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Felipe
Carmo
Plutarco,
ao
escrever
uma
biografia
sobre
o
rei
de
Atenas,
Teseu,
conta
que
a
região
de
Ática,
em
um
período
remoto,
fora
invadida
por
ocasião
da
imprudência
deste
rei.
Teseu
teria
raptado
e
estuprado
uma
jovem
chamada
Helena1
após
tornar-‐se
viúvo;
ele
alcançando
os
seus
50
anos
de
idade
e
ela
os
seus
12
(Plutarco,
Theseus,
31.1
e
2).
Ao
receberam
essa
notícia,
os
irmãos
de
Helena,
Castor
e
Pólux,
resolveram
invadir
Atenas,
mais
precisamente
Ática,
a
fim
de
se
vingar
de
Teseu
e
resgatar
sua
irmã
(Plutarco,
Theseus,
32.2).
Em
vista
da
eminente
destruição
do
local,
um
cidadão
chamado
Academos
(do
grego
Ὰκάδημος)
resolveu
revelar
o
paradeiro
da
garota,
informando-‐os
de
que
ela
foi
escondida
na
cidade
em
Afidnes
(Plutarco,
Theseus,
32.3
e
4;
ver
SCHMITZ,
2005,
p.
1053).
Dessa
forma,
Academos
poupou
a
cidade
da
destruição
e
foi
considerado
como
herói
entre
seus
conterrâneos.
Por
esse
motivo,
os
tindáridas
(Castor
e
Pólux)
horaram
Academos
durante
toda
a
sua
vida.
A
gratidão
dos
irmãos
foi
especialmente
evidenciada
quando,
por
ocasião
da
invasão
de
Ática
pelos
lacedemônios,
ao
devastar
toda
circunvizinhança
da
região,
resolveram
poupar
o
local
onde
residia
o
herói
(Cefiso,
seis
estádios
de
Atenas),
denominando
o
local
de
“academia”,
em
vista
de
“Academo”
(Plutarco,
Theseus,
32.3;
ver
SCHMITZ,
2005,
p.
3).
Esse
local,
mais
tarde,
foi
embelezado
por
Cimone
com
recursos
considerados
“liberais”
e
“elegantes”,
extremamente
populares
em
ocasiões
posteriores
(Plutarco,
Cimon,
13.8).
Através
de
tais
recursos,
a
academia
se
converteu
de
um
lugar
árido
a
um
bosque
verdejante
e
bem
regado;
o
local
contava
também
com
plantações
de
plátanos
e
oliveiras
(Plutarco,
Cimon,
13.8).
Como
recompensa
divina,
o
próprio
Zeus
conferiu
a
Academos
a
direito
de
proferir
o
que
bem
desejasse
dentro
de
sua
propriedade
sem
ser
castigado
–
mesmo
que,
em
seus
discursos,
ofendesse
aos
deuses.
Foi
justamente
da
história
atribuída
a
Academos
que
o
termo
“academia”
tornou-‐se
familiar.
Essa
definição
costuma
estar
especialmente
associada
à
escola
filosófica
de
Platão,
na
antiguidade
(ver
BLOCH,
1976,
p.
29),
que
utilizou
o
local
como
aposento
para
a
instrução
de
seus
discípulos,
1
O
rapto
de
Helena
teria
ocorrido
antes
de
seu
casamento
com
Menelau,
seu
encontro
com
Paris
e
a
consequente
guerra
de
Troia
(ver
AESCHYLUS,
1998,
p.
93).
cerca
de
386
a.C.
Em
período
posterior
(c.
79
a.C.),
Cícero,
ao
discutir
assuntos
de
ética,
em
relação
ao
ambiente
da
academia,
comenta:
“quanto
a
nós,
a
academia
de
que
dependemos,
dá-‐nos
a
maior
liberdade
de
defender
de
pleno
direito
o
que
se
nos
apresentar
como
mais
provável”
(Cícero,
De
Officiis,
3.20).
Referências
bibliográficas
AESCHYLUS.
Agamemnon:
Translated
by
E.
D.
A.
Morshead.
[s.l.]:
Orange
Street
Press
Classic,
1998.
Disponível
em:
<http://sparks.eserver.org/books/Agamemnon.pdf>.
Acessado
em:
30
set.
2014.
SCHMITZ,
Leonhard.
Academus.
In:
SMITH,
William
(Ed.).
A
Dictionary
of
Greek
and
Roman
biography
and
mythology:
by
various
writers.
Michigan:
University
of
Michigan
Library,
2005.