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Resumo
Introdução
No processo de autonomia, enquanto indivíduos, dos alunos surgem diversas atividades, antes
proposições. O sentimento de empoderamento deu instrumentos para realização de práticas
pedagógicas e culturais, que futuramente tornam-se herança da construção do estudante em
ocupação. Semanas após todo o alarde pela Ocupação da ETESC, muitos interessados surgiram
oferecendo ajuda para além dos insumos. Convites de universidades e outras instituições para
trazerem atividades compreendidas em palestras, debates e oficinas. O evento “Onde você
esconde seu Racismo?”, com propósito de provocar reflexões acerca do racismo velado que se
reproduz cotidianamente de forma corriqueira fez sucesso com os alunos negros que
exploravam maneiras de consolidar um coletivo, dando-lhes projeções de possíveis atividades
na escola que contemplassem às pautas do movimento negro.
Cada dia de ocupação exigiu criatividade em resolver problemas, mas acima tudo manter
nutrida a motivação dos estudantes ativos. Na falta de mantimentos pelo fim dos estoques de
doações, alunos têm a ideia de cultivar seu próprio alimento. Na sala 315 é feita a primeira
sementeira de couve, cebola, alface, pimenta, acelga e beterraba. E descobre-se outra
possibilidade de ocupação: a da terra.
Pensando em atrair alunos ainda desconfiados dos propósitos da Ocupação; e retardar o atraso
por conta da ausência das aulas. Estudantes reúnem-se e buscam material didático, combinam
com alunos e ex-alunos - e até professores convidados - para constituem uma grade de horários
de aulões que ficou disposta no quadro negro do segundo andar para consulta e contribuição de
interessados. O interesse por artes cênicas dos siris (primeiro ano na escola) foi o arcabouço na
construção da oficina de teatro. Realizada no auditório, reunia diversas prática do universo
teatral. Conduzida por uma aluna de química que com sua experiência no mundo da atuação
instruiu canto, improvisação e dança. Com o desenvolver da oficina uma peça foi elaborada
para apresentação no show de talento que estava sendo organizado pelos alunos ocupantes.
Outras escolas foram convidadas, companhias de dança e artistas independentes que se
juntaram aos alunos da ETESC em uma noite de apresentações. No final a peça não foi
apresentada por insegurança dos atores frente à arrebatadora plateia que lotou o auditório.
Concomitantemente ao desenvolvimento interno das diversas ocupações, negociações na
Assembleia legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) eram deliberadas entre a defensoria pública,
alunos ocupantes e a FAETEC, culminando no termo de compromisso: acordo realizado entre
estudantes e suas unidades sobre compromissos a serem cumpridos pela FAETEC na
transparência de contas, alimentação, uniforme, infraestrutura, transporte, democracia escolar
entre outros, na condição da desocupação das unidades. No dia 5 de julho de 2016, as unidades
são desocupadas. Após dois anos da ocupação da ETESC, percebemos alguns avanços, dentre
alguns retrocessos, claro! Entretanto, sabemos que toda revolução começa no miúdo, nas
pequenas conquistas e que, muito do que vimos realizar naquele período poderá vir a acontecer
no futuro. No momento, vivenciamos algumas realidades promissoras: a horta torna-se o projeto
EcoETESC, com diversas vertentes em sustentabilidade, agricultura ecológica e Permacultura1.
Os aulões, enquanto não é organizado o projeto de pré-vestibular, ocorrem a qualquer hora na
sala do grêmio, com auxílio de um quadro improvisado de giz. O teatro, agora duas vezes na
semana, na grama, no auditório e onde mais cederem espaço funciona plenamente no horário
do almoço. Os estudantes começam a constituir um modelo real de atuação na escola, à medida
que revivem o sentimento de ocupação que aclama democracia, emancipação e
multiculturalidade.
Objetivos
Materiais e Métodos
A pesquisa vem sendo desenvolvida desde março de 2017 na Escola Técnica Estadual
Santa Cruz, por estudantes do segundo ano do ensino médio técnico integrado de cursos de
áreas diferentes. Os mesmos vem sendo orientados por dois professores do Setor de Projetos
1
Conceito utilizado em xxxxx
da Escola, realizando o levantamento e estudo dos dados e propósitos da pesquisa em encontros,
leituras obrigatórias fundamentais, rodas de conversa e debate acerca de experiências e saberes
complementares. O desenvolvimento tem acontecido, presencialmente, toda semana, e,
virtualmente, sempre que necessário e, a partir de contradições e semelhanças teóricas,
progredindo o trabalho de resgate da matéria-prima da produção – a memória-, por meio de
símbolos que dialogam com a realidade vivenciada pelos envolvidos no processo de ocupação.
Além de encontros, leituras e rodas de conversa, o progresso da pesquisa se expressa na
coleção de materiais – vídeos, gravações, documentos, fotografias, o relato dos estudantes
ocupantes, pais, mães, responsáveis e professores -, utilizando dispositivos de gravação de
áudio e de filmagem.
Em um trabalho conjunto com a equipe do projeto e o desenhista, de posse do roteiro,
e de todo o planejamento do documentário, inicia-se a etapa da produção do documentário com
a utilização de programa de animação digital, com a técnica draw my life. A seleção de fotos
foi realizada em duas etapas: a primeira, do momento pré ocupação e ocupação através de fotos
que foram doadas para o pesquisador; a segunda, do momento pós ocupação, quando se iniciam
os trabalhos de resgate da história da ocupação. Com a seleção das fotografias pelos estudantes
que protagonizaram a ocupação e que pertencem ao presente projeto, eles mesmos definiram o
critério para a escolha das fotografias que lhes foram apresentadas pelo pesquisador, a saber: a
estética e o potencial de deflagrar lembranças, memórias, histórias... Às selecionadas foram
adicionadas palavras que fazem algum tipo de referência à situação, estudante, ocasião
registrada. Todo este processo foi filmado, gravado e fotografado para o projeto de pesquisa de
pós graduação a que o mesmo se insere (ROITBERG, 2017)
Seguem alguns registros que fazem parte da coleção de material existente:
Figura 1 – Tempo de colher: etapa em que se encontra o projeto da horta comunitária (Foto:
Profª Cláudia Sales)
Figura 2 – Panela doada durante período de ocupação da ETESC. Acervo: Centro de Memória
ETESC. Foto: Prof. Julio Roiberg
Figura 3 – Doação de mantimentos durante a ocupação da ETESC Acervo: Prof. Julio Roiberg
Resultados e Discussão
Conclusões
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33ª edição. Paz
& Terra, 1996.
MEIHY, J. C. S; HOLANDA, F. História, escrita, subversão e poder. In: História oral: como
fazer, como pensar? José Carlos Sebe Bom Meihy, Fabíola Holanda. 2. Ed. São Paulo:
Contexto, 2013. P. 98-100.