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A perempção ocorre dentro da ação penal privada, quando a parte autora
deixa de praticar determinado ato processual, em que sua desídia faz
presumir o desinteresse na responsabilização do autor do fato
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O artigo em análise disciplina duas situações distintas:
1.ª – Quando uma conduta criminosa for pressuposto para outro crime ou
quando alguns dos elementos ou circunstâncias agravantes dele, em sendo
delitos autônomos, sofrerem extinção da punibilidade, preservam-se todos
esses (pressupostos, elementos ou circunstâncias) no delito que os agrega.
2.ª – Nos crimes conexos, a agravação da pena pela conexão não será
afetada se for extinta a punibilidade em face de um dos delitos.
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máxima para o crime ou a pena fixada na sentença condenatória transitada
em julgado.
Não será assim, contudo, quando após decurso da ação penal sobrevier
sentença condenatória transitada em julgado, pois, nesta hipótese, usa-se
como parâmetro a pena fixada pelo Juízo. Ainda, prazo prescricional pela
pena fixada em definitivo só valerá a partir da data do recebimento da
denuncia ou queixa, o que se verá no § 1.º do artigo 110.
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§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em
julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-
se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por
termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
O §1.º do artigo 110 do Código Penal, por seu turno, trata da prescrição
retroativa. Sobre ela, contudo, é forçoso reconhecer inicialmente que, na
recente alteração operada pela Lei n.º 12.234/10, o legislador não primou
pela melhor redação ao editar a norma.
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cominada ao delito, nada mais importando, para nesse fim, a pena cominada
ao final do processo.
Disso não se pode concluir, contudo, que a prescrição não tem início antes
de recebida a denúncia ou queixa. Aqui a prescrição corre sim, mas pela
pena máxima cominada ao delito, seguindo fielmente a regra do artigo 109
e seus incisos.
Tem-se então que, para os fatos praticados até 05 de maio de 2010 (um
dia antes da entrada em vigor da nova regra), a prescrição pela pena fixada
na sentença condenatória é aplicável ao período compreendido entre a data
do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa (prescrição retroativa).
Visualizando-se possível em relação àqueles, também, a prescrição pela
pena projetada.
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Nas hipóteses dos artigos 109 e 110 do Código Penal, então, é possível
imaginar um quadro resumido para melhor entendimento da prescrição
retroativa, antes e depois da Lei n.º 12.234/10:
1.º Data do fato 2.º Data do recebimento da 3.º Data do trânsito em julgado
denúncia ou queixa
1.º Data do fato 2.º Data do recebimento da 3.º Data do trânsito em julgado
denúncia ou queixa
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da sentença condenatória recorrível e a da sessão do julgamento pelo
Tribunal.
O destaque em negrito foi proposital e dele se conclui que, como dito antes,
em face de eventos anteriores à denúncia ou queixa (entre a data do fato e
o recebimento da denúncia ou queixa), a prescrição retroativa pela pena
aplicada não se opera quando não incidirem as hipóteses que a autorizam.
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poderá opor a ela a proibição de incidência da prescrição retroativa contida
no referido texto legal, justamente porque já não se trata de nenhuma
hipótese, sendo, então, alguma hipótese específica.
Contudo, por não ser tão claro como parece que deveria ter sido, o
legislador transfere-se ao jurista a árdua tarefa de encontrar o exato sentido
da norma, assim como a medida adequada do direito de punir do Estado em
face do direito de liberdade do cidadão.
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Apesar de ainda não ter encontrado doutrina a respeito do tema em
particular, compreendo que, por sua relevância, a crítica à redação da norma
não poderia passar em branco.
[1] JESUS, Damásio Evangelista de. Extinção da Prescrição Retroativa, in Revista Magister
de Direito Penal e Processual Penal, Edição 37 AGO/SET 2010.
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