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AGLOMERANTES
1. GENERALIDADES:
Os aglomerantes são substâncias destinadas a ligar materiais frequentemente usados nas construções.
Várias são as substâncias que possuem propriedades aglutinantes, como por exemplo, a argila, o gesso, a
cal, o cimento, etc.
Em geral são materiais pulverulentos que, em contato com a água, formam uma pasta que ao endurecer (por
reações físicas, químicas ou físico-químicas) adere os materiais com os quais foi posta em contato, formando
corpo sólido.
A mistura do aglomerante e água é denominada de pasta. Quando há água em excesso chama-se nata.
O asfalto é também um material aglomerante, porém de outra natureza, e será estudado em outra
oportunidade.
2. CLASSIFICAÇÃO:
De um modo geral, os aglomerantes podem ser classificados em quimicamente inertes (endurecem por
simples secagem, como é o caso da argila) e quimicamente ativos (que endurecem por reações químicas,
como é o caso da cal, gesso e cimentos).
Os quimicamente ativos podem ser:
Simples: são aqueles constituídos por um único produto e que depois do cozimento não recebem adição
de outros produtos, a não ser em pequenas porcentagens, admitidas em suas especificações. Por ex.:
cal aérea, cal hidráulica, gesso, cimento Portland.
Composto: obtido pela mistura de subprodutos industriais (escorias de alto forno) ou produtos naturais
de baixo custo (pozolanas - cinzas vulcânicas) com um aglomerante simples.
Misto: resultante da mistura de dois ou mais aglomerantes simples. Não é fabricado no Brasil.
Com adição: é o aglomerante simples ao qual foram adicionados produtos que excedam às suas
especificações.
A classificação mais importante é aquela feita segundo as propriedades propriamente ditas dos aglomerantes.
Estão assim divididos em:
Aglomerantes aéreos: conservam suas propriedades somente em presença do ar, pois não resistem à
ação da água. Ex.: cal aérea, gesso.
Aglomerantes hidráulicos: conservam suas propriedades tanto na presença do ar como na água. Tem
melhor resistência mecânica que os aéreos. Ex.: cimentos.
3. CAL AÉREA:
3.1 Histórico
É um dos aglomerantes mais antigos usados pelo homem, em suas construções. Embora haja evidências da
presença da cal ao longo da maior parte da existência humana, foi somente a partir da civilização egípcia que
o produto começou a aparecer com frequência nas construções. Como exemplo, temos a famosa Via Ápia
(312 AC). É simplesmente espantoso que a Via Ápia ainda tenha, em alguns trechos, condições de tráfego,
após 2300 anos de utilização.
3.2 Produção
É produzida pela calcinação (queima) de rochas calcárias, calcita (CaCO3) ou dolomita (CaCO3.MgCO3), a
uma temperatura de aproximadamente 900ºC. Após a rocha ser devidamente analisada e moída, obedecendo
às exigências químicas e físicas, é enviada à fornos com altíssimas temperaturas para ser calcinada, o que
promove a retirada do gás carbônico. Desse processo se obtém a CAL VIRGEM, que se apresenta
usualmente, sob a forma de grãos de vários tamanhos e grandes dimensões (cerca de 10 a 20 cm).
Assim:
O CO2 vai transformando lentamente a superfície da argamassa formada por carbonato de cálcio e vai
penetrando lentamente na massa que assim vai se consolidando. Essa reação de carbonização só é possível
em presença da água que, dissolvendo ao mesmo tempo a cal e o CO2, possibilita essa combinação,
funcionando a água como catalisador. A carbonatação produz então, do exterior para a interior e seu
processamento é tanto mais lento quanto mais lisa fica a superfície A recarbonatação é acompanhada de
aumento de volume, o que causaria o deslocamento das alvenarias executadas com cal. Este fenômeno é
atenuado pelo fato de se empregar a cal aérea misturada com areia constituindo uma argamassa, sendo que,
por outro lado, o emprego da areia além de reduzir a retração que se processa com a perda de umidade,
aumenta a porosidade facilitando a penetração do CO2.
Essa reação ocorre na temperatura ambiente e exige a presença de água. Verificou-se que o gás carbônico
seco não combina satisfatoriamente com o hidróxido. O processo é lento, podendo, entretanto, ser acelerado
pelo aumento da proporção de gás carbônico presente na atmosfera. O resultado, porém, não é satisfatório,
uma vez que tal aceleração conduz ao desenvolvimento insuficiente dos cristais de carbonatos, que resulta
no enfraquecimento final do produto.
3.4 Aplicações gerais da cal:
É comumente usada na Construção Civil para o preparo de argamassas de revestimento e nas de
assentamento de componentes de alvenaria, onde seu emprego torna-se imprescindível, trazendo uma série
de benefícios, tais como: trabalhabilidade (consistência, plasticidade e coesão); capacidade de retenção de
água; resistência mecânica compatível; ser durável e não afetar a durabilidade de outros materiais e da
construção como um todo. Também na preparação de tinta: caiação, que é uma das formas mais tradicionais
e econômicas de pintura, pelo seu baixo custo, facilidade de aplicação e de manutenção, sendo adequadas
às habitações de interesse social. Pela sua alcalinidade as pinturas de cal têm um grande efeito asséptico.
Ainda é empregada na construção de estradas, como elemento de estabilização de solos de baixa capacidade
de suporte e como aditivo de misturas asfálticas, assegurando maior longevidade ao capeamento das
rodovias.
5. CIMENTO
Nota Histórica
O termo cimento é proveniente do latim “Caecimentun” que significa pedaços de pedras não talhadas.
O emprego de cimentos é bem antigo. Os antigos egípcios usavam gesso impuro calcinado. Os gregos e
romanos usavam calcário calcinado, e aprenderam, posteriormente, a misturar cal, água, areia e pedra
britada, tijolos ou telhas. Foi o primeiro concreto da história. A argamassa de cal não endurece debaixo d'água
e, para construções sob a água, os romanos trituravam cal com cinzas vulcânicas ou telhas de argila
queimadas finamente moídas. A sílica ativa e a alumina da cinza e das telhas se combinavam com o calcário
para formar o que veio a ser chamado de cimento pozolânico, devido ao nome da cidade de Pozzuoli, perto
do Vesúvio, onde a cinza vulcânica foi encontrada pela primeira vez.
O nome do cimento pozolânico ainda hoje é usado para os cimentos obtidos, de forma simples, pela trituração
de materiais naturais à temperatura normal. Algumas das estruturas romanas, onde as pedras eram ligadas
com argamassa, como o Coliseu e a Pont du Gard, perto de Nimes resistem até hoje, com o material ligante
ainda rijo e firme.
Nas ruínas de Pompéia, a argamassa, muitas vezes, se apresenta menos deteriorada pelas intempéries do
que a pedra.
O templo de Phanteon em Roma foi construído em 27 A.C. pelo imperador Marco Agripa e a sua cúpula com
um diâmetro de 47m feita com concreto contendo cal, cinza vulcânica (pozolana) e pedra-pomes (agregado
leve).
Outros exemplos de aplicações se seguem, como pontes, aquedutos e obras marítimas que apresentaram
bom comportamento por cerca de dois milênios. O concreto romano era feito com agregado de pedra
vulcânica ou pedra-pomes, e o aglomerante uma mistura de cal e pozolana natural (cinza vulcânica).
A Idade Média trouxe um declínio geral na qualidade e uso do cimento e só no século XVIII registra-se um
avanço da tecnologia dos cimentos. John Smeaton, encarregado em 1756 de reconstruir o farol de Eddystone,
ao largo da costa de Corn, descobriu que se obtinha uma argamassa melhor quando a pozolana era misturada
ao calcário calcinado contendo elevado teor de argila. Identificando o papel da argila, até então considerada
indesejável, Smeaton foi o primeiro a reconhecer as propriedades químicas da cal hidratada.
Seguiu-se o desenvolvimento de outros cimentos hidráulicos, como o “cimento romano”, obtido por James
Parker ao calcinar nódulos de calcário argiloso, culminando com a patente do cimento Portland, registrada
em 1824 por Joseph Aspdin, um construtor de Leeds. Este cimento era fabricado aquecendo-se uma mistura
de argila, finamente dividida, e calcário num forno até eliminar o CO2. A temperatura era bem inferior à
necessária para formação do “clínquer”. O protótipo de cimento moderno foi criado em 1845 por Isaac
Johnson, que queimou uma mistura de argila e greda (giz) até a formação do clínquer, possibilitando a
ocorrência das reações necessárias à formação de compostos de alta resistência no cimento.
O nome de cimento Portland, originalmente devido à semelhança de cor e de qualidade do cimento hidratado
com a pedra de Portland - um calcário extraído em Dorset - é usado até hoje para designar um cimento obtido
pela mistura apropriada de materiais calcários e argilosos, ou outros materiais contendo sílica, alumina ou
óxido de ferro, aquecendo tudo a uma temperatura necessária para a clinquerização e moendo-se o clínquer
resultante.
A degradação das obras executadas com concreto de cimento Portland, principalmente nestes últimos
cinquenta anos, é causada pelo meio ambiente no qual a estrutura está exposta ou por fatores internos ao
próprio concreto.
As causas externas podem ser químicas, físico-químicas ou mecânicas, devidas ao ataque por líquidos ou
gases, ação eletrolítica, ocorrência de temperaturas extremas ou erosão. A extensão da deterioração causada
por estes agentes depende muito da qualidade do concreto, embora internamente deva-se atentar para
eventuais reações com os agregados, permeabilidade e variações volumétricas.
Obs.: Concreto vem da palavra latina "concretus", que significa "crescido junto”.
- Matérias Primas:
Calcário
O calcário é um mineral dos mais abundantes na crosta terrestre. E composto predominantemente por
carbonato de cálcio e, secundariamente, por carbonatos de cálcio mais carbonatos de magnésio. Os calcários
podem ser Calcíticos, Dolomíticos ou Magnesianos dependendo das concentrações de cálcio e magnésio
presentes na sua composição.
Argila
As argilas são rochas e, como tal, constituídas de um certo número de minerais em proporções variáveis. Os
minerais argilosos são essencialmente silicatos de alumínio hidratados. Em algumas argilas o alumínio é
substituído parcialmente pelo ferro, podendo estar presentes, como constituintes essenciais, os elementos
alcalinos ou mesmo alcalino terrosos.
Matérias primas usadas como corretivos
Os materiais corretivos empregados na indústria têm como função primordial suprir as matérias primas de
elementos químicos que não se encontrem disponíveis nas matérias primas principais. Os corretivos mais
utilizados na indústria cimenteira são os seguintes:
• Areia: Utilizada quando ocorre uma deficiência em teor de SiO2 nas matérias primas.
• Bauxita: É uma mistura de óxidos de alumínio hidratados e utilizada quando ocorre deficiência de
alumínio nas matérias primas.
• Minério de Ferro: É uma designação geral para minerais ricos em ferro. O mais comumente usado é a
hematita (Fe2 03) por ser o mineral de ferro mais abundante e importante comercialmente.
- Britagem:
E o processo de fragmentação e cisalhamento do mineral em questão (calcário no nosso caso), responsável
pela redução e adequação da granulometria do minério quando necessário, preparando-o para a fase
seguinte. Dependendo da granulometria original do minério (calcário), o processo da britagem pode ser
efetuado em um, dois ou mais estágios, recebendo em cada estágio a denominação de britagem primária,
secundária, etc. O processo de britagem normalmente ocorre na mina, sendo que os equipamentos
(britadores) podem efetuar a britagem primária e secundária em um mesmo circuito ou em circuitos
separados.
Tecnologia dos Materiais de Construção Civil
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- Pré-homogeneizaçao:
É o processo de empilhamento ordenado e adequado do calcário após britagem, bem como das argilas após
extração/remoção da mina, visando atenuar as variáveis intrínsecas dos minerais rochosos.
- Clinquerização:
A farinha (cru) após ser homogeneizada e estocada, segue para alimentação do forno que dará origem a
formação do clínquer.
O forno é rotativo em forma de um cilindro que tem de 60 a 300 metros de comprimento e mede de 2 a 6
metros de diâmetro, revestido interiormente de material refratário, tendo uma inclinação sobre o plano
horizontal de 3 a 5% e possui uma velocidade periférica de cerca de 10 m/min. O forno, em sua parte mais
elevada, recebe a Farinha (Cru) e, em sua parte mais inclinada, possui um maçarico que é alimentado pela
queima de combustível (carvão, gás ou óleo).
A farinha (cru) entra no sistema do forno a uma temperatura em torno de 650ºC, sendo então aquecida até o
seu cozimento e transformação em clínquer. O forno atinge temperaturas altíssimas, podendo chegar a
14500C, proporcionando o seu cozimento e transformação em clínquer.
O clínquer é esfriado bruscamente em um aparelho chamado resfriador que, na verdade, recebe ar de fora
para dentro, resfriando o clínquer de 1000ºC para 150ºC. Ao mesmo tempo, esse ar aquecido (± 500ºC) passa
a ser utilizado no forno como ar secundário na combustão do óleo utilizado no maçarico. Os gases da
combustão - cuja temperatura é máxima no seio da chama, na zona de combinação – cedem
progressivamente seu calor ao material e saem pela extremidade superior do forno a uma temperatura de
350ºC
- Adições
As adições são outras matérias-primas que, misturadas ao clínquer na fase de moagem, permite a fabricação
dos diversos tipos de cimento Portland hoje disponíveis no mercado Essas outras matérias-primas são: o
gesso, as escórias de alto-forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos.
Gesso: O gesso tem como função básica aumentar o tempo de endurecimento do clínquer moído. Caso
não se adicionasse o gesso à moagem do clínquer, o cimento, quando entrasse em contato com
a água, endureceria quase que instantaneamente, o que inviabilizaria seu uso nas obras. Por
isso, o gesso é uma adição presente em todos os tipos de cimento Portland. A quantidade
adicionada é pequena: em geral, 3% de gesso para 97% de clínquer, em massa.
Escória: As escórias de alto-forno são obtidas durante a produção de ferro-gusa nas indústrias
siderúrgicas e têm forma de grãos de areia. Antigamente, as escórias de alto-forno eram
consideradas como um material sem maior utilidade, até descobrir-se que elas também têm a
propriedade de ligante hidráulico muito resistente, ou seja, que reagem em presença de água,
principalmente em ambiente alcalino, desenvolvendo características aglomerantes de forma
muito semelhante à do clínquer. Essa descoberta tornou possível adicionar a escória de alto-
forno na moagem do clínquer com gesso, guardadas certas proporções, e obter como resultado
um tipo de cimento que, além de atender plenamente aos usos mais comuns, apresenta melhoria
de algumas propriedades, como maior durabilidade e maior resistência final.
Materiais Pozolânicos: são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na
natureza, certos tipos de argilas queimadas em elevadas temperaturas (550ºC a 900ºC) e
derivados da queima de carvão mineral nas usinas termelétricas, entre outros. É um material
silicoso ou sílico-aluminoso que, apesar de não ter por si só, propriedades de aglomerante
hidráulico, na forma finamente dividida e em presença de água reage quimicamente com o
hidróxido de cálcio a temperatura normal, para formar os mesmos compostos que são produzidos
pela hidratação de Cimento Portland.
- Pozolana Natural: É a que tem atividade pozolânica sem necessidade de nenhum tratamento
especial de ativação. São de origem: Ígnea (através da meteorização de pós, cinzas e lavas
vulcânicas) ou Orgânica (pela formação de rochas sedimentares constituídas por esqueletos
de algas diatomáceas).
- Argila Calcinada: Algumas argilas, que quando calcinadas a temperaturas de 500ºC a
900ºC, se tornam materiais que também possuem atividades pozolânicas.
Conclui-se, pois que, de todas as adições, o gesso não pode, em hipótese alguma, deixar de ser misturado
ao cimento, e que as demais matérias-primas adicionadas (escória de alto-forno, materiais pozolânicos, sílica
ativa e materiais carbonáticos) são totalmente compatíveis com o principal componente do cimento Portland
- o clínquer - acabando por conferir ao cimento pelo menos uma qualidade a mais.
Fórmula Química % no
Compostos Abrev. Propriedades Tecnológicas
Clássica clínquer
Silicato É o principal constituinte do cimento.
Tricálcico 3CaO.SiO2 C3S 50 – 65 Endurecimento rápido, Alto calor de hidratação,
(Alita) Alta resistência inicial.
Silicato Segundo principal constituinte do cimento.
Bicálcico 2CaO.SiO2 C2S 15 – 25 Endurecimento lento, Baixo calor de hidratação,
(Belita) Baixa resistência inicial.
Pega muito rápida e deve ser controlado com
Aluminato
adição de gesso, suscetível ao ataque de meios
Tricálcico 3CaO.Al203 C3A 6 – 10
sulfatados, alto calor de hidratação, alta retração
(Alumina)
e baixa resistência final.
Ferro
Endurecimento lento, resistente a meios
Aluminato
4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF 3–8 sulfatados, não tem contribuição para
Tetracálcio
resistência, cor escura.
(Ferrita)
Aceitável somente em pequenas quantidades.
Cal Livre CaO C 0,5 – 1,5 Em maiores quantidades causam aumento de
volume e fissura
Os cimentos Portland são especificados por sua composição química, tipo de adições e propriedades físicas,
químicas e mecânicas.
As propriedades químicas do cimento Portland estão diretamente ligadas ao processo de endurecimento do
cimento por hidratação de seus componentes. O mecanismo preciso das reações e os compostos
envolvidos no processo de endurecimento ainda não são bem conhecidos, restando muitas questões a serem
esclarecidas.
O cimento Portland é um sistema químico constituído por compostos anidros (sem H2O), instáveis na
presença da água, mas que, hidratando-se, transforma-se em um novo sistema estável de compostos
hidratados. Ex.: C3S e C2S são compostos anidros que, reagindo com a água, transformaram-se em
compostos hidratados.
Esses compostos anidros são sempre mais solúveis que os compostos hidratados. Mesmo na presença de
uma quantidade de água insuficiente para dissolvê-los inteiramente, eles se dissolvem até a saturação,
formando uma solução supersaturada em relação aos compostos hidratados.
A cristalização espontânea dessa solução supersaturada constitui a pega.
À proporção que ocorre a cristalização dos compostos hidratados, uma nova quantidade de compostos
anidros é dissolvida e assim sucessivamente. Esta reação continua, desde que haja água suficiente, até a
transformação do sistema anidro no sistema hidratado. Essa transformação corresponde ao endurecimento
progressivo do cimento, resultando na formação de finas agulhas cristalinas que aderem entre si, produzindo
uma massa densa e resistente.
- Tempo de Pega:
O tempo de pega do cimento é importante para permitir a aplicação adequada de pastas, argamassas ou
concretos, isto é, sem perda de plasticidade e trabalhabilidade. Para controlar o tempo de pega, é adicionado
o gesso (CaSO4.2H20) na moagem do cimento, cujo controle é feito através do teor de SO3.
A caracterização da pega dos cimentos é feita pela determinação de dois tempos distintos:
- Tempo de início de pega: é aquele decorrido desde a adição da água até o início das reações com os
compostos do cimento. Tal período de tempo constitui o prazo disponível para as operações de
manuseio (mistura, transporte, lançamento e adensamento) das argamassas e concretos, que
deverão estar em repouso na posição definitiva para permitir o desenvolvimento do endurecimento.
- Tempo de fim de pega: é aquele que o cimento deixa de ser deformável para pequenas cargas,
tornando-se corpo sólido.
Terminada a pega inicia-se o endurecimento do cimento e o ganho de resistência propriamente dito, até o
final, prescrito pela Norma.
Fatores que influenciam na pega:
a) Composição química;
b) Finura: os cimentos muito finos têm início de pega mais rápido e o fim de pega um pouco mais
demorado que os menos finos;
c) Temperatura: quanto maior for a temperatura, menor será o tempo de início de pega;
d) Compostos Solúveis:
- Aceleradores: cloreto de cálcio, cloreto de sódio (sal de cozinha), potássio, soda, etc.
- Retardadores: gesso, carbonato de cálcio, óxido de zinco, açúcar, etc.
A determinação do tempo de pega é feita através do aparelho de Vicat (ABNT NBR 16607:2018), antes deve-
se determinar a consistência normal da pasta (ABNT NBR 16606:2018).
- Calor de Hidratação:
O cimento Portland, ao hidratar-se, desenvolve apreciável quantidade de calor (reação exotérmica).
Nas obras onde são aplicadas grandes massas de concreto, como barragens de peso, por exemplo, essa
liberação de calor é muito grande, sendo prejudicial ao concreto.
Tem-se constatado elevação de temperatura de até 50ºC, ficando durante bastante tempo essa elevação de
temperatura e levando anos para que a temperatura no centro da massa atinja o valor final e definitivo.
A quantidade de calor gerado depende da composição química do cimento, quantidade e tipo de adições e
finura do cimento.
- Retração:
A pasta, argamassa e o concreto, depois de endurecidos, não constituem corpos perfeitamente sólidos, pois
apresentam uma rede de poros muito finos, contendo água ou ar.
A pasta, argamassa e o concreto quando saturados, expostos ao um meio não saturado, perdem parte da
água que enche os seus poros, dando lugar ao fenômeno da capilaridade, que originam esforços equivalentes
a uma pressão aplicada sobre o esqueleto sólido, do exterior para o interior, denominada pressão de retração.
Em consequência dessa pressão, no caso dos corpos que tenham movimentos livres em todas as direções,
há uma redução de volume, denominada retração.
Podemos considerar de um modo geral, as seguintes retrações:
- pasta pura: 1,5 a 2,0 mm/m
- argamassa: 0,6 a 1,5 mm/m
- concreto: 0,2 a 0,7 mm/m
A importância do conhecimento da retração para o cálculo das estruturas de concreto reside no fato de que
com a variação de comprimento das peças dos sistemas estaticamente indeterminadas, podem surgir
esforços de grande vulto.
- Resistência à Compressão:
A resistência à compressão do cimento é medida através de corpos de prova cilíndricos 50 mm x 100 mm
de altura, com um traço normalizado, com areia padrão do IPT. Diversos tipos de cimentos, com suas
características de finura e composição, têm curvas de resistências x idade distintas, que normalmente definem
o seu uso ou não, em determinadas aplicações. É um ensaio importante para o controle de qualidade do
cimento (ABNT NBR 7215:2019).
- Massa Especifica:
A massa específica não é uma indicação de qualidade do cimento. Ela é utilizada para cálculo de dosagens
de concretos e argamassas, e na determinação da finura por superfície especifica (ensaio de Blaine).
- Tonalidade do cimento:
Existe uma mentalidade generalizada, fora do meio técnico, de que os cimentos com tonalidade escura são
mais resistentes que os claros. Isto não corresponde a uma realidade. A cor do cimento é influenciada pela
composição química das matérias primas, principalmente o teor de Fe2O3, não existindo nenhuma relação
entre cor de cimento e sua resistência.
ESTOCAGEM DO CIMENTO:
O cimento é um produto que reage com a água. Essa é a característica fundamental para sua utilização.
Portanto ele não deverá absorver umidade antes do momento do uso. Para conservar suas propriedades
físicas e químicas, até o momento de seu preparo, o cimento deverá ser estocado em áreas cobertas com o
ambiente o mais seco possível. Evite estocá-lo em contato com paredes, piso, laje de cobertura, e pontos de
umidade (Torneiras, banheiros, etc.). Estoque em pallets de até 24 sacos. Em obra, providencie estrados de
madeira distantes aproximadamente 30 cm do chão. Deixe espaço entre as pilhas. Evite estocar cimento por
muito tempo e realize rotatividade do estoque. Em casos extremos de ambientes úmidos (estação chuvosa),
providencie uma lona plástica e proteja o estoque de cimento. A proteção com lonas plásticas prolonga
sensivelmente o tempo de conservação da qualidade do cimento.
BIBLIOGRAFIA
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
AGNESINI, Marcos V.C. Materiais de Construção Civil I. apostilado Faculdade de Engenharia de São Carlos.
São Carlos, 1978.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND
BAUER, L. A. Falcão. Materiais de Construção vol 1. 3.d. São Paulo. LTC Editora, 1987.
KATTAR, José Eduardo e ABREU, José Vanderlei –publicação “Holdercim” Brasil S.A.
MONTEIRO, Paulo J. M. e MEHTA, P. Kumar, Concreto Estrutural - Propriedades e Materiais, São Paulo,
Pini, 1994.
SILVA, Moema Ribas - Materiais de Construção. 2.ed. São Paulo. Pini,1991.
r.Fc
/F .100
m
Onde:
/F – índice de finura do cimento, em porcentagem;
r – resíduo do cimento na peneira 75 µm, em g;
Tecnologia dos Materiais de Construção Civil
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m – massa inicial do cimento, em g;
Fc – fator de correção da peneira utilizada no ensaio, determinado de acordo com o disposto na ABNT
NBR NM ISO 3310-1:2010, devendo estar compreendido no intervalo de 1,00 ± 0,20.
A finura do cimento é caracterizada pelo índice de finura, que é o material retido na peneira de 75 µm,
expresso em porcentagem de massa. O resultado do ensaio é o valor obtido em uma única determinação,
com aproximação de 0,1 %.
Onde:
A é a quantidade de água, expressa em porcentagem (%);
ma é a massa de água utilizada para a obtenção da consistência normal da pasta de cimento, expressa
em gramas (g);
mc é a massa de cimento utilizada no ensaio, expressa em gramas (g).