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Resumo Direito Penal 1º Bi
Resumo Direito Penal 1º Bi
“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.”
Crimes unissubjetivos – são infrações penais que podem ser praticadas por uma única pessoa,
são também chamados de delitos de concurso eventual;
Crimes plurissubjetivos – são infrações penais que exigem, no mínimo, duas pessoas para que
possam se configurar, são também chamados delitos de concurso necessário. Exemplo: art. 281
do C.P. (associação criminosa, exige 3 ou mais pessoas), e art. 137 do C.P. (crime de rixa, exige
3 ou mais rixentos ou rixosos, sem o direcionamento da conduta, ou seja, não há como
identificar o comportamento de cada um, por ser um conflito generalizado).
Surgiram três teorias com a finalidade de distinguir e apontar a infração penal cometida por
cada um dos participantes:
Foi a teoria adotada pelo Código Penal. Para essa teoria, todos os que concorrem para o
crime incidem nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Embora o crime
seja praticado por diversas pessoas, permanece único e indivisível.
Embora o CP tenha adotado a teoria monista ou unitária em seu artigo 29, os parágrafos
desse artigo, ao punirem de forma diferente a participação em determinadas situações,
deixou clara a aproximação também da teoria dualista. Por isso, alguns autores dizem que o
Brasil adotou a teoria monista “mitigada, temperada ou matizada”.
2. Teoria pluralista
No concurso de pessoas, cada um dos agentes pratica um crime próprio, autônomo e distinto
dos demais. A aplicação dessa teoria consiste numa exceção no direito penal brasileiro: crime
de corrupção (ativa, prevista no art. 333, e passiva, prevista no art. 317) e aborto (art. 124
para a gestante que realiza o aborto, e art. 126, para a pessoa que realiza o aborto com
autorização da gestante).
3. Teoria dualista
Há diferenciação entre o crime cometido pelo autor, e o crime cometido pelo partícipe.
Essa teoria não se adapta ás hipóteses de autoria mediata. Não foi adotada pelo legislador
brasileiro, mas aparece como exceção nos artigos 35 (associação destinada ao tráfico) e 37
(informação destinada ao tráfico), da Lei 11.343/06 – Lei de Drogas.
1. Autor
Autor direto/imediato: todo aquele que realiza diretamente a ação típica, no todo ou em parte,
colaborando na execução.
Autor indireto/mediato: quem realiza a ação típica através de outrem que não é imputável ou
que não age com culpabilidade.
OBS: Se o agente se utiliza de pessoa menor de idade e com juízo de reprovabilidade, se encaixa
no conceito de autor? Tecnicamente, não é autor, mas atua como partícipe.
É a teoria adotada no Brasil. Autor é quem pratica a conduta atípica, e partícipe é quem
auxilia com o resultado, praticando, em regra, condutas que não se adequam no tipo penal.
O autor é não só aquele que realiza a ação típica, mas também aquele que tem o domínio
final do fato, o controle sobre as ações típicas dos demais.
c. Teoria extensível
Todos que contribuem para o resultado são autores. Essa teoria era adotada pelo Código
Penal Brasileiro antes da mudança na parte geral, não diferenciava autor de partícipe.
Coautor
Coautor é aquele que juntamente com outra(s) pessoa(s) realiza a ação configuradora do delito.
2.1. Crimes próprios: são aqueles que o legislador exige determinados requisitos, predicados,
do sujeito ativo. Ex: crimes cometidos por agentes públicos contra a administração pública,
como peculato. Embora haja crimes que só possam ser realizados por determinadas pessoas,
não se exclui a possibilidade de participação e coautoria.
2.2. Crimes culposos: os crimes culposos admitem a participação de outras pessoas, mas não a
coautora.
2.3. Crimes omissivos puros ou próprios: admitem participação, mas não coautoria, pois o crime
consiste em um não-fazer. Ex: omissão de socorro.
2.4. Infanticídio (art. 30 C.P.): é considerado um crime comissivo próprio, só pode ser praticado
pela mãe no estado puerperal (circunstância elementar). A doutrina majoritária entende que
esse crime admite coautoria e participação, pela comunicabilidade das ações.
3. Participação
Partícipe é aquele que não realiza a conduta descrita no preceito primário da norma penal
incriminadora, mas pratica um comportamento que contribui para a produção do resultado. O
direito penal brasileiro adota a teoria da acessoriedade isto é, autor tem a conduta principal e
partícipe tem conduta acessória.
3.1. Modalidades
3.2. Participação da participação: pode ter uma conduta acessória de outra conduta acessória
que culmina no crime.
3.3. Participação sucessiva: duas ou mais pessoas irão influenciar outra a cometer um delito. A
influência deve ocorrer de fato, pois, se por exemplo, A influencia C, que toma uma decisão; se
posteriormente B tentar influenciar C, quando este já tiver tomado uma decisão, não é
considerado partícipe, apenas A será considerado como tal.
• Mínima: para que o partícipe seja punido pela prática de um crime, basta que ele
concorra para o cometimento do fato típico, ainda que este fato típico não seja ilícito.
• Limitada: o partícipe deve concorrer para o fato típico e ilícito.
• Extremada: o partícipe responde pelo crime somente se o fato for típico, ilícito e
culpável.
• Hipoacessoriedade: o partícipe responde se o fato for típico, ilícito, culpável e ainda,
nele incidir todos os agravantes e atenuantes de caráter principal relativas ao autor
principal.
3.5. Não há participação dolosa em crime culposo, assim como não há participação culposa
em crime doloso.
Ex: A empresta arma a B dizendo estar descarregada, para B fazer uma brincadeira de mau gosto
com C. C morre porque a arma estava, na verdade, carregada, e A sabia disso. B não sabia ->
quem acionou a arma responde por homicídio culposo, e quem emprestou a arma responde por
homicídio doloso. Isso corresponde a uma cisão do comportamento, pois não há participação
dolosa em crime culposo.
3.6. Participação de menor importância do agente (art. 29, § 1º do C.P.): só é aplicável aos
partícipes, não a coautores. Toda vez que a participação do agente for considerada de menor
importância, a pena desse agente será reduzida de 1/6 a 1/3.
3.7. Cooperação dolosamente distinta e excesso de mandato (art. 29, § 2º do C.P.): esse
parágrafo só é aplicável aos partícipes e traduz prova inequívoca de que o mandante do crime
responde como partícipe.
“§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado
mais grave”.
a. Teoria psicológica: a culpabilidade é um nexo psíquico que liga o delito ao seu autor, fazendo-
o penalmente responsável. Para essa teoria, dolo e culpa são espécies de culpabilidade que tem
como pressuposto a imputabilidade do agente. Não explica a coação moral irresistível ou a
resistência hierárquica.
b. Teoria normativa ou psicológica normativa: não basta a exigência de dolo e culpa para a
existência da culpabilidade, exige-se ainda que a conduta possa ser realizada conforme o direito.
c. Teoria extrema ou estrita da culpabilidade (teoria pura): Hans Wezel – o dolo e a culpa
integram o tipo penal, localizando-se dentro da conduta humana. São elementos da
culpabilidade: imputabilidade, potência ciência da ilicitude e exigibilidade de conduta adversa
(adotada pelo código).
c. Teoria limitada da culpabilidade: parte da doutrina entende que é subespécie da teoria pura,
a diferença entre as 2 está nas discriminantes putativas. Essa teoria adota o conceito analítico
de crime próprio da teoria dos elementos negativos do crime (crime é um fato típico culpável –
Miguel Reale).
Para nossa legislação, erro e ignorância são tratados como sinônimos, e causam os mesmos
efeitos, mas na verdade a ignorância consiste na absoluta falta de conhecimento da realidade,
e o erro é a falsa percepção da realidade.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.
1. Erro de tipo essencial: aquele que incide sobre todos os elementos ou circunstâncias da figura
típica. Sempre irá excluir o dolo. A falsa noção da realidade retira do agente a capacidade de
perceber que pratica determinado crime. Em alguns casos excepcionais o erro essencial pode
levar a desclassificação do delito. Exemplo de erro de tipo essencial: motorista que adentrou em
carro idêntico ao seu, acreditando ser seu, mas na verdade era de outra pessoa.
➢ Inevitável (invencível, escusável): nesse erro, o agente atua com atenção a todos os
cuidados objetivos, todavia, o resultado é produzido. Nessa modalidade de erro, há
exclusão do dolo e da culpa.
➢ Evitável (vencível, inescusável): haverá também a exclusão do dolo, mas não da culpa,
pois aqui o agente não se cerca de todos os cuidados objetivos. O agente será punido a
título de culpa desde que para tanto haja previsão legal.
2. Erro de tipo acidental: todo aquele que decai sobre elemento acessório secundário. Nesses
casos, o agente, apesar do equívoco, percebe que pratica o crime; justamente por esse motivo,
o erro não o beneficia. A falsa percepção da realidade incide sobre dados irrelevantes da figura
típica. Encontra-se previsto nos arts. 20, § 3º, 73 e 74 do CP.
Subdivide-se em:
2.1. Erro sobre o objeto: dá-se quando o erro recai sobre o objeto do crime. Ex: o agente furta
coisa distinta da pretendida. O erro é irrelevante, porquanto subtraiu bens de outrem e sabe
sobre a ilicitude do ato. É preciso frisar, contudo, que só haverá erro sobre o objeto, enquanto
modalidade de erro acidental, se a confusão de objetos materiais não interferir na essência do
crime.
2.2. Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º): dá-se quando o agente atinge pessoa diversa da que
pretendia ofender (vítima efetiva), por confundi-la com outra (vítima virtual). Ocorre uma
confusão mental, em que o indivíduo enxerga uma pessoa e sua mente identifica pessoa distinta.
As características a serem levadas em conta serão as da vítima virtual. Ex: agente que pretendia
matar B, e acaba matando C acreditando ser esta a pessoa certa. O agente responderá por
homicídio em relação a B (vítima virtual).
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem
o agente queria praticar o crime.
2.3. Erro na execução ou aberratio ictus (art. 73 do C.P.): nele inexiste qualquer confusão
mental, o que ocorre é um equívoco na execução do fato. No momento em que se dá início ao
iter criminis, ocorre uma circunstância inesperada ou desconhecida, normalmente decorrente
da inabilidade do sujeito, a qual faz com que se atinja uma pessoa diversa da pretendida ou um
bem jurídico diferente do imaginado. Nesse caso, o agente também responde por homicídio em
relação à vítima virtual, e não efetiva.
Não importa quantos resultados serão produzidos, o agente responderá apenas por 1. Ex:
agente A pretende matar B, mas acaba matando C, D, E e F -> responderá por 1 homicídio,
levando em consideração as características de B. Ocorre de pessoa para pessoa.
➢ Aberratio ictus com unidade simples (art. 73, 1ª parte): há erro de execução,
mas o agente não chega a atingir a vítima virtual. Ex: art. 121, § 1º, II, § 4º, c.c. art. 73
1ª parte; art. 121, § 2º, II c.c. art. 14, II e art. 73 1ª parte.
➢ Aberratio ictus com unidade complexa (art. 73, 2ª parte): há erro de execução,
e o agente atinge tanto a vítima efetiva quanto a vítima virtual, será aplicada a regra do
concurso formal de crimes (art. 70 do C.P.). Ex: art. 13, § 2º.
2.4. Aberratio criminis (art. 74 do C.P.): quando, fora dos casos do art. 73 do C.P., por acidente
ou erro na execução, sobrevier resultado diverso do pretendido. O agente responderá por culpa
se o fato for previsto como crime culposo. Se ocorrer também o resultado pretendido, será
aplicada a regra do concurso formal de crimes (art. 70 do C.P.). Ocorre de coisa para pessoa. Ex:
uma pessoa que visa destruir uma vitrine com uma pedra, mas erra o alvo e atinge uma pessoa.
O agente responderá por delito de lesões corporais de natureza culposa, afastada a
responsabilidade sobre a tentativa de dano.
2.5. Aberratio causal: o processo causal não se dá da forma planejada. O agente responderá
pelo resultado efetivamente realizado. Ex: agente que pretende matar uma pessoa por
afogamento, a arremessa do alto de uma ponte, mas antes de cair na água choca-se com um
pilar e falece por traumatismo craniano.
Consiste na interpretação equivocada da lei. O agente atua com dolo, pois supunha ser lícita
uma conduta que, no entanto, era proibida pelo ordenamento jurídico.
As descriminantes putativas consistem nas situações imaginárias em que o agente supõe uma
situação de fato que, se fosse verdadeira, justificaria plenamente seu comportamento.
Embora inserida no artigo que trata sobre erro de tipo, é considerada erro de proibição.
Advirta-se que não se deve confundir erro de proibição com desconhecimento da lei, o qual é
incapaz de isentar alguém do dever de cumpri-la (ignorantia legis neminem excusat — art. 21,
1ª parte, do CP). Isto porque a maioria da população nunca compulsou lei alguma, muito menos
o Código Penal, mas mesmo tais pessoas sabem bem que matar, roubar, sequestrar, ofender a
honra etc. são crimes.
■ se a pessoa subtrai coisa de outra, acreditando ser sua, encontra-se em erro de tipo (não sabe
que subtrai coisa alheia); contudo, se crê ter o direito de subtrair coisa alheia, como o caso do
credor em relação ao devedor inadimplente, há erro de proibição.
O reincidente é todo aquele que, ostentando a condenação definitiva pela prática de um delito,
posteriormente venha a cometer outro delito, e é condenado novamente. A reincidência se dá
em crimes dolosos, culposos, e preterdolosos (dolo antecedente e culpa consequente), em
relação a qualquer tipo de pena.
Efeitos
a) Constitui uma circunstância agravante que prepondera sobre outras circunstâncias legais.
c) Inviabiliza a suspensão da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, no caso
da reincidência específica nos termos do art. 44, § 3º do C.P. (reincidente pelo mesmo crime
doloso).
f) O reincidente na prática de crime hediondo (Lei 8.072/90, art. 1º) ou assemelhado (tortura,
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins) não faz jus ao livramento condicional.
g) O reincidente em crime doloso, desde que não hediondo ou semelhante, fará jus ao
livramento condicional após o cumprimento da metade da pena.
h) A reincidência faz com que o prazo para a prescrição da pretensão executória seja aumentada
em 1/3 (art. 110 do C.P.).
i) É causa obrigatória de revogação da reabilitação criminal desde que o sentenciado não tenha
sido condenado por pena de multa (art. 95 do C.P.).
j) Inviabiliza a aplicação da Lei 9.099/95, que trata, entre outros assuntos, da transação penal e
da suspensão constitucional do processo (Lei dos Juizados Especiais Criminais).
k) Inviabiliza o reconhecimento do privilégio nos crimes de furto (art. 155, § 2º), estelionato (art.
171 § 1º), apropriação (art. 170) e receptação (art. 180, § 5º).
Temporariedade
➢ Próprio: todo aquele que atenta contra um bem protegido somente no Código Penal
Militar, não geram reincidência.
➢ Impróprio: todo aquele cujo bem ou interesse é protegido pelo Código Penal Militar e
pela legislação penal comum, geram reincidência.
Crimes políticos
São todos aqueles que atentam contra a existência, organização e manutenção do próprio
Estado, não geram reincidência. Ex: propaganda revolucionária reversiva (art. 22 da Lei
7.170/83).