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DIREITO FINANCEIRO

CAPÍTULO 4

DESPESA PÚBLICA
Compreendem o conjunto de gastos incorridos pelo Estado com o objetivo
precípuo de prestar serviços públicos aos cidadãos; são os gastos feitos tanto com
implantação ou expansão de serviços públicos, quanto com a manutenção de serviços
anteriormente criados.

1. CLASSIFICAÇÕES DA DESPESA
1.1 DESPESA ORÇAMENTÁRIA E DESPESA EXTRAORÇAMENTÁRIA
 Princípio da universalidade – todas as despesas e receitas devem estar no
orçamento em valores brutos.
 Receitas extraorçamentárias (não transitam no orçamento e independem de
autorização legislativa): saídas do passivo financeiro, compensatórias de entradas no
ativo financeiro, oriundas de receitas extra-orçamentárias, correspondentes à
restituições ou entrega de valores recebidos, como cauções, depósitos, consignações e
outros. Incluem-se nessa classificação os desembolsos relativos ao pagamento das
operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (AROs) e dos valores
inscritos em Restos a pagar.

1.2 A CLASSIFICAÇÃO DA LEI Nº 4.320/64


Categorias econômicas e subcategorias econômicas.

1.2.1 Despesas correntes


São aquelas que não provocam aumento no patrimônio público, mas
concorrem para a sua conservação. São consideradas despesas operacionais porque se
destinam à manutenção dos serviços públicos já em atividade.

a) Despesas de custeio: os dispêndio serão incorridos na manutenção de serviços


públicos prestados diretamente pelo ente público titular dos recursos, ou tais recursos
se destinarão a atender a obras de conservação e/ou adaptação de bens imóveis que
pertencem ao patrimônio da própria entidade. COLAR ARTGIO 12, §1º, LEI 4320/64
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de
serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de
conservação e adaptação de bens imóveis.

b) Transferências correntes: os recursos serão transferidos pelo ente titular dos


recursos em favor do funcionamento de outras entidades sem que haja contraprestação
direta em bens ou serviços em benefício do ente transferidor. Contemplam também a
entrega graciosa de recursos para o sustento de indivíduos. COLAR ARTGIO 12, §2º,
LEI 4320/64

1.2.2 Despesas de capital


São aquelas que provocam aumento no patrimônio público; são despesas
direcionadas para a implantação ou expansão de serviços públicos, quer sejam
executados diretamente pelo ente público ao qual pertencem os recursos, quer sejam
realizados por outras entidades de direito público ou privado, mediante transferências
de recursos.

a) Investimentos: seria toda aquela despesa de capital que geraria serviços e, em


consequência, acréscimos ao PIB. COLAR ARTGIO 12, §4º, LEI 4320/64
b) Inversões financeiras: as dotações que darão suporte a despesas que, em regra,
não têm o poder de gerar serviços e por isso não provocam aumento no PIB. COLAR
ARTGIO 12, §5º, LEI 4320/64
c) Transferências de capital: (AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA) os recursos serão
transferidos pelo ente titular dos recursos, sem contraprestação em prol do
transferidor, para a realização de Investimentos e Inversões financeiras por outra
entidade. Enquadram-se também nesse dispositivo as despesas com pagamento do
capital que compõe o montante da dívida pública (o pagamento dos juros e outros
encargos são classificados como Despesas Correntes).

1.3 CLASSIFICAÇÃO ATUAL ADOTADA NO BRASIL


Em razão de se consolidar as despesas públicas nacionais, há uma
uniformização dos procedimentos de execução orçamentária no âmbito de todos os
entes federados. A despesa orçamentária de todos os entes da Federação será disposta
segundo 4 classificações: por esfera orçamentária, institucional, funcional-
programática e por natureza de despesa.

1.3.1 Classificação por esfera orçamentária


Tem o objetivo de especificar se o orçamento é o fiscal (10), o da seguridade
social(20) ou o de investimento das empresas estatais (30).

1.3.2 Classificação institucional


Evidencia a estrutura organizacional e administrativa do ente político e
demonstra a aplicação dos recursos públicos por órgão/entidade e unidade
orçamentária. O objetivo é revelar o montante de dotações necessárias à efetivação
das funções de seus órgãos/entidades.

1.3.3 Classificação funcional programática


Nas leis orçamentárias e nos balanços, as ações serão identificadas em
termos de funções, subfunções, programas, projetos, atividades e operações especiais.

a) Função: é o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que


competem ao setor público. (2 DIGITOS)
b) Subfunção: representa uma partição da função, visando a agregar determinado
subconjunto de despesa do setor público. (3 DIGITOS)
c) Programa: é o instrumento de organização da ação governamental, visando à
concretização dos objetivos pretendidos; representa os meios e instrumentos de ação,
organicamente articulados para o cumprimento das funções, ou seja, é o elemento
integrante do planejamento, do orçamento e da gestão.
d) Ação: são operações das quais resultam produtos (bens e serviços), que
contribuem para atender ao objetivo de um programa; são os instrumentos
orçamentários de viabilização dos programas, ou seja, estes são dotados no orçamento
por intermédio daquelas. São classificadas como: 1) projeto (CONSTRUÇÃO DE
SALA DE AULA)– instrumento de programação para alcançar o objetivo de um
programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais
resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de
governo; 2) atividade (MERENDA ESCOLAR)– instrumento de programação para
alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se
realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à
manutenção da ação de governo; 3) operações especiais (CUMPRIMENTO DE
SETENÇAS JUDICIAIS, TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS OU
DECORRENTES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA)– quando as despesas não
contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um
produto, e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.
e) Subtítulos: é o localizador do gasto, utilizado especialmente para especificar a
localização física da ação; é o menor nível de programação.

1.3.4 Classificação por natureza de despesa


a) Categorias econômicas: tem por objetivo separar as despesas em operações
correntes ou de capital, com finalidade de propiciar elementos para a avaliação do
efeito econômico das transações do setor público.
b) Grupo de natureza da despesa: consiste na agregação de elementos de despesa
que apresentam as mesmas características quanto ao objeto de gasto; são eles: pessoal
e encargos sociais, juros e encargos da dívida, outras despesas correntes (despesas
correntes); investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida (despesas de
capital); reserva do regime próprio de previdência do servidor; e reserva de
contingência.
c) Elementos de despesa: tem por finalidade identificar os objetos de gasto.
d) Modalidades de aplicação: tem por finalidade indicar se os recursos serão
aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de governo
ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva,
precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos
ou descentralizados; são elas: Transferências à União; Transferências a Estados e ao
DF; Transferências a Municípios; Transferências a Instituições privadas sem fins
lucrativos; Transferências a instituições privadas com fins lucrativos; Transferências
a instituições multigovernamentias; Transferências a consórcios públicos;
Transferências ao exterior; Aplicações diretas; Aplicação direta decorrente de
operação entre órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da
seguridade social; a definir.
e) A estrutura do código da natureza de despesa: “c.g.mm.ee.dd”- categoria
econômica; grupo de natureza da despesa; modalidade de aplicação; elemento de
despesa; desdobramento, facultativo, do elemento de despesa.
1.3.4 Os identificadores e as especificações de fontes de recursos utilizados na esfera
federal
a) Identificador de doação e de operação de crédito (IDOC): é o código que
identifica as doações de entidades internacionais ou operações de crédito contratuais
alocadas nas ações orçamentárias, com ou sem contrapartida de recursos da União.
b) Identificador de uso (IDUSO): é o código que complementa a informação
concernente à aplicação dos recursos e se destina a indicar se os recursos compõem
contrapartida nacional de empréstimos ou de doações ou se destinam a outras
aplicações.
c) Código de classificação de fontes de recursos: Recursos do tesouro – exercício
corrente; Recursos de outras fontes – exercício corrente; Recursos de Tesouro –
exercícios anteriores; Recursos de outras fontes – exercícios anteriores; Recursos
condicionados.
d) Identificador de resultado primário: é o código de caráter indicativo que tem
por finalidade auxiliar a apuração do resultado primário previsto na lei de diretrizes
orçamentárias.

2. FUNDOS ESPECIAIS
Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se
vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de
normas peculiares de aplicação. A adoção de fundo especial constitui exceção ao
princípio da tesouraria.
A CF veda a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
autorização legislativa, bem como a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo
ou despesa. Só a própria CF pode determinar a vinculação da receita dessa espécie de
tributo; quanto as demais espécies (taxas, contribuição de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais), as receitas podem ser vinculadas por lei.

Fundos Federais
Fundo Nacional Saúde (FNS/ Min. Saúde);
Fundo Nacional Des. Educação (FNDE)/Min. Educação;
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)/ Min. Trabalho;
FPM, FPE, FGTS, etc.
Fundos Estaduais
Fundo Estadual de Saúde/Secretaria de Saúde
Fundo de manutenção e Des. Ens. Fundamental e Valorização do magistério
(FUNDÃO) Sec. Educação; FAIN/SEC. Fazenda

Fundos Municipais
Fundo Municipal de Saúde/ Sec. Saúde;
Fundo Municipal de Educação/ Sec. Educação;
Fundo Municipal de Assistencial Social, etc.

2.1 CLASSIFICAÇÃO
a) Fundos especiais de despesa: não possuem personalidade jurídica e são
constituídos de receitas geradas no âmbito de atuação de órgão ou unidade
administrativa que estão vinculadas à realização dos objetivos ou serviços que lhe
estão afetos, proporcionando maior autonomia financeira.
Sempre estão ligada a uma unidade administrativa;
O órgão possui condições de execução orçamentária e financeira;
As receitas dos fundos especiais de despesa devem ser geradas pela própria
unidade administrativa ao qual está ligada.
A criação é obrigatoriamente através de lei, autorização administartiva, possui
natureza jurídica própria;
É permitido que exista um gestor e de um ordenador de despesas, sendo comum
que o último acumule muitas funções.

b) Fundos especiais de financiamentos (rotativos): geralmente são administrados


por uma instituição financeira oficial ou vinculada à Administração Pública, não
possuem personalidade jurídica. São constituídos de receitas que se vinculam à
execução de programas de empréstimos e financiamentos a entidades públicas ou
privadas; são denominados de rotativos porque incorporam o recebimento de
amortização, juros, rendimentos, acréscimos e correção monetária, relativos a
empréstimos concedidos, os quais servirão para reaplicação mediante mais
empréstimos e financiamentos. (PLANO SAFRA)
c) Fundos de natureza contábil: servem para o recolhimento, a movimentação e o
controle de receitas e sua distribuição para a realização de objetivos ou serviços
específicos, atendidas as normas de captação e utilização dos recursos que forem
estabelecidas na lei de instituição do fundo. (FUNDEB, FUNDOS DE SAÚDE E DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL)

2.2 Disposições legais


 A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a fundos especiais far-se-á
através de dotação consignada na lei de orçamento ou em créditos adicionais.
 Elaboração de quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos
fundos especiais.
 Não é possível que a lei instituidora do fundo preveja que o seu saldo positivo
seja redirecionado para outros objetivos ou serviços; o saldo positivo deve ser
utilizado exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em
exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
 A lei que instituir o fundo especial poderá determinar normas peculiares de
controle, prestação e tomada de contas, sem, de qualquer modo, elidir a competência
específica do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

3. TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS
3.1 TRANSFERÊNCIA INTERGOVERNAMENTAIS
 Federalismo – autonomia financeira dos entes federados
 Duas técnicas: a) repartir a competência para instituir tributos entre a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios; e b) assegura a participação de Estados,
Distrito Federal e Municípios na receita tributária arrecadada pela União e garante o
recebimento pelos Municípios de parte da receita tributária arrecada pelos Estados
(transferência compulsória e transferência voluntária)

3.1.1 Transferências compulsórias


Compreendem os repasses de recursos financeiros de uma entidade para
outra por força do ordenamento jurídico, notadamente da CF; independem da vontade
dos entes envolvidos.
a) Transferências constitucionais: transferências em razão de disposição
constitucional. Nem sempre, a transferência de recursos, estabelecida na CF, do ente
passador para o beneficiário ocorre diretamente; algumas vezes essa transferência
obrigatória se dá por intermédio de fundos, que recebem parcelas da receita de
impostos a serem distribuídas segundo os critérios fixados pela legislação de regência.
b) Transferências legais: previstas em leis específicas. As transferências legais
podem, ou não, estar vinculadas a uma finalidade específica. No primeiro caso, há
duas formas de transferência legal: 1) a transferência automática, que consiste no
repasse de recursos financeiros sem a utilização de convênio, ajuste, acordo ou
contrato, mediante o depósito em conta corrente específica, aberta em nome do
beneficiário; e 2) a transferência fundo a fundo, que é um instrumento de
descentralização de recursos que se caracteriza pelo repasse direto de fundos da esfera
federal para fundos da esfera estadual, municipal e do Distrito Federal, dispensada a
celebração de convênios.

3.1.2 Transferências voluntárias


É a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da federação, a
título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
determinação constitucional, legal ou os destinados ao SUS.
Existem dois instrumentos de operacionalização:
 Convênio: é qualquer instrumento que discipline a transferência de recursos
públicos entre os entes da federação, visando à execução de programas de trabalho,
projetos, atividades ou eventos de interesse recíproco com duração certa e em regime
de mútua cooperação.
 Contrato de repasse: é utilizado pela União para transferir recursos para os
estados, DF e municípios, destinados à execução de programas governamentais por
intermédio de instituições ou agências financeiras oficiais federais, que atuam como
mandatárias da União para execução e fiscalização.

Requisitos para a realização da transferência voluntária: art. 25, §1º, LRF COPIAR
PRINCIPAIS.
É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da
pactuada.
3.1.3 A definição da competência jurisdicional no controle das transferências
intergovernamentais
 Súmula 208, STJ: compete à Justiça Federal processar e julgar Prefeito
Municipal por desvio de verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal.
 Súmula 209, STJ: compete à Justiça Estadual processar e julgar Prefeito por
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
 Em se tratando de transferências constitucionais não haverá entrega de
prestação – competência da Justiça Estadual
 No que tange aos recursos transferidos voluntariamente da União para estados,
DF e municípios, a competência para processar e julgar autoridades estaduais,
distritais e municipais por irregularidades é da Justiça Federal , quando a
irregularidade ocorreu antes da verba transferida ser incorporado ao patrimônio do
ente beneficiado.
RELER

3.1.4 Transferências a instituições públicas ou privadas


a) Subvenções sociais: são as transferências correntes destinadas a cobrir
Despesas de custeio de instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou
cultural, sem finalidade lucrativa, quando a transferência deriva de previsão constante
da LOA.
b) Contribuições correntes: são as transferências correntes para fazer face a
Despesa de custeio de entidade de direito público ou privado, sem finalidade
lucrativa, quando a transferência se dá por força de lei especial que não a do
orçamento.
c) Subvenções econômicas: são as transferências correntes que se destinam a
empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril,
sempre decorrentes de expressa autorização em lei especial.
d) Auxílio: são as transferências de capital para investimentos ou inversões
financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar quando
derivam diretamente da LOA, e que somente serão concedidos a entidade sem
finalidade lucrativa.
e) Contribuições de capital: são as transferências de capital para investimentos
ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam
realizar, quando derivam de lei especial anterior, e que somente serão concedidos a
entidade sem finalidade lucrativa.

3.1.5 Disposições legais sobre transferências a instituições privadas


a) Lei 4320/64
 As subvenções sociais visarão à prestação de serviços essenciais de assistência
social, médica e educacional, sempre que a suplementação de recursos de origem
privada aplicados se mostrar mais econômica. Tem-se que: as subvenções sociais
devem constituir suplementação aos recursos de origem privada; e não devem
representar a regra, mas serem supletivas da ação da iniciativa privada em assuntos
sociais (se o ente governamental desejar ou puder atuar em determinado campo de
atividade, deverá fazê-lo diretamente).
 O valor das subvenções será calculado com base em unidades de serviços
efetivamente prestados ou postos à disposição dos interessados, obedecidos os
padrões mínimos de eficiência previamente fixados. O legislador quis estabelecer uma
relação direta entre o serviço prestado pela subvencionada e o montante de recursos
transferidos.
 Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas
satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.
 A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas far-sea
mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas Despesas Correntes
do orçamento da União, do Estado, do Munícipio ou do DF
 Consideram-se igualmente como subvenções: as dotações destinadas a cobrir a
diferença entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de
gêneros alimentícios ou outros materiais; e as dotações destinadas ao pagamento de
bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais.
 A lei de orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a
empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha
sido expressamente autorizada em lei especial (ex????).
 A lei de orçamento não consignará auxílio para investimentos que se devam
incorporar ao patrimônio das empresas privadas de fins lucrativos, ainda que se
pretenda que tais transferências ocorram à conta de fundos especiais ou dotações sob
regime excepcional de aplicação.
b) Lei 101/2000
 A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de
pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas, deverá ser autorizada por lei
específica, atender às condições estabelecidas na LDO e estar prevista no orçamento
ou em créditos adicionais.
 Aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e
empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições
financeiras e o Banco Central do Brasil
 Inclui a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos,
inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de
subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.

4. EXERCÍCIO FINANCEIRO
 É o período definido em lei para que sejam executados todos os atos
administrativos relacionados com a execução do orçamento.
 Coincide com o ano civil (art. 34, L. 4320/64).
 Atende ao princípio da anualidade.

5. ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA


Sequência completa dos atos administrativos: licitação; empenho; contrato;
liquidação; e pagamento.

5.1 EMPENHO
 É o ato emanado de autoridade competente (ordenador de despesa) que cria
para o Estado obrigação de pagamento pendente (ou não) de implemento de condição.
 O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular
liquidação, isto é, depois do implemento da condição suspensiva.
 É vedada a realização de despesa sem prévio empenho (o empenho é sempre
ex ante).
 Trata-se de medida acautelatória, garantidora do pagamento; reserva-se do
total da dotação orçamentária, a quantia necessária ao pagamento do credor.
 O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.
 A nota de empenho conterá: o nome do credor; a especificação do bem ou
serviço; a importância da despesa; e a dedução do valor do empenho do saldo da
dotação própria respectiva.
 Não há que se falar em dispensa da nota de empenho.
 Ressalvados os casos comprovados de calamidade pública, é vedado aos
Munícipios empenhar, no último mês do mandato do prefeito, mais do que o
duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente. Em caso contrário, os
empenhos reputam-se nulos.

5.1.1 Classificação
a) Ordinário ou normal: é utilizado quando se conhece previamente o montante
da despesa e o pagamento não será parcelado.
b) Por estimativa: será feito quando não se possa determinar o montante da
despesa. Isso porque o regime de apropriação das despesas públicas (regime de
competência) impõe o empenho da despesa antes de se conhecer o seu real montante.
Se o valor for insuficiente à despesa, haverá novo empenho para cobrir a diferença
(reforço); em caso de excesso, faz-se necessário a correspondente anulação parcial do
mesmo.
c) Global: o valor total a pagar é hpreviamente conhecido, mas o pagamento não
ocorrerá de uma só vez.

5.1.2 Anulação de despesas empenhadas


a) Parcial: quando o valor empenhado for maior que o montante da despesa
realizada.
b) Total: quando o fornecimento de bens ou serviços não tiver sido realizado ou
empenho tiver sido emitido erroneamente.

 Se a anulação parcial ou total de empenho ocorrer no mesmo exercício que


houve sua emissão, a dotação que deu suporte ao empenho terá seu saldo
restabelecido em valor equivalente ao do empenho cancelado.
 Se a anulação parcial ou total de empenho acontecer no exercício seguinte ao
que houve sua emissão, ou seja, quando se tratar de cancelamento de empenho não
processado (liquidado) inscrito em Restos a pagar, seu valor será considerado receita
do ano em que ocorrer o cancelamento, possibilitando-se, neste ano, a abertura de
correspondente crédito adicional.

5.2 LIQUIDAÇÃO
 É verificação do direito adquirido pelo credor (documentos)
 Examina-se o que se deve pagar (objeto), porque se deve pagar (origem)
quanto será pago (importância exata) e a quem se pagará (credor)
 Torna líquido, certo e exigível o direito do fornecedor de bens ou prestador de
serviços (contrato; nota de empenho; comprovantes)
 Se registra na contabilidade pública a ocorrência do fato gerador da despesa.

5.3 PAGAMENTO
 Quitação da obrigação do Estado
 O pagamento será feito por ordem bancaria ou cheque nominativo
 Será contabilizado e assinado pelo ordenador de despesa
 Ordem de pagamento feita pelo ordenador de despesa (alguns autores
consideram como um fase entre a liquidação e o pagamento)

6. REGIME DE EXECUÇÃO
 Regime de caixa: compreende todos os recebimentos e pagamentos efetuadas
no exercício, mesmo aqueles relativos a períodos anteriores (a receita só é
contabilizada quando arrecadada e a despesa só contabilizada quando feita)
 Regime de competência: as receitas e despesa são imputadas ao período de
apuração, independente de recebimento ou pagamento
 Regime misto: combina os dois anteriores. Adotado no Brasil. Despesa –
regime de competência; receita – regime de caixa.

6.1 RECONHECIMENTO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA


 Em geral, o fato gerador coincide com o momento da liquidação, que é
utilizado como o momento de reconhecimento da despesa
 O momento da emissão do empenho não importa em reconhecimento da
despesa, porque ele é ex ante, e pode até ser anulado antes de ocorrer a despesa.
 No encerramento do exercício financeiro, os empenhos não liquidados como
despesa orçamentária serão inscritos em Restos a pagar (não processado).

Obs: Sistema orçamentário – despesas incorridas são as empenhadas; sistema


patrimonial – despesas incorridas são as liquidadas. O que está regulamentado para o
exercício financeiro vale para os sistemas orçamentário, financeiro e patrimonial.
(????)

7. REGIME DE ADIANTAMENTO (SUPRIMENTO DE FUNDOS)


 Casos expressamente previstos em lei
 Consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na
dotação própria, para o fim de realizar despesas que não possuam subordinação ao
processo normal de aplicação.
 O ordenador de despesa deve conceder
 O funcionário deve prestar contas
 No caso de não prestação de contas ou de impugnação das despesas, o
ordenador deve determinar imediatas providências administrativas
 Neste regime, o pagamento antecede a liquidação, mas será precedido de
empenho.
 É aplicável no atendimento das seguintes despesas: despesas eventuais, que
exijam pronto pagamento; despesa feita em caráter sigiloso; despesas de pequeno
valor, conforme a Lei 8.666/93
 A dotação terá a classificação orçamentária do dispêndio a realizar (entrega de
bens ou serviços). Se houver as duas, será classificado naquela de maior valor.
 Não se fará adiantamento a servidor em alcance (não prestou contas ou a
prestação não tenha sido aprovada em virtude de irregularidades na aplicação do
recurso), nem a responsável por dois adiantamentos.

8. RESTOS A PAGAR
 Despesas empenhadas, mas não pagas até 31 de dezembro de cada ano
 Processados: referentes a empenhos de despesas liquidadas (prontas para
pagamento)
 Não processados: referentes a empenhos de despesas que ainda não foram
executadas (não há direito líquido, certo e exigível)
 O empenhos relativos à créditos plurienal que não tenham sido liquidados só
serão computados em restos a pagar no último ano de vigência do crédito.
 É comum o cancelamento dos saldos remanescentes de restos a pagar não
processado em 31 de dezembro do ano subsequente ao da sua inscrição.
 Os restos a pagar processados não podem ser cancelados. Se não houver
contrapartida suficiente de caixa para os retos a pagar processados, o administrador
deve cancelar o registro e providenciar o pagamento com suporte na rubrica Despesas
de exercícios Anteriores.
 Despesa com empenho por estimativa que for inscrita em restos a pagar – se o
valor do empenho inscrito for maior que o valor real, o saldo deverá ser cancelado;
caso contrário, a diferença será empenha à conta de despesas de exercício anteriores.
 Os direito referentes aos restos a pagar prescrevem em 5 anos após a
inscrição.
 A suspensão da prescrição se dá pela entrada de requerimento do titular do
direito ou do credor.
 A prescrição só pode ser interrompida uma vez.
 A citação inicial em processo válido interrompe a prescrição
 As despesas dos restos a pagar devem ser pagas com receitas arrecadas no
mesmo exercício em que as despesas foram geradas (princípio do equilíbrio
orçamentário)

9. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES


Poderão ser pagas à conta de dotação específica:
 As despesas de exercício encerrados, com crédito próprio e saldo suficiente
para atende-las que não tenham sido processadas na época própria (????)
 Restos a pagar com prescrição interrompida
 Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício
correspondente

Em nível federal:
 As despesas que não se tenham processado na época própria, aquelas cujo
empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do
exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor
tenha cumprido sua obrigação
 Restos a pagar com prescrição interrompida, a despesa cuja inscrição como
restos a pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente o direito do credor.
 Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício, a obrigação de
pagamento criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do
reclamante após o encerramento do exercício correspondente.

Restos a pagar Despesas de exercícios anteriores


Obrigações de exercícios anteriores, Obrigações de exercício anteriores pagas
pagas no atual exercício, com receita com receitas do exercício em curso
arrecada em exercício anterior
Operação extraorçamentária Operação orçamentária

10. REGIME DOS PRECATÓRIOS


Precatório é o instrumento que representa uma aquisição judicial de
pagamento em face de a Fazenda Pública ter sido condenada ao pagamento de
determinada soma em processo transitado em julgado.
A Fazenda Pública, após citação, tem 10 dias para opor embargos; se ela não
o fizer, o juiz da execução requisitará o pagamento por intermédio do presidente do
tribunal e será feito o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do
respectivo crédito.
É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito públicos, de
verba necessária ao pagamento de precatórios apresentados ao Tribunal que proferir a
decisão exequenda até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício
seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

10.1 DOTAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS PARA PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS


 As dotações terão origem na LOA ou em lei especial que autorize a abertura
de créditos adicionais.
 É proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações e nos créditos
adicionais
 Os recursos serão entregues ao judiciário para que este proceda aos
pagamentos
 Têm a rubrica Sentenças Judiciárias, posta entre as despesas correntes e as
despesas de capital.

10.2 PRECEDÊNCIA CRONOLÓGICA DE APRESENTAÇÃO DOS


PRECATÓRIOS
 Os pagamentos serão feitos na ordem cronológica de apresentação dos ofícios
requisitórios
 Tem o efeito de obstar favorecimento ou perseguições pelas entidades

10.3 DÉBITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA


 Compreendem: salários, proventos, vencimentos, pensões, benefícios
previdenciários, indenizações por morte ou invalidez etc
 Têm preferencia sobre os demais débitos
 Se o titular tiver 60 anos ou mais, ou seja portador de doença grave, será pago
com preferência sobre todos os demais, até o valor equivalente ao triplo do fixado em
lei como pequeno valor, permitido o fracionamento (exceção!). O restante do débito
será pago na ordem cronológica.
 Não estão sujeitos a parcelamento, exceto os de pequeno valor que poderão ser
pagos em duas parcelas anuais.

10.4 CONTROLE E PROCEDIMENTO NO PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS


 Sistema de contabilidade e administração financeira para registro da ordem
dos precatórios
 Abertura de conta em estabelecimento bancários oficial, exclusivamente
destinada às movimentações das importâncias referentes aos precatórios
 Se o depósito for insuficiente, o presidente do Tribunal deve requisitar da
entidade devedora a complementação
 Não incidem juros e mora sobre os precatórios no período compreendido entre
1º de julho do ano em que houver a inclusão no orçamento e o seu pagamento, quando
realizado até o final do exercício seguinte (súmula vinculante 17 do STF)

10.5 COMPENSAÇÃO DE PRECATÓRIOS COM DÍVIDAS PERANTE A


FAZENDA PÚBLICA
 Deverá ser abatido o valor correspondente aos débitos líquidos e certos,
inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor pela Fazenda Pública.
 Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal dará o prazo de 30 dias para
que a Fazenda Pública informe os débitos, sob pena de perder o direito de abatimento.

10.6 COMPRA DE IMÓVEIS PÚBLICOS COM PRECATÓRIOS


É facultado ao credor a entrega de créditos em precatórios para compra de
imóveis públicos do respectivo ente federado.

10.7 CESSÃO DE PRECATÓRIO


 O credor pode ceder total ou parcialmente seus créditos em precatórios
 Não se aplica a hipótese de preferencia de maiores de 60 anos e portadores de
doença grave
 Deve ser informado ao tribunal e à entidade devedora por meio de petição.

10.8 PARCELAMENTO DE PRECATÓRIOS


 Liquidação dos precatórios pendentes em 13.09.2000 e dos que decorram de
ações ajuizadas até 31 de dezembro de 1999, em prestações anuais, iguais e sucessiva,
no prazo máximo de 10 anos
 Permitida a cessão de créditos
 Exceto: créditos de pequeno valor; art. 33, ADCT; os precatórios que já
tiverem seus recursos liberados ou depositados em juízo
 Precatório originário de desapropriação de imóvel residencial – prazo 2 anos
 Se as prestações anuais não forem liquidadas até o fim do exercício a que se
referem, terão poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora.
 Créditos de pequeno valor podem ser pagos em até duas parcelas anuais
10.9 DESCUMPRIMENTO DE PRECATÓRIOS
 O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado
configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção (STF)
 A União pode intervir nos Estados e municípios; o estados podem intervir nos
municípios.
 Somente a hipótese de preterição no direito de precedência autoriza o
sequestro de recursos, não se equiparando as situações de não inclusão no orçamento,
vencimento do prazo para quitação ou qualquer outra espécie de pagamento inidôneo
(STF)
 Os precatórios não pagos no exercício em que estiverem incluídos, integram a
dívida consolidada para fins de limite de endividamento do ente.

10.10 SEQUESTRO DE QUANTIA PARA SATISFAÇÃO DO DÉBITO


 Casos em que houver preterição do direito de precedência
 Compete ao presidente do Tribunal determinar o pagamento e autorizar o
sequestro, a pedido do credor
 Art. 78, ADCT – o devedor que parcelar precatório fica obrigado a incluir no
orçamento, a cada ano, até a quitação, dotação suficiente à satisfação dos precatórios
parcelados, sob pena de sequestro.
 O sequestro tem natureza administrativa

10.11 PAGAMENTO DE OBRIGAÇÕES DE PEQUENO VALOR


 Débitos judiciais: precatórios; e requisições de pequeno valor (RPVs)
 Cada entidade pode determinar o mínimo, de acordo com sua capacidade
econômica, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do RGPS.
 Regulamentação omissa: Estado – 40 salários mínimos; Municípios 30
salários mínimos
 Se a quantia executada ultrapassar o RPV, o credor pode renunciar ao
excedente para receber o pagamento sem ser pelo regime de precatórios.

10.12 FRACIONAMENTO DO VALOR DA EXECUÇÃO


 É proibida a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor
pago, bem como de fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para
fins de enquadramento de parcela do total ao que definido em lei como obrigação de
pequeno valor.
 Fracionamento do valor da execução ≠ parcelamento do pagamento de
precatórios

10.13 RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL COMPETENTE


PARA PAGAMENTO DO PRECATÓRIO
 Determinar o pagamento integral e autorizar o sequestro de quantia
 O presidente que retardar ou tentar frustrar a liquidação de precatórios, por ato
comissivo ou omissivo, incorre em crime de responsabilidade
 Quebra de ordem de preferencia – responde por prevaricação

10.14 REGIMES ESPECIAIS DE PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS


 Depósito mensal em conta especial de 1/12 (vigência – termina quando o valor
de recursos for maior que o valor dos precatórios) ou regime especial pelo prazo de
até 15 anos (vigência – termina ao fim dos 15 anos)
 No caso de não liberação tempestiva do recurso, a entidade não poderá
contrair empréstimo externo ou interno e ficará impedida de receber transferências
voluntárias. Haverá sequestro da quantia.
 Estados, DF e municípios não poderão sofrer sequestro de valores, enquanto
estiverem realizando pagamentos no regime especial, exceto no caso mencionado
acima.
 Terão preferencia os titulares de precatórios que tiverem completado 60 anos
até a publicação da emenda 62/09.
 Convalidação de cessões e compensações de precatórios com tributos (olhar
livro)

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