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Cooperativa de pequenos produtores em Goiás tem melhorado a vida de muita gente

Reportagem celebra o Dia Mundial do Cooperativismo e mostra como essa cooperativa ajudou pequenos produtores a
colherem mais mandioca e aumentar a produção de polvilho.

César Dassie, Bela Vista de Goiás, GO


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Como fazer a agricultura familiar sobreviver ao avanço das grandes lavouras? A soja é uma das principais atividades rurais
de Bela Vista de Goiás e a disputa pelas terras é acirrada. Para aumentar o poder de barganha, os pequenos produtores
encontraram no arrendamento coletivo a maneira de garantir o plantio do mandiocal. Funciona assim: a cooperativa fecha o
contrato da área e depois reparte em lotes; são 610 hectares, divididos para 51 famílias.
A estratégia foi colocada em prática na comunidade do Cará, que leva esse nome porque é assim que todo mundo conhece
o riacho que cruza o vilarejo. Para esses agricultores, o polvilho de mandioca sempre teve um importante papel na economia
familiar e por 50, 60 anos foi a principal fonte de renda.
No começo dos anos 1990, no entanto, os preços foram derrubados, diminuiu a produção e quase fez a comunidade
abandonar essa vocação. "Os jovens saindo da região, os adultos sem trabalho e a tradição do polvilho de mandioca se
acabando", lembra José Atair da Silva Neto, agricultor e presidente da Cooperativa do Cará. A saída só veio com a criação
da cooperativa, fundada em 2005 com apenas quatro produtores que ainda se mantinham na atividade. O sucesso veio rápido
porque o pessoal da região já estava acostumado a trabalhar de forma coletiva.
Melhora de vida
Enquanto os cooperados mais antigos desfrutam do conforto de uma casa bem estruturada, os que entraram recentemente
também já começam a usufruir dos resultados de uma entidade bem administrada. Seu Vilmar e o filho Bruno, por exemplo,
estão há cinco anos na cooperativa e, nesse período, garantiram recursos para colocar a casa onde moravam no chão e
construir uma nova.
Hoje, os agricultores do Cará produzem algo em torno de 60 toneladas de polvilho por mês, bem acima das quatro toneladas
do início da cooperativa. E o resultado dá para ver do alto, com a brancura do produto forrando os quintais. Só que para fazer
tanto polvilho, é preciso garantir a produção da matéria-prima, com área para todo mundo.
De acordo com José Atair, a saída que a Cooperativa conseguiu foi arrendar a terra e sub-arrendar para os cooperados, já
que cada família ligada à cooperativa tem hoje menos de um hectare de área própria.
A coletividade estimulada pela cooperativa está presente também na hora da colheita. Delcivian Gomes da Silva, um dos
agricultores, conta que todo mundo se ajuda, o que faz o trabalho ser mais rápido.
Inclusive, por causa do polvilho, o Daniel dos Reis deixou de trabalhar como servente de pedreiro na cidade e preferiu vir para
a roça, mesmo com um contrato temporário. Ele conta que chega a ganhar R$ 400 a mais do que no emprego anterior.

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