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Faz uma distinção entre intelectuais e críticos. Intelectuais são aqueles que criam bens
intelectuais relativamente inovadores e os críticos produzes comentários e generalizações
tendo não necessariamente inovadores, funcionando como uma espécie de filtro
(gatekeepers). Não existe, entre as arenas intra-intelectual e intelectual pública, uma
diferenciação qualitativa, mas apenas de alcance. A arena intelectual pública, diferente
da intra-intelectual, é mais dependente da mídia – inclusive das editoras – e dos críticos
(agentes que funcionam como gatekeepers).
Baert toma como ponto de partida a ideia de que as ideias têm maior capacidade
de transcender da esfera intra-intelectual para a esfera intelectual pública caso sejam
“empacotadas” (packaged) em termos de uma doutrina intelectual coerente e
“etiquetadas” (lebelled). Além disso depende em grande medida do carisma dos
intelectuais que assumem o papel de promotores de tais ideias e das relações que
estabelecem com os demais intelectuais, com o mercado editorial e com os críticos,
dependendo, de toda forma, do apelo que tais ideias têm em relação a experiência sócio-
políticas recentes e como tais ideias têm capacidade de ser mais efetivas em termos
explicativos e de apelo público com relação às antigas ideias já estabelecidas, pp. 16-17.
São cinco hipóteses que guiam a pesquisa de Baert: 1) ideias se espalham mais
rapidamente se seus proponentes intelectuais conseguem desenvolver conexões sólidas
com os críticos; 2) as ideias se espalham de forma mais rápida se as ideias já estabelecidas
tiverem perdido sua credibilidade com a sociedade; 3) as ideias se espalham de forma
mais efetiva se o mercado editorial tem grande capacidade de disseminação e se os
intelectuais têm um bom posicionamento com este mercado editorial; 4) as ideias têm
mais chances de se espalhar se os intelectuais envolvidos usarem outras formas de
comunicação adicional como rádio, televisão etc.; 5) as ideias vão se espalhar de forma
mais efetiva se tiverem ressonância com o clima cultural mais amplo envolvendo as
classes com mais anos de escolaridade, p. 17.
Segundo Baert, Collins, na sua ampla teoria das cadeias rituais de interação
(interaction ritual chains), apresenta como ideia central o fato de que a criatividade
intelectual e a produção estão vinculadas em relações pessoais e redes de contato de
interações face-a-face; estas relações transmitem energia emocional e capital cultural.
Segue-se disso que é um engano conceber ideias como ancoradas em indivíduos; ideias
são ancoradas em redes e motivadas em grande medida por rivalidades entre indivíduos
e grupos de indivíduos (ver p. 8 de Baert). Para Collins, a Gallimard funcionou como um
centro de redes (network centre), colocando pensadores inovadores em contato uns com
os outros, além de ter revolucionado a partir dos anos 1930 o mercado editorial francês
apresentando livros baratos com gêneros híbridos entre literatura e filosofia, como era o
existencialismo.
De forma direta afirma que “Sartre foi particularmente habilidoso ao reformular os temas
iniciais do existencialismo de forma mais positiva, permitindo aos seus leitores dar
sentido a um episódio traumático da história da França” p. 21.