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1. Material pré-aula
a. Tema
b. Noções Gerais
1
José Carlos Barbosa Moreira, Comentários ao Código de Processo Civil, v. 5, p. 233. Apud MOUGENOT,
Edilson. Curso de Processo Penal. 13ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2019.
2
LOPES Jr. Aury. Direito Processual Penal. 2019.
Os mecanismos que surgem como meios de impugnação para a
reapreciação da matéria e de revisão das decisões desdobram-se em:
1) recursos propriamente ditos, utilizados antes da preclusão e na
mesma relação jurídica, e
2) ações autônomas de impugnação, que se formam através de uma
nova relação jurídica.
“Recursos ordinários: são aqueles que têm por objeto provocar um novo
exame (total ou parcial) do caso penal já decidido em primeira instância,
por um órgão superior (ad quem), alcançando tanto as matérias de
direito como também fáticas, com possibilidade de decisão sobre a
determinação dos fatos, sua tipicidade, a prova, dosimetria da pena etc.
Exemplo típico de recurso ordinário é a apelação, do art. 593 do CPP.
3
LOPES Jr. Aury. Direito Processual Penal. 16ª Edição. Editora Saraiva, 2019.
4
LOPES Jr. Aury. Direito Processual Penal. 13ª ed. Editora Saraiva. p.1122.
5
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21ª ed. Atlas. p. 403.
Pretende-se nesta segunda vertente que os julgados proferidos pelos
Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais sejam executados
imediatamente, sem necessidade de trânsito em julgado. Não
bastassem as críticas anteriormente feitas, tem-se aqui a crítica da
mudança de todo o sistema que gera tão somente ilusão de eficiência.6
Precisamos ser maiores do que ambos estes sentimentos que tanto mal
causam ao direito. Não podemos sucumbir seja ao senso comum, seja a
tentações autoritárias. Um dos grandes problemas da efetividade da
justiça está no escasso material humano nos tribunais (e na sua, por
vezes, má utilização). Precisamos alterar o modelo de administração.
6
DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal. 2ª ed. RT, 2018.
7
PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal. 21ª ed. Atlas. p. 403
Esta alteração de recursos humanos irá gerar alteração na produtividade
e, isto sim, irá atuar de maneira eficaz contra a impunidade. Tentações
punitivistas e autoritárias são, no fundo, apenas isso mesmo, ou seja,
ilusões de justiça e concretude de vingança.8
8
Op. cit. p. 432.
9
Apud DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal.
10
“Quanto à natureza jurídica dos recursos, deve-se ter presente a distinção entre eles e as ações
autônomas de impugnação (revisão criminal, habeas corpus e mandado de segurança), pois, ao contrário
delas, os recursos não são “ações processuais penais”, não instaurando uma nova situação jurídica
processual. Os recursos são uma continuidade da pretensão acusatória ou da resistência defensiva,
conforme a titularidade de quem o exerça”. (LOPES Jr., Aury. 2019)
o que se tem é a utilização de instrumentos legais para obtenção da
sentença favorável pretendida por cada uma das partes.11
i) Efeito suspensivo
O recurso que possui efeito suspensivo tem o condão de suspender a
eficácia da decisão da qual se recorre, não permitindo que se irradie
efeitos na constância do recurso. Se não houver recurso, com o trânsito
em julgado a decisão passa a ter efeitos.
Acerca deste efeito, o Superior Tribunal de Justiça sumulou
entendimento no sentido de que “o mandado de segurança não se
presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo
Ministério Público” (Sum. 604).
11
LOPES Jr. Aury. Direito Processual Penal. 13ª ed. Editora Saraiva. p. 1118.
v) Efeito extensivo
Este efeito é aquele que permite a matéria se estendida aos outros réus,
como nos casos em que os agentes agem em concurso. Logo, a decisão
favorável a um dos agentes poderá ser aproveitada pelos demais,
mesmo que não tenham recorrido, desde que não sejam de cunho
exclusivamente de caráter pessoal.
12
LOPES, 2019. op. cit
órgão jurisdicional superior, perfazendo a busca do controle judicial de
todo ato estatal.
Suscita-se neste momento que, diante da relevância deste princípio,
surgiram dois grandes debates enfrentados na doutrina sobre esta
temática que merecem reflexão:
(i) a possibilidade de aplicação do duplo grau de jurisdição nos casos de
competência originária nos tribunais
(ii) a necessidade de implementação do duplo grau de jurisdição nos
acórdãos condenatórios que reformem sentenças absolutórias.
Apesar dessa garantia prevista implicitamente ou expressamente em
âmbito internacional, há, no ordenamento jurídico brasileiro, um certo
“limite” de incidência deste princípio relacionado à pessoa e função que
ocupa: as pessoas que possuem foro por prerrogativa de função não
têm direito de apelar da decisão emanada.
Apesar de não terem direito de interpor recurso de apelação e de
exercerem o duplo grau de jurisdição, não significa que não terão direito
de recorrer. A questão que se coloca em pauta é de que aqueles que
possuem foro de prerrogativa de função poderão recorrer, no entanto,
não incidirão nestes recursos interpostos o duplo grau de jurisdição. Ou
seja, poderão interpor recursos de direito apenas, que não se prestam
ao direito da parte, mas à uniformização das interpretações das leis.
Ou seja, estes acusados poderão se socorrer, por exemplo, dos
embargos de declaração e do Recurso extraordinário, no entanto, estes
recursos não dão concretude ao duplo grau de jurisdição, vez que não
devolvem a matéria fática, de direito e probatória ao Supremo Tribunal
Federal.
De toda forma, é conveniente ressaltar que o sujeito com foro por
prerrogativa de função é julgado originariamente pelos Tribunais, ou
seja, por um órgão colegiado dotado de maior experiência, em tese, que
o juiz de primeira instância. E por ser um órgão colegiado, a falibilidade
humana já é mitigada com relação àqueles casos julgados em primeira
instância.
Ademais, pelo fato da Constituição Federal ter silenciado acerca do
cabimento de recursos ordinários nos casos de competência originária
dos Tribunais, por mais que haja previsão na Convenção Americana, não
poderia o direito infraconstitucional institui recursos provenientes de
análise probatória aos que possuem foro por prerrogativa.
Por fim, a despeito da controvérsia entre os Ministros, acabou
prevalecendo a orientação de que o conhecimento dos embargos
infringentes atenderia à exigência do duplo reexame constante do Pacto
de São José da Costa Rica.
O Princípio da Fungibilidade, que permite ao juiz conhecer o recurso
mesmo quando a parte apresentar um recurso distinto do que seu
provimento jurisdicional determinava (exceto nos casos de má-fé),
fundamenta-se no art. 579 do Código de Processo Penal: “salvo hipótese
de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso
por outro. Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a
impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de
acordo com o rito do recurso cabível”.
Este princípio está relacionado estritamente com o da
unirrecorribilidade, pois para este último, em todo o ordenamento
jurídico, a regra é que para cada decisão, apenas um único recurso é
cabível, de forma a evitar que uma única decisão enseje a interposição
de vários recursos. Ressaltando que, em regra, as decisões
interlocutórias não são passíveis de recurso, com exceção das hipóteses
previstas em legislações especiais e no recurso em sentido estrito. Por
serem irrecorríveis, podem ser alegadas como preliminares nos recursos
de apelação quando não preclusas e quando prejudicarem o recorrente.
Por fim, dentre esta lista de princípios, expõe-se o da proibição da
reformatio in pejus e permissão da reformatio in mellius. Conforme
preconiza o art. 617 do Código de Processo Penal: “o tribunal, câmara
ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e
386, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena,
quando somente o réu houver apelado da sentença”, diante disso,
determina-se que situação do réu não poderá ser agravada por um
recurso exclusivo da defesa, e nem mesmo poderão conhecer matérias
cognoscíveis de ofício como as nulidades absolutas para prejudicar o
réu.
Por fim, dentre esta lista de princípios, expõe-se o da proibição da
reformatio in pejus e permissão da reformatio in mellius.
A proibição da reformatio in pejus direta encontra fundamento no art.
617 do Código de Processo Penal: “o tribunal, câmara ou turma
atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 386, no
que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando
somente o réu houver apelado da sentença”, diante disso, determina-se
que situação do réu não poderá ser agravada por um recurso exclusivo
da defesa, e nem mesmo poderão conhecer matérias cognoscíveis de
ofício como as nulidades absolutas para prejudicar o réu.
O ordenamento jurídico não tem regra expressa, quer admitindo, quer
vedando, a reformatio in pejus indireta. Explica Badaró:
c. Legislação
13
BADARÓ. op. cit.
- STF, súmula 602: Nas causas criminais, o prazo de interposição de
recurso extraordinário é de 10 (dez) dias.
- STF, súmula 705: A renúncia do réu ao direito de apelação,
manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento
da apelação por este interposta.
- STF, súmula 707: Constitui nulidade a falta de intimação do
denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da
rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
- STF, súmula 708: É nulo o julgamento da apelação se, após a
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi
previamente intimado para constituir outro.
- STF, súmula 709: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o
acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde
logo, pelo recebimento dela.
- STF, súmula 710: No processo penal, contam-se os prazos da data da
intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de ordem.
d. Julgados/Informativos
f. Leitura complementar
- BRITO, Alexis Couto de., et al. Processo Penal Brasileiro. 4ª Ed. Editora
atlas. 2019.
- LOPES Jr. Aury. Direito Processual Penal. 16ª Edição. Editora Saraiva,
2019.