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Me chamo Flávia Guimarães, atualmente moro em São Paulo e vou falar um pouco
nessa comunicação sobre a minha pesquisa no mestrado em Antropologia na
Universidade Federal de Pernambuco em 2018 onde busquei apreender as perspectivas
de diferentes gerações Pankararu sobre juventude.
O que não é uma tarefa fácil, pois não é simples definir o que é juventude. Precisei
nesse momento refletir sobre a minha juventude, ou em que fase da vida eu estava e por
que. Acho que foi rico para mim e para o meu trabalho pensar um pouco sobre isso,
sobre o que me afastava e aproximava do meu campo. Pensar sobre minha subjetividade
e o espaço dela em meu trabalho ora me aproximou do universo de significação dos
jovens Pankararu, ora me afastou.
O que percebi e isso é o que pretendo explorar nessa comunicação é que não é que não
houvesse jovens ou juventude no território, mas não é a mesma juventude, como cita
uma interlocutora adulta. Então quais seriam as nuances dessa juventude de hoje? “É
uma juventude que conversa sobre questões sociais”, me disse uma interlocutora. Então,
eu quis saber como e quando juventude indígena nos territórios Pankararu emergiu
como um novo “sujeito de direitos” ou talvez como um “sujeito autor” (termo cravado
por Assis, 2017).
Em Brejo dos Padres, aldeia em que fiz minha pesquisa e que é a maior aldeia
Pankararu, assim como a que tem maior oferta de serviços (importante, pois devemos
pensar em Pankararu como Pankararu’s), a escola representa uma mudança
significativa na sua reprodução social, e que deve caminhar lado a lado de suas
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OJIT - Organização dos Jovens Indígenas Truka.
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Poyá Limolaygo.
3
OJIKA - Organização Jovem Indígena Kapinawá.
tradições. Mas não é qualquer escola. Para os povos indígenas, a escola é um
instrumento de luta e formação política através de uma "educação diferenciada", que
pretende promover um método de ensino baseado nos universos socioculturais de cada
etnia (FURTADO, 2013). A escola nesse sentido também é um local de transmissão dos
valores que norteiam as condutas do grupo. As noções de movimento, coletivo,
solidariedade, são reforçadas pela educação, que é um ponto de partida para a ação. É
uma instituição política, inserida e articulada em outras dimensões da vida social nas
aldeias indígenas
Percebi no estudo que a valorização do estudo implica em novas percepções sobre
trabalho para as gerações. Insere aos olhos dos mais velhos uma dimensão de escolha
no que se quer trabalhar, algo que eles não podiam fazer. Mas também, a valorização
do estudo implica na possibilidade dos profissionais indígenas e acadêmicos indígenas
de serem cada vez mais sujeitos de seu processo formativo, tendo em vista as
possibilidades para eles se abrem na ocupação de atuais e novos postos de trabalho não
só em suas comunidades, mas em esferas municipais, estaduais e federais (AMARAL,
RODRIGUES e BILAR, 2014). Os jovens, através da educação, têm possibilidades de
construir, reconhecer e dar visibilidades a novas lógicas de gestão das políticas públicas,
Sobre Internet: (energia 1980)
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Propostas de Emenda Constitucional que buscam, em sua maioria, retirar direitos conquistados das
populações indígenas. Na maioria dos casos, são propostas feitas pela chamada "bancada ruralista" da
câmara dos deputados e senado.