Cooperativa de pequenos produtores em Goiás tem melhorado a vida de muita gente
Reportagem celebra o Dia Mundial do Cooperativismo e mostra como essa cooperativa ajudou pequenos produtores a colherem mais mandioca e aumentar a produção de polvilho.
César Dassie, Bela Vista de Goiás, GO
00:00/12:46 Como fazer a agricultura familiar sobreviver ao avanço das grandes lavouras? A soja é uma das principais atividades rurais de Bela Vista de Goiás e a disputa pelas terras é acirrada. Para aumentar o poder de barganha, os pequenos produtores encontraram no arrendamento coletivo a maneira de garantir o plantio do mandiocal. Funciona assim: a cooperativa fecha o contrato da área e depois reparte em lotes; são 610 hectares, divididos para 51 famílias. A estratégia foi colocada em prática na comunidade do Cará, que leva esse nome porque é assim que todo mundo conhece o riacho que cruza o vilarejo. Para esses agricultores, o polvilho de mandioca sempre teve um importante papel na economia familiar e por 50, 60 anos foi a principal fonte de renda. No começo dos anos 1990, no entanto, os preços foram derrubados, diminuiu a produção e quase fez a comunidade abandonar essa vocação. "Os jovens saindo da região, os adultos sem trabalho e a tradição do polvilho de mandioca se acabando", lembra José Atair da Silva Neto, agricultor e presidente da Cooperativa do Cará. A saída só veio com a criação da cooperativa, fundada em 2005 com apenas quatro produtores que ainda se mantinham na atividade. O sucesso veio rápido porque o pessoal da região já estava acostumado a trabalhar de forma coletiva. Melhora de vida Enquanto os cooperados mais antigos desfrutam do conforto de uma casa bem estruturada, os que entraram recentemente também já começam a usufruir dos resultados de uma entidade bem administrada. Seu Vilmar e o filho Bruno, por exemplo, estão há cinco anos na cooperativa e, nesse período, garantiram recursos para colocar a casa onde moravam no chão e construir uma nova. Hoje, os agricultores do Cará produzem algo em torno de 60 toneladas de polvilho por mês, bem acima das quatro toneladas do início da cooperativa. E o resultado dá para ver do alto, com a brancura do produto forrando os quintais. Só que para fazer tanto polvilho, é preciso garantir a produção da matéria-prima, com área para todo mundo. De acordo com José Atair, a saída que a Cooperativa conseguiu foi arrendar a terra e sub-arrendar para os cooperados, já que cada família ligada à cooperativa tem hoje menos de um hectare de área própria. A coletividade estimulada pela cooperativa está presente também na hora da colheita. Delcivian Gomes da Silva, um dos agricultores, conta que todo mundo se ajuda, o que faz o trabalho ser mais rápido. Inclusive, por causa do polvilho, o Daniel dos Reis deixou de trabalhar como servente de pedreiro na cidade e preferiu vir para a roça, mesmo com um contrato temporário. Ele conta que chega a ganhar R$ 400 a mais do que no emprego anterior.