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oportunidades” no ensino e educação (art.º 73º e 74º da CRP). Naturalmente que não
são estes princípios universais e consensuais o motivo da polémica e contestação que
terá surgido aqui ou acolá. Esta assenta mais nos modelos e processos escolhidos pelos
executivos municipais proponentes. Tanto foram aprovados os projectos que apenas
substituíram as escolas com menos de 20 alunos, como aqueles que propuseram “um
centro escolar por freguesia” fechando as escolas velhas, tal como fez Paços de Ferreira
(PSD), ou ainda aqueles que optaram por aproveitar a oportunidade e criar poucos mas
“grandes centros escolares” em locais escolhidos pela autarquia, fechando todas as
restantes escolas, independentemente dos problemas que isso possa levantar em termos
de financiamento, acessos e equipamentos que são da responsabilidade da autarquia e
do maior risco de contestação popular.
Paredes, optou por se candidatar à renovação total. Propôs fechar praticamente todas as
escolas, mesmo aquelas que tinham mais de 20 alunos (quase todas), criando um
projecto com 15 novos centros escolares a construir até 2015 com um orçamento
próximo dos 100 milhões de euros. Na altura, talvez pela necessidade de apressar a sua
candidatura, não terá esclarecido devidamente os interessados (autarcas, pais, políticos)
sobre as alternativas possíveis e as consequências do modelo escolhido. O debate curto
e pouco esclarecedor motivou uma aprovação apressada e algum desassossego posterior
constrangedor para o próprio executivo com conflitos e dissensões internas. Não
havendo um modelo único para cumprir o desígnio nacional de ter uma carta educativa
moderna e inovadora, a escolha do modelo para o concelho de Paredes deve-se
exclusivamente à equipa do Dr. Celso Ferreira (PSD). Revendo alguns textos de 2006, a
contestação ao nível das freguesias foi grande, liderada pelo presidente da junta de
Parada que ameaçou demitir-se e resistir ao fecho da sua escola. Outros, como o
presidente da Junta de Vandoma, vieram a manifestar-se posteriormente, alegando
exactamente o facto de não terem sido correctamente informados das suas
consequências. Pelo contrário, o presidente da edilidade vizinha de Paços de Ferreira
(PSD) optou por um modelo diametralmente oposto. Ainda recentemente referiu
que “seria um erro não construir um centro escolar por freguesia”, porque desta forma
se “aumenta o conforto e a proximidade com a população”, para além de se revelar mais
económica na construção e transportes desnecessários (dizemos nós). Nesta data já
inaugurou sete novos centros escolares nas Freguesias de Carvalhosa, Sanfins, Lamoso,
Figueiró, Ferreira, Frazão e Freamunde (FORUM e VERDADEIRO OLHAR de 16 e
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17-09-2010). Estas novas estruturas teriam também sido dignas de elogios
governamentais mas por outros motivos. Permitem associar todas as maravilhas da
tecnologia actual, a proximidade das populações que serve e a sua utilização por esta
população fora do período escolar para outras actividades comunitárias. Apesar de
também terem contado com um grande investimento do Estado e da autarquia, são
estruturas mais pequenas e económicas o que explica a diferença do número já
concretizado.
Nesta data Paredes apesar de todos os elogios, apenas conseguiu inaugurar um centro
escolar (Mouriz). Diz que vai inaugurar outro no fim de Setembro (Gandra) e um outro
a 5 de Outubro (Vilela) para comemorar a República. Ainda deverá terminar este ano
lectivo a reforma da escola EB1 de Paredes. Por aqui ficaremos e até quando não
sabemos. Se a cidadã que recusou cumprimentar o primeiro-ministro no dia da
inauguração, soubesse que não era por culpa dele que o autocarro não passa à sua porta
para recolher os seus dois filhos talvez pudéssemos dizer que tudo correu sem
equívocos. Mas quem aqui vive sabe que há destes pequenos (ou grandes) detalhes que
justificam as críticas da oposição. Há que não confundir o todo com as partes …
17-09-10