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1) Contexto histórico
NACIONAL
- Estado Novo (Getúlio Vargas – 1930-1945);
- Fim do Estado Novo e entrada de Eurico Gaspar Dutra, general do governo Vargas.
- Volta de Vargas em 1951 (até 1954, com seu suicídio);
- O país vivia um processo turbulento de transição e princípio de modernização. Os quadros
políticos passaram a se reorganizar após o início da Era Vargas;
- Urbanização nascente e começo daquilo que faria com que o sudeste se transformasse em
um grande centro urbano, principalmente a cidade de São Paulo (período de Adhemar de Barros
como interventor federal, prefeito e duas vezes governador);
- Em 1956, Kubitschek assume a presidência, iniciando aquilo que ficou conhecido como “50
anos em cinco” – desenvolvimentismo e “anos dourados”;
- Em 1961, Jânio Quadros assume a presidência, para abandoná-la menos de sete meses
depois...
- Literatura de não-ficção (diário de uma moradora da favela do Canindé, local em que foi
construída a Marginal Tietê);
- O livro retrata o cotidiano de sobrevivência uma mulher negra, pobre, pouco escolarizada e
mãe solteira de três filhos que vive em São Paulo. Os diários de Carolina Maria de Jesus
constituíam material vasto, todavia, foram lançados apenas alguns trechos desse material.
- Nesse diário, há relatos contínuos da fome, miséria, preconceito, violência, vícios,
criminalidade e descaso que atravessam as vidas dos moradores da favela. Mesmo retratando
as cenas a partir de seu ponto de vista (em primeira pessoa), Carolina consegue traçar um
panorama bastante preciso de parte do cotidiano paulistano da década de 1950.
- Nota-se, em seu diário, que questões como o descaso do poder público e uso da massa
popular em benefício próprio já estavam presentes e configuradas como parte do
funcionamento da máquina política nacional.
- Há, nas narrativas de Carolina, a menção a alguns atores sociais que marcam a fundação
social e cultural brasileira: as igrejas católica e evangélica, com seu papel social no atendimento
aos desprovidos e marginalizados, o juizado de menores, com sua política de violência contra
os jovens pobres, a polícia (chamada de rádio patrulha), com sua articulação problemática e
voltada à repressão dos mais pobres e a classe média, com seu olhar e atitudes
marginalizadoras.
- Quanto ao estilo e estrutura de escrita de Carolina, nota-se a predominância do uso da
primeira pessoa, considerando predominantemente o tipo narrativo. Há erros de sintaxe,
concordância verbal, nominal e ortográficos ao longo da narrativa, apesar da cuidadosa revisão
feita por Audálio Dantas e pelos editores eu publicaram o livro. Esses erros foram mantidos
como prova de registro e como elementos propositais para marcar o estilo e a linguagem
daqueles que viviam na favela.
- Audálio Dantas foi quem descobriu Carolina. Ele faria uma reportagem sobre a favela do
Canindé e acabou encontrando Carolina e descobrindo seus diários.
- Carolina ficou famosa e conseguiu algum dinheiro com a publicação. O livro se tornou um
sucesso de público, sendo traduzido para muitas línguas. Carolina publicaria outras obras, mas
não com o mesmo impacto de Quarto de Despejo. Ela viveu até os 62 anos em Parelheiros, em
um sítio que conseguiu comprar com o dinheiro que ganhou das publicações.