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OAB Extensivo 1ª Fase - Final de Semana - Direito Penal - Cristiano Rodrigues

- Aula nº: 01 – Princípios e classificação de crimes

ANOTAÇÕES DE AULA

• Princípios Fundamentais do Direito Penal

1) Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal (Art. 1º CP/ Art. 5º XXXIX CF)


Definição: não há crime sem lei anterior que o defina.
Função: proibir a retroatividade de uma lei penal incriminadora.
1.1.(a) Princípio da Irretroatividade – Leis penais que incriminem o agente são irretroativas
e não alcançam fatos anteriores a elas. (Art. 2º, CP).
1.2.(b) Princípio da Retroatividade da Lei Benéfica – Toda a lei que for benéfica para o
agente deverá retroagir para atingir fatos anteriores a ela e também será aplicada a fatos que ocorram
depois dela. (Art. 2º, CP).

OBS1.: De acordo com o STF, o regime integralmente fechado para crimes hediondos é
inconstitucional. Logo, é possível sempre a progressão. A Lei 11464/2007 previu parâmetros de 2/5 ou
3/5 (reincidente) para progressão em crimes hediondos de forma mais severa do que a regra geral da LEP
(1/6). Desta forma, de acordo com o principio da irretroatividade, crimes hediondos praticados antes da
lei 11464/2007, terão a progressão com base na regra geral da LEP (1/6), enquanto crimes hediondos
praticados após a lei (não é a sentença) usarão os novos parâmetros mais rigorosos (Súmula 471 STJ).
OBS2: Atualmente o STF entende que o regime inicialmente fechado ser obrigatório para
crimes hediondos é inconstitucional devendo se fazer a análise de cada caso concreto para estipular o
regime inicial de cumprimento de pena dentre o fechado, semi aberto e o aberto (princípio da
individualização das penas).

1.3.(c) Abolitio criminis (Art. 2º, CP). Ocorre quando uma lei nova deixa de considerar
como crime algo que antes era assim tratado tendo duas conseqüências:
a) Retroage alcançando todos os fatos anteriores e afastando todos os efeitos penais do fato até o
trânsito em julgado tornando o sujeito primário e de bons antecedentes. Efeitos primários (pena) e
efeitos secundários (reincidência e antecedentes).
b) Não afeta os efeitos cíveis da pratica do fato.
Ex: Adultério do artigo 240 do Código Penal.

2) Princípio da Pessoalidade ou Intrancedência da pena: Art. 5º, XLV.


As penas são pessoais e intransferíveis e jamais ultrapassam a pessoa do autor.
OBS.: a pena de multa, produto de crime, não paga torna-se dívida de valor inscrita e cobrada pela
Fazenda Pública, porém, por ser produto da pratica de um crime,segue o principio da intrancedência das
penas e não se comunica à herança em caso de morte do agente. Súmula 521- STJ.
3) Princípio da Individualização das penas.
As penas devem ser individualizadas atendendo as características pessoais de cada agente
tanto no momento de sua aplicação quanto da sua execução. Sendo este princípio o fundamento para o
entendimento do STF/STJ a respeito da progressão de regime e cumprimento de pena nos crimes
hediondos.

4) Princípio da Lesividade ou Ofensividade.


Conceito: para que haja crime, a conduta praticada deverá atingir afetar, lesionar bem
jurídico alheio de forma significante.
Função: proibir a incriminação de condutas que não ultrapassem a esfera do próprio
agente, por exemplo, auto lesão não é crime. Nada impede que haja crime quando uma conduta auto
lesiva afete também um bem jurídico alheio.
(Ex: tentativa de suicídio da mulher grávida = auto aborto – art. 124 CP – ou a auto lesão
para recebimento de seguro = estelionato - art. 171 CP).

4.1) Princípio da insignificância.


Conceito: Lesões ínfimas, pequenas, insignificantes a um bem alheio devem ser
desconsideradas e o fato reconhecido como atípico por ausência de tipicidade material.
OBS1.: Toda a questão de insignificância, onde a lesão do bem seja ínfima, terá como
gabarito fato atípico ou atipicidade material.
OBS2: Para o STF não se aplica o princípio da insignificância :
a) para crimes de violência ou grave ameaça a pessoa.
b) tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11343/2006).
c) falsificação de moedas (artigo 289) quanto ao pequeno valor falsificado. Falsificação
grosseira gera crime impossível, fato atípico.
OBS3: Em crimes tributários (lei 8137/90, art. 334 CP e art. 168-A do CP) a insignificância
será aplicada para afastar o crime, tornando o fato atípico para lesões de até 20 mil reais (STF). O STJ
ainda adota o parâmetro de 10 mil reais. Nos demais crimes (comuns) pondera-se a mínima lesividade da
conduta, a pequena Ofensividade para a vitima, o reduzido grau de reprovabilidade do fato e a
repercussão social.

• Classificação dos Crimes

1º grupo: Quanto ao sujeito ativo (quem pode cometer o crime).


a) Crime comum: É a regra geral do Código Penal, sendo aquele que pode ser praticado por
qualquer pessoa. Ex: arts. 121, 129 do CP.
b) Crime próprio (“de”): É aquele em que o tipo penal exige características especificas do
sujeito ativo, ou seja, é inerente a certa categoria de pessoa. Ex.: crimes de funcionário público – Art.
312, CP. Abandono Intelectual - Art. 246, CP.

OBS. (Exceção): De acordo com artigo 30 do CP, é possível se imputar o crime próprio a
quem não possua as características exigidas por ele e isto ocorre no concurso de pessoas (coautoria ou
participação) com base na Teoria Monista (regra geral) adotada pelo CP (art. 29) em que todos que
concorrem para o crime respondem pelo mesmo fato.
2º grupo: Crimes Omissivos
a) Omissão Própria (Puro)
b) Omissão Imprópria (Crimes comissivos por omissão)

OM. Própria Pura x OM. Imprópria Impura


1-Lei prevê a omissão 1- Lei prevê a ação
2-Dever de agir geral 2- Dever de agir especial (garantidores)
3-Não responde 3-Responde pelo resultado
pelo resultado 4- Há obrigação de enfrentar o perigo
4-Não há obrigação
de enfrentar o perigo

OBS.: Os omissivos impróprios não são uma classificação que se dá a um ou outro crime, mas sim uma
forma de se imputar resultados previstos em artigos ou tipos através de ação (art. 121, 129 CP) aos
garantidores que tem o dever especifico de agir, enfrentar perigo e evitar resultados (art. 13 §2 º CP).

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