimento dos valores em cada uma dessas modalidades são: enviados diretamente ao importador, com
o exportador entregando uma cópia dos
Pagamento Antecipado: não representa riscos para o exportador. São mais comuns os casos documentos ao banco que realiza o fechamento
de pagamento antecipado parcial, onde o importador adianta uma parte do pagamento antes do de câmbio;
embarque e o restante é pago após o embarque da mercadoria.
Cobrança à Vista ou a Prazo – os
Cobrança (à vista ou a prazo): ao optar por essa forma de recebimento, o exportador fica exposto documentos originais devem ser entregues pelo
a um risco bastante alto, pois o banco remetente (no país exportador) e o banco cobrador (no país exportador ao banco que efetuou ou efetuará
pagador) são meros intervenientes e não assumem nenhuma responsabilidade no resultado da o fechamento do câmbio, que os enviará ao
cobrança documentária. O cliente poderá retirar a mercadoria e não realizar o pagamento. banco correspondente no exterior para realizar
a cobrança da operação.
Carta de Crédito (à vista ou a prazo): o exportador praticamente não terá riscos, desde que
entregue ao banco negociador no Brasil todos os documentos de exportação exigidos e que os Carta de Crédito à Vista ou a Prazo – os
termos da Carta de Crédito tenham sido detalhados. Costuma-se sempre exigir que o importador documentos originais devem ser entregues
abra a carta de crédito em instituições financeiras de renome internacional e que ela seja irrevogável exclusivamente ao banco negociador da carta
e irretratável, não podendo ser emendada (alterada) ou cancelada unilateralmente pelo importador, de crédito no Brasil, que os remeterá ao banco
para garantir que não ocorram alterações ao longo do processo. no exterior que abriu a carta de crédito.

Os pagamentos por meio de carta de


crédito são menos comuns no setor,
por apresentarem maiores custos
para o importador (normalmente um
percentual do seu valor) e exigirem
procedimentos mais detalhados,
ainda que represente menor risco
para ambas as partes (exportador e
importador).

49
Negociação com o Importador | 3.3

Modalidades de pagamento – Quadro Resumo

• Pagamento antecipado: importador paga antes do embarque. Documentos são enviados ao importador junto com a
mercadoria e cópia é entregue ao banco que fecha o câmbio. Risco para o exportador: não há.

• Cobrança à vista ou a prazo: pagamento após recebimento da mercadoria. Documentos são entregues ao banco da
operação de câmbio no Brasil, que os envia ao banco no exterior para cobrança. Risco para exportador: existe.

• Carta de crédito: importador abre carta de crédito antes do embarque a favor do exportador, estabelecendo condições
para pagamento (prazo de embarque, documentos, quantidades, etc.). Risco para exportador: depende das condições
da carta.

50
Negociação com o Importador | 3.4

Fatores que impactam no preço de exportação:

• Nível de concorrência

• Custos de produção e de eventuais adaptações

• Mecanismos de financiamento à exportação

• Benefícios tributários aplicáveis na exportação

• Despesas de exportação: embalagens, fretes, seguros, despachantes, emissão de documentos,


despesas financeiras.
3.4 Formação de preço de
• Despesas com promoção no exterior
exportação
• Condições de venda: prazos, INCOTERMS, comissão de agentes, etc.

• Despesas do “produto ampliado”: assistência técnica pós-venda, garantia, reposição, exigências


O conhecimento do mercado em que se deseja técnicas, etc.
competir, da estrutura de custos internos da
empresa e dos benefícios fiscais e financeiros • Acordos internacionais de comércio (SGP, etc.)
existentes, são fatores fundamentais para a • Flutuação cambial
formação do preço de exportação. Esse preço é
• Lucratividade desejada
influenciado para cima pelo custo de produção
e busca da máxima lucratividade, e para baixo
pelas pressões competitivas do mercado Metodologia para cálculo do preço de exportação baseado no preço
internacional. do mercado interno:

• Excluir os itens presentes no preço no mercado interno e que não incidem na exportação (IPI/
A estratégia de inserção do produto também é
ICMS/PIS/COFINS e outros itens não tributários);
fator de influência: um produto desconhecido
num mercado novo tem, em princípio, preço • Incluir as despesas que não incorrem no mercado interno, mas normalmente ocorrem na exportação,
inferior ao da concorrência, se tiver mesmo nível como despachantes, fretes, seguros, embalagens, comissões, despesas financeiras, despesas
de qualidade e características semelhantes. previstas com reposição, treinamento, assistência técnica, material promocional específico.

51
Negociação com o Importador | 3.4

Exemplo considerando o preço FOB como condição de venda da mercadoria (INCOTERM):

Preço do produto no mercado interno Valor (R$)

Preço de mercado interno sem o IPI (para cálculo das deduções) R$ 5.000,00
Preço de mercado interno (inclusive IPI de 12%) R$ 5.600,00

Deduções Valor (R$)

IPI (12% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 600,00


ICMS (18% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 900,00
COFINS (7,6% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 380,00
PIS (1,65% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 82,50
Lucro no mercado interno (30% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 1.500,00
Embalagem de mercado interno R$ 40,00

Total das deduções R$ 3.502,50 Cada empresa tem seu próprio


modo de formar preços e apurar
Subtotal (1): Preço com IPI - Deduções R$ 2.097,50
custos. Diversas experiências
Inclusões Inclusões podem ser replicadas, porém esse é
um tipo de processo gerencial que
Despesas de exportação (embalagem, alfândega/despacho) R$ 55,00
exige personalização. O modelo de
Frete e seguro da fábrica ao local de embarque R$ 100,00
formação de preços é paulatinamente
Total das inclusões R$ 155,00 aprimorado. Não é possível
Subtotal (2): Subtotal (1) + Inclusões R$ 2.252,50 esperar por um modelo perfeito,
Margem de lucro pretendida (30% calculado sobre FOB) R$ 965,36 pois o aperfeiçoamento advém da
experiência. Por isso, é preciso estar
Preço FOB final em R$ (R$ 2.532,50 mais R$ 1.085,36) R$ 3.217,86 muito atento aos preços aplicados
nos mercados pretendidos.
Preço FOB de exportação em US$ (Taxa R$3,56/US$) 903,89

52
ASPECTOS FINANCEIROS DA EXPORTAÇÃO
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.1

4.1 Recebimento da exportação

A exportação de mercadorias pode ser realizada de duas maneiras:

Quando não há pagamento proveniente do exterior referente à mercadoria


Sem Cobertura embarcada, como na remessa de amostras sem valor comercial ou de artigos
Cambial para feiras e exposições.

Com Cobertura Quando há pagamento proveniente do exterior como contrapartida da mercadoria


Cambial embarcada, à vista ou a prazo.

As receitas em moeda estrangeira decorrentes das exportações com cobertura cambial devem
obrigatoriamente ser convertidas na moeda corrente nacional, por meio de contrato de câmbio
efetivado junto a uma instituição financeira autorizada a realizar esse tipo de operação.

54
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.1.1

4.1.1 Operações de câmbio

Quando o exportador recebe uma ordem de O contrato de câmbio é abordado no Título I, Capítulo I da Circular BACEN nº 3.691, de 2013. Ele
pagamento do exterior, ou tem em mãos valores pode ser celebrado para liquidação pronta ou futura, anteriormente ou posteriormente ao embarque
em espécie (papel moeda), cheque internacional da mercadoria, observados os seguintes prazos:
ou traveller´s check recebidos do importador, é
preciso realizar a respectiva liquidação cambial
(recebimento do valor em reais correspondente I - No caso de contratação anterior ao embarque, o prazo máximo entre a
ao câmbio contratado). contratação de câmbio e o embarque da mercadoria é de 360 (trezentos e
sessenta) dias;
Exportação
Os passos que envolvem essa operação são os
Normal
seguintes: II - No caso de contratação posterior ao embarque, o prazo máximo para
liquidação do contrato de câmbio é o último dia útil do 12º mês subsequente
ao do embarque da mercadoria ou da prestação do serviço.
1. O exportador entra em contato com o setor
de câmbio do banco e negocia a taxa para
contratação do câmbio; A Circular nº 3.691, de 2013, não faz menção quanto à mercadoria exportada em
consignação. Po sua vez, a Portaria SECEX nº 23, de 14/jul/2011 (alterações até a
Exportação em Portaria SECEX nº 29, de 21/ago/2014), em seu Art. 203, §1º indica: “A exportação
2. O exportador contrata o câmbio e entrega
Consignação em consignação implica a obrigação de o exportador comprovar dentro do prazo
a documentação da exportação exigida
de até 720 (setecentos e vinte) dias, contados da data do embarque, a efetiva
pelo banco;
venda da mercadoria ao exterior ou o retorno da mesma”.

3. O banco faz a liquidação do câmbio e o


exportador recebe o valor em reais em
sua conta;

4. O exportador arquiva os documentos


referentes à operação.

55
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.1.2

4.1.2 Recebimento em papel moeda, traveller´s check ou cheques

Para liquidação cambial de valores recebidos em espécie (papel moeda estrangeiro), cheque internacional
ou traveller´s check, a documentação que vincula os valores às respectivas exportações deve estar
acompanhada de relação contendo os números de cada um dos valores entregues ao banco, inclusive de
cada nota de papel moeda.

No caso da contratação de câmbio de valores em moeda estrangeira recebidos em cheque será necessário
esperar a respectiva compensação internacional para poder liquidar a operação de câmbio, o que pode
demandar mais de 30 dias, a depender dos procedimentos e prazos do país onde o cheque foi emitido.

56
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.1.3

4.1.3 Recursos em moeda estrangeira mantidos no Exterior pelo exportador

No intuito de evitar perdas cambiais, o exportador pode manter conta em moeda estrangeira em instituição financeira no
exterior, para recebimento dos valores exportados, desde que apresente a Declaração sobre a Utilização dos Recursos
em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex) - Instrução Normativa SRF nº 726, de 28 de
fevereiro de 2007. A Circular nº 3.689, de 2013, em seu art. 9º, disciplina o uso desses recursos.

57
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.1.4

4.1.4 Vale Postal Internacional

O exportador pode também receber valores do Exterior por meio vale postal internacional, um serviço de
transferência financeira internacional oferecido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Quando
o vale é disponibilizado no Brasil, o Aviso de Chegada é enviado ao endereço informado pelo exportador.

A Circular BACEN nº 3.691, de 2013, autorizou a ECT a operar com o vale postal internacional com valor até
US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares americanos) ou valor equivalente em outras moedas, para liquidação
cambial imediata. A ECT deve entregar ao exportador o comprovante da operação realizada, contendo a
identificação das partes e a indicação da moeda estrangeira, da natureza da operação, da taxa de câmbio e
dos valores em moeda estrangeira e em moeda nacional.

58
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2

4.2 Instrumentos de financiamento das exportações

As empresas exportadoras são amparadas por alguns mecanismos de financiamento que podem, de acordo
com cada caso, viabilizar negociações com compradores estrangeiros que não seriam possíveis considerando
os juros praticados no mercado nacional. Esses mecanismos podem ser acessados antes ou depois do
embarque da mercadoria para o Exterior e sua principal vantagem é oferecer ao exportador a possibilidade de
vender a prazo e receber à vista.

O financiamento contratado antes do embarque da mercadoria denomina-se crédito pré-embarque (ou


financiamento à produção exportável) e aquele obtido após a data de embarque denomina-se crédito
pós-embarque.

A distinção entre crédito pré e pós-embarque é necessária, assim como o tipo de operação envolvida, se
supplier’s credit (crédito ao fornecedor) ou buyer’s credit (crédito ao comprador). Esses fatores influenciam
nos custos e riscos da operação, impactando na decisão sobre a concessão ou não do crédito, nos prazos e
na taxa de juros a ser aplicada.

É preciso lembrar que após o embarque da mercadoria, a confiança do financiador é bem maior do que na
fase pré-embarque e quanto menor for o prazo para o pagamento da exportação, menor será o período que o
banco disponibilizará os recursos financeiros ao exportador.

59
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2.1

4.2.1 Adiantamentos Cambiais

4.2.1.1 Adiantamento sobre Contrato de Câmbio – ACC

O ACC é um dos mais utilizados mecanismos de financiamento à exportação. Consiste no adiantamento, ao exportador,
do valor em moeda nacional equivalente ao de uma exportação para embarque futuro. O exportador celebra com o banco
um contrato de câmbio no valor correspondente às exportações que deseja financiar, antes de receber do importador o
pagamento referente à sua venda.

O ACC pode ser realizado até 360 dias antes do embarque da mercadoria. A liquidação da operação se dá com o
recebimento do pagamento efetuado pelo importador, acompanhado do pagamento dos juros devidos pelo exportador.

Para obter um ACC é necessário que o exportador tenha um limite operacional de câmbio aprovado junto ao banco
financiador e apresente a ele os documentos que comprovem o pedido de compra da mercadoria pelo importador.

É preciso lembrar que após o embarque da mercadoria, a confiança do financiador é bem maior do que na fase
pré-embarque e quanto menor for o prazo para o pagamento da exportação, menor será o período que o banco
disponibilizará os recursos financeiros ao exportador.

60
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2.1.2

4.2.1.2 Adiantamento sobre cambiais entregues – ACE

O ACE – Adiantamento sobre cambiais entregues é um instrumento semelhante ao ACC, porém contratado na fase de
pós-embarque. Concluído o embarque da mercadoria o exportador entrega os documentos da exportação ao banco
e celebra um contrato de câmbio para liquidação futura, obtendo o adiantamento do valor em reais correspondente ao
valor exportado.

O ACE pode ser contratado com prazo de até 390 dias após o embarque da mercadoria. A liquidação da operação
também se dá com o recebimento do pagamento efetuado pelo importador, acompanhado do pagamento dos juros
devidos pelo exportador.

61
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2.2

4.2.2 PROEX – Modalidade de Financiamento do Tesouro Nacional

Essa modalidade de financiamento é oferecida exclusivamente pelo Banco do Brasil e é coberto com recursos do
Tesouro Nacional. O custo desse financiamento é a taxa LIBOR ( London Inter Bank Offered Rate ).

Nas operações de PROEX, o exportador recebe o valor da exportação à vista, oferecendo ao importador prazo para
o pagamento da transação. O valor é recebido pelo exportador logo após a entrega dos documentos de embarque ao
Banco do Brasil, que fica responsável pelo recebimento do importador no exterior.

Esse tipo de financiamento pode ser contratado por intermédio das agências do Banco do Brasil. Para obter informações
mais detalhadas sobre o Programa, sugere-se que o interessado entre em contato diretamente as Gerências Regionais
de Apoio ao Comércio Exterior do Banco do Brasil – GECEX.

62
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2.3

4.2.3 BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concede financiamento aos exportadores por
meio do programa BNDES-Exim, disponibilizando instrumentos de financiamento similares aos oferecidos no mercado
internacional, tanto na fase pré-embarque como na fase pós-embarque.

BNDES Exim Pré-embarque: apoio à produção de bens e serviços destinados à exportação.

BNDES Exim Pós-embarque: apoio à comercialização de bens e serviços nacionais no exterior, através da modalidade
supplier’s credit (refinanciamento ao exportador) ou da modalidade buyer’s credit (financiamento direto ao importador).

BNDES Exim Automático: apoio à comercialização de bens brasileiros no exterior, através de abertura de linha de
crédito a instituições financeiras no exterior.

63
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2.3

4.2.3 Operações de câmbio

O apoio financeiro poderá ser concedido nas seguintes modalidades operacionais:

O exportador concede ao importador financiamento por meio de carta de crédito, Para contratação das diversas
letras de câmbio ou notas promissórias. Esses títulos deverão ser cedidos ou linhas de financiamento citadas
endossados pelo exportador ao BNDES. O BNDES realiza o refinanciamento
Supplier neste documento, o exportador deve
mediante o desconto dos instrumentos de pagamento, e desembolsa os recursos
Credit normalmente oferecer garantias
ao exportador, à vista, em reais, no Brasil. O importador pagará ao BNDES no
às instituições financeiras (aval ou
prazo definido. O banco mandatário realiza as transferências de recursos e
fiança, carta de crédito, seguro de
documentos relativos à operação.
crédito à exportação, entre outras).
Adicionalmente, em determinados
O BNDES concede ao importador financiamento mediante a celebração de
casos também se exige que a
contrato de financiamento, firmado entre o BNDES e o importador, ou entre o
empresa exportadora esteja em
BNDES e o devedor, com a interveniência do exportador. O BNDES desembolsa
Buyer Credit situação regular junto ao INSS, FGTS
os recursos ao exportador, em reais, no Brasil. O importador ou o devedor pagará
ao BNDES no prazo definido. O banco mandatário realiza as transferências de e Receita Federal. Dessa forma, é
recursos e documentos relativos à operação. preciso que o exportador procure se
informar previamente sobre cada uma
delas para planejar adequadamente
suas operações.
Para conhecer os detalhes de cada um desses instrumentos sugerimos que o exportador acesse o
site do BNDES
(http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Exportacao/) ou
consulte algum dos bancos credenciados (http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/
Institucional/Instituicao_Financeira_Credenciada/instituicoes.html)

64
Aspectos Financeiros da Exportação | 4.2.4

4.2.4 Seguro de Crédito à Exportação – SCE

Criada em 2013, a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Normalmente o Preço da Cobertura (“prêmio”) é calculado sobre o
Garantias S.A - ABGF é uma empresa pública vinculada ao Ministério da valor financiado da operação, considerando algumas variáveis: país
Fazenda, com a finalidade de administrar fundos garantidores e prestar do importador, natureza do risco (comercial, político e extraordinário
garantias às operações de risco. As garantias de crédito às exportações ou somente político e extraordinário), prazo total do financiamento e
brasileiras são concedidas pela União, na forma do SCE - Seguro de Crédito capacidade financeira do importador.
à Exportação, com lastro no FGE - Fundo de Garantia à Exportação. A
responsabilidade pela emissão dos certificados de garantia de crédito e
Conforme estabelecido pela legislação aplicável ao SCE com garantia do
pelos resultados do FGE recai sobre o Ministério da Fazenda.
Fundo de Garantia à Exportação (FGE), os porcentuais de cobertura são,
de acordo com a natureza do risco, os seguintes:
O seguro de crédito à exportação objetiva proteger o exportador contra
situações que possam vir a comprometer o recebimento de suas • Até 95% contra os Riscos Comerciais;
operações comerciais internacionais. Oferece cobertura para riscos • Até 100% contra os Riscos Comerciais, quando a operação contar
comerciais, políticos e extraordinários: com garantia bancária;
• Comerciais: envolve a falência, concordata ou a simples inadimplência • Até 100% contra os Riscos Políticos e Extraordinários.
da empresa importadora;

• Políticos: decisões do país importador que impeçam a remessa de Os bancos envolvidos nas operações de exportação aceitam o seguro de
divisas pa-ra pagamento ao exportador, decorrentes de moratória crédito como garantia nas operações de câmbio financiadas, exigindo-se
declarada, centralização cambial ou proibição de remessa de divisas a transferência do direito à indenização resultante da apólice do seguro
ao exterior; de crédito, para a instituição financiadora da operação de câmbio.
• Extraordinários: guerras, revoluções, terremotos, inundação,
furacões, erupções vulcânicas e outros fenômenos com consequências Algumas organizações que atuam com seguro de crédito à exportação:
catastróficas que impeçam a remessa das divisas para pagamento ao • EULER HERMES: www.eulerhermes.com.br
exportador.
• CESCEBRASIL: www.cescebrasil.com.br

O exportador pode contratar o seguro de crédito à exportação para o • ABGF-Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias
total de exportações efetivadas ou apenas para algumas delas. S.A: www.abgf.gov.br

65
SITUAÇÕES ESPECIAIS VINCULADAS AO SETOR
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1

5.1 Venda a Não Residente

5.1.1 O que é Venda a Não Residente

É uma operação de venda realizada no mercado interno a pessoas físicas não residentes no país.
Pode ser realizada por empresas varejistas, atacadistas ou indústrias e apresenta os mesmos
benefícios fiscais e tributários que a exportação convencional (não incidência de ICMS e IPI, etc.).
Essa operação é regulamentada pelo ANEXO XVI da Portaria SECEX no 23, de 2011. Ela pode ser
realizada desde que:

1 A empresa vendedora esteja regularmente habilitada no SISCOMEX;

2 O pagamento da mercadoria vendida seja feito em moeda estrangeira (espécie, cartão de crédito
internacional, cheque ou traveller check);

3 A empresa execute os demais procedimentos previstos na legislação, que serão explicados


a seguir;

4 O país de destino final da mercadoria não seja a Coréia do Norte (República Popular da Coreia).

67
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.2

5.1.2 Porque realizar essa operação

1 Porque ela goza dos mesmos benefícios legais que uma exportação convencional, facilitando a
negociação de preços e/ou ampliação da margem de lucro do vendedor;

2 Porque permite ao comprador levar a mercadoria em mãos para o seu país imediatamente,
diminuindo os custos e reduzindo os trâmites logísticos;

3 Porque não há limitação no número de peças que o comprador pode adquirir nesse tipo de
operação, facilitando a venda também no atacado;

4 Porque a operação é realizada de maneira simples, apenas com a emissão de Nota Fiscal pelo
vendedor, sem requerer qualquer outra documentação adicional no ato da venda.

5 Porque os procedimentos para registro pós-venda da operação também são relativamente simples.

A seguir são apresentados os procedimentos que devem ser seguidos para realização desse tipo de
operação, passo a passo:

68
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.3

5.1.3 Antes da venda

5.1.3.1 Habilitação no SISCOMEX

Como já destacado anteriormente, para que uma empresa possa realizar esse tipo de operação
é preciso que ela esteja previamente habilitada no SISCOMEX, conforme procedimento descrito
anteriormente neste Manual. Atente para essa exigência prévia.

69
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.3.2

5.1.3.2 Confecção do Carimbo Padronizado

A empresa vendedora deverá providenciar um carimbo padronizado (modelo abaixo). Ele deve ser
colocado no verso de todas as vias da Nota Fiscal de venda, com as informações nele indicadas
devidamente preenchidas. Essas informações serão necessárias, pois podem ser solicitadas ao
comprador pelos agentes aduaneiros por ocasião de sua saída do país.

O carimbo deve ter uma altura de 50 mm e um comprimento de 105 mm, com a seguinte conformação
(os nomes dos campos grafados em negrito devem constar no carimbo):

Portador/Transportador: (preencher com nome do comprador/transportador da mercadoria)

Passaporte/País Emissor: (preencher com Conhecimento de Transporte: (preencher


no e país emissor do passaporte do portador) com o número de conhecimento de transporte,
caso a mercadoria não siga em mãos do
comprador)

País de Destino Final: (preencher com nome Moeda: (preencher com o nome da moeda
do país a que se destina a mercadoria) negociada: dólares americanos, euros, etc.)

Valor Total em Moeda Estrangeira: Equivalente em Moeda Nacional: (preencher


(preencher com valor da mercadoria na moeda com o valor em R$ da Nota Fiscal)
negociada)

70
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.4

5.1.4 Durante a venda

5.1.4.1 Documentação do comprador

Apesar das informações colocadas no carimbo permitirem a identificação do comprador e


país de destino, a experiência indica ser uma boa prática manter anexada à Nota Fiscal de
É importante fazer uma cópia das
venda uma cópia de folhas do passaporte e do ticket de passagem (se possível) do comprador.
primeiras folhas do passaporte e,
Isso auxilia na comprovação da venda realizada, pois algumas vezes os agentes fiscalizadores
se possível, do bilhete aéreo do
locais podem desconhecer os detalhes desse tipo de operação, uma vez que ela é específica
comprador, mantendo-as junto à
para produtos do setor de gemas, joias e peças folheadas. Cabe ressaltar que o segmento de
cópia da Nota Fiscal de venda, para
bijuterias não foi beneficiado por essa regulamentação até o momento, ainda que o IBGM já
poder comprovar a presença do
tenha pleiteado sua inclusão junto aos organismos responsáveis.
comprador no país no período de
realização da venda.

71
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.4.2

5.1.4.2 Emissão da Nota Fiscal

A Nota Fiscal da Venda da mercadoria para esse tipo de operação apresenta as seguintes Em relação ao carimbo a ser colocado no
características de preenchimento: verso da Nota Fiscal, os campos devem
ser preenchidos da forma descrita no item
5.1.3.2 acima, lembrando que ela poderá
1 Campo “NATUREZA DA OPERAÇÃO”: deve ser escrito “EXPORTAÇÃO” ser solicitada pelos agentes aduaneiros por
ocasião da saída do comprador do país. É
2 Campo “CFOP”: registar 7. 101, quando se tratar de produtos do estabelecimento, ou 7. 102, importante avisá-lo em relação a isso.
quando se tratar de mercadoria adquirida de terceiros.

3 Campo DADOS ADICIONAIS – INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: devem constar as


informações sobre a legislação que indica a não incidência de ICMS e IPI. Segue um exemplo Outro ponto importante a observar, caso
relativo a uma NF emitida no estado de São Paulo: o comprador tenha feito o pagamento em
espécie, é se o valor pago supera o que lei
ICMS: ” Não incidência do ICMS nos termos do Art. 7.º, Inciso V, do Dec. 45.490/00 - RICMS/SP ”. permite entrar no país sem o preenchimento
IPI: ”Imunidade do IPI nos termos do Art. 18, Inciso II, do Decreto 7212/10 (RIPI)”. da Declaração de Bens de Viajantes (DVB),
pois isso pode implicar nas sanções
previstas na legislação. Nos casos em
que o valor pago é superior a esse limite,
Antes de começar a realizar esse tipo e operação, é importante que a empresa converse é importante que seja providenciada uma
com sua assessoria contábil para ajustar os detalhes de preenchimento da Nota Fiscal, cópia da DVB, para evitar problemas em
visando evitar problemas posteriores. relação a essa situação, inclusive por
ocasião da liquidação cambial.

72
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.5

5.1.5 Depois da venda

5.1.5.1 Emissão do Registro de Exportação (RE)

A empresa vendedora deverá providenciar o Registro de Exportação das venda a não residentes Para as empresas que já estão acostumadas
quinzenalmente. As vendas feitas entre o 1º e o 15º dia de cada mês devem ser registradas até o a preencher o Registro de Exportação,
30º dia desse mesmo mês, e aquelas feitas entre o 16º e 30º dia do mês devem ser registradas sugerimos a leitura do ANEXO XVI da Portaria
até o 15º dia do mês subsequente. Cada Registro de Exportação pode se referir a mais de uma SECEX no 23/2011 (item 6.4 - Anexos deste
venda, relacionadas a diversas Notas Fiscais, porém obrigatoriamente: manual), onde se encontram os detalhes
específicos referentes a este tipo de
operação. Para aquelas empresas que não
1 Deve ter o mesmo país de destino; estão acostumadas com esse processo, o
procedimento mais adequado é credenciar
2 Só pode conter vendas feitas numa mesma moeda; um despachante aduaneiro para realizar esse
3 Só pode conter vendas feitas em modalidades de pagamento equivalentes (espécie, cheque, serviço em seu nome, observando esse custo
traveller´s checks ou cartão de crédito) ao realizar a negociação com o comprador.

73
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.5.2

5.1.5.2 Liquidação cambial

Uma vez realizada a venda e providenciado o respectivo Registro de Exportação (RE), o próximo
passo é realizar o fechamento de câmbio dos valores recebidos. A empresa, de posse dos
valores em moeda estrangeira, deve entrar em contato com o departamento de câmbio do
banco de sua preferência, verificar a documentação necessária, providenciá-la e realizar a
liquidação cambial.

74
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.1.5.3

5.1.5.3 Arquivamento de documentos

Concluída liquidação cambial, o passo final é arquivar todos os documentos referentes à


operação de exportação realizada (Notas Fiscais de venda cópias de documentos do comprador,
RE, contratos de câmbio, etc.) para o caso de serem solicitados por algum agente fiscalizador.

Venda a não residente equiparada à exportação – Quadro Resumo

• As vendas de mercadorias do Capítulo 71 da NCM/SH realizadas no Brasil a não


residentes no país, desde que com pagamento em moeda estrangeira, são consideradas
exportações.

• O documento de saída do país será a Nota Fiscal emitida pelo vendedor, contendo
um carimbo padronizado em todas as vias. A primeira via será apresentada pelo
comprador à fiscalização aduaneira, se assim solicitado, no aeroporto, porto ou
ponto de fronteira alfandegado por onde sair do país.

• O comprador não residente poderá optar por remeter a mercadoria adquirida


diretamente ao exterior por meio de empresa transportadora ou de outra pessoa física
não residente.

• O estabelecimento vendedor deverá efetuar o Registro de Exportação das operações


no Siscomex, com base no movimento das vendas realizadas em cada quinzena do
mês, até o último dia da quinzena subsequente.

• Uma vez realizada a venda e providenciado o respectivo Registro de Exportação (RE),


o vendedor deve realizar a liquidação cambial dos valores recebidos.

75
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2

5.2 Exportação em Consignação Transportada em Mãos

5.2.1 O que é Exportação em Consignação Transportada em Mãos

É um procedimento simplificado de despacho aduaneiro nas operações de exportação em consignação


e posterior retorno ao país de mercadorias classificadas nas posições 7102, 7103, 7113, 7114 e 7116 do
NCM, quando transportadas em mãos por representantes da empresa exportadora. Esse procedimento foi
disciplinado pela IN SRF 346/03, alterada posteriormente por meio da IN SRF 641/06.

76
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2.2

5.2.2 Quem pode realizar esse tipo de operação

Empresas que cumpram as seguintes condições:

• Estejam cadastradas no Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes


Aduaneiros (RADAR), conforme IN SRF nº 1.288, de 2012, citado anteriormente neste Manual.

• Tenham sido constituídas há mais de dois anos ou tenham registrado nos últimos 12 meses
pelo menos duas exportações de mercadorias classificadas nas posições 7102, 7103, 7113,
7114 e 7116 do NCM.

• Sejam participantes de programa setorial de promoção das exportações de gemas, joias e


metais preciosos, no âmbito das do Programa Especial de Exportações (PEE) coordenado
pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), ou em outro que o venha substituir.

77
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2.3

5.2.3 Como se habilitar para ter direito a esse benefício

A empresa interessada em usufruir desse benefício deve habilitar-se previamente no Recinto


Alfandegado* onde tiver interesse de realizar o despacho aduaneiro dessas operações,
mediante entrega de Requerimento de Habilitação (veja exemplo nos anexos deste Manual),
assinado pelo representante legal da empresa e acompanhado da seguinte documentação:

a. Declaração certificando que a empresa integra o PS (Programa Setorial de Exportação);

b. Impressão de tela especifica no SISCOMEX – Consultar Representante Legal;

c. Cópias autenticadas do contrato social da empresa e alterações.

* Recintos alfandegados são áreas demarcadas pela autoridade aduaneira competente,


na zona primária dos portos e aeroportos organizados ou na zona secundária a estes
vinculada, a fim de que nelas possam ocorrer, sob controle aduaneiro pela Receita Federal,
movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias procedentes do
exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime aduaneiro especial.

78
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2.4

5.2.4 Procedimento de saída da mercadoria (exportação)

O despacho aduaneiro das mercadorias será processado com base na Declaração para
Despacho Aduaneiro de Exportação (DDE), registrada no Siscomex, na unidade da SRF onde a
empresa estiver habilitada. O despacho deverá ser instruído com:

• 1ª via da Nota Fiscal correspondente à operação, acompanhada de outras duas vias desse
documento;

• Documento assinado pelo representante da empresa requerendo o despacho de exportação


nos termos da Instrução Normativa, contendo:
• Relação dos números, série, data de emissão e valor total das correspondentes notas
fiscais;
• Nome e CPF do portador das mercadorias na viagem de exportação;
• Prazo previsto para o retorno da viagem; e
• Cópia do bilhete da passagem aérea relativa à viagem de exportação
• Instruída pelo Art. 5º, a autoridade fiscal da Receita Federal lacrará o volume.

• Desembaraçada a exportação nos termos da DDE registrada, o auditor responsável deverá


consignar no verso de duas vias da Nota Fiscal a declaração “Mercadoria despachada para
exportação por meio da DDE (número da declaração), desembaraçada na (nome da unidade
da SRF de despacho), em trânsito aduaneiro para embarque internacional na (nome da
unidade da SRF de embarque para o exterior)”, nos termos da IN SRF nº 346/2003.”, apondo
no documento sua assinatura sobre carimbo e data.

79
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2.5

5.2.5 Procedimento de retorno em mãos da mercadoria (total ou parcial)

Retornando ao país com a mercadoria em mãos, por ocasião do desembarque internacional, o portador dirigir-se-á
à fiscalização da Receita Federal no aeroporto de chegada, informando que se trata de retorno de exportação nos
termos da IN SRF 346/03, e apresentará à fiscalização:

• O recipiente com a mercadoria;

• Cartão de embarque referente à viagem de volta do portador;

• As duas vias da NF-e de exportação (em poder do portador desde a saída do país).

A fiscalização lacrará o recipiente utilizado para o transporte das mercadorias utilizando o Selo Aduaneiro ou
outro dispositivo de segurança, e adotará o procedimento descrito na IN 346 para liberar o trânsito do portador
com o recipiente lacra-do.

O exportador ou seu representante legal deverá apresentar as mercadorias remanescentes à unidade da Receita
Federal no mesmo recipiente lacrado referido no Art. 8º da IN 346, acompanhadas dos documentos mencionados
no mesmo artigo, para registro de Declaração Simplificada de Importação (DSI) relativa às mercadorias retornadas.

80
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2.6

5.2.6 Procedimento em caso de venda do total da


mercadoria exportada

No caso de venda total das mercadorias no exterior, o exportador ou seu representante


legal informará esse fato à unidade da Receita Federal onde foi realizado o desembaraço da
mercadoria, a fim de encerrar o controle de prazo.

81
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.2.7

5.2.7 Prazo para conclusão do procedimento

O exportador terá o prazo de trinta dias, contados a partir da data prevista para o retorno
ao país do portador das mercadorias, para tomar as providências referentes à conclusão do
procedimento ou para informar nova data de retorno.

OBS: A fiscalização da Receita Federal no aeroporto internacional, na saída e na chegada do


portador, não exerce controle documental ou físico da mercadoria, apenas informa ao recinto
alfandegado o retorno do portador que gerou o trânsito de exportação.

Em função dos detalhes que essa operação apresenta, é altamente recomendável


que a empresa interessada em realizar esse procedimento conheça a íntegra
da Instrução Normativa nº 346, de 2003, cuja cópia faz parte dos anexos deste
documento (item 6.4.).

82
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.3

5.3 Operações com diamantes no mercado internacional

O mercado internacional exige que todo diamante bruto seja acompanhado por um Certificado do Dessa forma, as exportações de
Processo de Kimberley, emitido pelas autoridades competentes do país de origem. O “Processo de diamantes classificados nas subposições
Kimberley” constitui um sistema internacionalmente adotado para certificação de origem, visando 7102.10, 7102.21 e 7.102.31 do NCM
impedir o uso desses diamantes no financiamento de conflitos nas áreas produtoras. passaram a exigir anuência prévia do
Departamento Nacional de Produção
Esse sistema de certificação permite aos países produtores maior controle da produção e do Mineral – DNPM, mediante Certificado do
transporte dos diamantes em bruto desde a mina até o ponto de exportação. Nesse sistema, Processo Kimberley emitido de acordo
as remessas de diamantes em bruto são seladas em embalagens invioláveis, sendo emitido um com os termos da Portaria conjunta Nº
Certificado do Processo de Kimberley por remessa. 397 DNPM/SRF, de 13 de outubro 2003.
Por seu lado, a Instrução Normativa
No Brasil o Sistema de Certificação do Processo de Kimberley (SCPK) para exportação e importação da SRF nº. 371, de 19 de dezembro
de diamantes foi instituído em 2003, visando impedir: de 2003, determina os procedimentos
aduaneiros de verificação e controle
• A exportação de diamantes brutos extraídos de áreas de conflito ou de qualquer área não relativos ao Sistema de Certificação do
legalizada perante o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM; Processo de Kimberley. Cópias desses
dois documentos fazem parte dos anexos
• A entrada no país de diamantes brutos sem o regular Certificado do Processo de Kimberley do
deste manual (item 6.4).
país de origem.

83
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.4

5.4 Regime Especial de Drawback

O Regime Aduaneiro Especial de Drawback é um incentivo tributário e consiste na desoneração


de impostos na importação ou na aquisição de insumos (matérias-primas, partes, peças e
componentes) no mercado interno, desde que esses insumos integrem o processo de produção/
industrialização de produtos destinados à exportação. Essas operações são reguladas
basicamente pelas leis 11.945 e 12.058, de 2009, e pelas portarias RFB/SECEX 467/2010 e
SECEX 23/2011.

O regime de Drawback pode ser concedido nas operações de importação e aquisição no


mercado interno de:

• Matérias-primas, produtos semielaborados ou acabados utilizados na fabricação de produtos


de exportação;

• Partes, peças e outros componentes incorporados aos produtos de exportação;

• Embalagens (não aquelas especificamente destinadas ao transporte) desde que,


comprovadamente, agreguem valor ao produto de exportação;

• Matérias-primas e outros produtos que, embora não integrando o produto de exportação,


sejam utilizados em sua industrialização, em condições que justifiquem a concessão.

84
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.4.1

5.4.1 Principais Modalidades de Drawback:

MODALIDADE QUANDO UTILIZAR

Modalidade utilizada para aquisição no mercado interno ou importação de insumos


utilizados na fabricação de produtos a serem exportados, com suspensão
Integrado
dos tributos incidentes. É uma modalidade normalmente utilizada por empresas
Suspensão
que operam com maior certeza sobre a concretização de suas exportações e
conseguem se planejar melhor para realizá-las.

Utilizada para aquisição no mercado interno ou importação de insumos utilizados


na fabricação de produtos já exportados, para recomposição dos estoques
Integrado
desses insumos. É uma modalidade que pode ser bastante útil quando o
Isenção
exportador não tem muita garantia sobre a concretização das suas exportações,
dentro de um cenário de menor previsibilidade.

85
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.4.2

5.4.2 Concessão do regime de Drawback:

É atribuição do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX) a análise e a


concessão do pedido do Regime de Drawback Suspensão. O DECEX poderá exigir a apresentação
de documentos adicionais que se façam necessários à análise para concessão do regime. O Ato
Concessório de Drawback é devidamente numerado pelo DECEX.

PEDIDOS DE ATOS CONCESSÓRIOS – ÓRGÃOS COMPETENTES


Ao operar com o regime aduaneiro
Integrado Suspensão Integrado Isenção de DRAWBACK, é importante que
a empresa exportadora esteja
Drawback Web (DECEX) Banco do Brasil atenta e capacitada para executar
adequadamente os procedimentos
contábeis exigidos e tenha controle
sobre a aquisição e utilização dos
Cópias das portarias que regulamentam esse tipo de regime aduaneiro (RFB/SECEX 467/2010 e insumos no processo de produção da
SECEX 23/2011) fazem parte dos anexos deste manual (item 6.4). Contemplam todos os detalhes mercadoria a ser exportada.
em relação a formas de habilitação, prazos de validade dos atos concessórios, além de outras
exigências específicas que devem ser cuidadosamente avaliadas pelo exportador, e preparar
para utilizar esse tipo de benefício.

86
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.5

Os Anexos “XIX” e “XV”, da Portaria SECEX nº 23/2011, disciplinam a exportação de amostras:

Anexo “XIX” -
XVI – amostras, que não caracterizem destinação comercial, ressalvado os casos
Exportação
envolvendo bens até o valor de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares americanos),
sem
ou seu equivalente em outras moedas, em que o registro no Siscomex será
Expectativa de
dispensado na forma do Anexo “XV” desta Portaria;
Recebimento

Anexo “XV” V – de amostras de pedras preciosas e semipreciosas, bem como os demais


- Remessas minerais preciosos e semipreciosos, manufaturados ou não, sem expectativa
ao Exterior de recebimento, até o limite de US$ 300,00 (trezentos dólares americanos) ou o
que estão equivalente em outras moedas;
dispensadas
XI – amostras, sem valor comercial, até o valor de US$ 50.000,00 (cinquenta mil
de Registro de
dólares americanos), ou seu equivalente em outras moedas, exceto nos casos
Exportação
dos produtos para os quais haja anuência prévia de algum órgão;
- RE

5.5 Exportação de Amostras


A Instrução Normativa RFB nº 1.073, de 1º de outubro de 2010, dispõe sobre o Despacho
Aduaneiro de Importação e de Exportação de Remessas Expressas:
A amostra é caracterizada por uma pequena
quantidade, fragmento ou partes de qualquer
mercadoria, estritamente necessária para V – bens enviados ao exterior por pessoa física ou jurídica, sem cobertura cambial
certificar sua natureza, estilo, espécie e e em quantidade, frequência, natureza ou variedade que não permitam presumir
Art. 4º
qualidade por parte de um comprador, operação com fins comerciais ou industriais, até o limite de US$ 5.000,00 (cinco
devendo estar acompanhada por uma Fatura mil dólares americanos) ou o equivalente em outra moeda;
Comercial, sem ou com valor comercial.

87
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.5

Embora dispensadas de Registro de Exportação, essas amostras devem estar amparadas por
Declaração Simplificada de Exportação. As amostras sem valor comercial serão submetidas
ao despacho aduaneiro mediante a utilização de formulários próprios, conforme inciso I, do
Art. 31, da IN SRF nº 611/2006:

Art. 31. O despacho aduaneiro de exportação poderá ser processado com base em declaração formulada
mediante a utilização dos modelos de formulários Declaração Simplificada de Exportação – DSE e Folha
Suplementar da DSE constantes, respectivamente, dos Anexos VI e VII a esta Instrução Normativa, instruída
com os documentos próprios para cada caso, quando se tratar de:

I – Amostras sem valor comercial;

II – Exportações realizadas por pessoa física ou jurídica, sem cobertura cambial e sem finalidade comercial,
cujo valor não ultrapasse US$ 1.000,00 (mil dólares americanos) ou o equivalente em outra moeda;

Art. 35. A DSE de que trata o Art. 31 será registrada pela Unidade local da SRF onde será processado o
despacho aduaneiro, mediante aposição de número, composto pelo código da Unidade seguido do número
sequencial de identificação do documento, e data.
Parágrafo 1º - O registro somente será efetuado:

I – Após a manifestação favorável da autoridade competente pelo controle específico a que esteja sujeita a
mercadoria, se for o caso, efetuada no campo próprio da declaração ou em documento específico por
ela emitido; e

II – Mediante a requisição do Ministério das Relações Exteriores, formulada na própria declaração, quando
se tratar de exportação realizada por missão diplomática ou semelhante...”

88
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.6

5.6 O Designer na exportação

O designer que não tiver uma empresa constituída (CNPJ) poderá realizar exportações até o
limite de US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares americanos), ou o equivalente em outra moeda,
por meio da Declaração Simplificada de Exportação - DSE, amparado pelo Inciso I, Art. 30, da
Instrução Normativa da SRF nº. 611, de 2006. Para esse fim, deve estar registrado em órgãos
específicos como profissional autônomo, na categoria de artesão, artista ou assemelhado.

A nota fiscal avulsa (destinada a pessoas não obrigadas à emissão de documentos fiscais),
necessária para esse procedimento, poderá ser obtida na Secretaria da Fazenda do Estado
onde se encontra o exportador (designer). Há estados que disponibilizam a NFA-e (Nota Fiscal
Avulsa eletrônica) em ambiente web.

89
Situações Especiais Vinculadas ao Setor | 5.6.1

5.6.1 Exposição ou concurso internacional

O designer que realizar exportação inferior a US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares americanos),
destinada à participação em concursos ou exposições no Exterior, com propósito de retorno
das peças ao Brasil (sem visar venda), poderá realizar uma Exportação Temporária sem
Cobertura Cambial.

Esse procedimento está amparado no inciso III, Art. 30, da Instrução Normativa da SRF nº. 611,
de 2006. Os campos da Declaração Simplificada de Exportação (DSE) devem ser preenchidos
em conformidade com essa operação.

O retorno da mercadoria ao Brasil deverá fazer referência ao número da DSE. Caso contrário, a
alfândega tratará o retorno das peças como uma importação, sobre a qual incidirão os tributos
de importação previstos na legislação aduaneira.

90
MATERIAL DE APOIO - ANEXOS
...........................................................
Planejamento de exportação
Material de Apoio – Anexos | 6.1
...........................................................
Identificação dos mercado-alvo

...........................................................
6.1 Fluxograma genérico Definição dos produtos a exportar
de exportação
...........................................................
Definição do preço de exportação

...........................................................
Habilitação no SISCOMEX - RADAR

...........................................................
Negociação com importador:
definição das condições de venda

...........................................................
Preparação da mercadoria
Fluxograma
genérico ...........................................................
de Exportação Preparação dos documentos e
registro da exportação

...........................................................
Desembaraço aduaneiro e
embarque da mercadoria

...........................................................
Emissão do comprovante
de exportação

...........................................................
Recebimento da moeda estrangeira

...........................................................
Liquidação do câmbio junto ao banco

...........................................................
Arquivamento dos documentos
de exportação

92
Material de Apoio – Anexos | 6.2 6.2 Alguns termos e siglas relacionados ao conteúdo deste manual

ACC Adiantamento sobre Contrato de Câmbio.

ACE Adiantamento sobre Cambiais Entregues.

Associação Latino-Americana de Integração - Composta pelos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México,
ALADI Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e Chile.
ALFÂNDEGA
(ADUANA) Repartição pública onde se cobram os direitos de entrada e saída de mercadorias.

AWB – Air Waybill Conhecimento de embarque aéreo.

B/L – Bill of Lading Conhecimento de embarque marítimo.

BACEN Banco Central do Brasil.

CAMEX Câmara de Comércio Exterior.

CE Comprovante de Exportação.

CI Comprovante de Importação.

COANA Coordenação-Geral do Sistema Aduaneiro da Secretaria da Receita Federal.

COMMERCIAL Fatura Comercial.


INVOICE
Documento que formaliza a operação de câmbio. Nele constam informações relativas à moeda estrangeira que se está comprando ou
CONTRATO DE
CÂMBIO vendendo, à taxa contratada, ao valor correspondente em moeda nacional e aos nomes do comprador e do vendedor.
D/P – Documents
Pagamento contra entrega dos documentos de embarque.
Against Payment
DDE Declaração de Despacho de Exportação.

DECEX Departamento de Operações de Comércio Exterior.

DRAFT Saque, Cambial: documento emitido pelo credor para formalizar o débito e possibilitar a cobrança.

DSE Declaração Simplificada de Exportação.

DSI Declaração Simplificada de Importação.

FIANÇA Instrumento por meio do qual o banco garante o cumprimento de uma obrigação de seu cliente.

93
Material de Apoio – Anexos | 6.2 6.2 Alguns termos e siglas relacionados ao conteúdo deste manual

ICC International Chamber of Commerce.

INCOTERMS International Commercial Terms.


L/C – Letter
Carta de Crédito ou Crédito Documentário.
of Credit

LIBOR London Interbank Offered Rate: taxa de juros interbancária de Londres que regula grande parte das transações financeiras internacionais.

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.


MEMORANDO DE
Documento que permite à empresa que realizou uma exportação indireta se beneficiar dos incentivos destinados às empresas exportadoras.
EXPORTAÇÃO
NCM Nomenclatura Comum do Mercosul.
ORIGIN
Certificado de Origem.
CERTIFICATE

PACKING LIST Romaneio de Embarque.

PROEX Programa de Financiamento às Exportações.

PROFORMA Fatura Proforma: normalmente primeiro documento enviado pelo exportador ao importador, que serve de base de negociação e eventual
INVOICE abertura de carta de crédito.

RADAR Sistema de Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros.

RC Registro de Operação de Crédito.

RE Registro de Exportação.

REI Registro de Exportadores e Importadores.

RFB Receita Federal do Brasil.

SECEX Secretaria de Comércio Exterior.

SERPRO Serviço Federal de Processamento de Dados.

SISBACEN Sistema de Informação do Banco Central.

SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior.

94
Material de Apoio – Anexos | 6.3

6.3 Modelos de documentos utilizados na exportação

Commercial Invoice:
Exporter: Importer:

Country of origin: BRAZIL Payment terms: At sight Net weight: - grs


AWB/BL Nº: From: GRU Airport - SP - Brazil Gross weight:
Transport Agent: To: Shipping Date:
NUM WEIGHT UNIT PRICE TOTAL
CODE ITEM NCM QTY UNIT DESCRIPTION
ITEM (Grs) (US$) (USD)
1 71131900 1 PC Ring Au 18K with Citrine, Emerald, Lapis Lazuli and Diamonds 0.00 -
2 71131900 1 PC ...... 0.00 -
... 71131900 2 PC ....... 0.00 -
Total 4 - -

Certificado de Origem download Commercial Invoice download

95
Material de Apoio – Anexos | 6.3

Conhecimento de Embarque download Conhecimento de Embarque Marítimo download Formulário AWB download

96
Material de Apoio – Anexos | 6.3

Habilitação SISCOMEX download Packing List download

97
Material de Apoio – Anexos | 6.4

6.4 Legislação básica de interesse do setor

Principais atos normativos de acordo com os itens temáticos a que estão relacionados no Manual:

• Item 2.1. IN RFB 1288 2012 e 1570 2015 – Habilitação Siscomex

• Item 2.2.1. Tabela Códigos NBM x NCM – Capitulo 71

• Item 2.2.2. CFOP – Código Fiscal de Operações e Prestações

• Item 2.2.3. Portaria Nº 23 SECEX 2011 – Anexo XXII – Entidades autorizadas a emitir Certificado de Origem

• Item 2.3.4. IN SRF 611 2006 ate 1456 2014 – Declaração Simplificada Exportação – DSE

• Item 2.3.5. Portaria Nº 23 SECEX 2011 – Anexo XV - Exportações dispensadas de RE

• Item 2.3.6. IN RFB 1073 2010 e 1475 2014 – Exportação via Courier

• Item 5.1. Portaria Nº 23 SECEX 2011 – Anexo XVI - Venda não Residente

• Item 5.2. IN RFB 346 2003 e 641 2006 – Consignação em Mãos

• Item 5.3. IN RFB 371 2003 – Certificado Diamantes

• Item 5.3. Portaria DNPM 398 – Certificado Diamantes

• Item 5.3. Portaria DNPM SRF 397 – Certificado Diamantes

• Item 5.4. IN RFB SECEX 467 2010 e 1618 2014 – Drawback

• Item 5.4. Portaria Nº 23 SECEX 2011 – Capítulo III – Drawback

• Item 5.4. Portaria Nº 23 SECEX – Anexos V a XIV – Drawback

• Portaria Nº 23 SECEX 2011 – Consolida Regras de Comércio Exterior – GERAL

98
Material de Apoio – Anexos | 6.5

6.5 Dúvidas mais frequentes do exportador (FAQ)

Não tenho empresa registrada. Posso exportar? Para exportar, as empresas precisam alterar seu
Para exportar, as empresas devem estar formalizadas e cadastradas contrato social?
no REI - Registro de Exportadores e Importadores da Secretaria de Não existe necessidade de qualquer alteração no contrato ou no estatuto
Comércio Exterior. A pessoa física somente poderá exportar mercadorias social para que uma empresa possa exportar, porém é necessário que ela
em quantidades que não revelem prática de comércio e desde que não se registre junto ao SISCOMEX para poder realizar essa operação.
se configure habitualidade. Excetuam-se os casos a seguir, desde que o
interessado comprove junto a SECEX, tratar-se de: O que é SISCOMEX?
II artesão, artista ou assemelhado registrado como profissional autônomo; É um sistema informatizado, a nível nacional, que interliga eletronicamente
ou os exportadores e importadores aos organismos reguladores e
intervenientes nessas operações, permitindo a emissão dos documentos
III exportações via remessa postal (Correios e Courier), com ou sem
indispensáveis ao desembaraço aduaneiro das mercadorias na exportação
expectativa de recebimento, exceto donativos, até o limite de US$
ou importação. A emissão é solicitada diretamente pela própria empresa
50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos) ou o equivalente
exportadora, ou por despachantes aduaneiros, corretores de câmbio ou
em outra moeda, respeitando-se as exceções definidas nos incisos do
bancos credenciados pelo exportador ou importador. A habilitação no
artigo 10 da Portaria SECEX nº 23, de 14/07/11 (artigo 183).
SISCOMEX e credenciamento de representantes seguem a Instrução
Normativa SRF nº. 1.288, de 31 de agosto de 2012:
Uma microempresa pode exportar?
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta /link.action?-
Sim, pois a legislação de comércio exterior não apresenta qualquer
visao=anotado&idAto=38550
restrição ao porte da empresa para ela se tornar exportadora.

Quero levar para o exterior um mostruário com poucas


Para uma empresa exportar diretamente ela precisa
peças. Nesse caso será necessário fazer registro no
estar registrada em algum órgão, além daqueles que
SISCOMEX?
regulam sua operação no mercado interno?
Sim, a mercadoria embarcada ou encontrada em operação de carga ou de
Sim, as empresas que nunca exportaram devem qualquer que seja seu
transposição de fronteira, sem cumprir os procedimentos de desembaraço
porte (micro, pequena, etc.), se credenciar junto ao SISCOMEX - Sistema
aduaneiro está sujeita à aplicação da pena de perdimento.
Informatizado de Comércio Exterior para poderem se habilitar a exportar,
pois todas suas operações de exportação/importação devem ser
registradas nesse sistema.

99
Material de Apoio – Anexos | 6.5

O que é despacho aduaneiro? Quais são os principais custos que envolvem as


Procedimento formal a ser seguido para a concretização do desembaraço operações de exportação de produtos do setor?
aduaneiro – entrada e saída de mercadoria no país. Os critérios do Os custos finais de uma exportação variam caso a caso, em função da
procedimento são previamente estabelecidos pelos dirigentes do país. No capacidade da empresa em realizar parte da operação. Na maioria dos
Brasil, esse procedimento é realizado por meio do SISCOMEX. casos eles se distribuem entre a contratação de serviços de um despachante
aduaneiro, de um agente de carga, de seguros e, dependendo do caso, da
Quem pode fazer o despacho aduaneiro no SISCOMEX? emissão de certificados de origem, certificados de autenticidade e outros
As atividades relacionadas com o despacho aduaneiro podem ser documentos específicos.
exercidas (representação) no âmbito do SISCOMEX
• Por preposto/dirigente: pessoalmente, se pessoa física ou jurídica, De que forma podem ser realizadas as exportações
por intermédio de dirigente ou de empregado; dos produtos do setor?

• Por representante legal: despachante aduaneiro. As exportações podem ocorrer de forma:

À exceção do dirigente, os demais representantes de uma empresa são • Direta - quando a empresa exporta diretamente para o importador no
conceituados como mandatários (despachante, empregado, funcionário, exterior;
etc.), devendo ser credenciados desse modo no SISCOMEX • Indireta - quando o fabricante vende a mercadoria no mercado interno
para uma empresa intermediária, comercial exportadora ou trade
É possível levar mercadorias como bagagem para company, a qual posteriormente exporta o produto, sem qualquer
vendê-las no exterior? alteração em sua natureza, para um importador no exterior.
Não, pois somente poderão ser comercializadas no Exterior as mercadorias
saídas do Brasil com o fim específico de exportação, devidamente Qual a forma de exportação mais vantajosa, direta ou
regularizadas. indireta?
Como regra geral, a exportação direta seria mais vantajosa, pois o
Existe algum valor ou quantidade mínima para exportador fica mais próximo do cliente e do mercado importador, além
exportação produtos do setor de joias, gemas e de, teoricamente, proporcionar maior margem de lucro, pela não existência
produtos afins? de intermediários. Todavia, dependendo dos objetivos e da estrutura do
Não, mas o exportador deve avaliar com bastante cuidado os custos que exportador, pode ser mais vantajoso exportar de forma indireta, evitando
envolvem esse tipo de operação, pois, dependendo de sua monta, eles riscos decorrentes da falta de experiência e eliminando os gastos adicionais
podem inviabilizar a exportação de pequenos valores. Principalmente com prospecção de mercado ou com os procedimentos administrativos
no caso de exportações realizadas em regime em consignação, cujas da exportação.
mercadorias, ou parte delas, vai retornar, gerando custos adicionais no
processo de desembaraço aduaneiro da mercadoria em seu retorno ao país.

100
Material de Apoio – Anexos | 6.5

O que é empresa comercial exportadora e trading • Commercial Invoice (Fatura Comercial) - contém todas as
company? informações da comercialização, tais como: valores, quantidades,
Empresas cujo objeto social se vincula à comercialização de bens, podendo prazos, forma de pagamento, modalidade de transporte, e deverá ser
comprar produtos fabricados por terceiros para revender no mercado assinada pelo exportador. Este documento é necessário no Exterior
interno ou destiná-los à exportação, assim como importar mercadorias para liberação das mercadorias pelo importador (uso externo)
e efetuar sua comercialização no mercado doméstico, ou seja, atividades
• Packing List (Romaneio de Embarque) - descreve individualmente
tipicamente de empresas comerciais.
os volumes das embalagens de transporte, indicando seus respectivos
conteúdos, pesos líquido e bruto, dimensões e numeração dos volumes
Para quem quer exportar de forma indireta, qual a
em ordem seqüencial (uso externo);
diferença entre operar com uma trading company ou
com uma empresa comercial exportadora? • Bill of Landing ou Airway Bill (Conhecimento de Embarque) -
Sob o aspecto comercial, praticamente não há diferença entre exportar por comprova, por parte do exportador, que a mercadoria foi embarcada ou
meio de uma trading company ou de uma empresa comercial exportadora, foi entregue ao transportador para embarque, e é fundamental para a
desde que observados os procedimentos administrativos e contábeis liberação das mercadorias no Exterior.
previstos na legislação. • Certificado ou Apólice de Seguro – documento onde deve constar
os dados de seguro, as reservas e as coberturas, bem como valor da
Quais são os principais documentos utilizados na cobertura e o respectivo prêmio a ser pago (uso externo);
exportação?
• Certificados de Origem - destinam-se a comprovar a origem do
Para a realização de exportações são principalmente utilizados os produto nas exportações para países integrantes de blocos comerciais
seguintes documentos: (uso externo);
• Nota Fiscal - para acompanhar o produto do estabelecimento do • Contrato de Câmbio - constitui-se no documento legal para a
exportador ao local de embarque (uso interno); conversão da moeda estrangeira da exportação e seu recebimento em
• RE - Registro de Exportação - informa todas as características da R$ (uso interno).
operação sob o aspecto comercial, fiscal e cambial (uso interno);

101
Material de Apoio – Anexos | 6.5

Quem é o responsável pela emissão ou fornecimento Que informações devem constar do Packing-List?
dos documentos de exportação? Além da identificação do importador, deve constar a descrição da
mercadoria, o peso líquido, o peso bruto, a dimensão e a numeração
O exportador é o responsável pela emissão ou obtenção de todos os
seqüencial de cada volume, sem fazer menção ao valor dos produtos. O
documentos de exportação, inclusive aqueles solicitados pelo importador,
Packing-List é utilizado na liberação da mercadoria no país exportador e no
como seguem:
desembaraço no país de destino, facilitando a localização de determinada
• Nota Fiscal - emitida pelo exportador; mercadoria no momento de sua vistoria pelas autoridades aduaneiras
• RE - Registro de Exportação - preenchido eletronicamente na de ambos os países. Quando os produtos são uniformes em peso,
plataforma do SISCOMEX - Sistema de Comércio Exterior, pelo volume, qualidade, natureza ou são exportados a granel, o Packing-List é
exportador ou por seu representante legal credenciado; desnecessário.

• Commercial Invoice - emitida pelo exportador;


O meio de transporte (marítimo, aéreo, rodoviário ou
• Packing List – emitido pelo exportador; ferroviário) exerce alguma influência nos documentos
• Bill of Lading (B/L) ou Airway Bill (AWB) - emitido pelo transportador exigidos na exportação?
internacional da mercadoria ou seu agente de carga; Não, independente do meio de transporte, os documentos de exportação
serão os mesmos. O que pode exercer influência nos documentos
• Certificado ou Apólice de Seguro - emitido pela companhia
requeridos na exportação é o tipo de produto, o país ou alguma
seguradora a pedido do exportador;
particularidade decorrente da negociação comercial.
• Certificado de Origem - preenchido pelo exportador e visado pelo
órgão responsável; Em que idioma os documentos de exportação são
emitidos?
• Contrato de Câmbio - preenchido eletronicamente pelo banco ou
Como praxe internacional, os documentos de exportação de uso no Exterior
corretor de câmbio e assinado pelas partes envolvidas.
devem ser emitidos em inglês ou, alternativamente, no idioma do país do
importador. Nas operações em que a modalidade de pagamento seja a
Para que servem os Certificados de Origem?
Carta de Crédito, visando evitar eventuais discrepâncias decorrentes de
A finalidade dos Certificados de Origem é permitir ao importador das
erro de entendimento, recomenda-se que os documentos de exportação
mercadorias exportadas pela empresa brasileira pagar menos impostos
utilizem o mesmo idioma da carta de crédito. Já os documentos de
na importação, indiretamente tornando o produto brasileiro mais
exportação de uso interno sempre devem ser emitidos em português.
competitivo que seus concorrentes de outros países. Isto é decorrente de
acordos bilaterais ou multilaterais firmados pelo Brasil com outros países,
garantindo tarifa de importação preferencial para determinados produtos
originários do Brasil que tenham um índice mínimo de nacionalização.

102
Material de Apoio – Anexos | 6.5

Quais são as condições de venda no mercado de 2006. Ela regula o despacho aduaneiro de exportação em consignação
internacional? de pedras preciosas ou semipreciosas e de joias transportadas por
No comércio internacional as condições de venda de uma exportação são mandatário de empresa do setor, bem assim o de retorno ao país das
definidas através de siglas padronizadas, em inglês, definidas pela CCI mercadorias não vendidas, que poderão ser executados mediante os
- Câmara de Comércio Internacional e conhecidas como INCOTERMS - procedimentos simplificados estabelecidos naquela Instrução Normativa.
International Commercial Terms. Ao definir a condição de venda através Podem habilitar-se aos procedimentos simplificados de que trata esta
da sigla dos INCOTERMS, automaticamente estão sendo estabelecidas Instrução Normativa a empresa industrial ou comercial de joalheria, gemas
as responsabilidades do exportador e do importador. ou ourivesaria, regularmente inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ), que atenda aos diversos requisitos previstos na Instrução
Qual a melhor condição de venda para exportar? Normativa.
Considerando-se que o importador, direta ou indiretamente, arcará
com todos os gastos para importação da mercadoria, a princípio todas Qual é a vantagem de realizar uma exportação em
as condições de venda ou INCOTERMS são iguais. Todavia, para o consignação levando a mercadoria em mãos, ao amparo
exportador, a melhor condição é aquela em que ele desembolse menos no da IN SRF 346/03?
momento do embarque, ou seja, aquelas modalidades onde a contratação A principal vantagem é que a mercadoria não fica retida com a fiscalização
dos serviços se encerre o mais próximo possível da origem. na ala internacional do aeroporto de chegada ao Brasil. Outra vantagem
relevante é que o recinto alfandegado que gerou o despacho de exportação,
É possível exportar produtos do setor de gemas, joias DDE, será o mesmo que processará o desembaraço da mercadoria no
e afins em consignação? retorno ao país.
Sim, porém condicionada à aprovação do RE - Registro de Exportação.
Nessa operação o exportador assume o compromisso de comprovar a A exportação em consignação remetida por via aérea
efetiva venda da mercadoria ou providenciar seu retorno ao país no prazo pode retornar ao país em mãos, ao amparo da IN SRF
de até 720 dias da data do embarque. O envio da mercadoria ao Exterior 346/03?
em consignação pode ser feito por carga aérea normal, ou transportada Não. Nesse caso o portador da mercadoria deverá dirigir-se ao fiscal da
em mãos por representante do exportador, de acordo com o previsto na Receita Federal e solicitar que ele emita o TERMO DE RETENÇÃO DE
IN SRF 346/03. BENS, por tratar-se de retorno de mercadoria exportada em consignação.
A mercadoria permanecerá retida por vários dias até que sejam concluídos
O que é a Instrução Normativa 346/03? diversos procedimentos exigidos para liberação final da carga.
A IN 346/03 dispõe sobre procedimento simplificado de despacho
aduaneiro de exportação em consignação de pedras preciosas ou
semipreciosas e de joias, e foi alterada pela IN SRF nº 641, de 31 de março

103
Material de Apoio – Anexos | 6.5

Quais são as principais modalidades de pagamento da sempre exigir que o importador abra a carta de crédito em instituições
exportação pelo importador? financeiras de renome internacional e que seja irrevogável e irretratável,
para garantir que não ocorram alterações ao longo do processo. Já na
As principais modalidades de pagamento utilizadas são as seguintes:
modalidade cobrança, o exportador assume todos os riscos pela eventual
• Pagamento Antecipado - o importador envia, através de cheque ou falta de pagamento por parte do importador.
ordem de pagamento bancária, o pagamento da operação ao exportador
antes do embarque da mercadoria para o exterior; A quem devem ser entregues os documentos de
• Cobrança à Vista ou a Prazo - o importador efetua o pagamento da exportação para recebimento dos valores pelo
exportação, à vista ou a prazo, após a mercadoria chegar ao destino no exportador?
exterior; Conforme a modalidade de pagamento, os documentos de exportação
• Carta de Crédito à Vista ou a Prazo - o importador solicita a um têm a seguinte destinação:
banco no seu país a abertura de uma carta de crédito a favor do • Pagamento Antecipado - os documentos originais acompanham
exportador, que garanta o pagamento da operação, se cumpridas as a mercadoria ou são enviados diretamente ao importador, com o
condições comerciais previamente pactuadas. O pagamento ocorrerá no exportador entregando uma cópia dos documentos ao banco que
momento em que o exportador entregar, ao banco negociador da carta realiza a liquidação cambial;
em seu país, todos os documentos de exportação que demonstrem o
• Cobrança à Vista ou a Prazo - os documentos originais devem
cumprimento das condições pactuadas.
ser entregues pelo exportador ao banco que efetuou ou efetuará o
fechamento do câmbio, que os enviará ao banco correspondente no
Quais os riscos para o exportador nas diferentes
exterior para realizar a cobrança da operação.
modalidades de pagamento?
A modalidade de pagamento antecipado, normalmente menos utilizada, não • Carta de Crédito à Vista ou a Prazo - os documentos originais
oferece riscos para o exportador, desde que a mercadoria seja embarcada devem ser entregues exclusivamente ao banco negociador da carta de
somente após o efetivo recebimento do pagamento da exportação. crédito no Brasil, que os remeterá ao banco no Exterior que abriu a carta
O mesmo ocorre na modalidade Carta de Crédito, onde o exportador de crédito.
praticamente não terá riscos, desde que entregue corretamente ao banco
• Cartão de Crédito Internacional - nesta modalidade os documentos
negociador no Brasil todos os documentos de exportação exigidos, e
podem ser entregues diretamente ao importador.
que os termos da Carta de Crédito tenham sido detalhados. Costuma-se

104
Material de Apoio – Anexos | 6.5

Como é possível receber os valores relativos às na Circular nº 3.691, de 16 de dezembro de 2013, Título IV, Capítulo I. Já
exportações? a regulamentação sobre o recebimento antecipado de exportação com
prazo superior a 360 dias pode ser consultada na Resolução nº 3.844, de
De acordo com o BACEN – Banco Central do Brasil, o valor referente às
23 de março de 2010 e na Circular nº 3.689, de 16 de dezembro de 2013,
exportações pode ser recebido:
Título II, Capítulo III, Seção II, Subseção II.
• Mediante crédito do correspondente valor em conta no exterior mantida
em banco pelo próprio exportador; O que é ACC? E o que é ACE?
• Mediante crédito em conta mantida no exterior por banco autorizado a O ACC (adiantamento sobre contrato de câmbio) é uma antecipação
operar no mercado de câmbio no País; parcial ou total da moeda nacional relativa ao preço da moeda estrangeira
vendida ao banco autorizado a operar no mercado de câmbio, pelo
• Por meio de transferência internacional em reais, inclusive ordens de
exportador, para entrega futura, feita antes do embarque da mercadoria
pagamento oriundas do exterior em moeda nacional;
ou da prestação do serviço.
• Por meio de cartão de uso internacional, emitido no exterior; O ACE (adiantamento sobre cambiais entregues) é o mesmo adiantamento,
• Por meio de vale postal internacional, nas operações até o valor quando concedido após o embarque da mercadoria ou a prestação do
equivalente a US$ 50 mil, observada a regulamentação dos Correios; serviço.

• Em espécie, observada a regulamentação específica;


É possível receber o valor das exportações por meio
• Por meio de empresa facilitadora de pagamentos internacionais de cartão de crédito internacional?
domiciliada no País. Nesses casos, o exportador receberá os recursos Sim. É livre o recebimento do valor das exportações por meio de cartão de
em reais, mediante crédito à conta de depósito do exportador ou em crédito internacional, emitido no exterior, por qualquer valor. Nesse caso,
cartão de crédito de sua titularidade. o exportador não realiza a operação de câmbio, recebendo o crédito, em
reais, diretamente da administradora do cartão.
Posso receber antecipadamente o valor referente a
minhas exportações ? Como devo proceder quando um cliente que não reside
Sim. As antecipações de recursos a exportadores brasileiros a título no Brasil adquire mercadoria em meu estabelecimento
de recebimento antecipado de exportação podem ser efetuadas pelo comercial e realiza o pagamento em moeda estrangeira?
importador ou por qualquer pessoa jurídica no exterior, inclusive instituições O pagamento de mercadoria realizado em moeda estrangeira por uma
financeiras, por qualquer prazo. A regulamentação sobre o recebimento pessoa que não reside no país é considerada uma exportação e usufrui
antecipado de exportação com prazo até 360 dias pode ser consultada dos benefícios fiscais dados a quem exporta.

105
Material de Apoio – Anexos | 6.5

Como comprovarei à fiscalização que esse cliente não escolhida. A exportação conta com um seguro automático, mas é possível
residente saiu do País portando a mercadoria? contratar um seguro opcional quando a mercadoria tiver valor agregado
Não é responsabilidade de o estabelecimento vendedor comprovar acima do seguro automático gratuito. Os prazos variam de acordo com a
que o cliente estrangeiro portou as mercadorias ao sair do país. O origem e o destino das remessas.
estabelecimento vendedor deverá adotar o procedimento estabelecido Quero exportar em consignação um valor abaixo do
pela legislação brasileira, mantendo em seus arquivos a Nota fiscal de limite de US$ 50.000,00. Posso utilizar o Exporta Fácil?
venda, o Registro de Exportação, o Comprovante de Exportação e o Não. A exportação em consignação não pode ser feita por meio desse
documento comprovando ter realizado a contratação cambial referente a mecanismo, pois depende da anuência prévia do DECEX (Departamento
essa venda. Além disso, é importante que vendedor tire uma cópia do de Comércio Exterior) e o procedimento eletrônico da DSE não permite
passaporte e do bilhete aéreo do comprador, para arquivá-los junto aos tal submissão. Dessa forma, será preciso seguir os trâmites normais do
demais documentos. SISCOMEX para realizar esse tipo de operação.

O que é o Exporta Fácil? É possível exportar produtos do setor joalheiro por


O Exporta Fácil é um serviço dos Correios que oferece facilidades para que meio de empresas de “COURIER”?
empresas e pessoas físicas (artesãos, designers, etc.) possam exportar Sim, isso é possível, porém nem todas as empresas de Courier que operam
seus produtos de maneira mais simples. O interessado contrata a logística no Brasil realizam esse tipo de remessa. Além disso, mesmo entre as
postal de sua mercadoria até o país de destino e os Correios cuidam do empresas que operam com esse tipo de remessa, não é possível realizar
registro da operação no SISCOMEX. Quem exporta pelo Exporta Fácil não operações na modalidade de consignação. Antes de contratar esse tipo de
precisa obter antecipadamente o registro de Importador/Exportador, nem serviço é importante conhecer detalhadamente as condições oferecidas
aguardar a emissão da Declaração Simplificada de Exportação. Além de por essas empresas, inclusive como se dará o processo de desembaraço
mercadorias, podem-se enviar presentes, amostras ou documentos. Cada e internação da mercadoria no país de destino, pois, dependendo do caso
pacote pode ter valor máximo de USD 50.000,00 (cinquenta mil dólares) e do país de destino, nem sempre essas empresas se encarregam desse
em mercadorias e pesar até 30 quilos, conforme a modalidade de serviço serviço.

106
Material de Apoio – Anexos | 6.5

Sou artesão e gostaria de enviar minhas peças para um O IBGM fornece assessoria comercial e logística aos
cliente no exterior, que irá expô-las em sua loja para participantes do Programa Setorial de Exportações
tentar vendê-las. Como posso fazer isso? do Setor Joalheiro?
Sendo uma pessoa física que não possui os registros necessários Não, os serviços prestados concentram-se no esclarecimento de dúvidas
para exportar, será necessário que você utilize serviços de empresas sobre procedimentos e rotinas de exportação. O IBGM de maneira alguma
legalmente habilitadas para realizar essa operação, que é tipicamente de se envolve diretamente em processos específicos dos participantes do
exportação em consignação e não pode ser realizada por meio do Exporta programa junto a importadores, despachantes, empresas logísticas,
Fácil ou por empresas de Courier. Como você é um artesão e a empresa seguradoras ou organismos públicos, a não ser quando necessário do
exportadora necessitará de um documento fiscal que comprove a origem ponto de vista institucional, nunca individualmente.
de seu produto, será necessário que você obtenha uma Nota Fiscal para
amparar essa exportação, o que normalmente pode ser conseguido junto Como remeter mercadorias para participar de feiras e
aos organismos fazendários de seu estado. outros eventos no exterior?
A remessa deve ser feita em nome do representante comercial do
Como fazer para participar de feiras no exterior? exportador naquele país (quando houver), ou do organizador da feira/
A empresa interessada em participar de feiras no Exterior, como expositor evento, sem cobertura cambial, ou seja, sem pagamento, em quantidades
ou visitante, deve contatar as entidades empresariais vinculadas do seu necessárias à promoção dos produtos e com prazo de retorno ao Brasil
segmento de negócio, para se informar sobre os eventos programados definido. Opcionalmente a mercadoria poderá ser enviada em consignação
que mais atendam aos interesses comercias da empresa. para o evento, caso em que poderá ser feita a venda dessa mercadoria,
cabendo ao exportador, neste caso, proceder à regular liquidação cambial
Que tipos de apoio essas entidades oferecem aos no valor da mercadoria vendida.
interessados em exportar produtos do setor?
O principal apoio advém do convênio IBGM/Apex-Brasil, por meio do qual Como posso me cadastrar no Programa Setorial de
são operacionalizadas diversas ações de promoção comercial no Exterior Exportações do Setor Joalheiro do IBGM e participar
(feiras, rodadas de negócio, etc.), com apoio financeiro desse convênio. das ações programadas no exterior?
Ressalte-se que a instituição não fornece apoio logístico ou comercial É preciso que o interessado entre em contato com o IBGM, por meio das
aos participantes dessas ações, que se responsabilizam por todos os entidades representativas do setor em seu estado, ou então diretamente
trâmites legais e operacionais de exportação/importação, transporte e com a sede do próprio IBGM em Brasília, caso não haja uma entidade
desembaraço aduaneiro de sua mercadoria no Brasil e no Exterior. parceira do IBGM em seu estado. A partir daí, o interessado deverá
fornecer uma série de informações a respeito de suas atividades, de forma
a permitir uma avaliação mais precisa de sua empresa/atividade.

107
Material de Apoio – Anexos | 6.6

6.6 Fontes de referência úteis ao exportador

ABRACEX – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA


http://www.abracex.org.br/
DE COMÉRCIO EXTERIOR

ACORDOS TARIFÁRIOS DO BRASIL http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=405

ADUANEIRAS http://www.aduaneiras.com.br

AEB – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA


http://www.aeb.org.br/
DE COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL

AMCHAM – CÂMARA AMERICANA http://www.amcham.com.br/


DE COMÉRCIO

Apex-Brasil – Agência Brasileira de http://www.apexbrasil.com.br/home/index


Promoção de Exportações e Investimentos

BANCO CENTRAL – CÂMBIO http://www.bcb.gov.br/?cambio

CAMEX – CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR http://www.camex.gov.br

CECIEX – CONSELHO NACIONAL EMPRESAS http://www.ceciex.com.br/


EXPORTADORAS

CERTIFICADO KIMBERLEY – DNPM http://www.dnpm.gov.br/assuntos/ao-minerador/certificado-do-processo-de-kimberley

CNI – CONFEDERAÇÃO NACIONAL


http://www.portaldaindustria.com.br/cni/areas-de-atuacao/internacionalizacao/
DA INDÚSTRIA

DIRETÓRIO DE EMPRESAS http://www.vitrinedoexportador.gov.br/bens/


BRASILEIRAS EXPORTADORAS

ECT – EXPORTA FÁCIL http://www.correios.com.br/para-sua-empresa/exportacao-e-importacao/perguntas-frequentes/exporta-facil

EMPRESAS DE COURIER http://abraec.org.br/?page_id=115

108
Material de Apoio – Anexos | 6.6

GUIA DE COMÉRCIO EXTERIOR http://www.investexportbrasil.gov.br/

IBGM – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEMAS


E METAIS PRECISOSOS http://www.ibgm.com.br

MDIC COMÉRCIO EXTERIOR http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/index.php?area=5

MDIC/SECEX – APRENDENDO A EXPORTAR http://www.aprendendoaexportar.gov.br

PORTAL ÚNICO DE COMÉRCIO EXTERIOR http://www.aprendendoaexportar.gov.br

PROCESSO DE KIMBERLEY – DIAMANTES http://www.kimberleyprocess.com/

RADAR COMERCIAL – ANÁLISE DE MERCADOS http://radar.desenvolvimento.gov.br/index

RECEITA FEDERAL COMÉRCIO EXTERIOR http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira

SIMULADOR DE PREÇO DE EXPORTAÇÃO http://simuladordepreco.mdic.gov.br/

SISCOMEX DRAWBACK WEB http://www.investexportbrasil.gov.br/siscomex-drawback-web-3

SISCOMEX EXPORTAÇÃO WEB http://www.investexportbrasil.gov.br/siscomex-exportacao-web

SISCOMEX IMPORTAÇÃO WEB http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/ImportacaoWEB/duvidas.htm

SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE COMÉRCIO http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/


EXTERIOR – ALICEWEB
SITES DE COMÉRCIO EXTERIOR
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=409
DE OUTROS PAÍSES

UNIÃO EUROPEIA COMÉRCIO EXTERNO http://europa.eu/pol/comm/index_pt.htm

UNIÃO EUROPEIA REGIME APLICÁVEL


http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=URISERV:r11002
ÀS IMPORTAÇÕES

109
Promovido por:

www.ibgm.com.br www.apexbrasil.com.br

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