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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.

501/2014-5

Número Interno do Documento:


AC-1444-03/16-2

Colegiado:
Segunda Câmara

Relator:
ANA ARRAES

Processo:
019.501/2014-5

Sumário:
PRESTAÇÃO DE CONTAS. CONTAS REGULARES COM QUITAÇÃO PLENA PARA ALGUNS RESPONSÁEIS. CONTAS
REGULARES COM RESSALVA E QUITAÇÃO PARA OS DEMAIS RESPONSÁVEIS. RECOMENDAÇÃO

Assunto:
Prestação de Contas (exercício de 2013)

Número do acórdão:
1444

Ano do acórdão:
2016

Número da ata:
03/2016

Relatório:
Adoto como relatório a instrução elaborada na Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária,
Hídrica e Ferroviária - SeinfraHidroFerrovia (peça 10), acolhida pelo diretor (peça 11), pelo secretário
(peça 12) e pelo Ministério Público junto ao TCU - MPTCU (peça 13):

"INTRODUÇÃO

1. Cuidam os autos de processo de contas anuais da Secretaria de Portos da Presidência da República


(SEP/PR), relativo ao exercício de 2013.

2. O processo de contas foi organizado de forma individual, conforme classificação constante do art. 5º
da Instrução Normativa - TCU 63/2010 e do anexo I à Decisão Normativa - TCU 132, de 2/10/2013.

3. A SEP/PR, criada por meio da Medida Provisória 369, de 7 de maio de 2007, convertida na Lei 11.518,
de 5 de setembro de 2007, possui, dentre outras atribuições, a de assessorar a Presidência da República
na formulação de políticas públicas, estabelecendo diretrizes para o fomento do setor portuário, e de
executar medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura dos portos
marítimos, bem como daqueles outorgados às companhias docas.

4. Além disso, tem como responsabilidade a promoção de medidas em prol do desenvolvimento e do


fortalecimento do modelo brasileiro de exploração portuária, que tem na Medida Provisória 595/2013,
convertida na Lei 12.815, de 5 de junho de 2013, o seu principal marco legal.
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5. Para a consecução de políticas públicas atinentes ao setor portuário, a SEP/PR utiliza os programas
temáticos "Transporte Marítimo" e "Transporte Hidroviário" indicados no PPA 2012-2015 (peça 4, p. 24).

6. O Programa "Transporte Marítimo" visa tornar o sistema portuário marítimo e o transporte aquaviário
competitivos frente ao mercado internacional, por meio do aumento da capacidade de movimentação de
cargas e passageiros nos portos, da ampliação do transporte de cabotagem, da redução dos custos de
movimentação portuária e da simplificação dos procedimentos de desembaraço de mercadorias.

#14;

7. O Programa "Transporte Hidroviário" objetiva ampliar a participação do modal aquaviário no transporte


de cargas, com a consequente redução dos custos logísticos e o aumento da competitividade dos produtos
no mercado externo, cabendo à SEP/PR a execução de ações objetivando o desenvolvimento do transporte
aquaviário de passageiros e cargas e da rede de instalações portuárias de navegação interior para
transporte de carga, considerando a integração multimodal.

8. Importante destacar que o Programa de Aceleração do Crescimento - PAC 2 conta com uma carteira de
mais de setenta empreendimentos em 23 portos brasileiros, entre os quais obras de dragagem de
aprofundamento e de manutenção, em consonância com o Programa Nacional de Dragagem II,
investimentos em infraestrutura portuária e em terminal de passageiros, além do desenvolvimento e da
implantação de sistemas de inteligência logística.

9. Para o alcance dos seus objetivos estratégicos, a SEP/PR, em sua estrutura regimental, conta com dois
órgãos específicos singulares: a Secretaria de Infraestrutura Portuária e a Secretaria de Políticas
Portuárias (peça 4, p. 17). A primeira unidade tem como funções precípuas promover a implementação de
programas, ações e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura portuária e dos contratos e
convênios de obras e serviços decorrentes, monitorando e avaliando sua execução (peça 4, p. 15). Por sua
vez, a segunda visa subsidiar a formulação e implementação das políticas setoriais, planejamento
estratégico e de planos e programas decorrentes - inclusive monitorar e avaliar sua execução -, assim
como coordenar as atividades relativas à outorga para exploração de infraestrutura e prestação de
serviços (peça 4, p. 15).

EXAME TÉCNICO

10. Na análise das presentes contas será dada ênfase à avaliação dos resultados quantitativos da gestão.
Os critérios adotados para essa escolha decorrem, principalmente: i) da ausência de indicadores de
desempenho instituídos pela SEP/PR, constatada em sucessivos processos de contas; ii) do baixo
atendimento de metas relativas a ações/programas sob sua responsabilidade; e iii) da importância da
concretização das atividades finalísticas da Secretaria para equacionar os gargalos logísticos existentes no
país.

11. Cabe destacar que a Secretaria de Controle Interno da Presidência da República (Ciset), com base no §
6º do art. 9º da DN TCU 132/2013, ajustou o escopo de sua fiscalização, conforme acordo firmado com o
TCU em 9/12/2013 (peça 3, p. 4). Os itens selecionados para análise foram os seguintes:

Plano de integração entre os órgãos e entidades públicas nos portos e instalações portuárias;

Programa Nacional de Dragagem II (PND II); e

Recursos quanto ao indeferimento de pedidos de pré-qualificação de operadores portuários junto as


administrações dos portos.

12. Quanto às constatações apontadas pela Ciset no Relatório de Auditoria Anual de Contas, unidade
auditada: SEP/PR, exercício 2013 (peça 5, p. 13-50), listadas a seguir, consideram-se suficientes as
recomendações já formuladas nesse documento, em conjunto com determinações do TCU prolatadas em
outros processos, sem prejuízo do acompanhamento nas próximas contas:

Tabela 1 - Constatações do Relatório de Auditoria Anual de Contas da SEP/PR, exercício 2013 - Ciset

Programa de Gestão e Manutenção da Presidência da República


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Constatação Descrição Referência

1.1.1.1 Desempenho qualitativo e quantitativo aquém do almejado para 28 das 31 (90%) Ações
Governamentais sob responsabilidade da UJ e vinculadas aos Programas Temáticos 2073 ou 2074 Peça 5, p.
15-23

1.1.2.2 Fragilidade nos Controles Internos da Unidade. Ausência de planejamento estratégico: objetivos
estratégicos indefinidos, processos/rotinas de trabalho não mapeados e não identificação e avaliação de
riscos. Peça 5, p. 23-25

1.1.2.3 Inconsistências nas informações fornecidas por meio do Relatório de Gestão, conforme orientações
constantes da Parte A do Anexo II da DN TCU nº 127/2013 e Portaria TCU nº 175/2013. Peça 5, p. 25-
27

1.1.2.4 Ausência de rotinas sistematizadas e organizadas relativa a possíveis recursos contra o


indeferimento de pedidos de pré-qualificação de operadores portuários. Peça 5, p. 27-29

1.1.3.1 Inexistência de indicadores de desempenho da gestão. Peça 5, p. 29-30

1.1.4.1 Ausência de estudos de impacto e adequabilidade quanto a força de trabalho necessária frente
alteração do marco regulatório portuário. Peça 5, p. 30-31

Transporte Marítimo - PND II

Constatação Descrição Referência

2.1.1.2 Existência de riscos residuais no âmbito do PND II: processos licitatórios baseados em anteprojetos
de engenharia, ausência de um sistema oficial de custos para obras de dragagem e metodologia de
remuneração das dragagens de manutenção. Peça 5, p. 42-50

Fonte: Relatório de Auditoria Anual de Contas da SEP/PR, exercício 2013 - Ciset (peça 5).

I Avaliação da conformidade das peças que compõem o processo

13. Em relação às peças que deveriam compor o processo, em conformidade com a Decisão Normativa
- TCU 132, de 2 de outubro de 2013, foi constatado o seguinte:

14. O Relatório de Gestão não foi elaborado rigorosamente conforme a Portaria-TCU 175, de 9 de
julho de 2013. De acordo com o normativo, as atribuições institucionais definidas em lei, estatuto ou
regimento da unidade jurisdicionada deveriam ser apresentadas no subitem 1.2 - Finalidade e
Competências Institucionais da Unidade. Em vez disso, nesse campo, a SEP/PR descreveu as competências
dos cargos de assessoramento e direção do órgão, o que deveria ter sido feito no subitem seguinte, 1.3 -
Organização Funcional.

15. Já no subitem 1.3 - Organização Funcional, a SEP/PR deveria ter feito a identificação dos
macroprocessos conduzidos pelas subdivisões existentes e os principais produtos deles decorrentes, mas
fez no subitem seguinte. No subitem 1.4 - Macroprocesso Finalístico, faltou o gestor descrever
sucintamente sobre como os macroprocessos foram conduzidos pela unidade jurisdicionada no exercício de
referência do relatório.

16. Constatou-se que os quadros que descrevem os programas temáticos foram preenchidos de maneira
equivocada. No quadro 2 (peça 4, p. 25), referente ao programa 2074 - Transporte Marítimo, chama
atenção o fato de os valores dos campos "restos a pagar processados e não processados inscritos em 2013"
serem iguais aos previstos para anos anteriores (posição em 1º/1/2013). Consulta ao Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal (Siafi Gerencial) mostra que os restos a pagar processados e
não processados inscritos em 2013 seriam R$ 4.087.805,00 e R$ 126.296.927,52, respectivamente, e não
R$ 13.766.620,53 e R$ 130.962.088,37 que foram descritos no relatório. Além disso, não foram
preenchidos os campos de valores pagos e a pagar dos restos a pagar não processados de exercícios
anteriores.

17. Os quadros que descrevem os objetivos também apresentam diversas inconsistências. Como exemplo,
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o Quadro 8 - Objetivo 0218 (peça 4, p. 29), que se refere a implantação de portos secos e de zonas de
atividades logísticas em áreas estratégicas, indica a Secretaria de Portos como responsável pela sua
implantação, mas o plano plurianual estabelece que esse objetivo seria de responsabilidade do Ministério
da Fazenda. Em outro exemplo, no Quadro 9 - Objetivo 0232 (peça 4, p. 30), a indicação da regionalização
da meta da sequencial 1 - Implantação de dispositivos de controle de saúde em 22 portos apresenta o
valor zero para todos os vetores logísticos, apesar de o quadro indicar que cinco portos já terem sido
contemplados.

18. A SEP/PR não apresentou o quadro do objetivo 0798 - Desenvolver rede de instalações portuárias de
navegação interior para transporte de carga considerando a integração multimodal, e também não fez
análise situacional da meta qualitativa.

19. Nos quadros que descrevem as ações (peça 4, p. 51-92), os campos referentes aos restos a pagar de
exercícios anteriores e os inscritos em 2013 (processados e não processados) não foram preenchidos
adequadamente. Como exemplo, na Ação 12KP - Implantação do Sistema de Carga Inteligente e Cadeia
Logística Inteligente (peça 4, p. 57), foi indicada a despesa empenhada de R$ 4 milhões em 2013, não
tendo sido registrado valor liquidado e pago. Porém, o campo de restos a pagar inscritos em 2013
processados e não processados apresentam respectivamente os valores R$ 2.279.197,47 e R$ 5.962.312,53,
quando deveriam ser R$ 0,00 e R$ 4 milhões.

20. Ainda no tocante às ações realizadas pela SEP/PR, além do preenchimento indevido dos campos, a
análise situacional das ações mostrou-se superficial. Por exemplo, na Ação 122Z - Construção do Berço 108
no Porto de Itaqui (MA) (peça 4, p. 66), a análise feita pela SEP/PR indica que a obra está em andamento
com 49% de execução financeira, mas não esclarece as razões de não ter havido progresso durante a
gestão.

21. Já na Ação 7L25 - Ampliação do Cais Público do Porto Novo do Porto de Rio Grande (RS) (peça 4, p.
67), a SEP/PR foi ainda mais sucinta em sua análise para descrever a situação do projeto. O órgão apenas
indicou que houve "morosidade no processo licitatório" para avaliar a inércia no implemento da ação.

22. Além das não conformidades das peças que compõem o processo, vale citar a constatação 1.1.2.3 do
Relatório de Auditoria elaborado pela Ciset (peça 5, p. 25-27), que aponta as seguintes inconsistências
relacionadas com formato e conteúdos obrigatórios do Relatório de Gestão da SEP/PR:

a) macroprocessos finalísticos e de apoio (itens 1.4 e 1.5 do anexo II da DN TCU nº 127/2013)

Em que pese apresentar macroprocessos finalísticos e de apoio no Relatório de Gestão, observam-se


fragilidades, à medida que não foi apresentada descrição sucinta sobre como esses macroprocessos foram
conduzidos pela UJ no exercício de referência, estabelecendo ainda vínculo com eventuais objetivos
estratégicos anteriormente definidos.

b) principais parceiros externos a unidade jurisdicionada (item 1. 6, anexo II da DN TCU nº 127/2013)

As informações relativas aos principais parceiros (externos a unidade jurisdicionada, da administração


púbica ou da iniciativa privada) relacionados a atividade-fim da unidade, objeto do item 1.6 do Anexo II,
Parte A, da DN nº 127/2013, notadamente, quanto aos instrumentos de transferências de recursos
mediante convênio, contrato de repasse, termo de parceria, termo de cooperação, termo de compromisso
ou outros acordos, ajustes ou instrumentos congêneres, foram relacionadas de maneira completa,
considerando que não retrataram a importância desses instrumentos para a gestão da Secretaria de
Portos, tampouco sua relação com a atividade fim da UJ, visto que não foram informadas as atividades
existentes entre a SEP e os parceiros externos, para fins de consecução dos macroprocessos finalísticos
daquela UJ.

c) planejamento da unidade (item 2, anexo II, da DN TCU nº 127/2013)

Sob a perspectiva estratégica, a UJ não apresentou os planos estratégico, tático e operacional que
orientam a atuação da unidade, tampouco identificou seus objetivos estratégicos.

Observou-se que a unidade apresentou transcrição da Portaria SEP nº 3, de 7/1/2014, que estabeleceu
diretrizes para a elaboração e revisão de instrumentos de planejamento do setor portuário - Plano
Nacional de Logística Portuária - PNLP e respectivos Planos Mestres, Planos de Desenvolvimento e
Zoneamento - PDZ e Plano Geral de Outorgas - PGO.
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Ainda que os instrumentos, futuramente revisados, possam definir planos de atuação, verifica-se que não
fora informado o planejamento estratégico da UJ, de forma a orientar sua atuação para consecução de
seus objetivos. Entende-se que a elaboração e a revisão desses instrumentos possa ser uma ação dentro da
definição de um eventual planejamento estratégico, mas não se confunde com o mesmo.

estrutura de governança e autocontrole da gestão (item 3, anexo II da DN TCU nº 12712013)

No que concerne ao item 3, "Estrutura de Governança e Autocontrole da Gestão", a UJ deixou de realizar


análise crítica dos controles internos da Unidade, sendo que a maioria dos itens avaliados não foram
satisfatórios, recebendo pontuação III, que, segundo orientações da Portaria TCU 175/2013, equivale
a: "(3) Neutra: Significa que não há como avaliar se o conteúdo da afirmativa é ou não observado no
contexto da UJ."

e) sistema de correição (item 3.4, anexo II da DN TCU nº 127/2013)

Em relação ao item 3.4, também do anexo II da DN TCU nº 127/2013, que trata do Sistema de Correição,
observou-se que não foram apresentadas as informações relativas aos procedimentos disciplinares
instaurados no âmbito da UJ.

23. Ademais, em seu relatório, a Ciset registrou que a impropriedade na elaboração e revisão do Relatório
de Gestão já foi objeto de manifestação do Controle Interno em 2012.

24. Para evitar a repetição do problema, a Ciset recomendou "Instituir rotina de elaboração do Relatório
de Gestão da UJ que contemple checklist e encaminhamento prévio ao Órgão de Controle Interno para
verificação de sua conformidade".

25. Além disso, é oportuno dar ciência à SEP/PR que a inobservância aos normativos do TCU em relação à
organização e ao conteúdo necessário ao relatório de gestão, como estabelecido nos normativos DN
132/2013 e IN 63/2010, configura irregularidade passível de multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei
8.443/1992

26. A seguir, apresentam-se as recomendações feitas pelo Controle Interno para cada constatação.

Tabela 2 - Recomendações do Relatório da Ciset

Programa de Gestão e Manutenção da Presidência da República

Constatação Descrição Recomendações

1.1.1.1 Desempenho qualitativo e quantitativo aquém do almejado para 28 das 31 (90%) das Ações
Governamentais sob responsabilidade da UJ e vinculadas aos Programas Temáticos 2073 ou 2074 1.
Instituir rotina formal de monitoramento, alertas e registro de providências adotadas e impactos
esperados para as ações com execução aquém da planejada, evidenciação de medidas efetivas e
tempestivas, bem corno a obtenção de informação estruturada que subsidie o futuro planejamento da UJ.

2. Defina dentro do planejamento estratégico, a ser implementado, metas e indicadores associados a


execução e monitoramento da execução orçamentária, de forma a demonstrar a vinculação entre tais
ações e sua competência legal de supervisionar as políticas nacionais para o setor portuário, conforme Art.
10 do Decreto 8.088/2013.

1.1.2.2 Fragilidade nos Controles Internos da Unidade. Ausência de planejamento estratégico: objetivos
estratégicos indefinidos, processos/rotinas de trabalho não mapeados e não identificação e avaliação de
riscos. 1. Implementar e divulgar Planejamento Estratégico Institucional, contemplando objetivos
estratégicos, metas e indicadores, priorizando-se inicialmente suas atividades finalísticas.

2. Mapear os principais processos operacionais associados aos Objetivos Estratégicos identificados.

1.1.2.3 Inconsistências nas informações fornecidas por meio do Relatório de Gestão, conforme orientações
constantes da Parte A do Anexo II da DN TCU nº 127/2013 e Portaria TCU nº 175/2013. 1. Instituir
rotina de elaboração do Relatório de Gestão da UJ que contemple checklist e encaminhamento prévio ao
Órgão de Controle Interno para verificação de sua conformidade.
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1.1.2.4 Ausência de rotinas sistematizadas e organizadas relativa a possíveis recursos contra o


indeferimento de pedidos de pré-qualificação de operadores portuários. 1. Implantar no âmbito da SEP/PR
rotinas sistematizadas e organizadas relativas a possíveis recursos contra o indeferimento de pedidos de
pré-qualificação de operadores portuários.

1.1.3.1 Inexistência de indicadores de desempenho da gestão. 1. Implementar indicadores de gestão que


permitam monitorar os principais processos da SEP/PR e que sejam capazes de representar a evolução da
gestão da Unidade ao longo do tempo, possibilitando ainda: a tomada de decisões para a sua melhoria; a
identificação de desvios e a adoção tempestiva de ações corretivas; o desenvolvimento de estratégias de
alocação de recursos; além do reconhecimento de setores com bom desempenho.

1.1.4.1 Ausência de estudos de impacto e adequabilidade quanto a força de trabalho necessária frente
alteração do marco regulatório portuário. 1.Realize estudo estruturado que permita determinar o
necessário e adequado quantitativo de servidores frente as atuais competências da SEP/PR, abordando
necessariamente a forma de composição da força de trabalho, atualmente baseada no Decreto
7.262/2010.

Transporte Marítimo - PND II

Constatação Descrição Recomendações

2.1.1.2 Existência de riscos residuais no âmbito do PND II: processos licitatórios baseados em anteprojetos
de engenharia, ausência de um sistema oficial de custos para obras de dragagem e metodologia de
remuneração das dragagens de manutenção. 1. Implementar um sistema oficial de custos de serviços de
dragagem, de modo a diminuir a subjetividade presente na elaboração dos orçamentos do PND II.

2. Institua controles com rotinas e procedimentos que mitiguem os riscos de renumeração de serviços de
dragagens não efetivamente executados.

Fonte: Relatório de Auditoria Anual de Contas nº 2/2014 da SEP/PR, exercício 2013 - Ciset (peça 5).

27. Por sua vez, no Certificado de Auditoria 8/2014 (peça 6), de 30/7/2014, o representante da Ciset
destacou que, entre as constatações apontadas no Relatório de Auditoria, apenas a constatação
"Desempenho qualitativo e quantitativo aquém do almejado para 28 das 31 (90%) das Ações
Governamentais sob responsabilidade da UJ e vinculadas aos Programas Temáticos 2073 ou 2074 (item
1.1.1.1)", foi relevante.

28. Para essa constatação, o representante da Ciset considerou não ter sido identificado nexo de
causalidade com atos de gestão dos agentes constantes do Rol de Responsáveis, motivo pelo qual,
considerando que o Relatório de Auditoria (peça 5) recomendou medidas saneadoras, propôs que o
encaminhamento das contas dos integrantes do Rol de Responsáveis fosse pela regularidade.

29. Em sequência hierárquica, o Parecer do Dirigente do Controle Interno 8/2014 (peça 7), de 30/7/2014,
salientou a inexistência de planejamento estratégico que contemplasse objetivos, principais processos e
rotinas, metas, bem como de indicadores de gestão que permitissem monitorar e avaliar a atuação das
diversas áreas da SEP/PR.

30. Além disso, destacou a existência de riscos residuais no âmbito do Programa Nacional de Dragagem
Portuária e Hidroviária (PND II) associados à fragilidade em nova rotina de contratação pelo RDC, baseada
em anteprojetos de engenharia, à ausência de um sistema oficial de custos para obras de dragagem, e à
metodologia de remuneração das dragagens de manutenção.

31. Não obstante, considerando as recomendações contidas no Relatório de Auditoria (peça 5) e


compromisso firmado pelo gestor do órgão em cumpri-las, o dirigente de Controle Interno opinou pela
regularidade das contas em acolhimento a conclusão expressa no Certificado de Auditoria (peça 6).

32. Já o Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Portos da Presidência da República atestou haver
tomado conhecimento do relatório de auditoria de gestão, do certificado de auditoria, bem como do
parecer conclusivo do dirigente do órgão de controle interno referente as Contas Anuais da Secretaria de
Portos da Presidência da República - SEP/PR, cuja gestão foi avaliada como regular (peça 8).
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II. Rol de responsáveis

33. Não constam do rol encaminhado pela SEP/PR todos os responsáveis que desempenharam, durante o
período a que se referem as contas, as naturezas de responsabilidade definidas no art. 10 da IN TCU
63/2010 e no art. 6º da DN TCU 132/2013.

34. O rol contempla como dirigente máximo da unidade jurisdicionada o titular do cargo de Secretário
Executivo, quando deveria considerar o Ministro Chefe da Secretaria, cargo desempenhado em 2013 pelo
Sr. José Leônidas Menezes Cristino, que ocupou a pasta de janeiro a 3 de outubro de 2013, e pelo Sr.
Antonio Henrique Pinheiro Silveira, daquela data em diante.

III. Processos conexos e contas de exercícios anteriores

35. Os processos de contas de exercícios anteriores e os processos conexos aos autos em exame estão
relacionados no quadro que se segue:

Tabela 3 - Processos de contas anteriores (e conexos) - SEP/PR

Número do TC TIPO Situação

041.915/2012-7 Processo de contas - SEP exercício 2011 Apreciado por meio do Acórdão 70/2014-
TCU-2ª Câmara

021.785/2013-9 Processo de contas - SEP exercício 2012 Em análise na SeinfraHidroferrovia

36. O TC 041.915/2012-7 tem como objeto a prestação de contas da SEP/PR para o exercício de 2011,
no âmbito do qual consta o Acórdão 70/2014-TCU-2ª Câmara, que deliberou pela regularidade com
ressalva das contas dos responsáveis destes autos e fez algumas determinações à SEP/PR, dentre as quais
vale ressaltar a de dar ciência à Secretaria de Portos que foi verificada a ausência de indicadores de
desempenho no órgão, nos moldes exigidos por Decisão Normativa deste Tribunal.

37. Já o TC 021.785/2013-9 tem como objeto a prestação de contas da SEP/PR para o exercício de
2012. Os autos encontram-se em análise nesta unidade técnica

38. Não há outros processos conexos capazes de influenciar o mérito das contas dos responsáveis.

IV. Avaliação do planejamento de ação e dos resultados quantitativos e qualitativos da gestão

39. A análise desse item se tornou prejudicada, pois a SEP/PR não elaborou seus planos estratégico, tático
e operacional.

40. Tal fato é relatado pela Ciset na constatação 1.1.2.2 (peça 5, p. 23-25). Segundo a constatação:

Após a aplicação de questionários e a análise das manifestações apresentadas pelo gestor em atendimento
a recomendação de Relatório de Auditoria anterior para aprimoramento dos controles internos
administrativos, restou evidenciado que a SEP/PR ainda não implementou seu planejamento estratégico,
não definindo e divulgando formalmente questões como os objetivos estratégicos; a capacidade de
produção de respostas consistentes e tempestivas sobre a análise da situação atual; o estabelecimento de
metas e indicadores institucionais e a forma de atingi-las.

41. Nesse sentido, o Controle Interno registrou duas recomendações à Secretaria de Portos: 1)
implementar e divulgar o planejamento estratégico institucional, contemplando objetivos estratégicos,
metas e indicadores, priorizando-se inicialmente suas atividades finalísticas; e 2) mapear os principais
processos operacionais associados aos objetivos estratégicos identificados.

42. Incumbe ainda ressaltar que a Secretaria de Portos elaborou seu plano estratégico somente em 2014.
No entanto, em razão da ausência de objetivos estratégicos estabelecidos para o exercício em referência,
não foi possível verificar o grau de alcance desses para 2013 e, consequentemente, promover análise
crítica quanto ao impacto dos resultados do planejamento da unidade jurisdicionada.

43. Não obstante, são apresentadas as informações constantes do Relatório de Gestão referentes às
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

principais ações da SEP/PR, as quais estão contidas no item 2 - Plano Estratégico do seu Relatório de
Gestão (peça 4, p. 20-24).

44. Concernente à elaboração do planejamento setorial, a SEP/PR informou ter editado a Portaria SEP/PR
3, de 7 de janeiro de 2014, que estabelece as diretrizes para a elaboração e revisão dos seguintes
instrumentos de planejamento do setor portuário:

Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), que visa identificar vocações dos diversos portos, conforme
o conjunto de suas respectivas áreas de influência, definindo cenários de curto, médio e longo prazo com
alternativas de intervenção na infraestrutura e nos sistemas de gestão;

Plano Mestre da unidade portuária, considerando as perspectivas do planejamento estratégico do setor


portuário nacional, que visa direcionar as ações, melhorias e investimentos de curto, médio e longo prazo
no porto e em seus acessos;

Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) - instrumento de planejamento operacional da


Administração Portuária, que compatibiliza as políticas de desenvolvimento urbano dos municípios, do
estado e da região onde se localiza o porto, visando o estabelecimento de ações e de metas para a
expansão e a otimização do uso de áreas e instalações do porto; e

Plano Geral de Outorgas (PGO), plano de ação para a execução das outorgas de novos portos ou terminais
públicos e privados.

Obras em destaque em Companhias Docas e Portos Delegados

45. As Companhias Docas vinculadas à SEP/PR são: Companhia Docas do Pará (CDP), Companhia Docas do
Ceará (CDC), Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN), Companhia das Docas do Estado da
Bahia (CODEBA), Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA), Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ)
e Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP).

46. Segundo o relatório, a SEP/PR realizou obras de adequação das instalações portuárias de acostagem,
de proteção à atracação e operação de navios, de movimentação e armazenagem de cargas e das
instalações gerais e de suprimento nos portos organizados marítimos, além de melhoria da infraestrutura
de turismo marítimo de passageiros.

47. Em 2013, foram concluídos os seguintes empreendimentos:

Porto de Vitória/ES - recuperação e alargamento de 356 m do Cais Comercial;

Porto de Santos/SP - implantação da avenida perimetral portuária no município de Guarujá, com 2,54 km,
e a reconstrução da Avenida Santos Dumont, com 1,94 km;

Porto de São Francisco do Sul/SC - recuperação do berço 201, com obras de novo alinhamento do berço
com 279 m de comprimento; e

Porto do Recife/PE - adaptação do Armazém 7, construção do Anexo "Sala Pernambuco" e pavimentação e


urbanização para implantação de estacionamento na área portuária.

48. Outras obras encontram-se em andamento:

a) Porto de Fortaleza/CE: i) construção de terminal de contêineres, com obras de adequação da


pavimentação do pátio de estocagem; ii) implantação de terminal marítimo para passageiros;

b) Porto de Salvador: i) ampliação da estrutura de abrigo (quebramar norte) em 405 metros; ii) construção
de terminal marítimo para passageiros;

c) Porto de Vitória/ES - construção de berço nos dolfins do Atalaia com retroárea;

d) Porto de Santos/SP: i) reforço e restauração das estruturas do píer de acostagem na Alamoa; e ii)
alinhamento do cais de Outeirinhos, mediante construção de 1.320m de cais;

e) Porto do Itaqui/MA - construção do berço 108 (terminal para granéis líquidos) composto de ponte de
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

acesso, plataformas de transição e operações, passarelas de ligação, píer para rebocadores e dolfins de
atracação e amarração, para navios de até 91.671 TPB;

f) Porto de Suape/PE - construção do acesso rodoviário ao porto, compreendendo terraplenagem,


pavimentação, drenagem, sinalização, iluminação, obras complementares e obras de artes especiais;

g) Porto de Natal/RN- construção de terminal marítimo para passageiros, ampliação do berço 1 de 209m
para 236m, recuperação do cais e ampliação de retroárea e dolfim de amarração.

Programa Nacional de Dragagem

49. De acordo com o Relatório de Gestão de 2013, a SEP/PR deu continuidade às obras de dragagem nos
portos de Suape/PE, Santos/SP, Vitória/ES e Imbituba/SC, implementadas no âmbito do Programa
Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária (PND I), instituído pela Lei 11.610, de 12 de dezembro de
2007.

50. Com o Programa Nacional de Dragagem II (PND II), instituído pela Lei 12.815, de 5 de junho de 2013,
manteve-se o conceito de "Dragagem por Resultado", com as seguintes características: a) definido como
aprofundamento, alargamento ou expansão de áreas portuárias, inclusive canais de navegação, bacias de
evolução e de fundeio e berços de atracação; b) inclusão de serviços de sinalização e balizamento; c)
inclusão de serviços de monitoramento ambiental; c) contratação em blocos (mais de um porto, em um
mesmo contrato); d) obrigatoriedade de prestação de garantia pelo contratado; e) duração dos contratos
de até 10 anos, improrrogável; f) possibilidade de contratações por meio de licitações internacionais e
utilização do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, de que trata a Lei 12.462, de 4 de
agosto de 2011.

51. O Relatório de Gestão indica que o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) elaborou em
2013 os anteprojetos das dragagens dos Portos de Santos/SP, Paranaguá/PR, Itaguaí/RJ, Maceió/AL, Rio
de Janeiro/RJ e Rio Grande/RS.

V. Avaliação de indicadores

52. No exercício sob análise, a unidade jurisdicionada ainda não havia instituído indicadores de gestão
para auxiliá-la na tomada de decisões, situação registrada pela Secretaria de Controle Interno no Relatório
de Auditoria de Gestão referente ao exercício em análise (peça 5, p. 29-30). O referido documento
ressalta que a implementação de indicadores de gestão já fora objeto de reiterados trabalhos da Ciset/PR,
a exemplo dos Relatórios de Auditoria de Avaliação da gestão 3/2012 e 3/2013, sem a consequente
apresentação de providências efetivas.

53. O órgão de controle interno também reporta manifestação da Secretaria de Portos, que apresentou
como motivos para a não elaboração dos indicadores: a força de trabalho na sua maioria de prestadores de
serviços; a publicação próxima ao fechamento do exercício orçamentário e financeiro do Decreto 8.088,
de 2 de setembro de 2013, que aprovou a estrutura regimental e o quadro de cargos do órgão; e auditorias
de órgãos de controles interno e externo, entre outros demandantes.

54. Como a gestão da unidade jurisdicionada não apresentou qualquer ação no sentido de implementar
indicadores em quaisquer de suas áreas de gestão, a Ciset/PR decidiu manter a constatação.

55. Frise-se que a ausência de indicadores institucionais vem sendo tratada nas avaliações da gestão da
SEP/PR desde as contas de 2010.

56. Nas contas relativas ao exercício de 2011 (TC 041.915/2012-7), foi proposto dar ciência à Secretaria
dos Portos acerca dessa pendência irregular, o que foi acatado pelo Colegiado do TCU por meio
do Acórdão 70/2014-TCU-2ª Câmara, item 1.4.2, prolatado naqueles autos. Assim, não é necessário
reiterar notificação à unidade jurisdicionada.

57. Conforme competência estabelecida na estrutura regimental do órgão, cabia ao Secretário Executivo
exercer a coordenação superior dos temas, das ações governamentais e das medidas referentes às áreas
de atuação da Secretaria de Portos. Assim, a inércia na construção de indicadores de gestão deve
constituir ressalva no julgamento das contas do titular desse órgão. Em razão da repetitiva falta, também
mostra-se adequado apontar essa ressalva nas contas do dirigente máximo da unidade jurisdicionada, Sr.
José Leônidas de Meneses Cristino, que já houvera sido cientificado da situação. Quanto ao Sr. Antonio
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Henrique, por ter assumido a Secretaria a partir de 4 de outubro do exercício em apreço, entende-se
escusável sua omissão no período. Considerações análogas se aplicam à gestão do Sr. Eduardo Xavier à
frente da Secretaria-Executiva do órgão.

58. Por não se ter concluído a elaboração dos indicadores de desempenho no exercício de 2013, considera-
se oportuno incorporar tal inadimplemento às ressalvas no julgamento das contas dos Srs. José Leônidas
de Meneses Cristino e Mário Lima Júnior, com base nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II,
todos da Lei 8.443/1992, conforme matriz anexada a esta instrução.

VI. Avaliação da estrutura de governança e de controles internos

59. Segundo informações do Relatório de Gestão SEP/PR 2013 (peça 4, p. 93), o órgão adota rotinas de
controle interno, administrando sua operação nos Sistemas Estruturantes do Governo Federal. Acrescenta
que a gestão das transferências está devidamente identificada no Sistema de Gestão de Convênios
(SICONV) e no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), e realiza os
respectivos registros após a liberação de recursos e prestação de contas da utilização dos valores
liberados. Destaca, ainda, que é frequente a fiscalização in loco das transferências aos convenentes.

60. A avaliação que a própria Secretaria de Portos faz em relação ao funcionamento do seu sistema de
controle (peça 4, p. 93-94), em uma escala que vai de 1 a 5, é, em sua maioria, mediana (valoração 3),
prevalecendo exame otimista (valoração 4 e 5) para os quesitos "Informação e Comunicação" e "Ambiente
de Controle".

61. De forma geral, portanto, a análise que faz a respeito de sua estrutura nessa área segue uma
tendência positiva.

62. Em avaliação pautada na metodologia "Gerenciamento de Riscos Corporativos - Estrutura Integrada",


do Committee of Sponsoring Organizations (Coso), o relatório elaborado pela Ciset (peça 5, p. 8) destaca
aspectos positivos e negativos da estrutura dos controles internos da SEP/PR. Dentre os positivos, ressalta-
se a publicação e divulgação do Código de Ética do Servidor Público e estudos e gestão para o
dimensionamento da força de trabalho. Quantos aos negativos, o relatório lista a inexistência de:
planejamento estratégico, mapeamento dos principais processos operacionais, rotinas para a gestão de
riscos, indicadores de desempenho da gestão, além de rotinas formais e sistematizadas para o
monitoramento de suas atividades de controle.

63. Vale acrescentar que no subitem 1.1.2.2 das constatações de auditoria (peça 5, p. 23-25), o Controle
Interno registrou a fragilidade dos controles internos da Secretaria de Portos, com indefinição de objetivos
estratégicos, o não mapeamento de processos/rotinas de trabalho e não identificação de avaliação de
riscos. Ainda segundo o relatório, esse problema teria como causa a baixa efetividade na adoção de
providências para implementação do planejamento do órgão.

64. Em seu relatório, a Ciset recomendou à SEP/PR que implementasse e divulgasse planejamento
estratégico institucional, contemplando objetivos estratégicos, metas e indicadores, priorizando-se
inicialmente suas atividades finalísticas, e que mapeasse os principais processos operacionais associados
aos objetivos estratégicos identificados.

65. Portanto, concluindo a avaliação da estrutura de governança e de controles internos, verifica-se que o
maior entrave para uma visão positiva do controle interno da SEP/PR pela Ciset continua sendo a
inexistência de planejamento estratégico no órgão, o que estaria a prejudicar boa parte dos componentes
do Coso analisados.

66. Esta Unidade Técnica se alinha ao posicionamento da Ciset, uma vez que a SEP/PR não discrimina
informações a respeito de seu planejamento estratégico, exigidas pela Portaria-TCU 175/2013 para
compor o Relatório de Gestão dessa unidade jurisdicionada, conforme destaca o Relatório de Auditoria
Anual de Contas ao identificar inconsistências quanto ao conteúdo obrigatório desse documento emitido
pela Secretaria de Portos (peça 5, p. 6).

67. Importa relembrar que a SEP/PR não possuía indicadores de desempenho que servissem para avaliar a
sua gestão - questão essa ressaltada antes nesta instrução (tópico V). Assim, entende-se como inviável
identificar riscos e áreas críticas na atuação do órgão se ele não tem instituídos meios de aferir e
examinar a sua própria administração e eventuais pontos de gargalo para a implantação de seus
programas.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

68. Ademais, consta deste relatório uma série de objetivos/ações com execução prevista para o exercício
que não foram implementadas (tópico VII), perfazendo um cenário negativo em termos operacionais, o
que traz impactos de mesma natureza à avaliação dos controles internos, já que estes buscam assegurar,
com segurança, que os objetivos do órgão sejam alcançados.

VII. Avaliação da execução orçamentária e financeira

69. Os resultados orçamentários, físicos e financeiros alcançados pela SEP/PR são descritos em seu
Relatório de Gestão por meio dos itens 2.2 - Programação Orçamentária e Financeira e Resultados
Alcançados (peça 4, p. 24-92) e 4 - Tópicos Especiais da Execução Orçamentária e Financeira (peça 4, p.
96-109) do relatório.

70. Apesar das impropriedades já relatadas no subitem I desta instrução, o desempenho geral da SEP/PR
durante 2013 pode ser avaliado por meio dos valores mostrados nos quadros de execução
orçamentária/financeira de cada programa (peça 4, p. 25). Fica evidente na leitura dos quadros
constantes nos itens supracitados do relatório a baixa execução orçamentária e financeira do órgão no
exercício de 2013, acarretando em baixo cumprimento das metas previstas.

71. No caso do Transporte Marítimo, 35,75% (R$ 143.366.848,98) das despesas autorizadas (R$
401.010.310,00) no orçamento fiscal e da seguridade social foram empenhadas e 11,91% (R$
17.069.921,46) dessas foram liquidadas. Em que pese ser o orçamento autorizativo, percebe-se que o
órgão não consegue sequer começar a maior parte das demandas previstas na lei orçamentária. Mesmo as
iniciadas, verifica-se que cerca de 88% (R$ 126.296.927,52) foi convertida em restos a pagar não
processados ao final do exercício, o que evidencia descompasso entre a execução orçamentária e
financeira.

72. Situação semelhante ocorreu no programa Transporte Hidroviário. Nesse programa, 62,58% (R$
30.770.000,00) dos créditos autorizados (R$ 49.170.000,00) foram empenhados, mas 9,8% (3.012.734,61)
das despesas empenhadas foram liquidadas. O quadro 3 - Programa de Governo 2073 (peça 4, p. 25) não
apresenta valores nos campos de restos a pagar do ano de 2013 e de exercícios anteriores e não detalha o
que aconteceu com os restos a pagar processados ou não. Cabe destacar que consulta no Siafi Gerencial
apresenta os respectivos valores para a unidade orçamentária 68101 - Secretaria de Portos (restos a pagar
processados - R$ 385.726,66 e restos a pagar não processados - R$ 27.757.265,39).

73. Em síntese (peça 4, p. 97), a Secretaria de Portos justificou que a baixa execução seria decorrente de
diversos fatores, tais como: i) definição dos blocos de arrendamento ocorrida no último bimestre do ano;
ii) paralisações nas obras por motivos alheios à gestão da SEP/PR; e iii) ocorrência de fatores naturais que
afetaram a execução dos empreendimentos.

74. As informações presentes no Relatório de Auditoria Anual da Ciset (peça 5, p. 4) também levam à
conclusão pela baixa execução dos programas 2074 - Transporte Marítimo e 2073 - Transporte Hidroviário,
geridos pela Secretaria dos Portos.

75. Consoante a constatação 1.1.1.1 desse relatório de auditoria (peça 5, p. 15-21), observou-se
desempenho qualitativo e quantitativo insuficiente para 28 das 31 (90%) ações governamentais sob
responsabilidade da SEP/PR. O apontamento relembra sobre a reincidência do fato, que foi objeto de
reiteradas constatações e recomendações em todos os relatórios de auditória desde 2007. Além disso, o
relatório registra que não foram identificadas durante o exercício ações estruturantes que possibilitassem
mitigar as causas do desempenho operacional insuficiente.

76. O Controle Interno também destaca descompasso entre a execução financeira e a orçamentária, com
impacto direto no planejamento e nos resultados da unidade jurisdicionada. De acordo com o relatório de
auditoria, a Secretaria de Portos pagou na rubrica "restos a pagar" R$ 342 milhões, que representa 35,2%
da dotação autorizada (R$ 973 milhões).

77. No subitem 2.2 - Programação Orçamentária e Financeira e Resultados Alcançados do Relatório de


Gestão 2013 (peça 4, p. 24-96), são descritos os programas temáticos que integram o PPA 2012-2015:
Transporte Marítimo e Transporte Hidroviário. A seguir são apresentados os objetivos previstos no PPA
para cada programa temático, conforme descrito no relatório.

VII.1 Transporte Marítimo (peça 4, p. 26-51)


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

78. Esse programa contempla a maior parte dos objetivos e ações previstas para a Secretaria de Portos. A
seguir são mostrados esses objetivos e os resultados alcançados.

Assegurar condições adequadas de profundidade aos portos marítimos brasileiros (Objetivo 0177 do PPA
2012-2015) (peça 4, p. 34-35)

79. Conforme visto no subitem IV desta instrução, a SEP/PR deu continuidade às obras de dragagem
implementadas no âmbito do Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária (PND I), instituído
pela Lei 11.610, de 12 de dezembro de 2007. Com o Programa Nacional de Dragagem II (PND II), instituído
pela Lei 12.815, de 5 de junho de 2013, o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) elaborou os
anteprojetos das dragagens dos Portos de Santos/SP, Paranaguá/PR, Itaguaí/RJ, Maceió/AL, Rio de
Janeiro/RJ e Rio Grande/RS.

80. Embora o órgão tenha arrolado as obras realizadas no período, não apresentou os resultados
efetivamente alcançados. No PPA 2012-2015, o programa Transporte Marítimo apresenta uma série de
indicadores sobre a movimentação de carga e de passageiros, mas a SEP/PR não mostrou em seu relatório
de gestão o impacto dessas obras de dragagem sobre os referidos indicadores.

81. De acordo com Quadro 4 - Objetivo 0177 (peça 4, p. 26), até o fim de 2013, sete obras de dragagens
haviam sido realizadas, correspondendo a 41% da meta de dezessete prevista no PPA. Ocorre que até o
momento não foram iniciadas obras de dragagem no âmbito do PND II, o que mostra que as metas relativas
a este objetivo dificilmente serão alcançadas.

82. Conforme visto no subitem I desta instrução, os valores de restos a pagar indicados nos quadros que
refletem as ações não foram preenchidos de forma correta. Por exemplo, o quadro 38 - Ação 122I (peça 4,
p. 77) referente à dragagem do Porto de Vitória/ES indica que R$ 71,640 milhões foram inscritos em restos
a pagar não processados, embora no exercício só tenha sido empenhado R$ 17,253 milhões.

83. Consulta ao Siafi gerencial mostra que houve dotação de R$ 93,715 milhões para as ações desse
objetivo e que R$ 53,972 milhões (57,6%) foram empenhados, mas nada foi liquidado no exercício
avaliado. Somente houve liquidação e pagamento de restos a pagar inscritos de anos anteriores.

84. O Controle Interno verificou o plano de controle da SEP/PR quanto a implantação do PND II a partir do
exame de recursos mobilizados, repassados e executados, portos envolvidos, indicadores instituídos, e a
estrutura e a capacidade de monitoramento dos eventos ao longo de sua implantação. O Relatório de
Auditoria (peça 5, p. 33-50) pontua a existência de riscos residuais no âmbito do programa de dragagem: i)
processos licitatórios baseados em anteprojetos de engenharia; ii) ausência de um sistema oficial de
custos para obras de dragagem; e iii) fragilidade na metodologia de remuneração das dragagens de
manutenção baseada em estimativa.

85. Quanto à realização do processo licitatório com anteprojeto de engenharia, o relatório de auditoria
pontua que, apesar da legalidade, há necessidade de a SEP/PR "desenvolver anteprojetos de qualidade,
baseados em adequados estudos geológicos e geotécnicos das áreas a serem dragadas, com a devida
caracterização dos materiais a serem dragados, possibilitando que tanto a SEP/PR quanto as empresas
licitantes - estas últimas de forma isonômica - possam avaliar de forma correta os custos, os métodos e os
prazos de execução das obras." (peça 5, p. 43).

86. A respeito da ausência de um sistema oficial de custos para obras de dragagem, o Controle Interno
registra que desde o início da execução do PND I, a SEP/PR busca desenvolver tal sistema. Questionada
pela Ciset/PR, a Secretaria de Portos informou que o sistema está sendo desenvolvido por meio do Termo
de Cooperação firmado entre a SEP/PR e a UFRJ, com previsão de conclusão em outubro de 2015.

87. No que diz respeito à metodologia de remuneração das dragagens de manutenção baseada em
estimativa, o Controle Interno entende que a regra ocasiona elevado grau de risco tanto para a SEP/PR
quanto para a empresa a ser contratada, pois caso se verifique que o volume assoreado seja
significativamente inferior ao estimado, o órgão teria pago por um serviço que não foi realizado, ou caso o
volume fosse superior ao estimado, poderia haver questionamento da contratada, ainda que tal
possibilidade tivesse sido prevista na matriz de riscos do edital de licitação.

88. Sobre as fragilidades apontadas pela Ciset/PR, cabe relembrar que esta Corte de Contas tem
acompanhado os investimentos feitos pela SEP/PR no âmbito do PND II. Foram realizadas fiscalizações dos
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editais de licitação para as dragagens dos portos de Santos/SP (TC 004.877.2014-4 e TC 002.582/2015-
5), Paranaguá/PR (TC 029.118/2014-0), Rio de Janeiro/RJ (TC 023.018/2014-3) e Rio Grande/RS
(TC 030.958/2014-8).

89. Nessas auditorias verificou-se, de forma geral, que a metodologia de formação dos preços das obras de
dragagem utilizada pela SEP/PR em seus editais de licitação estava compatível com a descrita na
literatura técnica internacional e que os parâmetros utilizados, como a densidade do sedimento a ser
dragado, mostravam-se razoáveis. No entanto, procede a preocupação do Controle Interno quanto à
ausência de sistema oficial de custos.

90. Quanto à metodologia de remuneração das dragagens de manutenção baseada em estimativa,


verificou-se a preocupação da SEP/PR em aferir os cálculos dos volumes de assoreamento durante a
realização dos serviços e de utilizar períodos menores (até três anos, embora a legislação permita até dez
anos), a fim de reduzir as possíveis diferenças entre o volume removido e o estimado.

91. Cabe ressaltar que, para realizar a dragagem de manutenção, o equipamento principal (draga)
permaneceria disponível (imobilizado) no porto para a realização do serviço, independentemente de haver
maior ou menor volume de sedimentação. Ademais, ainda que se almeje a remuneração da dragagem de
manutenção por volume efetivamente removido, também poderia haver questionamento das partes em
razão das dificuldades técnicas de se mensurar precisamente esse volume. Assim, qualquer que seja a
forma escolhida, haverá dificuldades operacionais para a remuneração desse serviço.

92. Também é procedente a preocupação da Ciset/PR quanto à utilização de anteprojeto de engenharia


no procedimento licitatório para contratação das obras de dragagem, especialmente em relação aos
portos que não foram contemplados com obras no PND I. Para esses portos, há necessidade de estudos
mais aprofundados para a correta especificação dos materiais, como, por exemplo, a utilização de mais
furos de sondagem ao longo do canal.

Ampliar a capacidade portuária, por meio da adequação da infraestrutura e superestrutura nos portos
organizados marítimos brasileiros (Objetivo 0183) (peça 4, p. 35-37)

93. O Relatório de Gestão de 2013 relaciona obras de infraestrutura em andamento nos seguintes portos:

Porto de Suape: i) construção de acesso rodoviário, compreendendo terraplenagem, pavimentação,


drenagem, sinalização, iluminação, obras complementares e obras de artes especiais; ii) construção de
terminal e dragagem do berço, direcionados para recebimentos, estocagem, transferência e embarque de
granéis sólidos (elaboração do projeto básico);

Porto do Rio Grande: i) recomposição do leito marítimo em área adjacente ao molhe leste (em fase
preparatória para licitação); ii) modernização do cais público (em licitação);

Porto de Itajaí: alinhamento e reforço do berço 4 (em licitação);

Porto do Itaqui: construção do Berço 108 para granéis líquidos;

Porto de Natal: i) construção do Berço 4; ii) aterro e pavimentação de retroárea interna; iii) pavimentação
da retroárea externa; iv) cortina de contenção para o aterro existente no Berço 3; v) defensas para os
pilares centrais da ponte Newton Navarro; vi) píer de atracação e prédio sede para pesca artesanal;

Porto de Fortaleza: adequação da pavimentação do pátio de estocagem (150.000,00m²) e aquisição de


scanner para contêineres;

Porto de Salvador: ampliação da estrutura de abrigo (quebramar norte);

Porto de Vitória: i) recuperação, alargamento e ampliação do cais comercial; ii) construção de pátio de
estocagem para carga pesada; iii) construção de nova sede administrativa; iv) construção de berço nos
dolfins do Atalaia; e v) estudos e projetos para implantação do porto de águas profundas;

Porto de Rio de Janeiro: reforço estrutural do cais da Gamboa;

Porto de Santarém: construção do terminal de múltiplo uso 2;


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

Porto de Vila do Conde: construção do Pier 400; ii) alargamento do berço 302; e iii) duplicação da ponte
de acesso.

94. A SEP/PR informou ter concluído em outubro de 2013 a recuperação do Berço 201 no Porto de São
Francisco do Sul. Em relação ao porto de Cabedelo, o órgão consignou em seu relatório que a
Administração Portuária não apresentou projetos ou estudos relativos a recuperação e modernização da
infraestrutura e que o orçamento previsto na LOA 2013 para esta ação não seria suficiente para iniciar sua
implantação.

95. Embora a SEP/PR tenha relacionado diversas obras em andamento, houve dotação atualizada de R$
154 milhões nas ações desse objetivo, sendo que somente R$ 41,6 milhões (27%) foram empenhados para
as obras de alinhamento e reforço do Berço 4 do Porto de Itajaí/SC, mas nada foi liquidado no exercício
avaliado.

96. Apesar de o objetivo previsto no PPA não trazer metas quantitativas, verifica-se que a SEP/PR não
avalia adequadamente os resultados obtidos com as obras realizadas, pois não utiliza indicadores sobre a
movimentação de carga para monitorar a efetividade das obras realizadas.

Promover a melhoria da infraestrutura de turismo marítimo de passageiros e a integração porto-cidade por


meio da revitalização de áreas portuárias (Objetivo 0188) (peça 4, p. 37-38)

97. O Relatório de Gestão de 2013 somente relaciona as obras de infraestrutura em andamento nos portos
de Fortaleza, Natal, Salvador e Santos (alinhamento do Cais de Outeirinhos). Porém, no tópico referente
às ações do relatório, apresenta-se a ação referente ao Porto de Recife, concluído em agosto de 2013.
Essas obras foram ou estão sendo executadas pelas autoridades portuárias locais.

Aprimorar a gestão e a operação da infraestrutura portuária brasileira por meio do desenvolvimento de


sistemas de inteligência logística e de segurança portuária, e pela implantação do modelo de Gestão
Portuária por Resultados (GPPR) nas entidades responsáveis pela administração de portos marítimos
(Objetivo 0198) (peça 4, p. 38-42)

98. Esse objetivo contempla diversas ações destinadas a aprimorar a gestão e a operação da infraestrutura
portuária brasileira por meio do desenvolvimento de sistemas de inteligência logística e de segurança
portuária, e pela implantação do modelo de Gestão Portuária por Resultados (GPPR) nas entidades
responsáveis pela administração de portos marítimos.

99. O Relatório de Gestão de 2013 indica que o objetivo é realizado por meio de cinco projetos: i) modelo
de Gestão Portuária por Resultados; ii) Sistema de Atendimento Portuário Unificado - Porto Sem Papel -
PSP; iii) Sistema de Apoio à Gestão de Tráfego de Navios; iv) Sistema de Apoio ao Gerenciamento da
Infraestrutura Portuária; e v) Carga Inteligente e Cadeia Logística Inteligente.

Modelo de Gestão Portuária por Resultados (GPPR)

100. O GPPR consiste na implantação de diversos projetos de modernização da gestão portuária, além da
definição de uma bateria de indicadores de desempenho, voltados para a obtenção de resultados, nas
Companhias Docas vinculadas à SEP/PR. De acordo com o relatório de gestão, o projeto é consequência de
determinação do TCU, por meio do Acórdão 1.904/2009-TCU-Plenário, com a Portaria SEP/PR 214,
de 11/09/2008, que atende ao Decreto Presidencial 4.613, de 25/03/2008, bem como em cumprimento ao
que determina o estabelecido nos art. 3º, 22 e 64, todos da Lei 12.810/2013.

101. Para realização do projeto, a SEP/PR firmou convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial de Santa Catarina, que implementou um projeto piloto na Companhia Docas do Rio Grande do
Norte (Codern), resultando no desenvolvimento dos seguintes produtos: Plano de Desenvolvimento de
Pessoas, Planejamento Estratégico, Mapeamento de Processos, e Gestão Financeira e de Custos.

102. Além disso, até o término do convênio em 31/12/2013, foram realizadas ações pontuais na
Companhias Docas do Ceará (Mapa Estratégico e Balanced Scored Card) e Companhia das Docas do Estado
da Bahia (avaliação do plano de cargos e salários).

103. Importante destacar que o PPA 2012-2015 descreve como meta quantitativa a implantação do modelo
GPPR em sete companhias docas vinculadas à SEP/PR. Todavia, o quadro que descreve as metas do
objetivo no Relatório de Gestão de 2013 (peça 4, p. 28) mostra que nenhuma meta foi realizada durante o
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

exercício avaliado.

104. O Relatório de Gestão 2013 (peça 4, p. 59) justifica que não houve execução física da ação 138T
correspondente a esse projeto devido à limitação de empenho estabelecida à Secretaria de Portos, na
forma do Anexo I do Decreto 7.995, de 2 de maio de 2013, e alterações posteriores.

Sistema de Atendimento Portuário Unificado - Porto Sem Papel (PSP)

105. O PSP tem a finalidade de desenvolver sistemas inteligentes que permitam a troca eletrônica de
dados entre as entidades intervenientes na atividade portuária por meio de uma janela única, a
padronização de documentos e a consequente redução do tempo envolvido. Espera-se como resultado
desse projeto a redução dos custos portuários e a racionalização dos processos burocráticos,
estabelecendo um documento virtual único, que vai processar e distribuir em tempo real as informações
necessárias ao funcionamento do setor.

106. De acordo com o relatório de gestão, o projeto teve início em 2009 e em 2013 alcançou a meta de ser
implementado em 35 portos. No entanto, o documento ressalta que os processos de aprimoramento e
integrações do PSP com os sistemas de informações dos demais anuentes consistem em um trabalho de
melhoria contínua, não se mostrando plausível estipular um marco temporal para o término desse
processo.

107. Ainda de acordo com o relatório, em paralelo à implantação do PSP, foram iniciados os trabalhos da
Comissão Nacional das Autoridades nos Portos - CONAPORTOS, instituída pelo Decreto 7.861, de
6/12/2012, que visa a harmonização das atividades dos órgãos e entidades públicos nos portos organizados
e nas instalações portuárias.

108. Para a SEP/PR, esse fórum institucional caracteriza-se como local de tomada de decisão para
aperfeiçoamentos e ajustes na gestão do PSP. Em março de 2013, a primeira reunião específica de
integração de sistemas de informação do CONAPORTOS foi realizada e, desde então, a SEP/PR e os demais
órgãos envolvidos, tais como Receita Federal, Marinha, ANVISA, VIGIAGRO e Polícia Federal - vem
trabalhando em uma agenda de integrações entre o PSP e os sistemas dos anuentes. O relatório de gestão
descreve que o primeiro nível de integração do PSP com o sistema Siscomex Mercante (Receita Federal)
ocorreu em agosto de 2013.

109. O relatório também informa que a SEP/PR possui projeto de expansão do PSP para as embarcações
que se dirigem aos Terminais de Uso Privado (TUPs), de forma a tornar o PSP um sistema de janela única
do setor portuário nacional.

110. Ademais, o Relatório de Gestão indica que a execução física atingiu no segundo semestre de 2013 a
meta prevista na LOA de 2013, no valor de 22%, que corresponde à implementação do sistema nos 35
portos públicos previstos no programa, o que representa 99% da meta estipulada. O documento ressalta
que o percentual restante de 1% da meta persistirá até o final de 2014 pela necessidade de manutenção e
hospedagem do sistema.

111. Verifica-se no Siafi Gerencial para a ação 122X - Implantação do Sistema de Atendimento Portuário
Unificado que 70,48% (R$ 8.458.331,00) da despesa empenhada (R$ 12 milhões) foi liquidada e paga no
exercício de 2013.

Sistema de Apoio à Gestão de Tráfego de Navios (Vessel Traffic Management Information System - VTMIS)

112. O VTMIS consiste em sistema de auxílio eletrônico à navegação, capaz de manter monitoramento
ativo do tráfego aquaviário, com o objetivo de ampliar a segurança da vida humana no mar, da navegação
e a proteção ao meio ambiente em locais de intensa movimentação de embarcações, bem como de
melhorar a eficiência nas manobras de embarcações, com consequente redução do tempo de espera dos
navios para atracação.

113. Segundo o relatório, o projeto foi iniciado em dezembro de 2011 e visa a sua implantação em 6 (seis)
portos nacionais, a saber: Aratu/BA, Salvador/BA, Vitória/ES, Itaguaí/RJ, Rio de Janeiro/RJ e Santos/SP.

114. Em 2012, foram elaborados os projetos básicos relativos aos portos do Rio de janeiro e Vitória, assim
como foram iniciados os referentes aos portos de Salvador e Aratu. Quanto à implantação do VTMIS no
Porto de Santos, o relatório indica que a Codesp está conduzindo integralmente o processo de
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implementação do projeto. Ainda em 2012, foi assinado termo de cooperação junto à UFSC para estender
o sistema a mais 12 (doze) portos: Manaus/AM, Belém e Vila do Conde/PA, Itaqui/MA, Suape/PE,
Fortaleza/CE, Paranaguá e Antonina/PR, São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba/SC e Rio Grande/RS.

115. A SEP/PR informou em seu relatório que os editais de licitação do VTMIS dos portos de Vitória/ES,
Santos/SP e Rio de Janeiro/RJ foram publicados entre maio e junho de 2013, porém revogados para
adequação dos instrumentos convocatórios. Quanto aos portos de Salvador/Aratu/BA e de Itaguaí/RJ, o
relatório descreve que os estudos conceituais para serem submetidos à Marinha do Brasil (MB) estavam em
fase final de conclusão.

116. Quanto à execução financeira, a Secretaria de Portos afirmou (peça 4, p. 51) que a União realiza
repasse às Companhias Docas contempladas por meio de Operações Especiais, não havendo necessidade de
uso da ação orçamentária 12KR para financiar a execução do projeto.

Sistema de Apoio ao Gerenciamento da Infraestrutura Portuária

117. Desenvolvido em parceria junto ao Serpro, o sistema visa fornecer apoio a gestores da SEP/PR e
Autoridades Portuárias, com vistas à otimização do fluxo de informações coorporativas, indispensáveis ao
planejamento, à gestão, à tomada de decisão, ao controle e à supervisão das atividades e das operações
portuárias de modo sustentável. Conforme o PPA 2012-2015, deverá ser adotado nas sete Companhias
Docas vinculadas à Secretaria de Portos.

118. O sistema foi homologado em setembro de 2013 e o treinamento dos usuários e a colocação do
sistema em produção foram concluídos em novembro de 2013. No entanto, o relatório de gestão esclarece
que ainda faltava a aquisição de infraestrutura de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) para dar
suporte à utilização do sistema em cada companhia, bem como a utilização plena do sistema pelos
gestores da SEP/PR e das Companhias Docas.

119. O Relatório de Gestão aduz que o projeto atingiu 47% da execução física em 2013. Além disso, o
documento ressalta que o projeto representa o desenvolvimento de sistemas padronizados de apoio aos
gestores das Companhias Docas e da SEP/PR, e que para obter a padronização prevista no projeto do
sistema, houve dispêndio de tempo superior ao planejado, o que levou a atraso na consecução do projeto.
Esse atraso resultou em uma execução financeira da ação 12KQ referente ao orçamento de 2013 em
20,59% do orçado (R$ 2.1 milhões/R$ 10.2 milhões).

Carga Inteligente e Cadeia Logística Inteligente.

120. O Relatório de Gestão 2013 descreve o projeto Cadeia Logística Portuária Inteligente como um
sistema para o rastreamento e monitoramento da carga com destino final aos portos, sequenciamento e
ordenamento do acesso terrestre de veículos, atendimento das exigências e regulamentações
internacionais de segurança e disponibilização de informações com antecedência para a comunidade
portuária e anuentes.

121. Tal sistema, denominado Portolog, deverá ser alimentado por dados coletados a partir de
sensoriamento digital, utilizando-se das tecnologias de Identificação por Rádio Frequência (RFID - Radio
Frequency Identification), Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR - Optical Character Recognition),
Selos Eletrônicos (e-seal) e Reconhecimento Biométrico. Esse sistema está sendo desenvolvido em parceria
com o Serpro. Com relação ao aspecto de infraestrutura física necessária à implantação do projeto, a
SEP/PR firmou parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

122. O sistema deverá ser implantado em 12 portos nacionais: Santarém/PA; Itaqui/MA; Pecém/CE;
Fortaleza/CE; Suape/PE; Salvador/BA; Vitória/ES; Itaguaí/RJ; Rio de Janeiro/RJ; Santos/SP;
Paranaguá/PR e Rio Grande/RS.

123. A Secretaria de Portos informou que o projeto Cadeia Logística Inteligente atingiu em 2013 a
porcentagem de 16% de execução física. Os resultados alcançados pelo projeto no período foram: i)
conclusão das atividades previstas para a execução do teste de campo do sistema; ii) conclusão dos
trabalhos de homologação do sistema e iii) conclusão da elaboração dos Termos de Referência e Editais
para licitação da infraestrutura e equipamentos necessários ao projeto em 5 portos de (Paranaguá,
Pecém, Fortaleza, Vitória e Santos).

124. Por outro lado, o relatório ressalta que resta a aquisição de infraestrutura de tecnologia da
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informação e comunicação (TIC) para a utilização do sistema em cada Administração Portuária


contemplada.

125. Quanto à execução financeira, a Secretaria de Portos informou que foi utilizada parte dos recursos
inscritos em restos a pagar de exercícios anteriores a 2013, não sendo necessária execução financeira
referente ao orçamento de 2013.

Promover a regularização ambiental dos portos organizados, adequando suas necessidades de operação,
manutenção e ampliação às normas ambientais e de saúde vigentes, de modo a assegurar a operação legal
e sustentável no setor portuário (Objetivo 0232) (peça 4, p. 42-45)

126. Esse objetivo contempla a implantação de dispositivos de controle de saúde, do Programa Nacional
de Regularização Ambiental Portuária (PRGAP) e ainda do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e
Efluentes Líquidos em portos marítimos organizados.

Implantação de dispositivos de controle de saúde

127. O relatório de gestão informa que a implantação desses dispositivos de controle está vinculada ao
Plano Brasileiro de Prevenção a Epidemia de Influenza, coordenado pelo Ministério da Defesa, e consiste
na aquisição de autoclaves e equipamentos de vídeo conferência que possam ser usados em situações de
crise.

128. Em anos anteriores foram adquiridas 22 autoclaves (equipamentos para esterilização de resíduos
sólidos). Em 2012 e 2013, a SEP/PR deu continuidade às ações de gestão junto aos portos organizados no
sentido de viabilizarem a instalação e operacionalização das autoclaves. Ao fim de 2013, cinco portos
contavam com autoclaves instaladas e aptas ao funcionamento: Belém/PA (duas unidades), Fortaleza/CE
(uma unidade), Recife/PE (três unidades), Paranaguá/PR (duas unidades) e Rio Grande/RS (duas
unidades).

129. Quanto aos equipamentos de videoconferência das salas de situação, a SEP/PR registra que a CODEBA
realizou a licitação para adquirir os equipamentos dos portos, mas ainda não finalizou a instalação. A
SEP/PR não informou a situação quanto aos demais portos organizados.

130. A SEP/PR ressalta que há um problema na atual definição da meta, que registra em seu título a
instalação de 22 autoclaves em 22 portos, quando deveria se referir a dez portos, o que prejudica o
preenchimento dos dados de regionalização. Feito esse ajuste, o andamento dos trabalhos (dez unidades
já instaladas) indica pela possibilidade de atingimento da meta até o fim do período previsto no PPA.

131. Quanto à execução de 2013, o Relatório de Gestão informa que a ação orçamentária 138Y não
apresentou execução física devido à limitação de empenho estabelecida à Secretaria de Portos, na forma
do Anexo I do Decreto nº 7.995, de 2 de maio de 2013, e alterações posteriores.

Implantação do Programa Nacional de Regularização Ambiental Portuária (PRGAP) em 10 portos


organizados marítimos

132. Instituído pela Portaria Interministerial MMA/SEP 425/2011, o programa consiste na elaboração de
estudos ambientais, com vistas à emissão, pelos órgãos competentes, da licença ambiental de operação
aos portos administrados pelas Companhias Docas vinculadas à SEP/PR, o que possibilitará a
compatibilização das necessidades de sua operação e manutenção às normas ambientais vigentes. A
implementação do programa está sendo feita em parceria firmada junto à UFSC e à Universidade Federal
da Bahia (UFBA).

133. Os estudos referentes aos portos de Natal/RN, Vitória/ES, Aratu/BA foram finalizados em 2012 e
encaminhados para os órgãos ambientais licenciadores. Em outubro/2012, foi emitida a licença de
operação provisória do Porto de Natal/RN.

134. O licenciamento de operação do Porto de Vitória/ES foi obtido em 2013. Nesse mesmo ano foram
concluídos os estudos dos portos de Ilhéus/BA, Rio de Janeiro/RJ e Itaguaí/RJ.

135. Contudo, o Relatório de Gestão não especifica em que ação foi realizada a execução financeira do
referido programa.
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Implantar o Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos em 22 portos organizados


marítimos

136. O programa visa gerenciar os resíduos sólidos, efluentes líquidos e controle da fauna sinantrópica em
22 portos brasileiros e será desenvolvido em três fases: i) elaboração de inventário e diagnóstico da
situação atual de geração e movimentação de resíduos e efluentes para os 22 portos participantes do
programa - parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); ii) elaboração de projetos
específicos à implantação das práticas identificadas na fase anterior; e iii) implantação das ações e obras
projetadas na segunda fase, de acordo com as características de cada porto.

137. Em 2012 foram realizados apenas os diagnósticos relativos à primeira fase do programa. Em 2013,
foram elaborados os manuais de boas práticas para os portos selecionados, bem como um guia nacional de
boas práticas baseado em práticas internacionais. Além disso, foi dado início à segunda fase do programa,
que corresponde ao detalhamento das ações identificadas na primeira fase.

138. De acordo com o Relatório de Gestão 2013 (peça 4, p. 52) o projeto atingiu 4% de execução física em
2013. O valor alcançado no período corresponde à conclusão da primeira de três fases do projeto cujo
produto é a entrega do Guia de Boas Práticas Portuárias e Manual Consolidado de Boas Práticas específico
para cada um dos 22 portos selecionados.

139. Ademais, o relatório informa que o resultado físico de 4% corresponde ao restante do previsto para a
primeira fase do programa concluída em 2013. Segundo o documento, a fase prevê 35% de execução física,
sendo que 31% foi realizada em 2012. A previsão para 2013 era de que a segunda fase do programa, que
representa outros 35% de execução física, tivesse 16% de execução, o que não ocorreu. Em decorrência, a
execução física de 2013 foi realizada com o pagamento de recursos inscritos em restos a pagar de anos
anteriores.

140. A Secretaria de Portos alegou que a duração da primeira fase se estendeu por um período adicional
de dez meses, em razão da necessidade de discussão do conteúdo dos manuais de boas práticas com cada
um dos 22 portos selecionados. Por conta desse atraso, a segunda fase somente foi iniciada em 2013.

Aprimorar a gestão e a formulação de políticas para o setor portuário marítimo de forma a contribuir com
um planejamento logístico integrado para o país (Objetivo 0233) (peça 4, p. 45-47)

141. Esse objetivo contém a elaboração do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) e do Plano de
Desenvolvimento e Zoneamento Portuário (PDZ) para 34 portos marítimos, estudos para simplificar
procedimentos e reduzir o custo de movimentação nos portos organizados marítimos no transporte de
mercadorias por cabotagem, e a implantação do Projeto de Incentivo à Cabotagem.

142. A SEP/PR elaborou o PNLP em 2012. Com a publicação do novo marco regulatório do setor portuário,
inicialmente pela Medida Provisória 595/2012, convertida na Lei 12.815/2013, a elaboração dos Planos de
Desenvolvimento e Zoneamento passou a ser de responsabilidade das autoridades portuárias, mas com a
aprovação pela SEP/PR.

143. O Relatório de Gestão registra que a SEP/PR tem papel relevante na formulação de políticas públicas
de incentivo à cabotagem, tendo concluído em 2012 dois estudos sobre o tema: i) estudo para a
Implantação do Sistema para Desenvolvimento Logístico de Cabotagem (em parceria com o Porto de
Cingapura) e ii) Estudo de Viabilidade para Implantação de Linhas Regulares de Cabotagem no Brasil (em
parceria com a UFSC). Ademais, a SEP/PR informa que o Estudo para o Desenvolvimento do Setor de
Cabotagem no Brasil (em parceria com o Banco Mundial) ainda não foi iniciado.

Estudos para o Planejamento do Setor Portuário - PAC

144. Consta do relatório que foram realizados dois estudos em 2013, ante a previsão de três. A Secretaria
de Portos indica que foram realizados os seguintes estudos: i) Análise do Mercado de Praticagem no Brasil
e ii) Acesso Intraestuarino da Baixada Santista - Estudo de Viabilidade. O terceiro estudo (projeto) seria o
Gestão Portuária Por Resultados (GPPR), que foi concluído em janeiro de 2014.

145. Com relação à baixa execução financeira (6,35%), a Secretaria de Portos informou que grande parte
dos recursos aplicados na ação 20B9 em 2013 eram provenientes de restos a pagar de exercícios
anteriores.
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Desenvolvimento do Setor Portuário

146. Para essa ação (210I), a Secretária de Portos informou que não houve execução física devido à
limitação de empenho.

Programa de Incentivo à Cabotagem (PIC)

147. O PIC teve início em 2010 com o objetivo de promover a transferência de cargas dos modais
terrestres para o aquaviário, com vistas à interligação dos portos nacionais, de forma a contribuir para a
redução de custos logísticos, de implantação e conservação de infraestrutura viária, diminuir impactos
ambientais e acidentes em rodovias, além de ampliar a competitividade da economia nacional.

148. Em 2012, o programa foi objeto de expansão e passou a ser desenvolvido por grupo de trabalho
composto por integrantes da SEP/PR, Ministério dos Transportes (MT) e Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq). No último trimestre do referido exercício, a Portaria Interministerial SEP/PR-MT
01/2012 instituiu o programa "Pró Cabotagem", de modo a estimular o aumento da participação da
navegação de cabotagem no país por meio de ações de curto, médio e longo prazos para os níveis
institucional, operacional e de infraestrutura.

149. Contudo, o Relatório de Gestão de 2013 destaca que não foram desenvolvidos trabalhos no período.

Ampliar a capacidade portuária por meio da reestruturação e da implantação de novos portos organizados
marítimos (Objetivo 0453) (peça 4, p. 47-50)

150. Esse objetivo concentra as ações destinadas a ampliar a capacidade portuária por meio da
reestruturação e da implantação de novos portos marítimos organizados. O PPA 2012-2015 estipula como
metas: i) a concessão de dois portos organizados marítimos; ii) ações de infraestrutura no Porto de
Pecém/CE; iii) a elaboração de diretrizes de outorgas para os portos organizados marítimos; iv) a
elaboração de quatro estudos e projetos para outorga de novos portos e terminais portuários; v) a
implantação de dois novos portos organizados; e vi) a realização de 159 arrendamentos em portos
organizados.

151. O Relatório de Gestão não apresentou as ações orçamentárias correspondentes ao objetivo, não
sendo possível verificar a execução financeira dessas ações.

Concessão de dois portos organizados marítimos

152. A SEP/PR informou que os portos de Ilhéus/BA e de Imbituba/SC constituem o objeto desta ação. O
Porto de Ilhéus/BA é administrado atualmente pela Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba), que
também administra os portos de Salvador/BA e Aratu/BA. Já o Porto de Imbituba/SC encontra-se delegado
ao Estado de Santa Catarina - SCPar Porto de Imbituba S/A.

153. De acordo com o Relatório de Gestão de 2013, a execução desta meta depende da elaboração dos
quatro estudos e projetos para outorga de novos portos organizados e terminais portuários marítimos.

Elaboração de quatro estudos e projetos para outorga de novos portos e terminais portuários

154. A SEP/PR relatou que os estudos referem-se aos portos de Manaus/AM, Águas Profundas/ES, Ilhéus/BA
e Imbituba/SC. Os estudos/projetos desses dois últimos não haviam sido iniciados em 2013.

155. Os estudos para concessão do Porto de Manaus/AM foram finalizados, mas encontravam-se em
processo de atualização em razão do advento do novo marco regulatório do setor (Lei 12.815/2013). Já os
estudos e projetos do Porto de Águas Profundas/ES foram concluídos e estavam em análise na SEP/PR.

Implantação de dois novos portos organizados marítimos

156. Consoante o Relatório de Gestão de 2013, a execução da meta também depende da elaboração dos
estudos e projetos para outorga de novos portos organizados.

Arrendamentos portuários

157. O Relatório de Gestão 2013 indica que a SEP/PR, ANTAQ, Casa Civil da Presidência da República
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

(CC/PR), Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), Ministério da Fazenda (MF) e Empresa de
Planejamento e Logística (EPL) estão desenvolvendo Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e
Ambiental (EVTEA) para as 159 áreas passíveis de serem arrendadas. A execução desses estudos esteve a
cargo da Estruturadora Brasileira de Projetos S/A (EBP), instituição autorizada pela SEP/PR, por meio da
Portaria SEP/PR 38, de 14/03/2013.

158. De acordo com a SEP/PR, a referida autorização foi concedida conforme previsão do art. 21 da Lei nº
8.987/1995, e sem caráter de exclusividade, possibilitando que outras pessoas, físicas ou jurídicas,
pudessem oferecer, a critério de seu interesse, os projetos ou estudos técnicos especificados na portaria.

159. Os referidos estudos foram divididos em quatro blocos, conforme segue:

1º Bloco: Santos/SP e do Estado do Pará: Belém, Miramar, Outeiro, Santarém e Vila do Conde;

2º Bloco: Salvador/BA, Aratu/BA, Paranaguá/PR e São Sebastião/SP;

3º Bloco: Maceió/AL; Suape/PE; Recife/PE; Cabedelo/PB; Fortaleza/CE; Itaqui/MA e Santana/AP;

4º Bloco: Rio Grande/RS; Porto Alegre/RS; Imbituba/SC; Itajaí/SC; São Francisco do Sul/SC; Rio de
Janeiro/RJ; Niterói/RJ; Itaguaí/RJ; e Vitória/ES.

160. Cabe relembrar que a autorização da SEP/PR para que EBP realizasse os EVTEA, por intermédio da
Portaria SEP/PR 38, de 14/3/2013, foi objeto de representação a esta Corte de Contas
(TC 012.687/2013-8). O Acórdão 1.155/2014-TCU-Plenário deliberou por julgar a representação
parcialmente procedente e determinou diversas providências à SEP/PR.

161. O relatório indica que os EVTEA referentes ao 1º e 2º blocos de arrendamentos foram entregues em
15/7/2013 e 9/9/2013, respectivamente. Versões preliminares dos demais blocos, além de atualizações
daqueles dois primeiros blocos foram entregues no último bimestre de 2013.

162. Após as consultas e audiências públicas, os editais de licitação referentes aos arrendamentos seguem
para análise do Tribunal de Contas da União. A consulta pública para os portos inclusos no 1º Bloco foi
realizada entre os dias 12/8/2013 e 6/9/2013. O TCU deliberou sobre o tema no Acórdão 3.661/2013-
TCU-Plenário (TC 029.083/2013-3), em que condicionou a publicação dos editais de licitação após a
adoção de diversas providências. A deliberação foi objeto de pedido de reexame, tendo o Tribunal
deliberado pelo acolhimento parcial (Acórdão 1.077/2015-TCU-Plenário).

163. Existe, outrossim, processo de monitoramento do citado Acórdão 3.661/2013-TCU-Plenário, a


saber, o TC 004.440/2014-5, no âmbito do qual foi proferido o Acórdão 1.555/2014-TCU-
Plenário. O decisum em tela considerou parcialmente atendidas as condicionantes do acórdão
monitorado, traçando novas determinações à SEP/PR para regularização da iniciativa concessória.

164. Quanto ao 2º bloco de arrendamentos, o Relatório de Gestão de 2013 indica que o período de
consulta pública foi realizado em outubro de 2013. Já as audiências públicas para os portos de São
Sebastião, Salvador/Aratu e Paranaguá ocorreram nos dias 17/10/2013, 18/10/2013 e 21/10/2013,
respectivamente.

165. Nota-se que, por ocasião do anúncio de nova etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL)
em 9 de junho de 2015, o Governo Federal houve por bem remodelar os dois primeiros blocos de
arrendamentos, fracionando o primeiro bloco em duas etapas ou fases (conforme se depreende de
apresentação contida no sítio oficial do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão:
http://www.planejamento.gov.br/assuntos/programa-de-investimento-em-logistica-pil).

VII.2 Transporte Hidroviário (peça 4, p. 61-62)

166. Com relação a esse programa temático, o PPA 2012-2015 apresenta dois objetivos: a) desenvolver o
transporte aquaviário de passageiros e misto (passageiros e cargas) na Região Norte (Objetivo 0278); e b)
desenvolver rede de instalações portuárias de navegação interior para transporte de carga considerando a
integração multimodal (Objetivo 0798).

167. A Secretaria de Portos apresentou análise situacional das ações realizadas em 2013 somente para o
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

primeiro objetivo, que prevê ações de adequação da infraestrutura do Porto de Manaus, a estruturação de
plano para a implantação, ampliação e modernização do transporte aquaviário de passageiros na Região
Norte e ainda a implantação de 52 instalações portuárias públicas nessa mesma região. O relatório de
gestão não menciona o segundo objetivo.

168. Quanto à adequação da infraestrutura do Porto de Manaus/AM, a SEP/PR reconhece a baixa execução
física e financeira da referida ação (peça 4, p. 61). O órgão indica que encaminhará ofício ao Dnit
solicitando determinar à empresa contratada a conclusão dos projetos básicos e executivos de todas as
intervenções.

169. Além disso, o Relatório de Gestão de 2013 indica a ação 20LN referente a Manutenção e Operação dos
Terminais Hidroviários na Região Amazônica. Em sua análise, a Secretaria de Portos informa que repassou
os recursos previstos para o Dnit.

170. Oportuno esclarecer que o art. 65 da Lei 12.815/2013 transfere à Secretaria de Portos as
competências atribuídas ao Ministério dos Transportes e ao Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) em leis gerais e específicas relativas a portos fluviais e lacustres, exceto as
competências relativas a instalações portuárias públicas de pequeno porte.

VII.3 Conclusão

171. Verifica-se que a SEP/PR é responsável por diversos programas de grande importância para o
desenvolvimento nacional. Ademais, as atividades desempenhadas pela Secretaria de Portos mostram-se
integralmente aderentes aos objetivos do PPA 2012-2015.

172. Todavia, assim como no passado, observa-se que a SEP/PR não tem alcançado sucesso em atingir as
metas físicas, ficando abaixo dos parâmetros estipulados. Novamente, percebem-se dificuldades na
execução dos projetos de melhorias na infraestrutura e gestão dos portos brasileiros.

173. O desempenho operacional aquém das expectativas não pode ser atribuído somente a fatores
externos, pois estes, em geral, refletem-se pontualmente em algumas ações específicas, e não na maioria
delas, como se verifica no presente caso. Além disso, a própria SEP/PR, ao justificar problemas na
execução das suas ações, faz referências a adequações necessárias aos projetos básicos e executivos,
atrasos nos editais, dificuldades técnicas, etc, que são atividades de sua responsabilidade, mesmo que em
parceria com os portos interessados nas obras.

174. O item 3.2 do relatório de auditoria (peça 5, p. 4-6) também traz uma avaliação dos resultados
quantitativos e qualitativos. No subitem 1.1.1.1 das constatações da Ciset/PR (peça 5, p. 15-22), o
Controle Interno registrou desempenho qualitativo e quantitativo insuficiente para 28 das 31 (90%) ações
governamentais sob responsabilidade da unidade jurisdicionada e vinculadas aos programas temáticos
2073 (Transporte Hidroviário) ou 2074 (Transporte Marítimo).

175. Portanto, embora alguma ação, ou algumas ações, possam ter seu rendimento prejudicado por
fatores externos, o caráter generalizado dos insucessos na concretização das suas metas físicas ao longo
dos exercícios indica fragilidades importantes de gestão.

176. Nesse ponto esta instrução, em concordância com o Certificado de Auditoria (peça 6), opina pela
relevância do problema. No entanto, discorda não haver nexo de causalidade, eis que o nexo de
causalidade, em se tratando de condutas omissivas, é de natureza normativa, e não naturalística. Em
outros termos, há infração ao dever de agir previsto em norma, conforme se passa a expor.

177. Até setembro de 2013, a estrutura regimental da Secretaria de Portos foi regulada pelo Decreto
7.262, de 12 de agosto de 2010.

178. O normativo estabelecia órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado. Dentre esses
órgãos, destaca-se o Secretário Executivo, ao qual competia exercer a coordenação superior dos temas,
das ações governamentais e das medidas referentes às áreas de atuação da SEP/PR e colaborar com o
Ministro na direção, orientação, coordenação e no controle dos trabalhos da Secretaria de Portos e na
definição de diretrizes e na implementação das ações da sua área de competência (art. 4º, incisos II e III,
do Decreto 7.262/2010).

179. Consoante o art. 6º, inciso II, do Decreto 7.262/2010, competia à Secretaria de Gestão e
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

Infraestrutura de Portos, órgão singular da SEP/PR, consolidar, avaliar e coordenar a execução e


implementação dos programas, projetos, ações, contratos e convênios de obras e serviços. Também
competia a esse órgão específico supervisionar o desempenho operacional do setor portuário marítimo,
estabelecer ações e diretrizes para sua melhoria, implementando indicadores econômico-financeiros e de
qualidade, objetivando a avaliação dos programas portuários (art. 6º, inciso III, do Decreto 7.262/2010).

180. Já a coordenação das atividades relativas à outorga para exploração de infraestrutura e prestação de
serviços competia à Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Portuário, conforme art. 10, inciso III,
do referido normativo. Competia ao titular desse órgão supervisionar as atividades de planejamento,
estudos e pesquisas de engenharia de meio ambiente, bem como coordenar a realização de programas de
desenvolvimento tecnológico e de capacitação técnica (art. 10, inciso IV, do Decreto 7.262/2010).

181. O atual regimento interno (Anexo I, do Decreto 8.088, de 2 de setembro de 2013) alterou a
denominação dos referidos órgãos singulares para Secretaria de Infraestrutura Portuária e Secretaria de
Políticas Portuárias.

182. O art. 7º do novo normativo traz as competências da Secretaria de Infraestrutura Portuária, que,
dentre outras atribuições, deve promover a implementação de programas, ações e projetos de apoio ao
desenvolvimento da infraestrutura portuária e dos contratos e convênios de obras e serviços decorrentes,
monitorando e avaliando sua execução, e promover e supervisionar a execução de obras e serviços de
dragagem, de projetos de construção, ampliação, recuperação, manutenção e operação da infraestrutura
portuária.

183. Já a Secretaria de Políticas Portuárias possui suas competências definidas no art. 12 do normativo,
dentre elas: subsidiar a formulação e a implementação das políticas setoriais, do planejamento
estratégico do setor e dos planos e programas decorrentes, e monitorar e avaliar sua execução; coordenar
as atividades relativas a outorgas e delegações para fins de exploração de infraestrutura e de prestação de
serviços em consonância com o Plano Geral de Outorgas; promover estudos e pesquisas e implementar
projetos para o desenvolvimento de soluções de inteligência logística portuária, visando à eficiência das
operações portuárias; e coordenar as ações de responsabilidade social e de gestão ambiental, visando ao
desenvolvimento sustentável no setor portuário.

184. Quanto à competência do Secretário Executivo, o atual regimento atribui a tarefa de supervisionar e
coordenar as atividades relacionadas aos sistemas federais de planejamento e orçamento, de recursos
humanos, de serviços gerais, de administração financeira e contabilidade, de administração de recursos de
informação e informática, de documentação e arquivo e de organização e inovação institucional no âmbito
da Secretaria de Portos da Presidência da República.

185. Considerando o normativo vigente até setembro de 2013, os titulares da Secretaria de Gestão e
Infraestrutura de Portos, Sr. Fernando Victor Castanheira de Carvalho, e da Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento Portuário, Sr. Rogério Abreu Menescal, não lograram sucesso no desempenho de suas
atividades regimentais, o que resultou em baixa performance operacional da unidade jurisdicionada.
Assim, será proposto incorporar essa deficiência às ressalvas no julgamento das contas dos titulares desses
cargos.

186. Como o titular da Secretaria de Infraestrutura Portuária, Sr. Tiago de Barros Correia, assumiu o órgão
a partir de novembro de 2013, não pode ser considerado diretamente responsável pelas deficiências de
desempenho no período avaliado.

187. Já o Sr. Rogério Abreu Menescal foi titular da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento
Portuário (até setembro/2013) e da Secretaria de Políticas Portuárias (a partir de outubro/2013), atuando
durante todo o exercício e, portanto, mostra-se passível de receber ressalva em suas contas.

188. Importante relembrar que o desempenho operacional insuficiente tem sido frequentemente apontado
quando do exame das contas do órgão. A exemplo da presente análise, a conclusão da Unidade Técnica
para as contas dos exercícios de 2011 e 2012 foi de que a avaliação do cumprimento das metas previstas
na legislação orçamentária apontou, de modo geral, resultado inferior ao inicialmente pretendido
(TC 041.915/2012-7, peça 10, p. 26, § 172 e TC 021.785/2013-9, peça 24, p. 30, § 174).

189. Tendo em conta a recorrência da situação, verifica-se que o dirigente máximo da unidade
jurisdicionada, Sr. José Leônidas Menezes Cristino, e o Secretário Executivo, Sr. Mário Lima Júnior, que
ocuparam seus cargos até outubro/2013, não aplicaram esforços suficientes para que os problemas fossem
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

superados e o órgão alcançasse a performance almejada. Desse modo, as contas do dirigente máximo da
SEP/PR e do Secretário Executivo também devem receber ressalvas.

190. Contudo, os Srs. Antônio Henrique Pinheiro Silveira e Eduardo Xavier, que assumiram o órgão,
respectivamente como Ministro de Estado e Secretário Executivo, a partir de outubro de 2013, não devem
ser considerados responsáveis pela inércia na solução das impropriedades apontadas.

191. Portanto, esta instrução, em somatório com outros itens a seguir e descrição da conclusão e proposta
de encaminhamento, opina pela regularidade das contas com a ressalva do baixo desempenho operacional
na condução dos programas temáticos previstos no PPA 2012-2015.

192. Pelo exposto, considera-se oportuno incorporar tal inadimplemento às ressalvas no julgamento das
contas dos Srs. José Leônidas Menezes Cristino, Mário Lima Júnior, Fernando Victor Castanheira de
Carvalho e Rogério Abreu Menescal com base nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, todos
da Lei 8.443/1992, conforme matriz anexada a esta instrução.

VIII. Avaliação da gestão de pessoas e da terceirização de mão de obra

193. O Relatório de Gestão da SEP/PR descreve no item 5 (peça 4, p. 110-116), por meio de quadros e
indicadores, como ocorreu a gestão de pessoas no órgão em 2013.

194. Nesse é relatado que não houve situações de acumulação indevida de cargos, funções ou empregos
públicos. Também não houve registro quanto a acidentes de trabalho que tenham afetado a capacidade
laborativa dos servidores no exercício.

195. Em relação a terceirização de mão de obra, o relatório informa que não houve implantação do
programa de estágio supervisionado e descreve que não houve vinculação entre as atividades que estavam
sendo executadas de forma terceirizada, com as aquelas descritas no Plano de Cargos da Administração
Federal, o que estaria de acordo com o Decreto 2.271/1997 da Presidência da República (não obstante o
plano não ter sido implementado ainda na Secretaria).

196. Quanto à rotatividade (turnover), o relatório indica elevação do índice de 1,27% para 1,60% mensal,
causado pelos novos provimentos/exonerações em cargos comissionados decorrentes da alteração na
estrutura de cargos em comissão advindas com o Decreto 8.088/2013, bem como pela troca de gestores na
direção geral do órgão.

197. O quadro 70 do relatório (peça 4, p. 110) também registra que a Secretaria de Portos possui 255
servidores de carreira, sendo 99 vinculados ao órgão, 43 em exercício descentralizado, e 110 requisitados
de outros órgãos/esferas. A SEP/PR conta com um membro de poder (o próprio Ministro Chefe da
Secretaria) e 23 servidores sem vínculo com a Administração Pública. O quadro indica ainda que 84
servidores (sendo 42 servidores de carreira vinculada ao órgão) ingressaram durante o exercício, e que 19
deixaram a SEP/PR em 2013.

198. O quadro 75 (peça 4, p. 113) mostra aumento de 27% nos custos de pessoal da SEP/PR em relação ao
ano anterior, grande parte em razão do aumento dos custos com servidores de carreira. Depreende-se do
quadro que o custo total passou de R$ 7,64 milhões para R$ 9,68 milhões.

199. Por sua vez, em relação ao tema, o relatório de auditoria da Ciset cita que a Secretaria de Portos,
por ser órgão essencial da Presidência da República, não dispunha de quadro próprio de servidores, sendo
sua força de trabalho formada por servidores nomeados em cargos comissionados, requisitados e
servidores em exercício descentralizado de carreiras do Poder Executivo Federal, considerando a natureza
das competências institucionais da Unidade (item 3.4 do relatório, peça 5, p. 7-8).

200. Informa ainda que a responsabilidade pela execução das atividades de orientação e gestão de
pessoal, de execução orçamentária e financeira, de contabilidade, da infraestrutura tecnológica, de
recursos materiais e patrimoniais, de transportes, de comunicações administrativas e de atividades
necessárias ao funcionamento da Secretaria de Portos da Presidência da República compete ao seu
Departamento de Gestão Corporativa da Secretaria-Executiva, conforme art. 5º do Anexo I ao Decreto
8.088/2013, que, especificamente para a gestão de pessoas, contou em 2013 apenas com quatro
trabalhadores, sendo um coordenador (DAS-101.3) e três terceirizados nas atividades de apoio
administrativo.
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201. Continua informando que as requisições de pessoal para exercício na SEP/PR são realizadas por
intermédio da Casa Civil da Presidência da República, nos termos do art. 22 do Decreto 8.088/2013. Nesse
sentido, foram concretizados 49 procedimentos de requisição no exercício de 2013.

202. Em relação ao quantitativo de pessoal do órgão, o relatório de auditoria relata que houve discreto
aumento na ordem de 8,72% de 2012 para 2013. Sob a ótica qualitativa, destaca a diminuição de 20,69%
nos servidores sem vínculo, de 32,89% nos requisitados com ônus, e o aumento de 103,45% nos requisitados
sem ônus. Relata ainda que, apesar da redução de 10,53% em relação a 2012, a situação dos terceirizados
permanece praticamente inalterada desde 2011, representando pouco mais de 1/3 da força de trabalho
existente na SEP/PR.

203. A análise da Ciset da gestão de pessoas ainda salienta que, em face da recomendação consignada no
relatório de auditoria de 2012 para que a unidade jurisdicionada elaborasse estudos quanto as
necessidades de recursos humanos para desenvolver suas novas atribuições decorrentes da Medida
Provisória 595/2012 (posteriormente convertida na Lei 12.815, de 5 de junho de 2013), o gestor informou
que a comissão constituída para tal fim concluiu pela necessidade de 54 Analistas de Infraestrutura e 40
Analistas Técnico-Administrativos.

204. Apesar de não expor ressalvas relacionadas a gestão de pessoal da SEP/PR, o relatório de Auditoria
descreveu, na constatação 1.1.4.1 (peça 5, p. 30-31), haver ausência de estudos de impacto e
adequabilidade quanto a força de trabalho necessária frente alteração do marco regulatório portuário.

205. Nesse contexto, o relatório cita que é evidente a ausência de estudos que permitam avaliar a
adequação do atual quadro frente as novas competências assurgidas a partir do novo marco regulatório do
setor portuário (Lei 12.815/2013, de 5/6/2013) e enfatiza a necessidade de atualização das necessidades
da unidade jurisdicionada.

206. Por tal, o relatório perfaz a seguinte recomendação: "realize estudo estruturado que permita
determinar o necessário e adequado quantitativo de servidores frente as atuais competências da SEP/PR,
abordando necessariamente a forma de composição da força de trabalho, atualmente baseada no Decreto
7.262/2010".

207. No entanto, importa relembrar que a contratação irregular de terceirizados foi objeto de fiscalização
nesta Corte no âmbito do TC 034.961/2011-9, processo no qual foi prolatado o Acórdão
1.618/2012-TCU-Plenário com determinações que envolvem a elaboração de plano de ação pela
Secretaria de Portos para reestruturar seu quadro de servidores. O monitoramento dessa deliberação,
realizado dentro do TC 038.711/2012-5, processo no qual foi prolatado o Acórdão 3.590/2013-
TCU-Plenário, considerou cumpridas as determinações à Secretaria de Portos quanto a elaboração de
um plano de reestruturação da área de pessoal do órgão.

208. Ademais, após a realização dos trabalhos de campo da Ciset (18/2/2014 a 14/3/2014), a SEP/PR
realizou, ainda em 2014, concurso público para provimento de quarenta cargos de provimento efetivo do
plano geral de cargos do Poder Executivo do quadro de pessoal próprio e permanente da Secretaria de
Portos.

IX. Avaliação da gestão do patrimônio

209. A gestão patrimonial da SEP/PR é descrita no item 6 do seu relatório (peça 4, p. 117). De acordo com
o descrito, em relação aos bens móveis, a SEP/PR não dispõe de frota própria de veículos, e diante da
necessidade de locomoção de autoridades, servidores e necessidade de entrega de documentos, firmou
contrato de locação de veículos com motoristas abrangendo quatro veículos populares e cinco veículos
executivos, o que gera um gasto mensal de aproximadamente R$ 69 mil reais.

210. Em relação à gestão de bens imóveis, o relatório informa que a SEP/PR não dispõe de bens imóveis de
uso especial de propriedade da União, bem assim, de imóveis residenciais. Os bens imóveis são locados de
terceiros e o imóvel onde se encontra instalado o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias, no Rio de
Janeiro, pertence à Companhia Docas do Rio de Janeiro/CDRJ, cedido à SEP por meio de Termo de Cessão
de Uso Gratuito.

211. O Relatório de Gestão da SEP/PR é sucinto no que diz à gestão patrimonial. Não é informado, por
exemplo, que estrutura de pessoal e estrutura tecnológica da unidade jurisdicionada é utilizada para gerir
os bens locados de terceiros que estão sob sua responsabilidade e quais são os gastos efetuados de aluguel
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

e manutenção predial ou possíveis indenizações das benfeitorias realizadas no exercício pelos locatários.

212. Por sua vez, o Relatório de Auditoria da Ciset não se pronuncia acerca da gestão patrimonial de
SEP/PR no exercício de 2013, não havendo, portanto, manifestação do controle interno sobre a
regularidade dos processos de locação de imóveis de terceiros ou adequação dos preços contratuais dos
aluguéis aos valores de mercado.

213. Portanto, para esse item, se torna prejudicada essa análise, não sendo possível identificar possíveis
causas para falhas na gestão patrimonial exercida pela unidade jurisdicionada e/ou oportunidades de
melhorias referentes à estrutura para lidar com o patrimônio imobiliário gerido.

X. Avaliação da gestão de tecnologia da informação (TI) e da gestão do conhecimento

214. Assim como o item anterior, a gestão de TI é descrita de forma concisa no relatório (item 7, peça 4,
pp. 118-120).

215. Após demonstração de alguns quadros, o relatório conclui que na área de TI houve dificuldades para
execução das ações em função de problemas de ajustamentos aos sistemas de planejamento e gestão,
tanto nas áreas meio quanto nas áreas finalísticas (peça 4, p. 120).

216. Acrescenta que ocorreu dificuldade na implementação das ações consignadas no Plano Diretor de TI
(PDTI) por não existir na SEP/PR um Plano Estratégico Institucional (PEI), acarretando em falta de
definição de prioridades alinhadas aos objetivos institucionais e às atividades finalísticas da SEP/PR (peça
4, p. 120).

217. O Relatório de Auditoria de Gestão da Ciset também não se pronuncia acerca da gestão de TI da
SEP/PR no exercício de 2013, não havendo, portanto, manifestação do controle interno sobre a adequação
no gerenciamento de informações no âmbito da UJ.

218. Porém, importa relembrar que no relatório de auditoria do exercício de 2012, a Ciset concluiu que a
Secretaria de Portos não avançou na área de tecnologia da informação, de modo que permanecia a
necessidade de elaborar Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI), bem como de estruturar a área
dentro do órgão, o que também já havia sido objeto de citação no relatório do Controle Interno de 2011
(TC 021.785/2013-9, peça 5, p. 10-11).

219. No Relatório de Gestão de 2013 (peça 4, p. 119), a Secretaria de Portos informa que a pendência foi
em parte resolvida com a publicação do referido plano. Consta no sítio eletrônico do órgão que o PDTI
2013-2015 1ª edição foi aprovado pelo Comitê Executivo de Tecnologia da Informação pela Resolução 1, de
21 de agosto de 2013, e publicado na Portaria 129, de 20 de setembro de 2013, no DOU, em 23 de
setembro de 2013, seção 1.

220. Contudo, a SEP/PR ressalta que o PDTI foi elaborado antes da elaboração do plano estratégico da
instituição, o que resultou em dificuldade na implementação das ações consignadas no plano diretor.

221. O exame do referido plano mostra que esse é suficientemente detalhado para possibilitar a definição
dos planos táticos de TI e define como os objetivos serão atingidos e medidos (peça 9, p. 22-32).

222. Porém, o PDTI não detalha de forma suficiente como a TI aplicará os programas de investimentos e
como dará sustentação à entrega operacional de serviços. Os planos de gestão de pessoas, de
investimentos e custeio, e de gestão de riscos constituem metas do próprio PDTI (peça 9, p. 33), quando
deveriam se apresentar como alicerces para a consecução do plano, o que demonstra que a gestão de TI
ainda é incipiente no âmbito da Secretaria de Portos.

223. Dessarte, a SEP/PR ainda necessita verificar o alinhamento do PDTI ao plano estratégico do órgão,
bem como apresentar os planos de gestão de pessoas, de investimentos e custeio, e de gestão de risco
como itens desse plano.

224. Por conseguinte, a proposta de encaminhamento conterá recomendação à Secretaria de Portos para
que reavalie seu PDTI, considerando o plano estratégico institucional estabelecido, e o complemente com
os planos de gestão de pessoas, de investimentos e custeio, e de gestão de risco, de acordo com o guia de
elaboração de PDTI do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP), versão
1.0.
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XI. Avaliação da gestão dos recursos renováveis e sustentabilidade ambiental

225. Este item também não foi objeto de exame pela Ciset no Relatório de Auditoria (peça 5),
diferentemente do que consta naquele relativo às contas de 2011, onde foram informadas as boas práticas
da SEP/PR quanto à gestão em prol da sustentabilidade ambiental (TC 041.915/2012-7, peça 4, p. 7).

226. A Secretaria de Portos, por sua vez, avaliou-se positivamente em boa parte dos quesitos relacionados
ao tema, conforme se depreende das informações presentes no Quadro 80 - Gestão Ambiental e Licitações
Sustentáveis de seu Relatório de Gestão (peça 4, p. 121-122).

227. A SEP/PR ressalta que tem procurado incluir critérios de sustentabilidade ambiental em suas
licitações, ao fazer constar nos contratos com prestadores de serviços cláusulas concernentes à adoção de
boas práticas tais como: otimização de recursos, redução de desperdícios, menor poluição, utilização de
água de reuso, adoção de procedimentos de descarte de materiais potencialmente poluidores.

228. Além disso, o órgão relembra que possui contrato com empresa em parceria com o Instituto SOS Mata
Atlântica, para certificar que o papel consumido no contrato de impressão organizacional é objeto de
compensação ambiental, por meio da adoção do Programa Floresta do Futuro, para o replantio de árvores
nativas. O órgão também recorda que realiza programas que visam a gestão do uso dos recursos renováveis
e sustentabilidade ambiental: Programa de Conformidade do Gerenciamento de Resíduos Sólidos e
Efluentes e o Programa Federal de Apoio à Regularização e Gestão Ambiental Portuária.

229. Contudo, a jurisdicionada não dispõe de informações quanto ao volume de gastos com energia
elétrica e água ao longo dos anos, uma vez que o custo de manutenção do edifício Centro Empresarial
Varig, local onde se situa a Secretaria de Portos, é rateado por vários condôminos.

XII. Avaliação da situação das transferências voluntárias vigentes (convênios, contratos de repasse, termos
de cooperação, termos de compromisso, bem como transferências a título de subvenções, auxílios ou
contribuições)

230. A relação das transferências voluntárias celebradas pela SEP/PR vigentes no ano em análise são
listadas por meio dos Quadros 66 a 69 do item 4.3 do Relatório de Gestão (peça 4, p. 102-108).

231. Não há análise da Ciset para esse tópico. No entanto, vale ressaltar que, na análise ao relatório do
exercício anterior (2012), foi enfatizado pela Ciset impropriedades relacionadas com o tema, como as
seguintes: fragilidades nos controles administrativos relativos à gestão das transferências; não observância
à necessária segregação de funções no âmbito do controle dos termos por ela celebrados; insuficiência de
servidores e tecnologia para realizar as atividades inerentes ao acompanhamento dos ajustes; insuficiência
de pessoal e de estrutura para realizar as prestações de contas das transferências voluntárias; ocorrência
de diversos convênios e transferências voluntárias com sua vigência expirada acima de 180 dias e suas
respectivas prestações de contas não apresentadas e/ou não analisadas (TC 021.785/2013-9, peça 5, p.
50-52).

232. Para o ano em análise (2013), não há elementos nos autos suficientes para afirmar se os problemas
apontados persistiram ou foram solucionados, o que torna prejudicada essa análise.

233. No entanto, chamam a atenção os quadros 68 e 69 do relatório da SEP/PR (peça 4, p. 106-108), os


quais relatam informações sobre as contas dos convênios e contratos de repasse da SEP/PR. O primeiro,
Quadro 68, indica haver um número considerável de contas não prestadas (4 de 9).

234. Já o Quadro 69 indica haver no órgão um total de 44 contas ainda não analisadas. Desse montante, 10
se referem a contas não analisadas de convênios relativos ao exercício de 2013 com prazo de análise
vencido e 19 se referem a contas não analisadas de convênios relativos ao exercício anterior a 2011.

235. Com objetivo de verificar se a SEP/PR vem ao menos empreendendo esforços para correção do
problema, propõe-se recomendar que o órgão de Controle Interno proceda análise detalhada da situação
das transferências voluntárias vigentes quando avaliar as próximas contas da SEP/PR. Além disso, propõe-
se, novamente, dar ciência a SEP/PR que a inobservância aos normativos das Portarias Interministeriais
127/2008 e 507/2011 relativos aos prazos para prestação de contas, configura irregularidade passível de
multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1992.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

XIII. Avaliação do cumprimento de obrigações legais e normativas

236. Em relação ao cumprimento das obrigações constantes da Lei 8.730/1993, a Secretaria de Portos
incluiu, por meio do Quadro 104 do Relatório de Gestão (peça 4, p. 141), dados sobre o cumprimento, por
autoridades e servidores da unidade jurisdicionada, da obrigação de entrega das declarações de bens e
rendas.

237. Por sua vez, em cumprimento à Lei 12.708/2012, a SEP/PR declara possuir registro atualizado das
informações referentes a contratos e convênios ou instrumentos congêneres no Sistema Integrado de
Administração de Serviços Gerais - Siasg e no Sistema de Gestão de Convênios, Contratos de Repasse e
Termos de Parceria - Siconv (peça 4, p. 152-155).

238. Prosseguindo a avaliação desse tópico, importa relembrar que o § 6º do art. 9º da DN TCU 132/2013
possibilitou que o Controle Interno, em comum acordo com o TCU, ajustasse o escopo de sua fiscalização
em razão da necessidade de acompanhamento de aspecto específico e relevante da gestão da unidade
auditada (peça 3, p. 4). Dessa forma, o cumprimento de determinações pela SEP/PR não foi escopo da
avaliação do órgão de controle interno.

239. A seguir estão listados processos, acórdãos, unidades técnicas responsáveis no TCU e o conteúdo das
determinações exaradas até 2013, concluídas ou não. Ressalte-se que, conquanto algumas determinações
tenham sido prolatadas em anos anteriores a 2013, seu cumprimento pode se estender até o exercício das
presentes contas.

Determinações cumpridas

240. Processo: 021.063/2011-7 (Prestação de contas - exercício 2010)

ACÓRDÃO: 7124/2013-TCU-2ª Câmara, de 26/11/2013

Conteúdo da determinação:

1.81. determinar à Secretaria de Portos que, em suas próximas contas: (i) apresente indicadores de
alcance de resultados dos programas de governo de sua responsabilidade, acompanhados de informações
acerca dos motivos para não alcance das metas esperadas, bem como das medidas adotadas para corrigir
deficiências constatadas e evitar fatores de risco; (ii) relate as providências adotadas e os resultados
alcançados na obtenção do ressarcimento dos valores cuja correta aplicação não foi comprovada no
âmbito do Termo de Compromisso 2/2009, celebrado com o Complexo Industrial Portuário Governador
Eraldo Gueiros - Suape/PE;

241. Por meio do Ofício 1164/2014/SEP/PR, de 18 de junho de 2014, (TC 005.057/2014-0) a Secretaria
de Portos informou ter encaminhado ao Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros,
administrador do Porto de Suape, o Ofício 998/2014/SEP/PR, de 23/05/2014, com a memória de cálculo e
a Guia de Recolhimento da União-GRU, no valor de R$ 1.138.332,24, atualizado com base no art. 6º da Lei
11578, de 26/11/2007, para recolhimento aos cofres públicos até 31/5/2014. Em resposta, o Diretor
Presidente do Complexo Portuário informou o recolhimento da GRU, realizado em 30/5/2014, encerrando,
dessa forma, pendência relativa ao Termo de Compromisso 2/2009.

242. Processo: 046.920/2012-9 (dragagem do Porto de Imbituba/SC)

ACÓRDÃO: 1515/2013-TCU-Plenário, de 19/6/2013

Conteúdo da determinação:

9.3. determinar à Secretaria Especial de Portos da Presidência da República - SEP/PR que exija da
licitante declarada vencedora do certame, antes da assinatura do contrato, o detalhamento das parcelas
envolvidas e o quantitativo real necessário nas composições de custo unitário do item "equipamentos"
(composição auxiliar 4), incluindo a mão de obra operacional e demais elementos formadores do custo
(depreciação, juros, manutenção, reparos, combustível e outros), e do item "materiais de desgaste"
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

(composição auxiliar);

243. Trata-se de representação formulada pela empresa EIT Construções S/A sobre irregularidades na
Concorrência Pública Internacional SEP/PR 1/2012, tendo por objeto a contratação das obras de dragagem
de Imbituba/SC. Por meio do Quadro 88 (peça 4, p. 131), a SEP/PR informou ter acatado as
determinações. Consta no TC 046.920/2012-9 (peça 53) o Ofício 1307/2014/SEP/PR, de 24/7/2014, que
apresenta a documentação exigida na determinação 9.3 do Acórdão 1515/2013-TCU-Plenário. O
processo encontra-se arquivado.

244. Processo: 003.626/2013-0 (dragagem do Porto de Rio Grande/RS)

ACÓRDÃO: 28/2013-TCU-Plenário, de 23/1/2013

Conteúdo da determinação:

9.4. determinar à Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, com fulcro no art. 71, inciso
IX, da Constituição Federal, no art. 45 da Lei 8.443/1992, no art. 251 do Regimento Interno/TCU, e no art.
65, inciso I, alínea 'b', da Lei 8.666/1993, que adote as providências necessárias à celebração de termo
aditivo ao Contrato 1/2010 firmado com o consórcio Hidrotopo/Dzeta/Tecnol, no intuito de reduzir R$
580.703,92 no Contrato 1/2010, em razão da impossibilidade de entrega de 4 dos 13 relatórios contratados
e verifique a real necessidade dos quantitativos integrantes da Planilha de Proposta de Preços e Serviços
contratados, informando a este Tribunal, no prazo de 30 dias a contar da ciência sobre as medidas
encetadas e os resultados alcançados;

245. A SEP/PR encaminhou o Ofício 296/2013/SEP/PR, de 8 de março de 2013, em que informa que o
Contrato SEP/PR 01/2010 foi aditado com redução de valor de R$ 871.0555,88, devido à redução do
número de relatórios de andamento da dragagem de aprofundamento (TC 007.158/2010-6, peça 87).
Ademais, a publicação do referido aditivo consta à peça 79 do TC 003.626/2013-0. O processo
encontra-se em instrução nesta unidade técnica para análise de alegações de defesa.

246. Além dessas, importa destacar que o Acórdão 3.590/2013-TCU-Plenário, de 10/12/2013,


considerou cumpridas as determinações constantes do Acórdão 1.618/2012-TCU-Plenário, de
27/6/2012, a respeito da legalidade, da legitimidade e da economicidade do Convênio 756498/2011,
celebrado entre a SEP e a Fundação Ricardo Franco.

247. Cabe relembrar que ao longo de 2013 foram adotadas duas medidas cautelares com determinação à
SEP/PR. Na primeira, no âmbito do TC 046.127/2012-7, em 12/3/2013, foi determinada a suspensão do
Contrato 3/2008 firmado com a empresa Engerede Engenharia de Representação Ltda. Porém, o Acórdão
483/2015-TCU-Plenário decidiu revogar, por perda do objeto, a referida medida.
248. Na segunda cautelar, foi determinada a suspensão da audiência pública prevista para 30/8/2013 a
respeito de licitação de dez lotes para arrendamento de áreas do Porto de Santos. Todavia, a medida
cautelar foi prejudicada porque a notificação só foi encaminhada após a data de 30/8/2013
(TC 007.001/2013-4, peça 38).

249. Acrescenta-se a esse tópico determinações/recomendações à SEP/PR que não ensejam prazo
estabelecido para cumprimento pela unidade jurisdicionada. As deliberações a seguir enquadram-se nessa
situação.

Tabela - determinações/recomendações sem prazo estabelecido para cumprimento

Processo Acórdão Deliberação

007.337/2010-8 Acórdão 302/2013-Plenário 9.3. determinar à Secretaria Especial de Portos da


Presidência da República - SEP/PR que se abstenha de aprovar e encaminhar orçamento-base para
licitação de obras de dragagem sem a devida transparência quanto às fontes utilizadas para obtenção de
parâmetros de cálculo, sem memórias de cálculo, ou justificativas adequadas para a adoção desses
parâmetros, ante o disposto nos arts. 6º, inciso IX, alínea "f", e 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993;
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

9.4. determinar, também, à SEP/PR que adote providências no sentido de que, nas próximas licitações de
serviços de dragagem, todas as informações utilizadas para elaboração dos orçamentos estejam
adequadamente disponíveis aos participantes da licitação;

005.849/2002 Acórdão 1299/2013-Plenário 9.5. recomendar à Secretaria de Portos da Presidência da


República que estude a possibilidade de elaboração de norma para estabelecer um prazo máximo de
validade para a utilização de sondagens em obras portuárias e um número mínimo de pontos por área;

006.617/2013 Acórdão 1274/2013-Plenário VI. Às Companhias Docas do Rio de Janeiro (CGRJ), Docas
do Estado da Bahia (Codeba), Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Docas do Rio Grande do Norte
(Codern), Docas do Pará (CDP), Docas do Ceará (CDC) e Docas do Espírito Santo (Codesa), vinculadas à
Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, e à Companhia Docas do Maranhão (Codomar),
vinculada ao Ministério dos Transportes, para que aprimorem seus processos de planejamentos no intuito
de espelhar a real possibilidade de execução dos investimentos programados, bem assim à Secretaria
Especial de Portos de Presidência da República e ao Ministério dos Transportes, para que promovam
intervenções de suas alçadas no sentido de assegurar a eficácia na consecução da programação
orçamentária, em atendimento ao inciso III do art. 26 do Decreto-Lei 200/1967, e em observância ao
princípio da eficiência estabelecido no caput do art. 37 da Constituição Federal (item 3.3.4);

018.841/2013-9 Acórdão 2696/2013-Plenário 9.1. recomendar à Secretaria Especial de Portos da


Presidência da República (SEP/PR) e à Superintendência do Porto de Itajaí/SC, com base no art. 250,
inciso III, do Regimento Interno/TCU, que promovam avaliações periódicas da obra realizada, com base na
orientação técnica OT IBR n. 3/2011, até a conclusão do seu período de garantia, como também,
elaboração de um manual de utilização, inspeção e manutenção da referida obra ao longo de sua vida útil
de projeto, em conformidade com o subitem 25.4 da norma ABNT NBR 6118:2007;

013.768/2010-7 Acórdão 3374/2013-Plenário 9.2. determinar à Secretaria de Portos da


Presidência da República, que se abstenha de inserir em seus editais de licitação cláusulas que restrinjam
a competitividade dos certames ou orçamentos base com sobrepreços unitários em seus itens de serviços;

003.656/2010-1 Acórdão 3332/2013-Plenário 1.6.1. recomendar à Secretaria de Portos da


Presidência da República - SEP/PR que, nas próximas obras de dragagens realizadas pelo órgão, proceda à
avaliação dos projetos básicos e executivos considerando investigações geotécnicas detalhadas dos
materiais a serem removidos, de forma a identificar precisamente as propriedades geotécnicas do
material a ser dragado, tais como porosidade, grau de saturação, teor de água, densidade, grau de
empolamento, grau de compactação, escala granulométrica, plasticidade, resistência ao cisalhamento,
forma dos grãos, e características de comportamento tensão-deformação;

029.083/2013-3 Acórdão 3661/2013-Plenário 9.2. determinar à Secretaria de Portos da


Presidência da República que: 9.2.1. para os próximos blocos de arrendamento, ajuste os textos dos
estudos de demanda para que descrevam claramente quais premissas estão implícitas em outros estudos
utilizados como base para as projeções e que hipóteses são, de fato, utilizadas nas planilhas para os
cálculos que fundamentam os valores envolvidos nos projetos de arrendamentos portuários, de modo que
a coerência entre fundamentação e fórmulas/valores possa ser devidamente avaliada;

9.4. determinar à Secretaria de Portos da Presidência da República e à Agência Nacional de Transportes


Aquaviários que apenas encaminhem a este tribunal Estudos de Viabilidade Técnica, Econômico-Financeira
e Ambiental (EVTEA) acompanhados de termos de referência/relatórios/notas técnicas que permitam
identificar o órgão/empresa responsável por sua elaboração e a data de sua produção, bem como que
contenha informações detalhadas, em português, das premissas e metodologias utilizadas nos estudos, das
fontes de informações e de dados consultadas, especialmente no que tange aos quantitativos, preços e
custos de obras, equipamentos e despesas operacionais; às variáveis que permitiram estimar a demanda, a
receita, os parâmetros de desempenho e as tarifas de entrada; à tributação; ao critério de julgamento da
licitação; e à partição e mecanismos de mitigação de riscos.

9.5. recomendar à Secretaria de Portos da Presidência da República que: 9.5.1. avalie, na qualidade de
Poder Concedente, o benefício de promover as consultas ao Poder Municipal exigidas pelo art. 14 da Lei
12.815/2013 na fase interna da licitação, mais especificamente, no desenvolvimento dos estudos de
viabilidade; 9.5.2. adote, em futuras licitações do setor portuário, metodologia para estimativa de
despesas com pessoal de manutenção e operacional baseadas em parâmetros que busquem maximizar a
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

eficiência operacional dos terminais; 9.5.3. adote o valor médio entre as amostras de preço coletadas
para o serviço UP12 - Ground Improvement (Melhoria de Terreno) como preço referencial nos projetos
conceituais de arrendamentos portuários em que o serviço estiver presente; 9.5.4. adote, no modelo
conceitual de formação de preços dos arrendamentos portuários, como parâmetro de atualização, os
índices próprios de obras portuárias publicados pela Fundação Getúlio Vargas - FGV;

028.484/2012-7 1.639/2013-TCU-Plenário 9.1. determinar à Secretaria de Portos da Presidência da


República (SEP/PR) que, tão logo obtenha a resposta conclusiva da Antaq em relação ao Processo
Administrativo Contencioso, que aprecia a responsabilidade da empresa arrendatária pela reconstrução do
berço 1 do Porto de Itajaí/ SC, submeta esta ao TCU, juntamente com sua manifestação conclusiva, com
vistas ao atendimento ao subitem 9.1 do Acórdão 2.065/2010-TCU-Plenário;

250. Quanto à determinação do subitem 9.1 do Acórdão 1.639/2013-TCU-Plenário, acerca da


responsabilidade da empresa arrendatária pela reconstrução do berço 1 do Porto de Itajaí/SC, a Secretaria
de Portos informou, por meio do Quadro 100 (peça 4, p. 138), que a Superintendência de Portos de
Itajaí/SC manifestou-se no Ofício 472, de 30/9/2013, enfatizando que "o curso instrumental do Processo
Administrativo Contencioso (Portaria SPI 50/2010) para apurar responsabilidades da empresa arrendatária
(Teconvi S.A.) nos termos caracterizados no Acórdão 15 (Antaq), encontrava-se em fase de validações e,
assim que concluído, o resultado será levado ao conhecimento da SEP/PR".

251. Embora essa determinação encontre-se pendente, não é capaz de afetar o mérito das contas dos
gestores da Secretaria de Portos. De igual modo, as demais determinações/recomendações também não
têm o condão de afetar o mérito das contas dos gestores arrolados como responsáveis no exercício de
2013.

252. Quanto à suficiência das providências adotadas para atender às recomendações proferidas em
relatórios de auditoria do órgão de controle interno, o Relatório de Gestão não informa as providências
adotadas pela SEP/PR adotadas para atender às recomendações COFIP/CISET/SG/PR 8/2013, que trata de
emissão parecer conclusivo acerca da possível ocorrência de sobreposição de objetos entre o Termo de
Compromisso SEP 02/2009 e o Convênio DNIT 279/2006.

253. Portanto, do levantamento apresentado, não foram encontrados processos nos quais haja conclusão
pelo descumprimento injustificado de determinações do Tribunal referentes ao exercício de 2013.

XIV. Análise contábil e financeira

254. O relatório da gestão apresentou informações contábeis em seu item 11 (peça 4, p. 143-144), o qual
apontou ausência de registro de conformidade de gestão nos dias 13, 24 e 26/12/2013 para as unidades
gestoras 110613 e 110309.

255. Por se tratarem de questões formais, entende-se que não há impacto nas presentes contas, sendo
desnecessárias ressalvas ou recomendações.

256. O Relatório de Auditoria de Gestão 3/2013 da Ciset não contém análise do relatório contábil da
SEP/PR.

CONCLUSÃO

257. O presente exame foi fundamentado no Relatório de Gestão do exercício de 2013 da prestação de
contas ordinária anual da SEP/PR (peça 4) e no Relatório de Auditoria Anual de Contas elaborado pela
Secretaria de Controle Interno da Presidência da República - Ciset (peça 5).

258. O relatório de auditoria elaborado pela Ciset apontou constatações relacionadas com o desempenho,
controles internos, e força de trabalho do órgão, além de riscos no âmbito do Programa Nacional de
Dragagem Portuária e Hidroviária (PND II).

259. No Certificado de Auditoria 8/2014 (peça 6) também foi destacado o desempenho qualitativo e
quantitativo insuficiente, mas propôs considerar a regularidade das contas, por não haver nexo de
causalidade com atos de gestão dos agentes constantes do rol de responsáveis. Por sua vez, o Parecer do
Dirigente do Controle Interno 8/2014 (peça 7) destacou a inexistência de planejamento estratégico e a
presença de riscos residuais do PND II, mas também opinou pela regularidade das contas.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

260. No exame da documentação apresentada, constatou-se, em síntese, que o desempenho da SEP/PR,


no período das contas em análise, foi aquém do esperado, ou previsto, principalmente no que diz respeito
à execução física e financeira dos programas de governo sob sua gestão o que, consequentemente,
comprometeu sensivelmente o cumprimento de metas e objetivos de seu planejamento para o ano de
2013 (tópicos IV e VII).

261. Relevante ressaltar as lições de José Afonso da Silva (2005) acerca dos tipos de controle reconhecidos
nos arts. 70 e 74 da Constituição Federal:

(1) controle de legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa,
o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações; (2) controle de legitimidade, que a Constituição tem
como diverso da legalidade, de sorte que parece assim admitir exame de mérito a fim de verificar se
determinada despesa, embora não ilegal, fora legítima, tal como atender a ordem de prioridade
estabelecida no plano plurianual; (3) controle de economicidade, que envolve também questão de mérito,
para verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública, de modo mais econômico,
atendendo, por exemplo, uma adequada relação custo-benefício; (4) controle de fidelidade funcional dos
agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos; (5) controle de resultados, de
cumprimento de programa de trabalho e de metas, expresso em termos monetários, e em termos de
realização de obras e prestação de serviços." (grifos acrescidos)

262. Em relação ao desempenho do órgão analisado, também vale citar Luiz Henrique Lima (2011):

Segundo o art 1º, PU, I, IN TCU 63/2010, processo de contas é o processo de trabalho do controle externo,
destinado a avaliar o desempenho e a conformidade da gestão das UJ, com base em documentos,
informações e demonstrativos na natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial,
obtidos direta ou indiretamente. Os processos de contas constituem instrumentos de avaliação de gestão e
de responsabilização de pessoas.

Em tal definição, exame de conformidade significa a análise da legalidade, legitimidade e economicidade


da gestão em relação a padrões normativos e operacionais, expressos nas normas e regulamentos
aplicáveis, e da capacidade dos controles internos de identificar e corrigir falhas e irregularidades; e
exames de desempenho representa a análise da eficácia, eficiência, efetividade e economicidade da
gestão em relação a padrões administrativos e gerenciais, expressos em metas e resultados negociados
com a administração superior ou definidos nas leis orçamentárias, e da capacidade dos controles internos
de minimizar riscos e evitar falhas e irregularidades. (grifos acrescidos)

263. Entende-se que os fatos citados pelo Relatório de Auditoria elaborado pela Ciset e os demais
apontados nesta instrução ensejam ressalvas nas contas dos responsáveis presentes no rol.

264. Portanto, considerando a análise realizada e a opinião da Ciset, propõe-se julgar regulares com
ressalva as contas dos Srs. José Leônidas Menezes Cristino, Mário Lima Júnior, Fernando Victor Castanheira
de Carvalho e Rogério Abreu Menescal, dando-lhes quitação, nos termos dos artigos 16, inciso II, e 18,
todos da Lei 8.443/1992, c/c o artigo 208 do Regimento Interno do TCU, em face das impropriedades
verificadas em suas gestões (tópicos IV, V, VII, VIII, X e XII da seção "Exame Técnico" desta instrução em
conjunto com as constatações apontadas pela Ciset Relatório de Auditoria Anual de Contas (peça 5),
transcritas na tabela 1 da presente instrução.

265. Quanto aos Srs. Antonio Henrique Pinheiro Silveira e Eduardo Xavier, propugna-se julgar suas contas
regulares, considerando que, ante a exiguidade do tempo em que atuaram na SEP/PR no exercício
considerado (outubro a dezembro de 2013), não seria razoável exigir alteração radical na situação fática
do órgão. Ademais, ao contrário dos demais gestores citados, não constaram do rol de responsáveis pelas
contas de anos anteriores e, assim, não teriam sido pessoalmente comunicados das falhas então
encontradas e ora reiteradas.

266. Cabe registrar que os fatores motivadores das ressalvas, bem como os responsáveis e os respectivos
nexos de causalidade, estão expressas na Matriz de Ressalvas anexada a seguir, conforme orientação
contida no § 5º do art. 8º da Resolução-TCU 234/2010, alterada pela Resolução-TCU 244/2010.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

267. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º,
inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares com ressalva, em face
das falhas adiante apontadas, as contas dos responsáveis a seguir, dando-lhes quitação:

a.1) José Leônidas Menezes Cristino (CPF 121.059.613-04), devido à não elaboração dos indicadores de
desempenho no exercício de 2013 (tópico V e constatação 1.1.3.1 do Relatório da Ciset/PR, peça 5, p.
29), e ao recorrente baixo desempenho operacional na condução dos programas temáticos previstos no
PPA 2012-2015 (tópico VII e constatação 1.1.1.1 do Relatório da Ciset/PR, peça 5, p. 15-21);

a.2) Mário Lima Júnior (CPF 020.840.743-04), devido à não elaboração dos indicadores de desempenho no
exercício de 2013 (tópico V e constatação 1.1.3.1 do Relatório da Ciset/PR, peça 5, p. 29), e ao
recorrente baixo desempenho operacional na condução dos programas temáticos previstos no PPA 2012-
2015 (tópico VII e constatação 1.1.1.1 do Relatório da Ciset/PR, peça 5, p. 15-21); e

a.3) Fernando Victor Castanheira de Carvalho (CPF 009.006.401-87), devido ao recorrente baixo
desempenho operacional na condução dos programas temáticos previstos no PPA 2012-2015 (tópico VII e
constatação 1.1.1.1 do Relatório da Ciset/PR, peça 5, p. 15-21).

a.4) Rogério de Abreu Menescal (CPF 380.965.793-04), devido ao recorrente baixo desempenho
operacional na condução dos programas temáticos previstos no PPA 2012-2015 (tópico VII e constatação
1.1.1.1 do Relatório da Ciset/PR, peça 5, p. 15-21).

b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º,
inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas dos Srs. Antonio
Henrique Pinheiro Silveira (CPF 010.394.107-07) e Eduardo Xavier (CPF 16.075.638-51), dando-lhes
quitação plena;

c) com espeque no art. 179, § 6º, do Regimento Interno do TCU, dar ciência à Secretaria de Portos da
Presidência da República que:

c.1) a inobservância aos normativos do TCU em relação à organização e ao conteúdo necessário ao


relatório de gestão, como estabelecido nos normativos DN 132/2013 e IN 63/2010, configura irregularidade
passível de multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1992 (tópico I);

c.2) a inobservância aos normativos das Portarias Interministeriais 127/2008 e 507/2011 relativos aos
prazos para prestação de contas, configura irregularidade passível de multa prevista no inciso II do art. 58
da Lei 8.443/1992 (tópico XII);

d) com base no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Secretaria de Portos da
Presidência da República que reavalie seu Plano Diretor de Tecnologia de Informação (PDTI), considerando
o plano estratégico institucional estabelecido, e o complemente com os planos de gestão de pessoas, de
investimentos e custeio, e de gestão de risco, de acordo com o guia de elaboração de PDTI do Sistema de
Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP), versão 1.0 (tópico V);

e) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à Secretaria de
Controle Interno da Presidência da República (Ciset) que realize análise detalhada da situação das
transferências voluntárias quando realizar avaliação das próximas contas da SEP/PR (tópico XII);

f) dar ciência à Secretaria de Portos e aos responsáveis da decisão que vier a ser tomada nos autos, bem
como do relatório e do voto que a fundamentarem; e

g) nos termos do art. 169, V, do Regimento Interno do TCU, arquivar os presentes autos."

É o relatório

Voto:
VOTO

Trata-se das contas de 2013 da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR).

2. O processo foi organizado de forma individual, conforme o art. 5º da Instrução Normativa TCU
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

63/2010 e o anexo I da Decisão Normativa TCU 132/2013.


3. A proposta uniforme da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária -
SeinfraHidroFerrovia e do MPTCU foi pela regularidade das contas de alguns responsáveis, com quitação
plena, e pela regularidade com ressalvas de outros, com quitação, sem prejuízo de expedição de
recomendação e ciência.

4. Acolho as análises da unidade técnica e do Parquet especializado, que adoto como razões de decidir.

5. A SEP/PR, criada pela Medida Provisória 369/2007, convertida na Lei 11.518/2007, possui, dentre outras
atribuições, a de assessorar a Presidência da República na formulação de políticas públicas, estabelecendo
diretrizes para fomento do setor portuário, e a de executar medidas, programas e projetos de apoio ao
desenvolvimento da infraestrutura dos portos marítimos, bem como daqueles outorgados às Companhias
Docas.

6. Tem como responsabilidade a promoção de medidas em prol do desenvolvimento e do fortalecimento


do modelo brasileiro de exploração portuária, que tem na Medida Provisória 595/2013, convertida na Lei
12.815/2013, seu principal marco legal.

7. A SEP/PR utiliza os programas temáticos "Transporte Marítimo" e "Transporte Hidroviário", indicados no


PPA 2012-2015.

8. O Programa "Transporte Marítimo" visa a tornar o sistema portuário marítimo e o transporte aquaviário
competitivos frente ao mercado internacional, por meio do aumento da capacidade de movimentação de
cargas e passageiros nos portos, da ampliação do transporte de cabotagem, da redução dos custos de
movimentação portuária e da simplificação dos procedimentos de desembaraço de mercadorias.

9. O Programa "Transporte Hidroviário" objetiva ampliar a participação do modal aquaviário no transporte


de cargas, com redução dos custos logísticos e aumento da competitividade dos produtos no mercado
externo. Cabe à SEP/PR a execução de ações para desenvolvimento do transporte aquaviário de
passageiros e cargas e da rede de instalações portuárias de navegação interior para transporte de carga,
considerada a integração multimodal.

10. O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC 2 possui carteira de mais de 70 (setenta)


empreendimentos em 23 portos brasileiros, dentre os quais obras de dragagem de aprofundamento e de
manutenção, em consonância com o Programa Nacional de Dragagem II, investimentos em infraestrutura
portuária e em terminal de passageiros, além do desenvolvimento e da implantação de sistemas de
inteligência logística.

11. Para alcance dos seus objetivos estratégicos, a SEP/PR, em sua estrutura regimental, conta com dois
órgãos específicos singulares: a Secretaria de Infraestrutura Portuária e a Secretaria de Políticas
Portuárias. A primeira unidade tem como funções precípuas implementar programas, ações e projetos de
apoio ao desenvolvimento da infraestrutura portuária e contratos e convênios de obras e serviços
decorrentes, monitorando e avaliando sua execução. Por sua vez, a segunda visa a subsidiar a formulação
e implementação das políticas setoriais, planejamento estratégico e de planos e programas decorrentes -
inclusive monitorar e avaliar sua execução -, assim como coordenar as atividades relativas à outorga para
exploração de infraestrutura e prestação de serviços.

12. O exame realizado pela SeinfraHidroFerrovia apontou o seguinte:

12.1. impropriedade na elaboração e revisão do relatório de gestão;

12.2. não elaboração dos planos estratégico, tático e operacional;

12.3. não instituição dos indicadores de gestão;

12.4. baixa execução orçamentária e financeira no exercício de 2013, acarretando baixo cumprimento das
metas previstas;

12.5. inobservância das normas que regulamentam a celebração de convênios.

13. A unidade técnica propôs dar ciência e fazer recomendação, o que julgo suficiente para desate da
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

matéria.

Ante o exposto, VOTO por que o Tribunal adote o acórdão que submeto à deliberação deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 16 de fevereiro de 2016.

ANA ARRAES

Relatora

Acórdão:
VISTA, relatada e discutida a prestação de contas de 2013 da Secretaria de Portos da Presidência da
República.

ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 2ª Câmara, ante as razões
expostas pela relatora e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, incisos I e II; 17; 18 e 23, incisos I e II,
da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I; 207; 208; 214, incisos I e II, do Regimento Interno, em:

9.1. julgar regulares as contas de Antonio Henrique Pinheiro Silveira e Eduardo Xavier e dar-lhes quitação
plena;

9.2. julgar regulares com ressalva as contas de José Leônidas de Menezes Cristino, Mário Lima Júnior,
Fernando Victor Castanheira de Carvalho e Rogério de Abreu Menescal e dar-lhes quitação;

9.3. dar ciência à Secretaria de Portos da Presidência da República de que:

9.3.1. a inobservância dos normativos do TCU em relação à organização e ao conteúdo necessário do


relatório de gestão, como estabelecido na Decisão Normativa 132/2013 e naInstrução Normativa
63/2010, configura irregularidade passível de aplicação da multa do inciso II do art. 58 da Lei
8.443/1992;

9.3.2. a inobservância da Portaria Interministerial 507/2011 relativamente aos prazos para prestação de
contas de convênios configura irregularidade passível de aplicação da multa do inciso II do art. 58 da Lei
8.443/1992;

9.4. recomendar à Secretaria de Portos da Presidência da República que reavalie seu Plano Diretor de
Tecnologia de Informação (PDTI), à luz do plano estratégico institucional estabelecido, e o complemente
com os planos de gestão de pessoas, de investimentos e custeio e de gestão de risco, de acordo com o guia
de elaboração de PDTI do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP),
versão 1.0;

9.5. recomendar à Secretaria de Controle Interno da Presidência da República (Ciset) que realize análise
detalhada da situação das transferências voluntárias quando avaliar as próximas contas da SEP/PR;

9.6. encaminhar cópia deste acórdão, do relatório e do voto que o fundamentaram à Secretaria de Portos
da Presidência da República;

9.7. arquivar os presentes autos

Entidade:
Entidade: Secretaria de Portos da Presidência da República - SEP/PR

Interessado:
Responsáveis: Antonio Henrique Pinheiro Silveira (CPF 010.394.107-07), Eduardo Xavier (CPF 216.075.638-
51), Fernando Victor Castanheira de Carvalho (CPF 099.006.401-87), José Leônidas de Menezes Cristino
(CPF 121.059.613-04), Mário Lima Júnior (CPF 020.840.743-04), Rogério de Abreu Menescal (CPF
380.965.793-04)
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 019.501/2014-5

Representante do MP:
Marinus Eduardo De Vries Marsico

Unidade técnica:
Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária - SeinfraHidroFerrovia

Advogado:
não há

Quórum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Augusto Nardes, Ana Arraes (Relatora) e Vital
do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho

Data da sessão:
16/02/2016

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