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Bela Aldeia, Bela Chama

Lepa Sela Lepo Gore

→ Temática História:

O filme trata da guerra dos antigos países que integravam a Iugoslávia no conflito que se
inicia em abril de 1992, tendo como palco a Bósnia; marcado pela violência étnica presente em seus
combates e pelo extermínio da população pertencente aos inimigos de cada lado, fazendo o conflito
ser conhecido como o pior caso de execuções em massa desde o término da Segunda Guerra
Mundial.

1996 - República Federal da Iugoslávia – 115 minutos

Direção: Srđan Dragojević

Roteiro: Vanja Bulić, Nikola Pejaković, Srđan Dragojević, Biljana Maksić .

Elenco: Dragan Bjelogrlić (Milan), Nikola Pejaković (Halil), Petar Božović (Slobo), Nikola Kojo
(Velja), Dragan Maksimović (Petar "Professor"), Zoran Cvijanović (Brzi "Speedy"), Dragan
Petrović (Laza), Milorad Mandić (Viljuška "Fork"), Bata Živojinović (Gvozden), Marko Kovijanić
(Marko) , Lisa Moncure (Liza Linel).

→ Síntese:

Situado durante a Guerra da Bósnia, o filme conta a história de Milan, que faz parte de um
pequeno grupo de soldados sérvios que ficam presos em um túnel, enfrentando uma força bósnia.
Através de flashbacks, as vidas dos soldados presos no túnel são mostradas na Iugoslávia pré-
guerra, particularmente a vida de Milan e de seu melhor amigo de infância, o bosniak Halil, que se
torna inimigo de Milan durante o conflito.
→ Análise desde as perspectivas histórica e pedagógica:

O filme, segundo uma perspectiva histórica, é ótimo no sentido de que ilustra o conflito de
modo que não escolhe heróis, focando-se não na narrativa de um povo contra o outro, mas sim em
um argumento antiguerra, que expõe a violência do conflito armado da Bósnia de 1992. Também, o
filme faz um ótimo trabalho de expor através da vida, do diálogo e do trajeto de cada personagem a
raiz do conflito e um pouco do contexto histórico da região. A perspectiva que o filme trabalha é
uma de neutralidade com as partes do conflito, mas de oposição a ele, denunciando-o como uma
guera sem sentido, enraizada no ódio étnico que caracteriza a região desde a formação da
Iugoslávia, que tinha como característica principal ser a união de diferentes povos que nutriam
constantemente nacionalismos individuais e movimentos separatistas.

→ Assuntos específicos que podem ser explorados:

Podemos explorar os crimes de guerra, principalmente o da “limpeza étnica” e o genocídio


presente na guerra da Bósnia, abordando a história do país e a multiplicidade de etnias envolvidas
no conflito. Além disso, é interessante analisar o filme no seu argumento antiguerra, que não deixa
de mostrar as atrocidades cometidas por ambos lados, como a guerra muda uma pessoa e como
mesmo laços criados desde a juventude podem ser rompidos durante o cenário de crise, violência e
trauma.

→ Sugestão de utilização na sala de aula:

Acho que o filme poderia ser usado quando o assunto trabalhado na sala de aula envolve
guerras, principalmente pós-primeira guerra mundial. Por exemplo, após se trabalhar a primeira
guerra mundial, pode-se trabalhar o trauma da guerra moderna nos soldados combatentes e procurar
obras que façam um argumento antiguerra, mostrando que a partir da primeira guerra mundial, é um
tópico recorrente tanto na literatura quanto no cinema.
Também, ao se trabalhar o Nazismo na Segunda Guerra Mundial e o genocídio semita, este
filme pode ser uma ferramenta para ilustrar que, embora não compartilhe da teoria e execução da
solução final, muitos conflitos modernos ainda carregam o ódio étnico como uma de suas bandeiras
e executam genocídios implacáveis em nome de um nacionalismo exacerbado.

→ Duas cenas e suas formas de uso:

A cena em que Laza, sentado ao lado de sua família, escuta as atrocidades cometidas pelos
bósnios na sérvia e decide se alistar no exército para combatê-los, e se levanta e caminha até a
estrada, pegando carona no primeiro caminhão que passa. Dentro do caminhão, comenta com o
motorista que irá para guerra para que nenhum turco jamais pise no solo de seu país. Após a
afirmação, o motorista liga o rádio, que toca uma música turca, revelando sua etnia. Penso que esta
cena pode ser usada para mostrar a força da propaganda nacionalista empregada para fomentar o
conflito, uma vez que o ódio em posto na mente das pessoas que começam a esteriotipar os outros
povos que, na verdade, convivem pacificamente com eles no seu dia a dia e que, sem mencionar sua
etnia, são vistos como iguais. Não precisamos falar especificamente da guerra da Bósnia para
abordar isto, pois qualquer conflito com base étnica e nacionalista serve de exemplo e tem esta cena
como uma representação impactante.

Também considero útil a cena em que Liza começa a gravar as conversas dos combatentes
com sua câmera e há uma discussão entre Velja e Gvozden, discutindo quem é honesto e quem não
é, o que acaba levando a uma crítica ao conflito por parte de Velja, que discute o posicionamento de
Tito de neutralidade e negociação com os Estados Unidos. Logo em seguida, Viljuska aparece, e
com um garfo na mão, fala de como a nação Sérvia é a mais antiga e, ao mesmo tempo, civilizada,
uma vez que enquanto alemães e americanos comiam com as mãos, os lordes da Sérvia utilizavam
talheres. Esta cena como um todo pode ser usada para, com base nas falas dos personagens,
identificar as causas do conflito ou também ilustrar que não é algo espontâneo, mas que são
rivalidades, nacionalismos exacerbados que encontravam-se em estado de hibernação por conta da
política interna de Tito e, com sua morte e desmoronamento do bloco soviético, acordaram
violentamente.

→ Outras Atividades conectadas com o filme

Indo ao encontro da última cena comentada, acho que uma atividade que se pode realizar em
sala de aula é pedir para que os alunos dividam-se em grupos, cada qual com seu respectivo conflito
pós-Guerra-Fria e fazer com que, a partir do filme, identificar nele elementos que ilustrem a
motivação do conflito, o contexto internacional e/ou externo no qual os países envolvidos
encontravam-se e quais as críticas ao conflito (ou elogios) são feitas durante a obra.

→ Sugestões de outros filmes sobre a mesma temática:

Terra de Nínguém (Ničija Zemlja), 2001.

O Resgate de Harrison (Harrison’s Flowers), 2000.

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