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Betão Armado I: Cap III - Estado Limite Último de Esforço Transverso

3.1 Comportamento de uma peça de betão armado sujeita ao esforço transverso....................50


3.1.1 Elementos sem armadura de esforço transverso ..........................................................50
3.1.1.1 Fase não fendilhada...............................................................................................50
3.1.1.2 Fase fendilhada......................................................................................................50
3.1.2 Elementos com armadura específica ............................................................................51
3.1.2.1 Modelo de transmissão de carga para o apoio ......................................................51
3.1.2.2 Campo de tensões .................................................................................................51
3.1.3 Modos de Rotura ...........................................................................................................52
3.2 Avaliação das tensões nos elementos da treliça ..................................................................54
3.2.1 Esforço Transverso resistido pelas Armaduras Transversais .......................................54
3.2.2 Compressões no betão..................................................................................................56
3.2.3 Translação do diagrama M/z (força na armadura traccionada Fs)................................57
3.3 Casos especiais de peças, cargas e apoios .........................................................................59
3.3.1 Vigas de secção variável ...............................................................................................59
3.3.2 Secções em T................................................................................................................61
3.3.3 Deslizamento das armaduras ........................................................................................64
3.4 Verificação da Segurança .....................................................................................................66
3.4.1 Verificação da segurança de acordo com o REBAP (artigo 53º) .................................66
3.4.1.1 Verificação do betão comprimido (artigo 53.4º) .....................................................66
3.4.1.2 Dimensionamento de armaduras (artigo 53.2 e 53.3)...........................................66
3.4.1.3 Interrupção da armadura longitudinal (artigo 92º).................................................69
3.4.1.4 Armadura longitudinal nos apoios (artigo 93º) ......................................................71
3.4.1.5 Elementos sujeitos a esforços de compressão (artigo 53.2 e d)) .........................72
3.4.1.6 Armadura de ligação dos banzos à alma (artigo 97º) ...........................................72
3.4.1.7 Armadura de suspensão (artigo 98º) ....................................................................73
3.4.1.8 Forças de desvio (artigo 99º) ................................................................................74
3.4.2 Verificação da segurança de acordo com o EC2 (§ 6.2) ...............................................75
3.4.2.1 Elementos Sem Armadura Específica de Esforço Transverso (§ 6.2.2) – VEd<VRd,c75
3.4.2.2 Elementos Com Armadura Específica de Esforço Transverso (§ 6.2.2) – VEd>VRd,c76
3.4.2.3 Interrupção da armadura longitudinal (§ 9.2.1.3) ..................................................79
3.4.2.4 Armadura longitudinal inferior nos apoios (§ 9.2.1.4)............................................79
3.4.2.5 Corte na ligação entre a alma e os banzos (§ 6.2.4.)............................................80

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3.1 Comportamento de uma peça de betão armado sujeita ao esforço


transverso

3.1.1 Elementos sem armadura de esforço transverso

3.1.1.1 Fase não fendilhada

Numa viga de betão armado não fendilhada as trajectórias das tensões principais são as
representadas na figura seguinte:

trajectória das compressões principais

trajectória das tracções principais

Figura 3. 1 - Trajectória das tensões principais num elemento de betão não fendilhado

Elemento A

Para σ t = f ct dá-se o início da fendilhação

Figura 3. 2 -

3.1.1.2 Fase fendilhada

Figura 3. 3 - Fendilhação de esforço transverso e flexão

A fendilhação tende a ser perpendicular à direcção das tensões principais de tracção.


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3.1.2 Elementos com armadura específica

3.1.2.1 Modelo de transmissão de carga para o apoio

Figura 3. 4 - Modelo de Transmissão de cargas ao apoio

As armaduras transversais e longitudinais funcionam como tirantes e o betão entre fendas


como uma escora comprimida.

Figura 3. 5 - Treliça equivalente

3.1.2.2 Campo de tensões

i) Campo de tracções verticais ii) Campo de compressões inclinadas

estribos verticais
bielas comprimidas inclinadas (θ)
(ou inclinados θ)

iii) Campo de tracções e compressões paralelas ao eixo

compressões tracção (Asl)

Figura 3. 6 - Campo de tensões

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3.1.3 Modos de Rotura

A figura seguinte representa os possíveis casos de rotura de secções de betão armado.

Figura 3. 7 - Casos de rotura de secções de betão armado

1 – Rotura por Flexão Pura

Vigas com As normal – deformação excessiva da armadura de tracção, originando uma


subida da linha neutra (L.N.) e anulando o equilíbrio entre compressões e tracções.
No caso da armadura de tracção ser elevada, pode acontecer a rotura do betão sem que
as armaduras tenham atingido a tensão de cedência.

2 – Rotura por Esforço Transverso

Esta rotura é produzida por fissuras inclinadas devido às tensões principais de tracções.
Quando as armaduras transversais são insuficientes, parte do betão comprimido terá de
resistir a uma parte importante do esforço transverso. Se se verificar um aumento do
esforço as fissuras crescem até ao bordo superior do elemento.

3 – Rotura por Flexão e Corte

Se (M e V) as armaduras transversais são insuficientes as fissuras nas zonas submetias à


flexão e esforço transverso sobem mais acima que as devidas à flexão pura, produzindo
uma diminuição da camada resistente do betão comprimido.

4 – Rotura por Deslizamento de Armaduras

Devido ao esforço transverso a tensão nas armaduras cresce do centro da peça até aos
apoios. Este aumento, proporcional ao esforço transverso, é conseguido pelas tensões de
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aderência aço betão. Se esforço transverso aumentar e as armaduras transversais forem


insuficientes, pode acontecer a rotura.

Conclusões:
- A rotura é condicionada pela deformação da armadura longitudinal de tracção e, portanto,
a resistência ao esforço transverso aumenta com uma maior percentagem desta armadura
e com maior aderência entre o aço e o betão.

- A tensão na armadura longitudinal de tracção, por efeito do esforço transverso, aumenta


em relação à tensão nela implantada considerando apenas o momento flector (translação
do diagrama de momentos – REBAP artº 92).

O objectivo do cálculo do esforço transverso é proporcionar a segurança a estes tipos de


rotura e ao mesmo tempo manter a fendilhação em níveis admissíveis.

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3.2 Avaliação das tensões nos elementos da treliça

3.2.1 Esforço Transverso resistido pelas Armaduras Transversais

Considere-se um troço de viga solicitado por um esforço transverso, que se supõe


resistido pela acção da treliça.

Figura 3. 8 - As armaduras transversais devem equilibrar o esforço transverso

O número de armaduras transversais (n) intersectado por cada fissura é o seguinte:

z
n = ⋅ ( cot θ + cot α ) (3.1)
s
em que:
- s = distância na horizontal das armaduras transversais;
- z = braço do binário;
- θ - ângulo formado pelas bielas comprimidas com o eixo do elemento;
- α - ângulo formado pelas armaduras de esforço transverso com o eixo do elemento.

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O esforço transverso resistido obtêm-se projectando verticalmente o esforço total das


armaduras:

V = n ⋅ Asw ⋅ f sw ⋅ sin α (3.2)

em que:
Asw - Secção recta das armaduras situadas no plano inclinado;

fsw - tensão nas armaduras transversais.

Substituindo-se obtêm-se:

z
V = ⋅ sin α ⋅ ( cot θ + cot α ) ⋅ Asw ⋅ f sw (3.3)
s

Casos correntes: θ=45º;


α=90º (estribos verticais);

α=45º (estribos ou varões inclinados).

Quadro 3. 1 - Variação do esforço transverso resistido pelas armaduras


com os valores de α e θ
Tipo de armadura α θ=45º θ=30º
z 90 90 z 90 90
Estribos verticais 90º ⋅ Asw ⋅ f sw 1,73 ⋅ ⋅ Asw ⋅ f sw
s s
z 90 90 z 90 90
Estribos ou varões inclinados 45º 2 ⋅ ⋅ Asw ⋅ f sw 1,93 ⋅ ⋅ Asw ⋅ f sw
s s

Conclusões:
1. Os varões inclinados absorvem mais esforço transverso que os estribos verticais
para iguais áreas e espaçamentos das armaduras;

2. O comprimento dos estribos e dos varões inclinados é superior em 2;


3. Se o ângulo θ diminuir, aumenta o esforço de corte absorvido pelas armaduras
transversais.

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3.2.2 Compressões no betão

Ao mesmo tempo que se originam tensões de tracção nas armaduras o betão fica sujeito a
tensões de compressão, sendo necessário verificar se não se atinge a rotura do betão.

V
A
A

V
Figura 3. 9 - As bielas comprimidas do betão devem equilibrar o esforço transverso

z
AB = ⋅ cosψ = z ⋅ sin α ⋅ ( cot α + cot θ ) (3.4)
sin α
⎛ π ⎞
ψ = α − ⎜( −θ ⎟ cosψ = cos α ⋅ sin θ + sin α cos θ
⎝ 2 ⎠

A projecção vertical da resultantes das tensões de compressão (σc) equilibra o esforço


transverso (V):

V = σ c ⋅ b ⋅ AB ⋅ sin θ (3.5)

a tensão de compressão do betão vem dado por:

V 1
σc = ⋅ 2 (3.6)
b ⋅ z sin θ ⋅ ( cot θ + cot α )

Quadro 3. 2 - Variação das compressões nas bielas com os valores de α e θ


Tipo de armadura α θ=45º
2 ⋅V
Estribos verticais 90º < f cd
b⋅ z
V
Estribos ou varões inclinados 45º < f cd
b⋅ z
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3.2.3 Translação do diagrama M/z (força na armadura traccionada Fs)

A V
P 1 P
Fc Fc

Vs/senθ

2 Fs
Fs
A
V V

a) viga fissurada b) viga não fissurada

Figura 3. 10 - Efeito do esforço transverso nas armaduras longitudinais

Considerando um troço da viga fissurado, armaduras transversais continuamente


distribuídas segundo o plano AA e o equilíbrio de momentos no ponto P (figura 3.10 a)
vem:
z V z V
∑M P =0 Fs ⋅ z − (a + ⋅ cot θ ) ⋅
2 sin α
⋅ sin α + ⋅
2 sin α
⋅ cos α = 0 (3.7)

A força na armadura traccionada vem dada por:

V ⎡ z ⎤
Fs = ⋅ ⎢ a + ⋅ ( cot θ − cot α ) ⎥ (3.8)
z ⎣ 2 ⎦

Comparando o valor anterior com o valor que se obteria numa viga não fissurada
(figura3.10 b),

V ⋅a
Fs ⋅ z = V ⋅ a Fs = (3.9)
z

Das 2 equações anteriores conclui-se que se verifica uma translação do diagrama M/z
correspondente a uma aumento da força nas armaduras de;

z
a = ⋅ ( cot θ − cot α ) (3.10)
2
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M
Fs
M/z

V
Fs
V/2 . (cotg θ - cotg α)

V
Fs
z/2 . (cotg θ - cotg α)

M/z + V/2 . (cotg θ - cotg α)

Figura 3. 11 - Translação do diagrama M/z

Para ter em conta o efeito do esforço transverso nas armaduras longitudinais é suficiente
considerar uma translação do diagrama de momentos de um valor igual a
z
a = ⋅ ( cot θ − cot α ) .
2

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3.3 Casos especiais de peças, cargas e apoios

3.3.1 Vigas de secção variável

d
z
Figura 3. 12 - Viga de secção variável

Equilíbrio de forças verticais

Vr = V − Fs ⋅ sin α s − Fc ⋅ sin α c (3.11)

Equilíbrio de forças horizontais

N = Fs ⋅ cos α s − Fc ⋅ cos α c (3.12)

Equilíbrio de Momentos

M = Fc ⋅ cos α c ⋅ z (3.13)

Substituindo a equação 3.13 na equação 3.12 vem:

⎛M ⎞ 1
Fs = ⎜ + N ⎟ ⋅ (3.14)
⎝ z ⎠ cosα s

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Substituindo 3.12 e 3.14 em 3.11 vem:

⎛M ⎞ M
Vr = V − ⎜ + N ⎟ ⋅ tan α s − ⋅ tan α c (3.15)
⎝ z ⎠ z

Considerando que:
tan α c tan α ′
= e tan α s = tan α (3.16)
z d

substituindo:
M ⎛M ⎞
Vr = V − ⋅ tan α ′ − ⎜ + N ⎟ ⋅ tan α (3.17)
d ⎝ z ⎠

Nota: Nesta expressão, os sinais devem considerar-se por forma a que o esforço
transverso diminua em valor absoluto se a secção aumentar com o aumento do momento
flector.

Exemplo:

Figura 3. 13 - Exemplo de viga de secção variável

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3.3.2 Secções em T

No dimensionamento de secções abertas em T, em I ou em caixão, há que considerar os


esforços de corte longitudinais (esforço rasante) que ocorre na ligação de vários
elementos.
Para absorver e controlar estas forças torna-se necessário dimensionar uma armadura e
limitar as tensões de corte.

- Tensões em fase não fendilhada

d
Fc1

bw

M
Fc1

Fc1+dFc1

V dx

Figura 3. 14 - Tensões em fase não fendilhada

V ⋅S
τh = (3.18)
I ⋅e
em que:
V – Esforço transverso;

S - momento estático do elemento que define a secção onde se pretende calcular τh, em
relação ao eixo da secção;

I - momento de inércia do elemento que define a secção onde se pretende calcular τh,
em relação ao eixo da secção;

e - espessura da secção onde se pretende calcular τh (espessura do banzo).

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- Tensões em fase fendilhada

b
Fc Fc+dFc

hf
Fc1
Fs Fs+dFs
bw
dx

Figura 3. 15 - Tensões em fase fendilhada

⎛ dFc1 ⎞ 1 Atot dM
Fc = Fs = M ⋅ z ; τ =⎜ ⎟⋅ ; Fc1 = Fc ⋅ =V
⎝ dx ⎠ h f A′ dx

⎛ dM ⎞
d⎜ ⎟
⎛ dF ⎞ 1
τ = ⎜ c1 ⎟ ⋅ = ⎝
z ⎠ ⋅ A′ ⋅ 1 = V ⋅ A′ (3.19)
⎝ dx ⎠ hf dx Atot d z ⋅ d Atot

Atot - área total do banzo comprimido (ou área total de armadura traccionada num banzo
traccionado);

A´ - área total de betão da parte do banzo para um dos lados da alma (ou a área das
armaduras na parte do banzo para um dos lados da alma).

Com base nesta análise de tensões pode verificar-se a admissibilidade dos valores obtidos.
O dimensionamento de armaduras com base nas tensões principais não é apropriado.

As armaduras podem obter-se com base num modelo de treliça conforme indicado na
figura 3.16.

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Na figura seguinte é representada a degradação da resultante das tensões de compressão


da alma para o banzo de uma viga em T.

z.cotg θ1
Fc1

θ2
Fc1
Ft
Fc.cos θ1

θ2
Fc
z

θ1

Fc
1
tg θ V

θ1
z.co
Fs

Figura 3. 16 - Degradação da resultante da resultante das tensões de compressão da alma para o banzo

Fc 1
Fc1 = ⋅ cosθ 1 ⋅
2 cos θ 2

Fc sin θ 2 Fc
Ft = Fc1 ⋅ sin θ 2 = ⋅ cos θ 1⋅ = ⋅ tan θ 2 ⋅ cos θ 1
2 cos θ 2 2

Ft Asf Ft Fc ⋅ sin θ 1
Asf = ⇒ = =
f syd s z ⋅ cot θ 1⋅ f syd 2 ⋅ z ⋅ cot θ 2 ⋅ f syd

V A V
Fc = (estribos verticais) ⇒ sf =
sin θ 1 s 2 ⋅ z ⋅ cot θ 2 ⋅ f syd

Se θ 1 = θ 2 → A armadura de ligação banzo - alma é metade da armadura de esforço


transverso:
Asf 1 As
= ⋅
s 2 s

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3.3.3 Deslizamento das armaduras

O cálculo da tensão de aderência ( τ b ), que se verifica entre o betão e as armaduras num

comprimento elementar ds de uma viga submetida à flexão, pode ser realizado da


seguinte forma:
M + dM M dM V .ds
dFs = − = = (3.21)
z z z z
em que M é o momento actuante.

M M+dM

Fs Fs+dFs

Figura 3. 17 - Tensões de aderência

Este esforço, dFs, tem de ser absorvido mediante tensões de aderência τb que actuam no
perímetro das armaduras. Considerando que estas tensões são constantes ao longo de ds
dFs = n ⋅ π ⋅ φ ⋅ τ b ⋅ ds

1 dFs 1 V b
τb = ⋅ = ⋅ = ⋅τ 0 (3.22)
n ⋅ π ⋅ φ ds n ⋅π ⋅φ z n ⋅π ⋅φ
em que:
n = número de varões traccionados da armadura longitudinal;

∅ = diâmetro de cada um dos varões;

V = esforço transverso de cálculo;

b = largura da secção;

τ0 = tensão tangencial na zona traccionada.

De acordo com o art. 80º do REBAP a tensão admissível por aderência é dada por:
f bd = 0,30 ⋅ f cd

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Do exposto anteriormente considera-se que os varões se encontram em boas condições


de aderência quando se verificar a seguinte condição:
τ b ≤ f bd

no caso das armaduras estarem submetidas a elevados gradiantes de tensão, armaduras


de grande diâmetro, deverá proceder-se a uma verificação local de aderência, que
consiste em satisfazer a seguinte condição (artigo 80º):

ΔFsSd
τ bSd = ≤ f bd (3.23)
u ⋅ Δx
em que:
τbSd - número de varões traccionados da armadura longitudinal;

ΔFsSd - diferença entre as forças na armadura em duas secções distantes de Δx, sendo
Δx≤10∅ (correspondente ao valor de cálculo do esforço actuante);

u - perímetro da secção da armadura: no caso de agrupamentos, será o perímetro da secção


de diâmetro equivalente definido no art. 76.1);

fbd - valor de cálculo da tensão de rotura por aderência.

Normalmente esta verificação não é necessária para elementos com varões de diâmetro
inferior a 32 mm.

De acordo com o REBAP para evitar o escorregamento do varão, é suficiente amarrar o


varão dispensado de um comprimento de amarração base igual a lb (ver figura 3.18)

bd
Fs

lb

Figura 3. 18 - Comprimento

φ φ2
Fbd ≥ Fs → f bd ⋅ ( perimetro ⋅ lb ) = As ⋅ f syd → f bd ⋅ 2π ⋅ ⋅ lb = π ⋅ ⋅ f syd →
2 4
φ f syd
→ lb = ⋅ (3.24)
4 f bd
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3.4 Verificação da Segurança

3.4.1 Verificação da segurança de acordo com o REBAP (artigo 53º)

De acordo com o REBAP a verificação da segurança ao estado limite último de esforço


transverso consiste em satisfazer a seguinte condição:

VSd ≤ VRd (3.25)

em que:
VSd = Valor de cálculo do esforço actuante;

VRd = Valor de cálculo do esforço resistente.

A determinação do valor de cálculo do esforço transverso resistente deve ser efectuada


com base na teoria de Mörsch, considerando as bielas comprimidas do betão inclinadas a
45º (Método Padrão).

3.4.1.1 Verificação do betão comprimido (artigo 53.4º)

VSd ≤ VRd = τ 2 ⋅ bw ⋅ d com τ 2 = 0,3 ⋅ f cd (3.26)

Nota: Esta verificação é equivalente a verificar a tensão de compressão nas bielas de


acordo com a expressão 3.6.

3.4.1.2 Dimensionamento de armaduras (artigo 53.2 e 53.3)

VSd ≤ VRd = Vcd + Vwd (3.27)

em que:
Vcd - Termo corrector da teoria de Mörsch;

Vwd - Termo que traduz a resistência das armaduras de esforço transverso.

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Termo Corrector - Vcd

O termo Vcd representa a resistência do betão ao esforço transverso. Este termo tem em
conta o efeito de ferrolho e de consola (ver figura 3.19) e o efeito de arco (figura 3.20 e
3.21).

efeito de
consola

efeito de inter-
bloqueamento dos inertes

F- F efeito de
F
ferrolho

Figura 3. 19 - Forças desenvolvidas nos dentes

Figura 3. 20 - Efeito de arco

V
outros efeitos

efeito de arco

treliça bw

b/bw
1 23 6 15
Figura 3. 21 - Factores que contribuem para a resistência ao esforço transverso

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3.4.1.2.1 Elementos Sem Armadura Específica de Esforço Transverso (Vsd ≤ Vcd)

Nas zonas em que Vsd ≤ Vcd colocar armadura mínima (art.º 94.2)

Vsd ≤ Vcd = τ 1 ⋅ bw ⋅ d (3.28)

⎧0,16 A235
Asw 1 ⎪
ρw = ⋅ ⋅100 ≥ ⎨0,10 A400 (3.29)
s bw ⋅ sin α ⎪0, 08 A500

em que:
bw - largura da alma da secção;

Nota: em vigas de largura variável para valor de bw deverá tomar-se a menor largura
numa zona compreendida entre a armadura traccionada e ¾ da altura útil.

As1 As1

Figura 3. 22 - Largura bw

As1

Figura 3. 23 - Secção rectangular equivalente para secções circulares

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3.4.1.2.2 Elementos com armadura especifica ( Vsd > Vrd)

O valor de Vwd pode ser obtido pela seguinte expressão:

Asw
Vwd = 0,9 ⋅ d ⋅ ⋅ f syd ⋅ (1 + cot α ) ⋅ sin α (3.30)
s

em que:
d - altura útil;

Asw - área da secção transversal da armadura de esforço transverso;

s - espaçamento das armaduras transversais;

fsyd – valor de cálculo da tensão de cedência do aço;

α = o ângulo que as armaduras transversais fazem com o eixo da peça

Nas zonas em que Vsd > Vrd as armaduras especificas de esforço transverso podem ser
calculadas pela seguinte expressão:

Asw Vwd
= (3.31)
s 0,9 ⋅ d ⋅ f syd ⋅ (1 + cot α ) ⋅ sin α

3.4.1.3 Interrupção da armadura longitudinal (artigo 92º)

al
lb,net

diagrama envolvente
de (Msd/z +Nsd)

diagrama da força
de tracção actuante
lb,net
lb,net diagrama da força
de tracção resistente

Figura 3. 24 - Translação do diagrama Msd/z

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O valor da translação depende do nível do esforço transverso e do tipo de armaduras


utilizadas.
2 2
VSd ≤ τ 2 ⋅ bw ⋅ d VSd > τ 2 ⋅ bw ⋅ d
3 3
- estribos verticais (al=d) - estribos verticais (al=0,75d)

- estribos verticais mais varões - estribos verticais mais varões


inclinados a 45º (al=0,75d) inclinados a 45º (al=0,5d)

- estribos inclinados a 45º (al=0,5d) - estribos inclinados a 45º (al=0,25d)

Da análise dos valores acima verifica-se uma diminuição de al com o aumento do esforço
transverso e que pode ser justificado da seguinte forma:
z
V = ⋅ sin α ⋅ ( cot θ + cot α ) ⋅ Asw ⋅ f sw
s
V ⋅s
cot θ = (3.32)
z ⋅ sin α ⋅ Asw ⋅ f sw

z
Da equação 3.10 a = ⋅ ( cot θ − cot α )
2
Substituindo a equação 3.31 na equação 3.10 obtemos

V 1
a= ⋅ − z ⋅ cot α (3.33)
Asw 2 ⋅ sin α ⋅ f sw
s
Asw
Da equação 3.29 Vwd = 0,9 ⋅ d ⋅ ⋅ f syd ⋅ (1 + cot α ) ⋅ sin α
s

V 0,9 ⋅ d ⋅ f syd ⋅ ( cot θ + cot α ) ⋅ sin α


= (3.34)
Asw 1 − Vcd / Vsd
s

1 2
⎛ Vsd ⎞ ⎛ Vsd ⎞
Assim (Vsd ) > (Vsd )
1 2
⎜⎜ ⎟⎟ < ⎜⎜ ⎟⎟ (al )1 < (al )2
⎝ Asw / s ⎠ ⎝ Asw / s ⎠

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3.4.1.4 Armadura longitudinal nos apoios (artigo 93º)

- Apoios directos

As armaduras longitudinais nos apoios devem ser amarradas para além da face interior de
apoio de um comprimento, lb,net, calculado para uma força Fs dada por:
al Fs
Fs = Vsd ⋅ As ,cal = (3.35)
d f syd

⎧ As ,cal
⎪lb ⋅ ⋅ α1
lb ,net ≥ ⎨ As ,ef
⎪10 ⋅ φ

em que:
VSd – valor de cálculo do esforço transverso actuante no apoio;

al – translação do diagrama de momentos (artigo 92º)

- Apoios indirectos

As armaduras longitudinais devem ser amarradas para além da face interior de apoio igual
a 1/3 da largura deste de um comprimento, lb,net, calculado para uma força Fs dada por:
al Fs
Fs = Vsd ⋅ As ,cal =
d f syd

⎧ As ,cal
⎪lb ⋅ ⋅ α1
lb ,net ≥ ⎨ As ,ef
⎪10 ⋅ φ

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3.4.1.5 Elementos sujeitos a esforços de compressão (artigo 53.2 e d))

O esforço axial atrasa o início da fissuração e aumenta a extensão da zona comprimida


(REBAP Art.º 53.2d).

⎛ M ⎞
Vcdcorrigido = Vcd ⋅ ⎜⎜1 + 0 ⎟⎟ ≤ 2 ⋅ Vcd (3.36)
⎝ M sd ⎠
em que:
MSd - valor de cálculo do momento actuante;

M0 - o momento que aplicado à secção anularia a tensão de compressão resultante do


esforço normal actuante de cálculo (momento de descompressão.

σMo σNsd

NSd

N
Mo

As1

σMo = Mo/w σNd = N/A

Figura 3. 25 - Determinação de Mo

M 0 N Sd N N b ⋅ h2 h
σ =0→ − = 0 → M 0 = Sd ⋅ w = Sd ⋅ = N Sd ⋅
w A A b⋅h 6 6

3.4.1.6 Armadura de ligação dos banzos à alma (artigo 97º)

Nos casos correntes em que os banzos sejam betonados conjuntamente com a alma,
poderá tomar-se para a armadura de ligação dos banzos à alma, metade da secção dos
estribos da alma mas com o mesmo espaçamento (ver figura 3.26).
b
hf

Asf/s
Asw/s

Asf/s=0,5 Asw/s
bw

Figura 3. 26 - Armadura de ligação dos banzos à alma

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3.4.1.7 Armadura de suspensão (artigo 98º)

3.4.1.7.1 Apoios Indirectos

O apoio de uma viga secundária numa viga principal (apoio indirecto), quando haja
interpenetração das duas vigas, deve realizar-se por meio de armaduras de suspensão,
constituídos por estribos adicionais da viga principal.

Vp Vs

Vp
Vs
V

Figura 3. 27 - Transmissão de esforços em apoios indirectos

A carga transmitida à viga principal (Vp) é transmitida à face superior através de estribos
de suspensão com uma secção:
V
As =
f syd

No caso de ambas as vigas terem a face superior ao mesmo nível a armadura de


suspensão pode ser reduzida na relação h2/h1.

Esta armadura deve estender-se para um e outro lado do eixo da viga secundária de
acordo com a figura seguinte.

Vp

Vs

Figura 3. 28 - Zona de distribuição da armadura de suspensão

A armadura de suspensão deve ser adicionada à armadura transversal da viga principal.

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3.4.1.7.2 Cargas suspensas

No caso de elementos como os representados na figura 29, é necessário dispor de uma


armadura de suspensão capaz de transmitir a totalidade da carga para a parte superior da
viga e ser aí convenientemente amarrada.

Figura 3. 29 - Cargas suspensas

Ps
As ≥ Ps – carga suspensa
f syd

3.4.1.8 Forças de desvio (artigo 99º)

As forças de desvio ocorrem em peças com ângulos salientes nas zonas comprimidas, ou
em peças com ângulos reentrantes nas zonas traccionadas.
No caso das zonas comprimidas é necessário dispor de uma armadura capaz de absorver
as forças de compressão.
No caso das zonas traccionadas em peças com ângulos reentrantes as forças de desvio
podem ser absorvidas cruzando as armaduras e prolongando-as convenientemente para
além desta zona.
Fc Fc
Fd

Figura 3. 30 - Forças de desvio

⎧ Fd = 2 ⋅ Fc ⋅ sin α
⎪ 2 ⋅ M Sd F ⎛A ⎞ Fd
⎨ M Sd → Fd = ⋅ sin α → Ad = d → ⎜ sw ⎟ =
⎪⎩ Fd = z 0,9 ⋅ d f syd ⎝ s ⎠ u ⋅ f syd

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3.4.2 Verificação da segurança de acordo com o EC2 (§ 6.2)

A determinação do valor de cálculo do esforço transverso resistente deve ser efectuada


com base na teoria de Mörsch, considerando dois métodos:
- Método padrão - bielas comprimidas do betão inclinadas a 45º;
- Método das bielas de inclinação variável - 1, 0 ≤ cot θ ≤ 2,5

3.4.2.1 Elementos Sem Armadura Específica de Esforço Transverso (§ 6.2.2) –


VEd<VRd,c

O valor de cálculo do esforço transverso resistente VRd,c é dado por (§ 6.2.2):

VRd ,c = ⎡CRd ,c k (100 ρl f ck ) 3 + k1 ⋅ σ cp ⎤ ⋅ bw ⋅ d


1
(3.37)
⎣ ⎦

com um mínimo de VRd ,c = ⎡⎣ vmin + k1 ⋅ σ cp ⎤⎦ ⋅ bw ⋅ d

em que:
VRd,c – valor de cálculo do esforço transverso resistente do elemento sem armadura
específica de esforço transverso em N;

0,18 200
C Rd,c = ; k = 1+ ≤ 2, 0 com d em mm;
γc d

ρ l = Asl /(bw ⋅ d ) ≤ 0,02 - em Asl é a área de armadura de tracção prolongando-se pelo


menos d+lb,net para além da secção considerada (ver figura 3.31)
lbd Vsd lbd Vsd secção considerada

45° 45°
d

lbd d
Asl Asl
Vsd

Figura 3. 31 - Definição de Asl

k1 = 0,15 ; σ cp = N Ed / Ac ;

NEd – esforço normal na secção devido às cargas aplicadas ou ao pré-esforço (compressão


positiva)

bw – largura mínima da secção ao longo da altura útil em mm;

vmin = 0, 035k f ck .
3
2

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No caso de elementos em que VEd ≤ VRd ,c é necessário a colocação de uma armadura

mínima (§ 9.2.2)

⎛ Asw ⎞
⎜ ⎟ = ρ w ⋅ bw ⋅ sin α (3.38)
⎝ s ⎠ min
em que:
ρw – percentagem de armadura de esforço transverso;

Asw – área de armadura de esforço transverso contida num comprimento s;

s – espaçamento da armadura de esforço transverso;

bw – largura da alma do elemento;

α – ângulo que as armaduras transversais fazem com o eixo da peça.

O valor recomendado para a armadura mínima é dado pela expressão

0, 08 f ck
ρ w,min =
f yk

3.4.2.2 Elementos Com Armadura Específica de Esforço Transverso (§ 6.2.2)


– VEd>VRd,c

O valor de cálculo do Esforço Transverso Resistente é dado por:

VRd = VRd , s + Vccd + Vtd (3.39)

em que:
VRd – valor de cálculo do esforço transverso resistente que pode ser suportado por um
elemento com armadura específica de esforço transverso;

VRd,s – é a contribuição das armaduras de esforço transverso;

Vccd – é componente vertical da força desenvolvida num banzo inclinado em compressão;

Vtd – é componente vertical da força desenvolvida nas armaduras num banzo inclinado em
tracção.

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Fs
Vod MSd

Fc Fc
Fccd

Figura 3. 32 - Elementos de secção variável

Nota: Vccd e Vtd são considerados positivos na mesma direcção de Vod.


Nas situações usuais em que as inclinações das faces superior (αs) e inferior (αi) do
elemento é pequena, pode assumir-se que αs=tgαs e αi=tgαi. Considerando ainda que
Fc=Fs=MSd/z, a expressão 3.47 pode escrever-se da seguinte forma:
M Sd
VSd = Vod − ⋅ (tgα s − tgα i )
z

3.4.2.2.1 Método Padrão (§ 6.3.2) - θ = 45º

3.4.2.2.1.1 Estribos verticais (α=90º)

O valor do esforço transverso resistente é dado pela expressão


Asw
VRd , s = z. f ywd (3.40)
s
1
com um mínimo de VRd ,max = α cw .bw .z.ν 1. f cd
2

em que:
⎡ f ck ⎤
ν 1 = 0, 6 ⎢1 − ;
⎣ 250 ⎥⎦

⎧ 1 ← σ cp = 0

⎪ 1 + σ cp ← 0 < σ ≤ 0, 25 f
⎪⎪ f cd
cp cd

α cw =⎨
⎪ 1, 25 ← 0, 25 f cd < σ cp ≤ 0,50 f cd
⎪ ⎛ σ cp ⎞
⎪2,5 ⎜ 1 − ⎟ ← 0,50 f cd < σ cp ≤ f cd
⎩⎪ ⎝ f cd ⎠

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3.4.2.2.1.2 Estribos inclinados


O valor do esforço transverso resistente é dado pela expressão
Asw
VRd ,s = z. f ywd (1 + cot α ) sin α (3.41)
s
1 + cot α
com um mínimo de VRd ,max = α cw .bw .z.ν 1. f cd
2

3.4.2.2.2 Método das bielas de inclinação variável (§ 6.3.2) - 1, 0 ≤ cot θ ≤ 2,5

3.4.2.2.2.1 Estribos verticais (α=90º)

O valor do esforço transverso resistente é dado pela expressão


Asw
VRd , s = z. f ywd cot θ (3.40)
s
1
com um mínimo de VRd ,max = α cw .bw .z.ν 1. f cd
cot θ + tan θ

em que:
⎡ f ck ⎤
ν 1 = 0, 6 ⎢1 − ;
⎣ 250 ⎥⎦

⎧ 1 ← σ cp = 0

⎪ 1 + σ cp ← 0 < σ ≤ 0, 25 f
⎪⎪ f cd
cp cd

α cw =⎨
⎪ 1, 25 ← 0, 25 f cd < σ cp ≤ 0,50 f cd
⎪ ⎛ σ cp ⎞
⎪2,5 ⎜ 1 − ⎟ ← 0,50 f cd < σ cp ≤ f cd
⎩⎪ ⎝ f cd ⎠

3.4.2.2.2.2 Estribos inclinados


O valor do esforço transverso resistente é dado pela expressão
Asw
VRd , s = z. f ywd ( cot θ + cot α ) sin α (3.41)
s
cot θ + cot α
com um mínimo de VRd ,max = α cw .bw .z.ν 1. f cd
1 + cot 2 θ

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3.4.2.3 Interrupção da armadura longitudinal (§ 9.2.1.3)

al
lb,net

diagrama envolvente
de (Msd/z +Nsd)

diagrama da força
de tracção actuante
lb,net
lb,net diagrama da força
de tracção resistente

Figura 3. 33 - Diagrama envolvente para o cálculo de elementos flectidos

O valor da translação do diagrama MEd/z.

- al = z ⋅ (cot θ − cot α ) / 2

3.4.2.4 Armadura longitudinal inferior nos apoios (§ 9.2.1.4)

- Apoios extremos

Nos apoios com fraco grau de encastramento a armadura longitudinal deve ser pelo
menos ¼ da armadura longitudinal do vão.

As armaduras longitudinais nos apoios devem ser amarradas para além da face interior de
apoio de um comprimento, lbd de acordo com o § 8.4.4., calculado para uma força FE dada
por:
al Fs
FE = VEd ⋅ + N Ed As ,cal = (3.46)
z f sywd

em que:
NEd – esforço normal de tracção.

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- Apoios intermédios

Nos apoios com fraco grau de encastramento a armadura longitudinal deve ser pelo
menos ¼ da armadura longitudinal do vão.

As armaduras devem ser contínuas sobre os apoios ou correctamente ancoradas.

3.4.2.5 Corte na ligação entre a alma e os banzos (§ 6.2.4.)

O valor de cálculo da força média de deslizamento é dada por:


ΔFd
ν Ed = (3.49)
h f Δx

em que:
ΔFd – variação da força de tracção longitudinal actuando numa secção do banzo ao longo da
distância Δx;

Δx – distância entre pontos de momento máximo e momento nulo.

A – bielas de compressão; B – armaduras longitudinais existentes para trás deste ponto de projecção
Figura 3. 34 - Armadura de ligação dos banzos à alma

O cálculo das armaduras Asf/sf poderá ser condicionado pela resistência à compressão das
bielas comprimidas, de acordo com a seguinte condição:
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vEd ≤ v. f cd .sin θ f cos θ f (3.50

com 26,5º≤θf≤45º para banzos comprimidos


e 38,5º≤θf≤45º para banzos traccionados

e determinado pela seguinte expressão:


As f vEd h f
≥ (3.52)
sf f yd cot θ f

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