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1. Material pré-aula
a. Tema
Habeas corpus
b. Noções Gerais
1
AVENA, Noberto. Processo Penal. 10ª Edição. Editora Forense, 2018.
2
NUCCI, Guilherme. Habeas Corpus. Rio de Janeiro: Forense, 2014
No Brasil havia inicialmente textos legislativos que previam as
chamadas Cartas de Seguro. Após a partida de D. João VI para
Portugal D. Pedro I emite o Dec. de 23.05 de 1821 que pode ser
considerado nosso Bill of Rights e assim estabelece em um dos mais
belos textos da nossa história legislativa: "Constando-me que alguns
Governadores, Juízes Criminais e Magistrados, violando o sagrado
depósito da jurisdição que se lhes confiou, mandam prender por mero
arbítrio e antes de culpa formada, pretextando inúmeras denúncias
em segredo, suspeitas veementes e outros motivos horrorosos à
humanidade, para impunemente conservar em masmorras, vergados
com os pesos de ferros, homens que se congregavam por os bens
que lhes oferecera a instituição das Sociedades Civis, o primeiro dos
quais é sem dúvida a segurança individual." Este belo texto previa o
direito à liberdade, mas não fazia menção ao habeas corpus3.
Ninguém poderá ser preso sem culpa formada, exceto nos casos
declarados na lei; e nestes dentro de 24 horas contadas da entrada
da prisão, sendo em cidades, vilas ou outras povoações próximas aos
lugares da residência do juiz e nos lugares remotos dentro de um
prazo razoável, que a lei marcará, atenta a extensão do território, o
juiz por uma nota por ele assinada, fará constar ao réu o motivo da
prisão, os nomes do seu acusador, e os das testemunhas, havendo-
as.
3
MADEIRA.
com conhecimento de causa, de as passar independente de petição,
nos casos em que a Lei o determinar.
Art 184. Recusarem os Officiaes de Justiça, ou demorarem por
qualquer modo a intimação de uma ordem de - habeas-corpus - que
lhes tenha sido apresentada, ou a execução das outras diligencias
necessarias para que essa ordem surta effeito. Penas - de suspensão
do emprego por um mez a um anno, e de prisão por quinze dias a
quatro mezes.
Art. 185. Recusar, ou demorar a pessoa, a quem fôr dirigida uma
ordem legal de - habeas-corpus - e devidamente intimada, a
remessa, e apresentação do preso no lugar, e tempo determinado
pela ordem; deixar de dar conta circumstanciada dos motivos da
prisão, ou do não cumprimento da ordem, nos casos declarados pela
Lei. Penas - de prisão por quatro a dezaseis mezes, e de multa
correspondente á metade do tempo.
Art. 186. Fazer remesea do preso á outra autoridade; occultal-o, ou
mudal-o de prisão, com o fim de illudir uma ordem de habeas-corpus
- depois de saber por qualquer modo que ella foi passada, e tem de
lhe ser apresentada. Penas - de prisão por oito mezes a tres annos, e
de multa correspondente á metade do tempo.
Art. 187. Tornar a prender pela mesma causa a pessoa, que tiver
sido solta por effeito de uma ordem de - habeas-corpus passada
competentemente. Penas - de prisão por quatro mezes a dous annos,
e de multa correspondente á metade do tempo. Se os crimes, de que
tratamos tres artigos antecedentes, forem commettidos por
empregados publicos em razão, e no exercicio de seus empregos,
incorrerão, em lugar de pena de multa, na de suspensão dos
empregos; a saber: no caso do artigo cento oitenta e cinco, por dous
mezes a dous annos; no caso do artigo cento oitenta e seis, por um a
quatro annos; e no caso do artigo cento oitenta e sete, por seis
mezes a tres annos.
Art. 188. Recusar-se qualquer cidadão de mais de dezoito annos de
idade, e de menos de cincoenta, sem motivo justo, a prestar auxilio
ao Official encarregado da execução de uma ordem legitima de -
habeas-corpus - sendo para isso devidamente intimado. Penas - de
multa de dez a sessenta mil réis.
b.3. Espécies
i) Preventivo:
Também tem a forma chamada salvo-conduto. É cabível para evitar
lesão à liberdade de locomoção, desde que haja fundado receio de
que irá ocorrer.
Acerca desta classificação, dispõe Victor Eduardo Rios Gonçalves5:
iii) Individual
iv) Coletivo
5
Direito Processual Penal esquematizado. 7ª Ed. Editora Saraiva, 2018.
O habeas corpus coletivo foi amplamente aceito, principalmente, com
o julgamento ocorrido no dia 20 de fevereiro de 2018 pelo STF na 2ª
Turma, que concedeu a ordem coletiva para determinar a
substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas,
em todo o território nacional, que sejam gestantes ou mães de
crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, sem prejuízo
da aplicação das medidas alternativas previstas no artigo 319 do
Código de Processo Penal (CPP)6.
b.4. Procedimento
6
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=370152
nos casos em que a decisão do mérito do habeas corpus caiba a um
determinado tribunal, por órgão colegiado, a decisão de concessão da
liminar é incumbida monocraticamente ao relator. Dessa forma, o
relator designado profere a decisão de concessão ou não da liminar, e
apenas posteriormente remete o writ para apreciação do mérito a ser
realizada pela câmara e demais julgadores.
O habeas corpus é, portanto, o remédio constitucional que tutela a
liberdade de locomoção quando a sua constrição ou sua ameaça
forem patentemente ilegal, cuja demora torna-se em privação
ilegítima da liberdade.
Em que pese o procedimento do habeas corpus ser o mais célere de
todos os outros recursos e ações autônomas previsto no
ordenamento jurídico processual penal, no caso de indeferimento de
liminar, o que de fato a sociedade se depara na prática forense é com
a lentidão do julgamento do mérito. Por essa razão, a resposta
encontrada por uma determinada época foi a impetração de novo
habeas corpus para o novo tribunal ad quem, mesmo sem aguardar o
julgamento do mérito, quando a liminar fosse indeferida.
Nesse diapasão, o STF então sumulou o seguinte entendimento: “não
compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido
a tribunal superior, indefere a liminar” (Sum. 691).
Este posicionamento do Supremo Tribunal Federal teve como
finalidade em evitar a impetração em excesso de habeas corpus. No
entanto, a verdade que se consubstanciou foi que há casos em que a
ilegalidade é tão manifesta que não se encontrou outro caminho
senão em não conhecer o habeas corpus impetrado pela parte,
porém, conceder de ofício a ordem pretendida.
Ademais, o entendimento sumulado possibilitou que a parte
impetrante, a fim de evitar maior lesão ao seu direito fundamental
garantido constitucionalmente, ao invés de requerer apreciação da
liminar que fora indeferida por meio de novo habeas corpus que não
seria conhecido, passou a requerer ao Tribunal ad quem uma decisão
de determinação de celeridade ao tribunal de origem para que
realizasse um julgamento do mérito do habeas corpus de forma mais
célere.
Fato é que, atualmente, na prática, evidencia-se a impetração de
habeas corpus ao tribunal ad quem a fim de ser concedida ordem de
ofício.
No que se refere aos dispositivos expressos no Código de Processo
Penal, dispõe o art. 656 que “recebida a petição de habeas corpus, o
juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que
este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que
designar”.
Na prática, trata-se de um dispositivo em total desuso, na medida
que este ato é substituído pelo pedido de informações à autoridade
coatora. Ademais, importante salutar que este pedido de informações
também é um ato facultativo, e que possui previsão apenas para
habeas corpus cuja competência originária seja do Tribunal. Porém,
também por analogia, aplica-se a faculdade aos órgãos.
Analisa-se os artigos referentes ao pedido de informações:
c. Legislação
e. Leitura sugerida
f. Leitura complementar
- LOPES JR., Aury. A moda é dar habeas corpus ‘de ofício’, mas só
quando eu quero. Disponível em
http://www.conjur.com.br/2014-ago-22/moda-dar-habeas-corpus-
oficio-quando-eu-quiser
- MOURA, Maria Thereza de Assis. Justa causa para a ação penal. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
- LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. 16ª Edição. Ed. Saraiva,
2019.
- TOURINHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 18ª
Edição, 2018.