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QUARTO DE DESPEJO – GUIA DE LEITURA

1) Contexto histórico

NACIONAL
- Estado Novo (Getúlio Vargas – 1930-1945);
- Fim do Estado Novo e entrada de Eurico Gaspar Dutra, general do governo Vargas.
- Volta de Vargas em 1951 (até 1954, com seu suicídio);
- O país vivia um processo turbulento de transição e princípio de modernização. Os quadros
políticos passaram a se reorganizar após o início da Era Vargas;
- Urbanização nascente e começo daquilo que faria com que o sudeste se transformasse em
um grande centro urbano, principalmente a cidade de São Paulo (período de Adhemar de Barros
como interventor federal, prefeito e duas vezes governador);
- Em 1956, Kubitschek assume a presidência, iniciando aquilo que ficou conhecido como “50
anos em cinco” – desenvolvimentismo e “anos dourados”;
- Em 1961, Jânio Quadros assume a presidência, para abandoná-la menos de sete meses
depois...

ESTADUAL E MUNICIPAL (Estado e cidade de São Paulo):


- Fim da “República do Café com Leite” e início da “Era Vargas”;
- Revolução Constitucionalista de 1932;
- Adhemar de Barros como político influente, que participou da Revolução de 1932 e foi
nomeado interventor geral por Getúlio (Adhemar de Barros esteve presente na política
paulistana e paulista entre 1941 e 1966);
- Adhemar de Barros foi um político muito influente. Tomou para si, entre outras coisas, o lema
de Washington Luís – “governar é construir estradas”);
- Início e avanço da urbanização de São Paulo, principalmente da cidade. Estradas, ruas e
bairros surgiram ou foram urbanizados. São Paulo se reorganiza em torno da nova política de
Vargas, graças a sua já conhecida participação nos feitos políticos do país (vide a República do
Café com Leite ou mesmo a questão do ciclo do café e imigração de estrangeiros);
- Crescente migração para a cidade de São Paulo, inicialmente de populações do sudeste (Minas
e mesmo do interior de SP) e logo após do restante do país, principalmente do Nordeste;
- Aumento da favelização em SP. Problemas sérios com a urbanização e distribuição de trabalho
e renda, eu se agravarão com o decorrer das décadas.

Quarto de despejo – diário de uma favelada (Carolina Maria de Jesus)

- Literatura de não-ficção (diário de uma moradora da favela do Canindé, local em que foi
construída a Marginal Tietê);
- O livro retrata o cotidiano de sobrevivência uma mulher negra, pobre, pouco escolarizada e
mãe solteira de três filhos que vive em São Paulo. Os diários de Carolina Maria de Jesus
constituíam material vasto, todavia, foram lançados apenas alguns trechos desse material.
- Nesse diário, há relatos contínuos da fome, miséria, preconceito, violência, vícios,
criminalidade e descaso que atravessam as vidas dos moradores da favela. Mesmo retratando
as cenas a partir de seu ponto de vista (em primeira pessoa), Carolina consegue traçar um
panorama bastante preciso de parte do cotidiano paulistano da década de 1950.
- Nota-se, em seu diário, que questões como o descaso do poder público e uso da massa
popular em benefício próprio já estavam presentes e configuradas como parte do
funcionamento da máquina política nacional.
- Há, nas narrativas de Carolina, a menção a alguns atores sociais que marcam a fundação
social e cultural brasileira: as igrejas católica e evangélica, com seu papel social no atendimento
aos desprovidos e marginalizados, o juizado de menores, com sua política de violência contra
os jovens pobres, a polícia (chamada de rádio patrulha), com sua articulação problemática e
voltada à repressão dos mais pobres e a classe média, com seu olhar e atitudes
marginalizadoras.
- Quanto ao estilo e estrutura de escrita de Carolina, nota-se a predominância do uso da
primeira pessoa, considerando predominantemente o tipo narrativo. Há erros de sintaxe,
concordância verbal, nominal e ortográficos ao longo da narrativa, apesar da cuidadosa revisão
feita por Audálio Dantas e pelos editores eu publicaram o livro. Esses erros foram mantidos
como prova de registro e como elementos propositais para marcar o estilo e a linguagem
daqueles que viviam na favela.
- Audálio Dantas foi quem descobriu Carolina. Ele faria uma reportagem sobre a favela do
Canindé e acabou encontrando Carolina e descobrindo seus diários.
- Carolina ficou famosa e conseguiu algum dinheiro com a publicação. O livro se tornou um
sucesso de público, sendo traduzido para muitas línguas. Carolina publicaria outras obras, mas
não com o mesmo impacto de Quarto de Despejo. Ela viveu até os 62 anos em Parelheiros, em
um sítio que conseguiu comprar com o dinheiro que ganhou das publicações.

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