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AULA 23 - JUDICIÁRIO: ENTRE A JUSTIÇA E A

POLÍTICA
Autor: ARANTES, Rogério B.
Derrubada dos regimes absolutistas e fundação dos
Estados liberais:
transformação do papel da Justiça, através do
reconhecimento de sua
autonomia como função estatal.
EUA: 1787; França: 1789.
Experiência francesa: mais republicana do que liberal,
modernizou a função
de justiça comum do Judiciário, mas não lhe conferiu
poder político.
Americana: mais liberal do que republicana, não só
atribuiu à magistratura a
função de prestar justiça no conflito entre particulares,
como elevou o
Judiciário à condição de poder político.

França e EUA, cada um ao seu modo, instituiu o princípio


da separação de
poderes.
Americanos: possibilidade de tirania em governo
democrático da maioria, se
não houver divisão de poderes.
Poder político do Judiciário: controle de
constitucionalidade das leis. Poder
sobre o processo decisório de estabelecimento de normas
capazes de impor
comportamentos.
EUA: liberdade ditou mais regras do que a igualdade.
Foco no direito de
propriedade.
Robespierre: princípio da separação dos poderes é um
modismo irrelevante,
um teatro burlesco em que se converte a relação entre os
poderes
constitucionais. Criticava o direito à propriedade e
defendia a igualdade.
Tocqueville: descentralização do sistema político, por
meio da separação de
poderes, do federalismo e do autogoverno local,
propiciava ao mesmo tempo
incentivos à participação política da comunidade e
proteção à liberdade
individual dos cidadãos.
Tocqueville defende o Judiciário americano como o mais
poderoso e único
contrapeso da democracia, por sua capacidade de controlar
a
constitucionalidade das leis promulgad as pela maioria
política. Advogados e
juízes conceberiam a nova aristocracia americana.
Legados:
Judiciário americano: contém a vontade política
majoritária, mas possui uma
independência quase aristocrática;
Judiciário francês: essa aristocracia inexiste, mas não há
um guardião da
Constituição.
JUDICIÁRIO NO SÉCULO XX
Suprema Corte americana: em sua primeira fase (até
1920), discutia mais
questões econômicas; na segunda fase, deu foco a
discussões de direitos civis
(a partir de 1950).
Controle difuso ou de scentralizado: controle de
constitucionalidade das leis
em casos concretos. É realizado por todos os juízes do
Judiciário, não está
limitado à atuação da Suprema Corte. Esta só atua
difusamente como instância
recursal.

Controle concentrado: Suprema Corte tem competência


para julgar a própria
lei, provocada por ação direta que questione sua
constitucionalidade. Tem
caráter geral. Há um melhor equilíbrio entre a função
liberal de controle das
Brasil: modelo híbrido (possui os dois tipos de controles).
No Brasil, a lista de agentes legitimados a propor ADIN
ultrapassa a de países
europeus de modelo concentrado. Ao todo, 9 agentes.
Recursos Extraordinários -> controle difuso.
ADIN -> controle direto.
STF representa espaço importante de oposição das
confederações sindicais e
partidos políticos insatisfeitos com a produção legislativa
e também funciona
como tribunal da federação, pela quantidade significativa
de ações
promovidas por governadores contra, principalmente, leis
produzidas no
próprio estado, pelas Assembléias Legislativas.
Caso brasileiro distancia-se do republicanismo
democrático e adota
fortemente o princípio liberal de contenção da maioria
política, por meio de
um sistema ultradescentralizado de controle
constitucional, que permite às
minorias políticas
exercer poder de veto, invocando a Constituição contra
leis e atos normativos
dos Poderes Legislativo e Executivo.
CAMINHOS DA REFORMA DO JUDICIÁRIO
Judicialização da política brasileira: democracia
restabelecida nos anos 80,
seguida de uma Constituição pródiga em direitos em 1988,
com um número
cada vez maior de grupos de interesses organizados
demandando solução de
conflitos coletivos, contrastando com um sistema político
pouco majoritário,
de coalizões e partidos frágeis para sustentar o governo,
enquanto os de
oposição utilizam o Judiciário para contê-lo, além de um
modelo
constitucional que delegou à Justiça a proteção de interess
es em diversas
áreas, refletindo até mesmo o alto grau de legitimidade do
Judiciário e do
Ministério Público como instituições capazes de receber
essa delegação.
Ativismo judicial: responsabilidade pela implementação
de direitos e pela
solução dos grandes conflitos da sociedade.

Crise judicial no Brasil tem duas dimensões: no que diz


respeito às funções de
controle constitucional das leis, é uma crise política; no
que diz respeito às
suas atribuições de justiça comum, é funcional e de
desempenho.
Reforma do Judiciário:
* Dimensão política: criação da súmula vinculante, que
valoriza o papel
político do STF e reduz as possibilidades de uso da via
difusa por parte dos
grupos de oposição.
* Dimensão funcional: criação de novos tribunais
regionais e câmaras,
autonomia funcional e administrativa das Defensorias
Públicas, transferência
do julgamento de crimes contra direitos humanos da
Justiça Estadual para a
Federal.
Republicanização do Judiciário: criação de órgãos de
controle externo e
adoção de outras medidas destinadas a aumentar a
fiscalização e a
transparência da Justiça. Accountability dos órgãos da
Justiça.

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