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Leia os textos abaixo e responda as propostas apresentadas na lousa.

A céu aberto (Juan José Saer)

Dessas costas vazias me restou, sobretudo, a abundância de céu. Mais de uma vez me senti diminuído
sob esse azul dilatado: na praia amarela, éramos como formigas no centro de um deserto. E se, agora que sou
velho, passo meus dias nas cidades, é porque nelas a vida é horizontal, porque as cidades dissimulam o céu.
Lá, de noite, ao contrário, dormíamos a céu aberto, quase achatados pelas estrelas. Estavam como ao alcance
da mão e eram grandes, inumeráveis, sem muito negrume entre uma e outra, quase faiscantes, como se o céu
tivesse sido a parede perfurada de um vulcão em atividade, que deixasse entrever, por seus orifícios, a
incandescência interna. (O enteado. São Paulo: Iluminuras, 2002).

A terceira margem do rio (João Guimarães Rosa)

Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalçou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou
outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que
ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: - “Cê vai, ocê fique, você
nunca volte!”. Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de ir também, por uns
passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um
propósito perguntei: - “Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?” Ele só retornou o olhar em mim, e me
botou a bênção, como gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para
saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo – a sombra dela por igual,
feito um jacaré, comprida longa. (Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Ediouro Lazer e Cultura, 2011).

Mudanças climáticas (Luiz Cornacchioni)

Os números de redução de emissões do GEE [Gases de Efeito Estufa] do Brasil – de 37% até 2025 e de
43% até 2030 em relação a 2005 – são expressivos, uma vez que representam metas absolutas para toda a
economia. Tanto pelo nível de redução como pelo tipo de meta apresentada, a contribuição do Brasil é mais
arrojada do que a assumida para o período pré-2020. [...]
O agronegócio será convocado em quase todas as medidas anunciadas: desde o aumento na participação
de biocombustíveis e outras formas de bioenergia na matriz energética, passando pelo reflorestamento e
restauração florestal, até o avanço da agropecuária de baixo carbono, com a recuperação de pastagens
degradadas e a ampla adoção de integração lavoura-pecuária-floresta. Outra ação anunciada pelo Brasil foi o
fortalecimento de políticas e medidas visando ao fim do desmatamento ilegal no bioma Amazônia até 2030.
Para cumprir essas metas será necessário não apenas manter, mas também aperfeiçoar as políticas e os
mecanismos de implementação existentes. O Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), que está em
vigor, deverá ser fortalecido no pós-2020. Dentre outras ações, o plano já prevê para 2020 a promoção de
sistemas de iLPF[integração Lavoura-Pecuária-Floresta] e a recuperação de pastagens degradadas, contando
inclusive com uma linha de crédito para financiamento de suas ações.
No entanto, apesar do progresso e dos esforços para o avanço dessas tecnologias no campo, dificuldades
de monitoramento ainda impedem um diagnóstico preciso do que foi feito até agora. Sabemos, por exemplo,
que a promissora prática de iLPF ainda é incipiente no Brasil, mas não existem dados oficiais a respeito de sua
utilização. Temos casos de sucesso, mas carecemos de indicadores para identificar a viabilidade e os impactos
dessa tecnologia em termos ambientais e de produtividade. [...]
(disponível em: <https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,mudancas-climaticas> Acesso: 05 de agosto de 2019).

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