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Dimensionamento de pavimentos – DNIT 1

Unesp, Campus de Ilha Solteira


Engenharia Civil - Pavimentação

Prof. Jairo Lima

Assunto: Dimensionamento de pavimentos – DNIT.

I CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O método de dimensionamento do DNIT é também conhecido como o método do Engenheiro Murilo


Lopes de Souza. As variáveis determinantes são:

 o tráfego (operações do eixo padrão – N); e


 o meio em que será construído o pavimento.

http://www.dnit.gov.br/planejamento-e-pesquisa/planejamento/contagem-de-trafego/pnct

II CONDIÇÕES E PRÉ-REQUISITOS

1) Índice de suporte (IS)

Relação entre o CBR obtido no ensaio e o CBR relacionado ao índice de grupo.

Condição:
CBR  CBR IG
 IS ≤ CBR; IS 
2
 CBRIG - tabelado

Índice de
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - 10 11 - 12 13 - 14 15 - 17 18 - 20
grupo

CBR IG 20 18 15 13 12 10 9 8 7 6 5 4 3 2

Nota. Na impossibilidade de obter CBRensaio, usa-se o valor CBRIG como valor da capacidade de suporte.
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2) Propriedades dos materiais granulares

a) Terraplenagem: corte e aterro

 Expansão  ≤ 4%;
 Grau de compactação  ≥ 95% (PN)

b) Subleito (Sl)

 CBRSl  ≥ 2% (Proctor normal);


 expansão  ≤ 2%;
 escarificar 15cm do material e compacta-lo com γmax na energia do Proctor normal (GC ≥ 100%
ou 90% do Proctor modificado);
 no caso de material impróprio  substituí-lo (até 1,0m).

c) Reforço do subleito (Ref)

a. CBRRef  ≥ CBRSl;
b. expansão  ≤ 1% (com sobre-carga – 10 lb);
c. mesmas condições de compactação do subleito.

d) Sub-base (Sb)

a. CBR  ≥ 20%;
b. IG = 0;
c. expansão  ≤ 1% (com sobre-carga – 10 lb).
Compactação definida pelas
Especificações Gerais – GC ≥ 100% do
e) Base (B) Proctor intermediário ou modificado.

a. CBR  ≥ 80%;
b. expansão  ≤ 0,5% (com sobre-carga – 10 lb);
c. LL  ≤ 25;
d. IP  ≤ 6.

Nota.

 Para LL > 25 ou IP > 6  pode-se empregar o material desde que EA > 30.
 Quando o número de repetições do eixo padrão (N), durante o período de projeto < 5 x 106  é
permitido CBR ≥ 60% (e faixas granulométricas E e F).
 CBR ≥ 40%  condições especiais (falta de material).

f) Condições

 Espessuras das camadas granulares (compactar) ≥ 10cm; (edificar) ≥ 15cm.


 Drenagem superficial eficiente.
 Nível d’água abaixo de 1,5m.
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g) Acostamentos

Não há dados seguros para o dimensionamento de acostamentos. A sua espessura está condicionada à
da pista de rolamento. Admitem-se reduções na espessura da camada de rolamento. A solicitação de
cargas, no entanto, é diferente e pode haver soluções diferentes da pista de tráfego.

Acostamento com a mesma estrutura da pista produz efeitos benéficos à pista e reduz problemas de
drenagem. Geralmente, na parte correspondente às camadas de reforço e sub-base, adota-se, para
acostamentos, a mesma estrutura da pista. Esta solução poderá incluir a camada de base quando o
custo desta camada não é muito elevado. O revestimento do acostamento pode ser, sempre, de
categoria inferior ao da pista de rolamento.

Espessura mínima de revestimento

Valor de N Espessura mínima do revestimento - R


N  10
6
Tratamento superficial betuminoso (0,5 a 5,0cm)
6 6
10 < N < 5 . 10 Revestimento betuminoso  espessura = 5cm
6 7
5 . 10 < N < 10 Concreto asfáltico  espessura = 7,5cm (5cm – DER/SP)
Concreto asfáltico  espessura = 10cm (7,5cm – DNE/SP)
7 7
10 < N < 5 . 10
7
N > 5 . 10 Concreto asfáltico  espessura = 12,5cm (10,0cm – DNE/SP)

N – número de operações do eixo padrão, no período de vida útil do pavimento.

Sendo:

 coeficiente estrutural do revestimento  Kr;


 coeficiente estrutural da base  Kb;
 coeficiente estrutural da sub-base  Ks;
 coeficiente estrutural do reforço do subleito  Kref.

Coeficiente de Equivalência Estrutural – K (DNIT)

Camadas componentes do pavimento Coeficiente K


Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,00
Base ou revestimento pré-misturado a quente, de graduação densa 1,70
Base ou revestimento pré-misturado a frio, de graduação densa 1,40
Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,20
Camadas granulares 1,00
2
Solo-cimento com resistência à compressão em 7 dias > 45Kg/cm 1,70
2
Solo-cimento com resistência à compressão em 7 dias entre 45 e 28Kg/cm 1,40
2
Solo-cimento com resistência à compressão em 7 dias entre 28 e 21Kg/cm 1,20
Base de solo-cal 1,20

 RKR + BKB ≥ H2O (1)

 RKR + BKB + h2OKS ≥ Hn (2)

 RKR + BKB + h2OKS + hnKref ≥ Hm (3)


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Notas.

KR, KB, KS e Kref representam os coeficientes estruturais do revestimento, base, sub-base e reforço do
subleito, respectivamente; H20 a espessura fornecida pelo gráfico para material de CBR = 20% e Hn,
idem, idem, para material de CBR = n.

A espessura total da base e revestimento necessária para proteção da sub-base será determinada
considerando a capacidade de suporte mínima (CBR = 20%) exigida para os materiais constituintes
dessa camada (sub-base).

Em bases estabilizadas ou de macadame hidráulico, adicionar um tratamento superficial simples sobre a


imprimação para melhorar a resistência da interface entre a camada de rolamento e a base e produzir
maior impermeabilização da base.

A base poderá ser do tipo mista convencional constituída, para tráfego muito leve, de macadame
betuminoso (5cm, no mínimo) e de macadame hidráulico (7cm, no mínimo) e, para tráfego leve, de
macadame betuminoso (5cm, no mínimo) e macadame hidráulico (10cm, no mínimo).

Espessuras das camadas do pavimento flexível – DNIT.


Espessura do pavimento (cm)

Operações do eixo padrão de 18.000 lb (8,2 t)


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Algumas sugestões

a) Adotar, nos acostamentos, na parte correspondente à camada de base, materiais próprios para sub-
base granular de excelente qualidade, incluindo solos estabilizados quimicamente.
b) Considerar, para efeito de escolha de revestimento, tráfego correspondente a 1% do tráfego na pista.
c) Quando há carência de dados sobre o tráfego é conveniente executar a pavimentação por etapas,
eliminando-se, posteriormente, as irregularidades que surgirem.

Gráficos de equivalência estrutural

III DADOS DO DER – SP

1 Tipos e Espessuras de Revestimento (para 10 anos)

Operações (N) Tráfego Espessura do revestimento (cm)


6 6
2 x 10 ≤ N ≤ 5 x 10 Meio pesado Concreto asfáltico (5,0 cm)
6 7
5 x 10 ≤ N < 10 - Concreto asfáltico (7,5 cm)
7 7
10 ≤ N < 5 x 10 Pesado Concreto asfáltico (10,0 cm)
N ≥ 5 x 107 Muito pesado Concreto asfáltico (12,5 cm)
Faixa exclusiva de
* Mínino 10cm de concreto asfáltico
ônibus

(*) Neste caso, o projetista poderá adotar CBUA modificado com polímeros.
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No caso de bases coesivas e para tráfego entre 5x106 e 5x107 recomenda-se que o revestimento seja
constituído por tratamento superficial triplo de 2,5 a 3,0 cm de espessura.

Para revestimento de concreto betuminoso sobre base de solo-cimento, recomenda-se a execução de


tratamento betuminoso simples entre a base e o revestimento.
As bases de solo arenoso fino de comportamento laterítico, somente recomendadas para tráfego < 5 x
6
10 , deverão satisfazer às exigências contidas nas normas correspondentes. Se for utilizado este tipo de
6 6
base para N entre 10 e 5 x 10 , recomenda-se a execução de tratamento superficial simples (camada
protetora) sob a camada de rolamento de tratamento superficial (duplo e triplo).

2 Espessura das Demais Camadas

Se o CBR da sub-base for igual ou superior a 40 % e para N = 5 x 106, admite-se substituir, na equação
(1), H20 por 0,80 H20. Para N = 5 x 107 recomenda-se substituir, na mesma equação, H20 por 1,20 H20. A
espessura mínima a adotar para camadas granulares é de 10 (dez) centímetros.

Ábaco de dimensionamento para tráfego leve e médio.

3 Coeficiente de Equivalência Estrutural (K, para a Prefeitura de São Paulo).

Coeficiente
Camada do pavimento
estrutural (K)
Base ou revestimento de concreto asfáltico 2,00
Base ou revestimento de concreto magro / compactado com rolo 2,00
Base ou revestimento pré-misturado a quente, de graduação densa / binder 1,80
Base ou revestimento pré-misturado a frio, de graduação densa 1,40
Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,20
Paralelepípedos 1,00
Base de brita graduada simples, macadame hidráulico e estabilizadas granulometricamente 1,00
Sub-bases granulares ou estabilizadas com aditivos ≤ 1,0
Reforço do subleito ≤ 1,0
2
Base de solo-cimento, com resistência a compressão, aos 7 dias, superior a 45 Kg/cm 1,70
2
Idem, com resistência à compressão aos 7 dias entre 45 e 28 Kg/cm 1,40
2 2
Idem, com resistência à compressão aos 7 dias menor que 28 Kg/cm ou igual a 21 Kg/cm 1,20
Idem, com resistência à compressão aos 7 dias inferior a 21 Kg/cm 2 1,00

Os coeficientes estruturais da sub-base granular e do reforço do subleito serão obtidos pelas


expressões:
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CBRSB CBRREF
K SB  3 K REF  3

3 x CBRREF 3 x CBRSL

sendo:

 CBRSL  suporte do subleito;


 CBRREF  suporte do reforço do subleito;
 CBRSB  suporte da sub-base.

Das expressões acima resultam:

CBRSL / CBRREF ou CBRREF / CBRSL K


1,1 0,72
1,2 0,75
1,3 0,76
1,4 0,78
1,5 0,80
1,6 0,82
1,7 0,83
1,8 0,85
1,9 0,86
2,0 0,88
2,1 0,90
2,2 0,91
2,3 0,92
2,4 0,94
2,5 0,95
2,6 0,96
2,7 0,97
2,8 0,98
2,9 0,99
> 3,0 1,00

4 Materiais das Diversas Camadas do Pavimento

Em bases e sub-bases estabilizadas granulometricamente, além da obediência às especificações das


normas correspondentes, os materiais ou misturas de materiais deverão satisfazer às seguintes
exigências de CBR mínimo e de expansão máxima medida com sobrecarga de 4,5 kg:

Bases CBR = 60 % Expansão = 0,5 %


Sub-bases CBR = 30 % Expansão = 1,0 %

Para as bases e sub-bases estabilizadas granulometricamente, serão tolerados IP maior que 6% e LL


maior que 25%, desde que sejam satisfeitas as equações a seguir apresentadas:

X 100  LP 100  X 100 100 


IP   X   LL   
100 S  100  q  100  S   q 
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Sendo:

 IP  índice de plasticidade;
 LP  limite de plasticidade;
 LL  limite de liquidez;
 ρs  massa específica aparente seca após a compactação;
 ρg  massa específica das partículas sólidas;
 X  porcentagem em peso de material passando na peneira no 40 (0,42 mm).

Materiais próprios para reforço do subleito são os de CBR superior ao do subleito e expansão máxima de
2% medida com sobrecarga de 4,5 kg.

5 Hipóteses de Dimensionamento

As características dos materiais consideradas no dimensionamento do pavimento requerem a existência


de drenagem superficial adequada e lençol d’água subterrâneo rebaixado de, no mínimo, 1,50 m em
relação ao greide de terraplenagem acabada.

Os requisitos de compactação das camadas do pavimento e melhoria do subleito são os seguintes:

a) revestimentos de concreto asfáltico e de pré-misturado a quente deverão ser compactados a, no


mínimo, 95% da densidade aparente de projeto;

b) bases e sub-bases granulares deverão ser compactadas a, no mínimo, 95% do Proctor modificado;

c) reforços de subleito, quando executados com solos A-2-4 e A-4 (TRB), deverão ser compactadas a,
no mínimo, 95% do Proctor modificado;

d) solos de substituição argilosos devem ser compactados a, no mínimo, 95% do Proctor normal;

e) no caso de aproveitamento do subleito da pista existente, o solo na profundidade de 15cm abaixo do


greide deverá ser escarificado, umedecido e compactado a, no mínimo, 95% do Proctor normal no
caso de solos siltosos ou argilosos, e 95% do Proctor modificado no caso de solos granulares;

f) a compactação das camadas de sub-base e base estabilizadas granulometricamente, de reforço do


subleito e do subleito, na profundidade de 15cm abaixo do greide regularizado, deverá ser
executada com grau de umidade dentro do intervalo de +/- 1,0 % do valor da umidade ótima.

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