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Resiliência: fator essencial omitido na avaliação e gestão da

saúde ocupacional
Eduardo A.C. Garcia

RESUMO
O trabalho, fator de sobrevivência e auto-realização, deveria ser planejado-gerido e realizado
dentro de certos e conhecidos estados de equilíbrios dinâmicos característicos do bom
funcionamento do organismo do trabalhador, da saúde ocupacional “normal”, condicionadora de
o que fazer em função de habilidades e competências desse organismo e de o como fazer, por
que a tecnologia e as condições de trabalho são ergonomicamente consistentes. 1 Co frequência,
esses equilíbrios e a capacidade do organismo para responder às exigências e mudanças no
ambiente de trabalho não são devidamente conhecidos ou se conhecidos não adequadamente
considerados: parte do problema. Nessa desconsideração ou omissão há múltiplas e inter-
relacionadas causas que levam a um estado abstrato e circunstancial, o do estresse ocupacional,
caracterizado por tristeza profunda; ansiedade e agitação; distúrbios como os que ocorrem no
sono, no peso / apetite; falta de concentração e incapacidade para se desligar do trabalho e por
enfermidade somáticas como são as úlceras gástricas (...); afeta-se, dessa forma, o tubo
digestivo, uma caixa de ressonância de emoções através de vias nervosas, hormonais e
enzimáticas que, pela desorganização de funções digestivas e mudanças patológicas,
compromete-se a saúde ocupacional. Comprometimento que pode estar ligado ao acelerado
desenvolvimento tecnológico, à gestão do trabalho e a intensa concorrência, não apenas em
âmbitos hospitalares, mas também na vida cotidiana, que transcende, - esse estado de tensão do
organismo obrigado a enfrentar riscos, capacidades de ajustes às exigências e mudanças. Os
objetivos se orientaram para a obtenção de dados de fontes primárias (aplicação do teste de Lipp
ou Inventário de Sintomas de Estresse) e secundária (pesquisa documental) para estudar
aspectos da resiliência na saúde ocupacional de médicos intensivistas e evidenciar a gravidade
do problema e a necessidade de soluções. Parte dessas soluções se baseia em indicadores da
saúde ocupacional, em indicadores consistentes de síntese de informações para o planejamento e
gestão. Na metodologia se destacam aspectos conceituais como os de estresse, coping e saúde
ocupacional; os procedimentos e técnicas - métodos de obtenção de dados, síntese, análise e
inferência com abordagem descritiva baseada em estatística não-paramétricia. Os principais
resultados destacam os fatores estressantes do ambiente, das condições de organização - gestão
e da infra-estrutura

Na parte conclusiva e de recomendações, destaca-se a necessidade de observações - registros,


monitoramentos - avaliações e pesquisas - estudos direcionados para gerar - disponibilizar
informações técnico - científicas de suporte de programas de reorganização do setor, com planos
de orientação e fundamentação em fases como as de seleção e capacitação do trabalhador
considerando, por um lado, habilidades e competências oferecidas e, pelo outros, exigências e
condições demandadas: o equilíbrio, com seguras margens, é um aspecto essencial; a
necessidade de observância de sinais e indicadores de resiliência e as vantagens de se assegurar
e manter um ambiente propício de saúde ocupacional que incorpore diretrizes e procedimentos
ergonômicos. Aponta-se, como recomendação final, a pesquisa em procedimentos
metodológicos que possam efetivamente captar e registrar os sintomas de distúrbios e
capacidades como as de resiliência.
Palavras - chaves: médico intensivista, resiliência, estresse, coping, burnout, saúde
ocupacional, LER - DORT.
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1) INTRODUÇÃO
Preocupações como são as decorrentes de desafios, - em toda parte e todo o
tempo, da vida moderna, em especial no trabalho competitivo e exigências como as de
preparação adequada, - em intensidade, especificidade e oportunidade, para enfrentar
tais desafios podem ser fatores estressantes do trabalhador, aparentemente com
paradoxos e mudanças inevitáveis, segundo McCormick (2008). São fatores de riscos,
aliados a eventos extraordinários como doenças - mortes, catástrofes (evidenciadas e
anunciadas, locais e globais), assim com assédio, desemprego, esforços para manter
vínculos empregatícios e agitação social de ocorrências por vezes aleatórias, contribuem
para aumentar níveis de estresse no trabalhador dominado por situações e fatores
estressantes. 2
Essa mesma agitação social e a permanente cobrança por parte de organizações, -
as do trabalho, permanentes cobranças impõem exigências e relações caracterizadas
pela excessiva carga de trabalho com feições especiais em médicos intensivistas, tais
como: privações do sono, distúrbios cognitivos (ASKEN e RAHAM, 1983); baixos
salários, desvalorização profissional; e por hábitos como os de procrastinação
(SALLES, 2010) diante de ações depressivas, cumulativas e fontes de múltiplos
estressores no contexto da saúde ocupacional. Algumas dessas fontes estão relacionadas
com a natureza e ambiente de trabalho.
São efeitos, - os de fatores estressantes no trabalhador, que minam as defesas
naturais do organismo, aceleram a pressão arterial, provocam doenças e alteram
comportamentos caracterizados por estados como os de tristeza profunda; apatia e
desinteresse; falta de concentração; sentimentos como os de raiva, indignação,
incompetência, culpa e agressão; e pensamentos mórbidos recorrentes sobre a morte ou
o suicídio, além de agitação, fadiga e distúrbios no sono, peso corporal e apetite.
Para "tratar" as "imposições" da organização no trabalho e os efeitos negativos na
saúde e bem-estar dos quais o trabalhador não escapam, há formas para o trabalhador se
preparar, lidar e evitar a fácil frustração provocada pelo grande número de fatores
estressantes que reduzem defesas do organismo. Maus comportamentos - hábitos como
as de adiar a busca de tratamentos diante o aparecimento de anormalidades, - lesões ou
distúrbios, associados ou decorrentes do trabalho, afetam essa capacidade ou minam
forças psicológicas e biológicas do organismo para recuperar estados resilientes, manter
a enfrentar e superar, com sucesso, ameaças e mudanças. Afetando-se essas forças
naturais comprometem-se atributos como os da criatividade e habilidades, “capacidade
para suportar” pressões, “suportar” lesões e dor, auto-respeito, e se tornar
emocionalmente mais resistente. Conhecer as formas de recuperação e manutenção,
preservar a fonte de habilidades e competências e utilizar criteriosamente essa
capacidade é essencial na saúde ocupacional.
Destaca-se neste documento, o conceito de resiliência associado à saúde
ocupacional, com indicações, baseadas em estudos de casos e observações pontuais de
centros médico intensivistas de Brasília, DF, complementadas com pesquisas
documentais sobre esse assunto, que apontam procedimentos e comportamentos para o
trabalhador se tornar emocionalmente mais resistente e melhorar - mudar reações e
atitudes para enfrentar “inevitáveis” fatores estressantes no ambiente de trabalho,
contribuindo, dessa forma, para manter a saúde laboral em seus melhores estados:
aqueles de bem-estar e conforto, de plena capacidade produtiva associada à criatividade
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conformada às condições físicas, biológicas, socioculturais, psicossociais - emocionais


etc. do trabalhador e que devem ser respeitadas (conhecidas e institucionalizadas) e
atendidas (em toda a organização, desde seleção e treinamento de pessoal até alocação e
monitoramente – avaliação) pela organização de trabalho.

2) DESENVOLVIMENTO
São considerados, de forma resumida, seis aspectos fundamentais no
desenvolvimento que caracteriza um trabalho técnico-científico, conforme normas como
as da ABNT. Esses aspectos são: a) o problema e sua importância, definido pelas suas
causas reais - principais e por relações como as estabelecidas pela ergonomia e seus
efeitos, compreendendo diversas múltiplas disciplinas (por exemplo, (antropometria,
biomecânica, engenharia, fisiologia e psicologia): importância do problema; psicologia,
entre outras); b) os objetivos, ao considerá-los vis-à-vis com os fatores causais,
definidos no problema, e com devidas previsões e alocações de meios para atingi-los; c)
as prováveis “novas” habilidades, características, hábitos, percepções–visões, ajustes-
mudanças que podem melhorar a saúde ocupacional afetada por diversas fontes causais
de estresse, de comprometimento da resiliência propostas como hipóteses a serem
testadas: orientações teóricas com suporte na realidade, e sempre objetos de testes para
se alcançar os objetivos; d) a revisão de literatura destacando os conceitos utilizados no
estudo, aspectos metodológicos e soluções apresentadas por outros autores -
pesquisadores sobre o assunto; e) a metodologia, incluindo procedimentos, técnicas e
métodos de obtenção, síntese e tratamento dos dados com inferências discutidas e
apresentas na próxima etapa; f) os resultados, constituindo-se a parte central, com
informações obtidas de inferências e complementações de pesquisa documental; entre
outros aspectos sumariamente apresentados.
As organizações modernas, incluindo as do trabalho, caracterizam-se por
frequentes e rápidas transformações tecnológicas, econômicas, socioculturais e político-
institucionais que exigem mudanças no ambiente, nas instituições e no trabalhador. Tais
exigências, em muitos casos, terminam impondo sacrifícios, desconfortos e perdas da
capacidade do organismo do trabalhador se ajustar às novas realidades: o estresse como
uma reação emocional, sem controle, e física, além da tolerância, a uma mudança,
exigência ou resposta de fatores estressantes que possam levar ao desequilíbrio e perda
da capacidade resiliente.
Deve-se esclarecer que todas as pessoas têm estresse e que essa reação não é
necessariamente ou sempre prejudicial e causadora de problemas a saúde. O
conhecimento de indicadores de resiliência permite diferenciar e aproveitar o estresse
carregado de energia durante curtos períodos e que não comprometem a saúde do
indivíduo, o eustresse de outras formas nocivas à saúde. O foco e interesse, neste
estudo, são para os estresses negativos, - o distresses, associados ou relacionados com: a
depressão e tristeza profundas; a apatia (queda ou falta do interesse, prazer, satisfação
etc.) e absentismo; a angústia e ansiedade; a irritabilidade e agressividade exacerbadas;
o baixo rendimento e aumento de erros no trabalho; o cansaço e confusão mental; a
tensão e sentimento de isolamento; a impaciência, impotência, insegurança e frustração;
entre outras manifestações do distresse que impacta à saúde ocupacional. Tais foco e
interesse destacam o problema do estresse na resiliência; e de baixas ou perdas de forças
psicológicas e biológicas requeridas para enfrentar e superar mudanças e obstáculos na
atividade laboral, a do médico intensivista, com inúmeros fatores estressantes.
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2.1) O problema
No contexto de turbulência e competitividade que domina o cenário de trabalho de
profissionais, entre outros os da saúde, busca-se (deveria se buscar: ao não fazê-lo,
define-se parte de um problema que é epidemia no mundo atual) a flexibilidade como
forma de ajustamento do organismo às mudanças, condições e aos novos contornos, -
contingências, exigências e imposições como as de horários a cumprir, prazos a atender,
metas a alcançar, formas de relacionamento a manter etc. Exigências e condições que
passam a se constituir fatores estressantes na vida do médico. Formas que determinam
novas “racionalidades” (apenas na perspectiva da empresa, de hospitais) nas instituições
e interdependências entre processos e fenômenos (não consideradas pela organização do
trabalho e, portanto, parte do problema) que provocam impactos e rupturas (efeitos da
omissão na saúde ocupacional) com reflexos negativos na saúde física e mental do
profissional da saúde.
O problema, neste estudo, é definido como a perda ou o enfraquecimento da
capacidade de um sistema, - a do trabalhador, considerado de forma integral corpo e
mente, de suportar perturbações como as que ocorrem em seu ambiente de trabalho:
mudanças ou ajustamentos, cobranças ou exigências (...). São insuficiências para manter
essa capacidade, retornar ao estado de equilíbrio, de comportamento “normal” e
suportar o fluxo de fatores estressantes portadores de raiva e frustração, de ansiedade e
depressão, de irritabilidade e perturbações do sono como insônia ou hipersônia, de dores
localizados no corpo por causa de esforços como são os movimentos monótonos e
repetitivos impostos por determinados trabalhos e condições do local, baixa
concentração, respiração ofegante, tensão e cansaço, etc. Em alguns, esses fatores
permanecem presos às emoções negativas após os eventos causais físicos serem
excluídos. Isto, porque há diretas e estreitas ligações entre o estado mental, a saúde 3 e o
desempenho no trabalho.
A flexibilidade, uma das características da resiliência, é uma das competências
requeridas requerida pela dinâmica e competição no trabalho que, se adequadamente
atendida, - a flexibilidade, seria capaz de explicar e internalizar, na “racionalidade” e
interdependência, a subjetividade e identidade (habilidades, competências, capacidades
etc. do trabalhador) diante de inúmeras situações de tensão, pressão e ruptura presentes
no ambiente de trabalho.
Um contexto caracterizado pela pouca ou insuficiente capacidade de abstração -
superação de fatores e condições estressantes advindas de continuas pressões de
empresas empenhadas em alcançar índices e metas de competitividade com reduções de
quadros de trabalhadores e aumento de competitividade. Uma situação que, além de
estabelecer novos desafios como na melhor preparação de profissionais, gera
imposições que limitam a capacidade do indivíduo se recuperar e amoldar às
deformações (“racionalidades”, interdependências etc.) situacionais.
Com esse comprometimento ou agressão - reação pelo desequilíbrio entre
exigência do trabalho (do ambiente, da infra-estrutura, da gestão - administração, de
planos como os de metas etc.) e capacidade de atendê-la (BERNIK, 2009;
complementado), perdem-se condições naturais, - valiosas e por vezes não reconhecidas
(parte do problema, inclusive para o profissional informado como é o médico: estresse
fisiológico, predisposição genética etc.), de recuperação e de suporte e manutenção, - de
resiliência, de continuação por enfraquecimento ou falência orgânica- - síndrome de
burnot, e abrem-se caminhos como os de perdas de habilidade, da capacidade criativa,
de competências e instauração de estados como os de depressão, com sintomas
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recorrentes e persistentes durante determinados períodos (RIBEIRO, 2009;


complementado).
Que se enfraquece, degrada ou perde como consequência do estresse provocado
no ambiente do local, pela tecnologia sem ergonomia, com a gestão sem ter em conta
habilidades e competências do trabalhados e pela natureza do trabalho repetitivo e
intenso? Atributos naturais de um processo, - o da resiliência, capaz de representar e
ativar componentes de auxilio ao médico para enfrentar situações, no aprimoramento de
forças psicossociais, na capacidade de resolução de problemas, na conquista de
autonomia e no sentido ou propósito para a vida e o futuro (CARMELLO, 2008).
Perdem-se ou se enfraquecem atributos de um processo valioso por causa do estresse
crônico; uma fonte insubstituível de habilidades e competências do médico intensivistas
para avaliar situações como as de percepções, "leituras" e interpretações de múltiplos e
seguidos casos de doenças; sua mobilização tanto física como cognitiva, comprometida
ao empreender esforços emocionais e comportamentais para decidir - agir em
prognoses, comunicar etc.; e competências reduzidas de exigências externas como
ameaças e desafios reais e ameaças e desafios nem sempre reais, para manter o controle
e dominar a situação, antes que seja dominado por ela.

2.2) As Hipóteses
Definem-se, como hipóteses, quatro conjunto de proposições teórico-empíricas
testáveis definidas com dados da realidade em unidades de tratamento intensivo
hospitalar. Essas proposições, testáveis em parte neste estudo, são:
a) Os fatores considerados do Teste de Lipp, agrupados em três conjuntos e
definidores de fases como as de alerta, resistência e exaustão são igualmente
importantes. Trata-se de uma clássica hipótese de nulidade, pressuposta como
aceita no teste e que será objeto de aplicação no estudo. Na primeira parte da
apresentação de resultados se indicam possíveis opções, baseadas em teorias da
ciência médica e resultados de outros pesquisadores: hipóteses alternativas.
a) O conhecimento, aplicação - monitoramento e avaliação - correção oportuna de
padrões ergonômicos, estabelecidos pela ciência médica e incorporados, em parte,
em instruções e legislações normativas, em planejamento e gestão do trabalho é
procedimento inclusivo da resiliência como fator essencial na saúde ocupacional.
Está implícito, nesta proposição, que diretores - chefias de hospitais, organização
do trabalho e seleção - capacitação de médicos intensivistas sejam criteriosamente
orientados em bases técnico-científicas operacionais, portanto, sem inferências ou
predomínio de interesses de políticas partidárias.
b) O monitoramento sistemático e a avaliação periódica de fatores estressante como
respostas a estímulos, - sintomas do estresse em seus diversos estágios e fontes de
causalidade, podem ser traduzidos em indicadores e índices capazes de
associarem causas e efeitos. Exemplos desses estímulos "reduzidos" a indicadores
para fundamentar ou auxiliar o monitoramento, avaliação - controle e gestão de
pessoal são: o medo e a raiva, caracterizados por liberações de epinefrina ou
norepinefrina, glico e minerocorticoides. Tais liberações, com indicações de
medidas em intervalos, produzem modificações como taquicardias, aumento do
fluxo sanguíneo para os músculos e medriase, entre outros que estão associados
com a preparação do organismo para agir (eustresse) ou se mostrar ansioso,
frustrado, incapaz (distresse: hipercolesterolemias). 4 Outro exemplo de indicador
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que pode ser estabelecido (teórico e prático - empírico: dados) é o do limite de


mecanismos da adaptação para evitar ou minimizar a ocorrência de doenças de
adaptação como são a hipertensão, infarto e úlceras; ao se estabelecer esse limite,
evita-se que o próprio organismo seja lesado pelos seus mecanismos de defesa, de
excessivas adaptações; com esse indicador, estabelece-se um "bom alvitre", - o
definido pelo indicador para determinadas circunstâncias e níveis, de tensão
emocional e física, destacando-se o aspecto de sintomas do estresse de alerta.
c) As UTI são locais, em “condições favoráveis” (parte da hipótese), para prováveis
observações oportunas, registros consistentes desse fenômeno, análises e
inferências sustentáveis de múltiplos aspectos de interesse na pesquisa e ciência
da saúde ocupacional (outra parte da hipótese). Essas condições e prováveis
atividades são básicas para entender fatores estressantes determinantes do
problema, com benefícios ou retornos positivos para as UTI. Um problema
provocado por atividades desenvolvidas no trabalho que exige um excesso de uso
dos sistemas musculoesquelético e mental-intelectual a que é submetido o
profissional da saúde; que demanda repetições de atividades, de posturas
incorretas e de excesso de força capazes de obstruírem a circulação sanguínea
(impossibilitam a irrigação de estruturas importantes como artérias e nervos de
pessoal de apoio e enfermeiros); e que desencadeiam processos inflamatórios em
músculos (bursite e tendinite). Tais locais, além de permitirem observações e
registros com qualidade e utilidade, são “laboratórios” ou “campos experimentais”
integráveis a centros de ensino – capacitação (parte da hipótese). Os resultados
esperados são dados para definir indicadores de delimitação e caracterização de
perturbações e lesões provocadas por variáveis, tais como: ambiente de trabalho
inadequado (porque é desconfortante e provoca tensão, rigidez, dor etc.);
exigência de aumento de produtividade e sobrecarga física–intelectual; repetição
de atividades que provocam dormências; má divisão de tarefas e, em particular, da
gestão; mobiliário não adaptada às condições do trabalho e às possibilidades
resilientes (por exemplo, redução de habilidades ou destreza manual, de
coordenação etc.) do trabalhador; pressão (física, moral etc.) no ambiente de
trabalho. Nesta hipótese são compreendidos diversos fatores de risco que podem
ser agrupados em biomecânicos, gestão – administrativos e psicossociais
considerados na apresentação e discussão de resultados. O aspecto destacado,
nesta hipótese, é a formulação de indicadores que possam sintetizar e comunicar
fatores e condições adversas ou punitivas à saúde ocupacional, com
manifestações, tais como: c.1) motor, com valores eletromiográficos associados a
determinadas perturbações, sensações de tensão e dor em rosto, ombros, braços e
nuca); c.2) vegetativo com índice de liberação de catecolaminas e de excitação do
sistema nervoso autônomo: efeitos, também "traduzidos" por índices, como os de
taquicardias, sudorese, respiração ofegante, aumento de glicemia, estimulação
tireoidiana etc.; c.3) subjetivo - cognitivo (por exemplo, ansiedade - angústia,
insegurança, medo - pânico, perdas de concentração, fragilização do ego, etc.). A
semelhança da primeira proposição, nesta está implícito, além, das considerações
mencionadas, a preparação e devida orientação para desenvolver estudos e
pesquisas, nesses locais e condições das UTI, no avanço do conhecimento nesta
área.
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2.3) Os Objetivos
Levantar dados e informações de diversas fontes, sintetizá-los em termos de
indicadores e índices, analisá-los e obter inferências quanto a percepção e importância
de fatores estressantes e da capacidade de resiliência de trabalhadores da saúde para
evidenciar a gravidade e consequências de problema provocados pelo estresse e para
indicar, com base nos resultados da pesquisa, medidas e procedimentos de redução e
controle de estados crônicos de estresse; para fundamentar a necessidade de buscar e
criar ambientes suficientemente flexíveis, sem perdas de objetividade e direcionamento,
capazes de lidar com a turbulência e competitividade que domina cenários do trabalho
de profissionais como os da saúde.
Evidenciar o problema e efeitos do enfraquecimento da capacidade do sistema
orgânico do trabalhador, em sua forma integral corpo e mente, como parte de um
processo educativo e de conscientização do conhecimento e valor da resiliência a ser
protegida, em suas fontes, e potencializada quando mudanças ou ajustamentos,
cobranças ou exigências estejam plenamente conformadas com essa capacidade de
suportar e retornar ao estado de equilíbrio e normalidade: estados que possibilitarão
lidar com os inevitáveis fatores estressantes portadores de raiva e frustração, ansiedade
e depressão, irritabilidade e perturbações, entre outros sintomas que foram indicados na
definição do problema.
São indicações e procuras que poderão auxiliar a reestruturação do setor e
adequação - ajuste de políticas orientadas para a melhoria da saúde ocupacional do
médico intensivista, no aspecto da resiliência resgatada, - este é o início desse propósito,
no contexto da saúde ocupacional.
Na apresentação e discussão de resultados são sugeridas ações e ajustes,
complementações e mudanças de procedimentos que se orientam para o atendimento de
melhorias em processos de pesquisas.

2.4) A Metodologia
Aspectos éticos. Parte dos dados utilizados na pesquisa procede de fontes
primárias: sexo, idade (anos), estado civil, tempo de formado (anos), tempo de trabalho
em UTI (anos) e fontes de estresses, com especificações; por esses aspectos, preserva-se
a fonte desses atributos. São dados obtidos de Marcio Moreira Salles, - Médico do
Trabalho – MS Ergonomia. Rg. MTB. No. 13629 (autorização para publicação análise
dos dados e resultados).
Outras partes provem de fontes secundárias, de pesquisas documentais
diretamente relacionadas com o tema em foco.
Das fontes primárias de dados, destacam-se observações de registros em
prontuários - diagnoses médicas e, em especial, entrevistas - questionário com17
médicos intensivistas (2009), orientadas pelo teste de Lpp - ISS (Inventário de Sintomas
de Stress) composto por três fases: a) a fase de alarme quando definidas ou encontradas
pelo menos pelo menos 46,7% do conjunto de 15 possíveis sintomas propostos para
definir essa fase; b) a fase de resistência ou luta, em se propõem, também, 15 opções de
possíveis sintomas a observar – registrar na diagnose, verificando-se no último mês
anterior à consulta pelo menos 26,7% deles para definir essa fase; c) a fase de exaustão,
com 22 possíveis opções de sintomas observáveis - registráveis nos últimos três meses
para definir o esgotamento, considerando-se que tal definição seria dada pelo menos por
8

40,1% dos sintomas propostos. É importante, além de fiel representação do atributo pela
observação e registro no dado, identificar a natureza das variáveis que acenam, -
orientações gerais e não regras fixas, para a análise e inferência estatística. É preciso ter
um esquema de orientação para a escolha de testes na inferência estatística, entre
variáveis categóricas (ou qualitativas) e onde as observações e registros podem ser
classificados em uma das categorias mutuamente exclusivas. Essa referência é
importante para o estudo mensurar o nível de associação entre dois conjuntos de escores
referentes a um grupo de indivíduos, compreendendo testes de independência e
homogeneidade, entre outros. Foram utilizados os testes Qui-Quadrado (2; teste não-
paramétrico) / tabelas de contingência 5 e Student (t), para avaliar hipóteses com
variáveis qualitativas e quantitativas, respectivamente. Para verificar a normalidade da
distribuição pode ser utilizado o teste de Kolmororov-Smirnov. Na análise de dados foi
utilizado o programa Statistical Analyses System - SAS. As inferências estatísticas
podem estar baseadas em testes paramétricos com especificação da distribuição de
probabilidade na variável objeto de teste ou sem considerar essa distribuição, para o
caso de testes não-paramétricos. Aspectos teóricos e aplicativos são apresentados em
discussão de resultados. Os resultados são apresentados com o auxílio de ilustrações
como tabelas, quadros e gráficos.

2.5) Revisão de Literatura


Apresentam-se, nesta parte, conceitos, procedimentos metodológicos e resultados
alcançados por outros pesquisadores que possam servir de referências à com o tema
central resiliência, fator essencial omitido na saúde ocupacional.
Rutter (1999), um dos pioneiros no estudo da resiliência, refere-se a esse
fenômeno "como uma relativa 'resistência' [observada em algumas circunstâncias, mas
em outras não, dependendo do ciclo vital da pessoa; portanto, não se trata de um
construto universal] que se manifesta em algumas pessoas diante de situações
consideradas potencialmente de risco psicossocial para seu funcionamento e
desenvolvimento". Essa "resistência" pode ter um efeito positivo como um valor a
construir ou um efeito negativo como uma característica a lamentar. Destaca a interação
entre fatores genéticos e ambientais que podem agir tanto na proteção para certos
momentos como configurar riscos em outros. Esse destaque, um fator de complexidade,
impõe determinar, para compreender por que a resiliência se mostra em apenas certas
situações, as interações, considerando-as a partir do contexto em que acontecem e do
momento histórico vivido pela pessoa.
Ressalta Rutter (op. cit.) que "essa ‘capacidade’ para superar as adversidades
inclui desde a habilidade da pessoa para lidar com as mudanças que acontecem em seu
meio, sua confiança na própria eficácia, até o repertório de estratégias e habilidades de
que dispõe para enfrentar os problemas".
Na resiliência, onde se misturam e inter-relacionam condições e fatores físicos
como, por exemplo, doenças súbitas e fatores de estresse no local de trabalho e
psicológicos como, por exemplo, dificuldades de relacionamento com os outros e
competição, é um processo que afeta todos os organismos e onde o sistema usa
mecanismos de proteção como elementos estruturantes de uma grande rede de proteção
ao estresse.
Um processo que é coordenado pelo cérebro mediante avaliações cognitivas de
sinais corporais (neuroendocrinológicos) de modo a gerar uma série de respostas
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específicas, dada pelo do sistema nervo simpática. São respostas que, na sequência de
um desafio estressante e com a liberação de noradrenalina, definem o surgimento de
reações como as de adiar / fugir, - procrastinação (SALES, 2010) ou de lutar.
As reações poderão se manifestar conforme sintetizado na definição do problema
e que podem se acusar como impeditivas para a pessoa manter a harmonia interna e com
o meio externo por quebra da homeostase.
Um conceito baseado em estudos de Selye (1965), de evolução, dinâmica da
síndrome de adaptação e de potencial na gênese de doenças que estabelece um novo
modo de considerar o organismo, Dentre tais considerações se exemplifica o fato de as
respostas orgânicas não serem isoladas, mas relacionadas entre si e entre os diversos
sistemas.
Nesse contexto de inter-relações de variáveis, situa-se o trabalho, uma exigência
de esforços físicos, cognitivos e psicossociais, que o trabalhador deve procurar manter
em estado de equilíbrio, de forma harmônica e sistêmica (sem quebrar o equilíbrio, a
homeostase) para aproveitar habilidades, potencializar competências e fortalecer
capacidades como as de resistir as pressões, aos fatores estressantes; restaurar e por
vezes fortalecer estados "normais" dessa reação orgânica, - o estresse (para alguns,
doença somáticas de adaptação ao meio) diante de esforços extremos ou importantes
capazes de ativarem um processo hormonal e nervoso. Essa ativação pode se manifestar
em fases, tais como: a fase de alarme, como reações de alerta, com fatores estressantes
suportáveis ou, ainda, com características positivas que movem às pessoas para a ação e
as mantém alertas em relação ao seu meio; nessa fase se pode encontrar o eustresse:
estado de prontidão orgânica e mental com predisposição a entrada de homeostase, após
a permanência de alerta; a fase de resistência ou luta, diante a ameaça ao equilíbrio e
prolongado estado de prontidão do organismo, mesmo na ausência de fatores de riscos;
nesta fase, encontra-se aumentada a disposição e novas excitações geras e os sinais de
alarme têm aumentada sua intensidade e efeitos o que eroda a fonte de suporte e
recuperação, facilitando a seguinte fase; a fase de exaustão ou de distresse, quando
foram ultrapassados os limites do organismo, a capacidade resiliente pelos estímulos
estressantes contínuos, intensos e de longa duração; pela ausência de relaxamento e
instalação de distúrbios como desequilíbrios da formação reticular impactando a
formação límbica, além de alterações humorais e perdas de defesas orgânicas.
Na literatura se apontam tanto causas emocionais quanto causas orgânicas e
organizacionais, com manifestações e reações que podem variar de pessoa para pessoa,
em geral, difíceis de serem caracterizadas (identificadas, medidas e inter-relacionadas),
porém com inúmeros testes bioquímicos que podem auxiliar a revelação de estresse, tais
como dosagens da epinefrina, norepinefrina, fenilglicol, serotonina, ácido úrico,
cortisol, 17OHCTS, HC e os testes da beta-endorfina, clonidina, lacticidemia, T3, T4,
fenflunamina, melatonina, prolactina, etc. (diversos autores citados por PAIVA, 1990).
As causas que podem provocar o estresse têm diversas origens. Neste estudo,
destacam-se as relacionadas com o trabalho em dimensões físicas, administrativas –
gerenciais e psicossociais, tais como: equipamentos, mobílias e condições físicas do
local de trabalho; sobrecarga, esgotamento, tensão, assédios, censurar etc.; psicossociais
e choques emocionais como falecimentos de pessoas muito próximas; problemas
socioculturais como isolamento; e doenças psíquicas como depressão, ansiedade e crise
de angustias. Dessas manifestações se destaca, conforme indicações de Nahas (2001), a
fatiga. Um fenômeno que pode ser entendido como um conjunto de alterações que
ocorrem no organismo, resultantes de atividades físicas ou mentais e que levam a uma
10

sensação generalizada de cansaço e provocam perdas ou diminuição de eficiência e


capacidade de trabalho. Alguns dos sintomas mais comuns são: diminuição da
motivação; da percepção e da atenção; prejuízo na capacidade de raciocínio; menor
desempenho em atividades físicas e mentais e, como resultado, erros e perdas na função
laboral.
Para Powers e Howley (2000), a fatiga é uma incapacidade de manutenção de
produção de potência ou força durante contrações musculares repetidas. Nessas
contrações acontecem processos químicos que, entre outros, fornecem a energia para o
trabalho mecânico; após essa contração e durante o relaxamento do músculo
reconstituem-se as reservas de energia. Trata-se de um processo que deve ser mantido,
conforme critérios colocados em indicadores (hipótese de estudo) e que pode ser
violado com a fatiga muscular: um estado onde à capacidade dos músculos em
responder a estímulos e produzir trabalho é reduzida como possível resposta normal ao
estresse decorrente de atividades físicas intensas, executadas por um longo período de
tempo; um processo que pode culminar com a fadiga crônica. Este é um processo mais
generalizado, progressivo e cumulativo, decorrente de períodos longos de atividade,
repouso insuficiente, nutrição inadequada, excessiva preocupação ou outros problemas
de saúde, com sintomas como: dificuldade de dormir, irritabilidade, brusca perda de
peso e um estado geral de exaustão. Esta referência é importante para se equacionar os
fatores em naturais relações ilustradas neste estudo.
Além da fatiga muscular acima sintetizada, a literatura especializada apresenta
outras formas, tais como: a) a fatiga visual gerada pela exigência do aparelho visual; b)
a fatiga corporal geral, por causa de exigências físicas de todo o organismos; c) a fatiga
mental como consequência do trabalho mental excessivo; d) a fatiga nervosa,
provocada pela exigência exclusiva de funções psicomotoras em ambientes e condições
de trabalho monótono. Esse conjunto de fatores, condições ou situações estressantes
relacionados com o ambiente de trabalho e a saúde ocupacional determinam a fatiga
crônica como o somatório (se as variáveis forem independentes), colocando em
evidência diferentes tipos de causas, de fontes e de naturezas subjetivas e objetivas.
Como integrar efeitos de variáveis de naturezas diferentes e efeitos integráveis em um
resultado como o do estresse e resiliência?
É possível, em tese, ter uma unidade de aproximações ou equivalências de
insatisfação, desconforto e perda provocadas por: a) a sonolência, lassidão e pouca ou
perda de disposição para o trabalho, quando se estabelece uma referência consistente e
se observa - mede em escalas coerentes; de dificuldade de pensar, atender e ser criativo,
quando se possam definir estados e estabelecer comparações; de tristeza profunda,
apatia, isolamento e sentimentos como os de incompetência - incapacidade para atender
exigência, quando se possam definir causalidades e atribuir responsabilidades, avaliar
comportamentos, condições desfavoráveis, projetos inadequados de postos de trabalho
no âmbito ergonômico; no âmbito da regularidade - resiliência da saúde ocupacional; no
âmbito do conhecimento do problema e do reconhecimento de ações e esforços
conscientes que se traduzam em desejos possíveis, doses de aceitação de mudanças,
flexibilidades necessárias, alterações ou ajustes para aliviar níveis de irritabilidade,
baixa auto-estima, maus hábitos na alimentação e sedentarismo (...). É parte do
problema com tantos fatores-situações, inter-relações e desdobramentos em dimensões
objetivas, subjetivas, cognitivas e cognitivo-emocionais.
11

2.6) Resultados e Discussão


A síntese de dados primários obtidos em 2009 de 17 médicos intensivista de
Brasília, DF é apresentada na Tabela 1. Nessa síntese, apresentam-se possíveis
indicadores, - relações de tempo (B/A e C/B) a serem associados com o número de
fontes estressantes apontadas, em termos qualitativos, pelos informantes. Nas fontes de
estresse foram considerados, seguindo orientações de Pereira (2000) e Lipp (2000),
estressores físicos e estressores psicológicos. Alguns desdobramentos dos dados
apresentados na Tabela 1 colocam em evidência contrastes entre grupos como, por
exemplo, sexos e respostas ao Teste (Tabela 2) e indicadores e respostas ao Teste de
Lipp (Tabela 3).

Tabela 1 Síntese de dados de 17 médicos intensivistas de Brasília, -DF, 2009.


ESTADO TEMPOS DE: INDICA- RESPOSTA
IDADE FONTES DE
SEXO CIVIL FORMADO (B) DORES TESTE LIP
(A) ESTRESSE
RELIGIÃO E UTI (C) B/A; C/B SIM NÃO
12
Casado 32 0,57
Alerta 0
M 56 18 Poucas
Luta 2
Católico 15 0,47
Exaustão 3
23
Casado 33 0,54
Alerta 5
M 61 7 Muitas
Luta 4
Católico 31 0,94
Exaustão 5
4
Casado 39 0,60
Alerta 4
M 65 26 Pouquíssimas
Luta 8
Católico 25 0,64
Exaustão 9
9
Casado 30 0,51
Alerta 8
M 59 21 Muitas
Luta 8
Católico 30 1,00
Exaustão 8
18
Casada 20 0,48
Alerta 3
F 42 12 Muitíssimas
Luta 6
Espírita 15 0,75
Exaustão 7
9
Casado 10 0,29
Alerta 1
M 35 21 Muitas
Luta 2
Espírita 6 0,60
Exaustão 1
26
Casada 6 0,19
Alerta 4
F 32 2 Muitíssimas
Luta 8
Católica 1 0,17
Exaustão 9
19
Casada 6 0,16
Alerta 8
F 37 13 Muitas
Luta 8
Batista 6 1,00
Exaustão 6
12

Continuação
Tabela 1 Síntese de dados de 17 médicos intensivistas de Brasília, DF, 2009.
ESTADO TEMPOS DE: INDICA-
IDADE RESPOSTA FONTES DE
SEXO CIVIL FORMADO (B) DORES
(A) TESTE LIP ESTRESSE
RELIGIÃO UTI (C) B/A; C/B
SIM NÃO
12
Casada 16 0,15
Alerta 0
F 40 7 Muitíssimas
Luta 2
Católica 13 0,81
Exaustão 3
20
Casado 27 0,53
Alerta 4
M 51 10 Muitíssimas
Luta 8
Católico 21 0,78
Exaustão 9
25
Casada 16 0,34
Alerta 3
F 47 5 Muitíssimas
Lutas 12
Espírita 10 0,62
Exaustão 12
18
Solteira 11 0,32
Alerta 4
F 34 7 Muitas
Luta 8
Católica 10 091
Exaustão
12
Casado 30 0,54
Alerta 3
M 55 18 Poucas
Luta 4
Católico 24 0,80
Exaustão 3
8
Solteira 8 0,22
Alerta 2
F 37 22 Poucas
Luta 3
Católica 5 0,62
Exaustão 2
7
Solteira 6 0,20
Alerta 1
F 30 18 Poucas
Luta 1
Católica 5 0,83
Exaustão 1
6
Solteira 8 0,26
Alerta 3
F 31 24 Muitas
Luta 4
Católica 5 0,62
Exaustão 2
8
Solteiro 33 0,57
Alerta 1
M 58 22 Poucas
Luta 2
Católico 25 0,76
Exaustão 2

A síntese de dados por gêneros, estimativas da distribuição da população com


base em estatísticas da amostra e testes sob as considerações indicadas na metodologia é
apresentada na Tabela 2, observando-se, para todos os casos e conforme a estimativa do
teste de Student, que todas as variáveis são significativamente diferentes de zero, ao
nível de 1,0%. Pelos valores calculados das estatísticas de Skewness e Kurtosis,
13

conclui-se que para quase todas as variáveis, em especial no grupo masculino, a


distribuição apresentam certa assimetria, com efeitos na representatividade locacional
da média aritmética e desvio-padrão e em aplicações de testes que tem como
pressuposto uma distribuição normal. Outras medidas, uma delas a mediana, forma
calculadas, contudo não são apresentadas nessa Tabela. Observa-se, também, que a
tendência de assimetria na distribuição é mais suave para o caso do grupo de médicas.
Apresenta-se na Tabela 3 altos e significativos níveis de significância (o valor
embaixo) entre variáveis consideradas no Teste de Lipp destacadas, com algumas
diferenças quando se comparam as associações correlacionais entre gêneros.
A correlação (coeficiente produto – momento de Pearson) mostra a força (maior,
quanto mais próximo de 1,00) e a direção (sinal positivo para diretamente proporcional
e negativo para a direção inversa) do relacionamento linear entre duas variáveis, sem
implicar causalidade. No caso das variáveis “fase de alarme do estresse em médicos
(ALARMEM) e “tempo de trabalho do médico na UTI (TUTIM), com a estimativa
desse coeficiente de 0,71, tem-se uma correlação forte para 96,0% das vezes (nível de
significância). Em geral, para estimativas de valores de 0,00 a 0,19; 0,20 a 0,39; e 0,40 a
0,69, as correlações são ditas muito fracas, fracas e moderadas, respectivamente, Para o
caso de estimativas acima de 0,90, as correlações são consideradas muito fortes.
Análises mais detalhadas, portanto com dados específicos e suficientes para captar a
natureza dos atributos e inter-relações dos fatores de risco, poderão colocar em
evidências a influência de fatores como os de idade e experiências na UTI para
responderem por essas diferenças. Poderão, também, evidenciar relações como as de
causalidade.
As respostas de fatores estressantes e por fases, em termos agregados, é
apresentada na Tabela 4, com clara indicação, conforme o critério de classificação e
definição de fases do Teste de Lipp, que todos os médicos intensivistas apresentaram
sintomas de resistência no último mês antecedente da aplicação do Teste. Em média, os
estressores para as fases de alerta e de esgotamento não atingiram os números mínimos
correspondentes dessa definição.
Tabela 2 Estimativas de caracterização e síntese de dados do Teste Lipp. Brasília, 2009
MÉDIA MÍNIMO SKEWNESS ESTAISTICAS
VARIAVEL
DES. PAD. MÁXIMO KURTOSIS STUDENT/SINAL

M A S C U L I N O
Idade 55,0 35,0 -1,7 17,12**
(anos) 9,1 65,0 3,74 4,0**
Tempo de formatura 29,2 10,0 -1,9 9,71**
(anos) 8,5 39,0 4,8 4,0**
Tempo de UTI 22,1 6,0 -1,1 7,6**
(anos) 8,2 31,0 1,1 4,0**
Número de sintoma que 3,2 0,0 0,6 3,2**
definem estresse de alerta 2,6 8,0 0,2 3,5**
Número de sintoma que 4,4 2,0 0,7 4,9**
definem estresse de resistência 2,5 8,0 -1,1 4,0**
Número de sintoma que 5,0 1,0 0,3 4,3**
definem estresse de exaustão 3,2 9,0 -1,9 4,0**
14

Continuação
Tabela 2 Estimativas de caracterização e síntese de dados do Teste Lipp. Brasília, 2009
MÉDIA MÍNIMO SKEWNESS ESTAISTICAS
VARIAVEL
DES. PAD. MÁXIMO KURTOSIS STUDENT/SINAL

F E M I N I N O
Idade 36,7 30,0 0,6 19,5 **
(anos) 5,6 37,0 -0,3 4,5 **
Tempo de formatura 10,8 6,0 0,8 6,1**
(anos) 5,3 20,0 -1,0 4,5**
Tempo de UTI 7,8 1,0 0,3 5,2**
(anos) 4,5 15,0 -0,7 4,5**
Número de sintoma que 3,1 0 1,1 4,1**
definem estresse de alerta 2,3 8 2,5 4,0**
Número de sintoma que 5,4 1,0 0,7 4,7
definem estresse de resistência 3,5 12,0 0,1 4,5
Número de sintoma que 5,7 1,0 0,3 4,4
definem estresse de exaustão 3,9 12,0 -1,3 4,5

A síntese de dados primários da pesquisa se completa com a especificação que se


apresenta na Tabela 5 destacando-se a prevalência de estressores nas faixas etária
maiores para ambos os gêneros.

Tabela 3. Matriz de coeficientes de correlação de variáveis levantadas pelo Teste de Lipp


M A S C U L I N O ( M )
IDADEM TFORMM TUTIM ALARMEM LUTAM EXAUTOM
1,00 0,98 0,84 0,42 0,53 0,51
IDADEM
<0,01 0,01 0,30 0,18 0,20
0,98 0,76 0,27 0,44 0,47
TFORMM 1,00
< 0,001 0,03 0,52 0,28 0,24
0,84 0,76 0,71 0,57 0,51
TUTIM 1,00
0,08 0,03 0,04 0,14 0,04
0,42 0,27 0,71 0,84 0,73
ALARMEM 1,00
0,30 0,52 0,04 0,01 0,04
0,53 0,44 0,57 0,84 0,88
LUTAM 1,00
0,18 0,28 0,14 0,01 0,04
0,51 0,47 0,52 0,73 0,88
EXAUTOM 1,00
0,20 0,24 0,19 0,04 0,04
15

Continuação
Tabela 3. Matriz de coeficientes de correlação de variáveis levantadas pelo Teste de Lipp
M A S C U L I N O ( M )
IDADEM TFORMM TUTIM ALARMEM LUTAM EXAUTOM

F E M I N I N O ( H )
IDADEF TFORMF TUTIF ALARMEF LUTAF EXAUTOF
0,79 0,68 -0,03 0,55 0,51
IDADEF 1,00
0,01 0,04 0,94 0,12 0,15
0,79 0,92 -0,33 0,20 0,35
TFORMF 1,00
0,01 <0,01 0,38 0,61 0,35
0,68 0,92 -,026 0,007 0,20
TUTIF 1,00
0,04 <0,01 0,51 0.10 0,61
-0,03 -,033 -,26 0,59 0,41
ALARMEF 1,00
0,94 0,38 0,51 0.10 0,26
0,55 0,19 0,007 0,58 0,88
LUTAF 1,00
0,12 0,61 0,98 0,10 0.002
052 0,35 0,20 0,42 0.87
EXAUTOF 1,00
0,15 0,35 0,61 0,26 0.002

Tabela 4. Dados por gênero e resposta ao Teste de Lipp em médicos


intensivistas de UTI. Brasília, 2009.
RESPOSTA AO TESTE LIPP EM TRÊS NIVEIS
GÊNERO ALERTA RESISTÊNCIA EXAUSTÃO
Média
M 3,25 4,37 5,00
(8) 2,60 2,50 3,25

F 3,11 5,44 5,67


2,26 3,47 3,88
(9)

Tabela 5. Dados por gênero e resposta, com especificações por faixa


etária, ao Teste de Lipp em médicos intensivistas de Brasília, 20009 .
RESPOSTA AO TESTE LIPP EM TRÊS NIVEIS
GÊNERO
NÚMERO ALERTA RESISTÊNCIA EXAUSTÃ
FAIXA ETÁRIA
O
M (TOTAIS) 8 26 38 42
Menores de 35 0 0 0 0
Entre 35 e 50 1 1 2 1
Maiores de 50 7 25 36 41

F (TOTAIS) 9 28 51 51
Menores de 35 4 12 21 21
Entre 35 e 50 5 16 31 30
Maiores de 50 0 0 0 0
16

A parte que segue se orienta, com base em pesquisa documental, na procura de


uma definição e entendimento do problema de omissão e/ou sub-consideração da
resiliência como um fator essencial da saúde ocupacional, a partir de sintomas e
respostas do organismo, da mente e do comportamento humano às pressões e às
mudanças que ocorrem no ambiente e condições de trabalho do médico intensivista.
Respostas ou reações que podem ser agrupadas em:
a) Fatores biomecânicos como movimentos repetitivos com ou sem esforços,
posturas inadequadas, mobília e equipamentos não consistentes com a saúde do
trabalhador, não-ergonômicos. Em efeitos de fatores e condições não-ergonômicas
é possível relacionar aspectos fisiológicos como os de tensão de músculos
estriados com condições do local de trabalho; essa relação pode ser constatada por
eletromiografia sendo subjetivamente influenciada por sensações de tensão no
rosto, ombros e nuca, entre outras partes.
b) Fatores fisiológicos como, por exemplo, aumentos da frequência cardíaca: da
pressão arterial e da respiração; o quanto esse aumento pode ser considerado
discriminante de um grupo, categoria ou fase estressante e de perda resiliente? O
histórico clínico poderá indicar para determinado trabalhador / paciente, essa
categoria e ainda definir uma escala. É possível utilizar, em ausência desse
histórico, estimadores de “normais” com os devidos cuidados e ajustes às
condições e ambientes da realidade em estudo. Isto, porque manifestações
vegetativas, tais como taquicardia, sudorese palmar e plantar, níveis de glicemia,
aumento de funções respiratórias, estimulação tiroidiana, entre outras que teriam
como objetivo preparar o organismo para um ataque ou fuga, relacionam-se com
liberações de catecolaminas e excitação do sistema nervoso autônomo, com
predomínio simpático.
Perturbações de fatores fisiológicos como tensão muscular e sudorese podem
evoluir para estados patológicos em função da intensidade, duração e freqüência
de fatores de risco do estresse ou como respostas de liberação de açúcares,
gorduras (...) na corrente sanguínea. Tal evolução pode ser monitorada por
indicadores bioquímicos (níveis de epinefrina e hormônios ansiogênicos como
antigabamodulina e tribulina).
c) Fatores comportamentais como, por exemplo, irritabilidade (social e no ambiente
de trabalho) e impaciência; tristeza e choro frequentes; apatia e desmotivação;
ansiedade, insegurança, negativismo, tanatismo e pânico que podem afetar a
concentração mental e a memória (anterógrada e retrógrada enfraquecidas);
agitação e não aceitação de críticas, vergonha, sentimento de perseguição e
bruxismo (agitação psicomotora); cansaço físico relacionado com tensão
emocional. Parte desses comportamentos está em processos, fisiológicos,
subjetivos e cognitivos, com referências em indicadores como os de sintomas de
doenças alérgicas de estresses produzidos por ressentimentos. Estados depressivos
endógenos podem estar relacionados com níveis de cortisol, fenfluramina,
clonidina melatonina etc.; a anisedade depressiva, com epinefrinaserotonina;
estados depressivos, com os ácidos indolacético e fenilglicol, hommovalislinico e
somatostatina, aminotriptilina, e excecreção de fenilglicol.
O Gráfico 1 e a Figura 1, como síntese do problema mediante possíveis
procedimentos de observações - registros de fatores causais de um estado de estresse,
com objetividade, e de prováveis indicações de procedimentos de como esse estado se
relaciona com a capacidade do organismo, por mecanismos psicológicos e biológicos
17

afetados pelos fatores de riscos, assimilar condições adversas à saúde ocupacional, para
uma melhor compreensão da complexidade desse problema. Uma definição que possa
acenar caminhos de tratamento de busca de solução, São considerados três conjuntos
que, conforme as exemplificações, encontram-se estreitamente inter-relacionados. Inter-
relações que podem ser medidas, monitoras e prognosticas os seus efeitos ordenáveis e
agrupáveis. O primeiro conjunto, os de fatores biomecânicos, é ilustrado na Tabela 6.

Fatores biomecânicos
Unidades de equivalências dos efeitos dos
fatores estressantes que permitam
ordenamentos e classificações como os de
alerta, resistência e exaustão em grupos ou
fases excludentes e indicadores de importância
relativa e inter-relacionamentos

Fatores fisiológicos Fatores comportamentais


Unidades de equivalências dos efeitos dos Unidades de equivalências dos efeitos dos
fatores estressantes que permitam fatores estressantes que permitam
ordenamentos e classificações como os de ordenamentos e classificações como os de
alerta, resistência e exaustão em grupos ou alerta, resistência e exaustão em grupos ou
fases excludentes e indicadores de fases excludentes e indicadores de
importância relativa e inter- importância relativa e inter-
relacionamentos relacionamentos

Gráfico 1 Grupo de fatores estressantes que podem enfraquecer a resiliência na saúde ocupacional

Para cada um dos fatores há uma referência aceita como estado de plena
normalidade, de expressão de resiliência e homeostase conforme sejam as condições
físicas, biológicas e outras do indivíduo, isto é, um estado que retrate – simplifique sua
condição biológica, psicológica e sociocultural.
Qualquer afastamento desse estado poderá representar uma lesão, distúrbio,
enfermidade e comprometimento para desempenhar funções conforme seja sua
condição psicológica e biológica. São muitos os fatores, - os de riscos de estresse, que
podem responder por esse afastamento da normalidade e que são objetos de estudo
quando devidamente observados - monitorados, medidos com sistematicidade,
registrados com consistência e analisados com efetividade.
Parte desse processo pode ser definida ao estabelecer escalas e critérios, conforme
a natureza da variável e os propósitos da análise. Os exemplos que seguem ilustram esse
processo, a partir de uma referência consistente tanto teórica como situacional – do
indivíduo; no caso de temperatura "normal" de extremidades como pés e mãos: e
faixas de variações, em termos probabilísticos de intervalos de confiança, podem ser
objetos de testes na forma de hipóteses:
18

Extremidades frias; referência: temperatura normal, X1n


1ª. fase: < 15% X1n; 2ª. fase: 15% ≤X1n ≤ 25%; 3ª. fase.: ≥25% X1n (...)

Boca seca; referência: umidade normal: X2n


1ª. fase o: < 10% X2n; 2ª fase: 10% ≤X2n ≤20%; 3ª. fase: ≥ 20% X2n (...)

Sudorese; referência: umidade normal: X3n


1ª. fase 1 : < 10% X3n; 2ª. Fase: 10% ≤ X3n ≤ 20%; 3ª fase: ≥2 0% X3n (...)
o.

Para cada informante e, portanto, conforme sua desenvolução, histórico clínico,


características etc., define-se uma unidade de equivalência do efeito de estressores (UE)
em termos de impactos no bem-estar, de insatisfação, de dor, de perturbação etc.
manifesta e registrável, a utilizar para definir e associar fatores de riscos e perturbação
localizada. A Tabela 6 é um exemplo simplista, em que o informante manifesta efeitos
de movimentos repetitivos no pescoço e ombros como sendo aproximadamente iguais.

Tabela 6 Exemplos de fatores de riscos de estresses associados às lesões em unidades de equivalência


OS FATORES E AS LESÕES
PUNHO - MÃO
FATOR DE RISCO PESCOSO E
OMBRO COTOVELO S. TÚNEL
CINTURA TENDINITE
CARPO
BIOMECÁNICOS
Mov. repetitivos 4 UE 4 UE 2 UE 4 UE 4 UE
Mov. repet. força 4 UE 2 UE 4 UE 4 UE 4 UE
Postura inadequada 6 UE 4 UE 2 UE 2 UE 4 UE
Equip. inadequado 2 UE 2 UE 1 UE 4 UE 4 UE
19

Planejamento, observação -
medição, registro, síntese e
análise de dados

Estresse físico
Estimativa de indicadores
Estresse psicológico
para tomada de decisão

3 6

𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖 𝑝 ∗ 𝑋𝑗𝑛 = 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟


𝐼= 𝑗=

3 4

𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖 𝑝 ∗ 𝑌𝑗𝑛 = 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟


𝐼= 𝑗=

Es t r es s e: A curva funcional humana

ZONAS DE SAÚDE:
Estresse resistente

Tensão Conforto F a t i g a Exaustão Falência


 Alerta: manifestações
Alertar Preparar Atende Minimizar Evitar/Rest.
não atendidas

 Preparação não feita:


Desempenho

procrastinação
 
 Fatiga não tratada pelas suas
causas, perda de capacidade
 
  Exaustão com agravamento e
incapacidade resiliente
F a t or e s d e r i s c o d e e s t r e s s e
1 2  Estresse limitante, excludente,
Estresse positivo Estresse negativo aposentadoria (...) morte
1 2
Eutresse Tensão com equilíbrio entre Distresse. Tensão capaz de romper o
esforços, tempos, realizações e resultados, equilíbrio biopsicosocial por excesso ou falta de
como uma atitudes positivas em relação ao esforço e por incompatibilidades com o tempo,
trabalho pelo fato de contribuir para se com o resultados e com a realização no trabalho.
manter ativo e motivado, caracteriza-se por: Esta fase de manifestações extras e permanentes
aumento da capacidades de memorização, de (crônica) de energia caracteriza-se por:
atenção e de criação; atividades físicas absentismo acidentes, agressividade, alopecia,
restauradoras - mantenedoras que otimizam angustia, apatia, aumento de erros, baixo
rendimento muscular; boa alimentação com rendimento, cansaço, confusão mental,
todos seus efeitos positivo; equilíbrio de depressão, diminuição de defesas orgânicas,
hemisférios cerebrais: esquerdo: analítico e excessiva preocupação, excesso ou queda de
racional e direito: emocional e sentimental; desejo sexual, falta de concentração, falta de
pensa-mentos e atitudes positivas pelo satisfação, fatiga, fracasso, frustração,
estímulo da liberação de epinefrina e outros impaciência, inapetência, indecisão,
hormônios; planejamento e organização- insatisfação, inseguridade, insônia,
gestão do tempo e de atividades; relaxamento irritabilidade, irritação gástrica, isolamento,
e conforto; maior nível energético e controle palpitações, perda de energia, perda de estímulo
de sensações como as de sono, fome e de vida, relacionamento insatisfatório,
cansaço; sentidos de humo, tolerância e sentimento de culpa, tédio, temores, tensão, etc.
satisfação de expectativas etc.

Figura 1 Possível desdobramentos de fatores ou condições físicas e psicológicas estressantes


na saúde ocupacional e indicações de sínteses e análises de dados para definir zonas de saúde
20

Parte da reflexão que se espera com a proposta apresentada na Figura 1 orienta-se


para definir, além de possíveis estágios do estresse (foram ilustrados dois: o primeiro
com três fases, conforme o teste de Lipp: alarme, luta e esgotamento e o segundo, nas
zonas de saúde, segunda parte da Figura, com cinco fases: Tensão, com indicadores de
alerta; conforto, com indicadores de preparação para não perder benefícios; F a t i g a,
para atender e evitar estado mais graves conforme indicadores de resiliência e
homeostase; Exaustão, para minimizar e sempre evitar; e Falência, para evitar e/ou
restaurar, conforme indicações de resiliência e síndrome de burnot, entre outras), a
importância relativa de cada um desses fatores estressantes e como eles se combinam ou
inter-relacionam para sinergizar efeitos perversos de estressores em seus níveis 2 o. e 3o.
O entendimento dessa sinergia é fundamental para definir uma proposta de tratamento,
seja ele preventivo pela educação e conscientização de planejadores e gestores da saúde
ocupacional, seja para a minimização e/ou restauração de estados resilientes.
A indicação que se faz na Figura da importância relativa de cada fator ou situação
é dada por p, sem entrar em considerações de serem efeitos "apenas" cumulativos, para
o caso considerado na forma de:

6
∑3= í ∑ = ∗ =

∑3= ∑ 4
í = ∗ =
ou com sinergias entre os fatores estressantes que podem solicitar outras formas de
expressões como, por exemplo:

6
∐3= í ∐ = ∗ =
4
∐3 = í ∏ = ∗ =
quando se observem e registrem interdependências (correlação; primeiro exemplo ou
causalidade: segundo exemplo) dentre cada conjunto e entre os conjuntos considerados,
como se ilustra a seguir ( = observação e registro do i-éssimo fator - estado

estressante por se encontrar o fenômeno fora do padrão, da normalidade, conforme


sejam a idade, condição física, peso, sexo etc. do observado):

𝑋𝑓 𝑛 𝑋4𝑓 𝑛 manifestações cardiovasaculares como:  causas


arritmias, taquicardias e hipertensão
 efeitos

mudanças biológicas como: níveis anormais de

𝑋5𝑓 𝑛
ácido úrico, açúcar no sangue, esteróides e 
hormônios, - cortisol, colesterol, catecolamina

problemas intestinas como úlceras pépticas

A questão da importância relativa de cada fator - situação estressante (p) é outro


aspectos que deve ser considerado ao definir os indicadores, conforme se ilustra a
seguir:

𝑋 𝑓6𝑛 >> 𝑋 𝑓5𝑛 > 𝑋 𝑓4𝑛 .... 𝑋𝑗𝑓 𝑛


21

3) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Com a aproximação à realidade (nos dados de fontes seguras e no tratamento e
análises com procedimentos adequados), - a do estresse na resiliência com a saúde
ocupacional, pode-se verificar (observar e registrar) que as reações físicas, fisiológicas e
psicológicas estressantes estão relacionadas com fatores econômicos, da competição e
socioculturais, como são reclamações - reivindicações salariais não-atendidas, conflitos
de relacionamento com superiores e subordinados, insatisfação no trabalho, pouca ou
falta de perspectivas de promoção, alta rotatividade no quadro de empregados e
incertezas.

Se omitem, propositadamente outras recomendações que as inferências permitem


obter.

4) REFERÊNCIAS
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Med Educ, n. 58, p. 382-88. 1983.
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empresas de valor. São Paulo: Gente, 2008.
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17, n. 202, Nov. 9, p. 48-51, 2002.
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acessado em http://www.igf.com.br/aprende/dicas.

INSTITUTO de Neurolinguistica Aplicada - INAp. Alívio do estresse e rejuvenecimento


do cérebro. Disponível em: < http://www.pnl.med.br/site/ curso_alivio_stress.htm >.
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1991.
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22

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noção, conceitos afins e considerações criticas. In: Jose Tavares (org.) Resiliência e
educação, (p. 13-42). São Paulo: Cortez, 2001.

5) NOTAS
1
O conceito é redundante ao compreender ergonomia e consistência; o primeiro definido como o
conjunto de informações, procedimentos, técnicas, métodos (...) relativos ao trabalho e necessários à
concepção de instrumentos, máquinas, equipamentos, dispositivos (...) que possam ser utilizados com
o máximo de conforto, segurança e eficácia: coerência; parte das referências de sustentação, para o
caso da informática, por exemplo, encontra-se na Norma ISO 9241 que estabelece recomendações
ergonômicas para garantir a saúde e segurança do trabalhados de maneira confortável e eficiente; o
segundo, para definir algo de intenso fundamento e claros propósitos e argumentação para demonstrar
força na sustentação, algo que se mantém alinhado às competências e habilidades, com valores
pessoais próximos de valores profissionais, pois estes são a extensão daqueles: consistência que pode
trazer serenidade decorrente de “certezas” sobre atitudes, ações e decisões.
1
O Instituto de Neurolinguistica Aplicada (2009) cita pesquisas científicas que comprovam a "ligação
entre o cérebro e o sistema imunológico e explicam como o estado mental influência diretamente à
saúde. Com o tempo a sobrecarga pode causar doenças graves assim como problemas cardíacos,
câncer e depressão, além de gerar dificuldades na relação com outras pessoas [afetando o desempenho
no trabalho] e com o meio-ambiente". Uma pessoa estressada é mais pessimista por causa da tensão
crônica que elimina toda a criatividade e dificulta a capacidade de desenvolver uma atividade com
sucesso. Tais efeitos do estresse, - perda de criatividade e dificuldade de agir, predispõem para se
cometer erros em diagnósticos e prescrições.
1
Na literatura se encontram descrições de testes bioquímicos orientados para a revelação do estresse, tais
como: dosagens da epinefrina, norepinefrina, fenilglicol, serotonina, ácido úrico, cortisol, 17OHCTS,
HC e os testes da beta-endorfina, clonidina, lacticidemia, T3, T4, fenflunamina, melatonina e
prolactina, entre muitos outros (PAIVA e PAIVA, 1996). Cabe à pesquisa, testá-los às condições de
desempenho do médico intensivista e, caso necessários, adequá-los para se definirem os indicadores
de monitoramento, planejamento e gestão que destaquem os atributos de resiliência e homeostase.
1
Tabela de contingência construída para testar a existência de relações entre duas variáveis; o significado
de contingência, em estatística, é o de inglês, como: quality or state of having a close connections or
relationshion. Em português, o termo contingência significa o que é contingente: possibilidade de que
alguma coisa aconteça ou não, eventual, imprevisível, duvidoso etc.

3
O Instituto de Neurolinguistica Aplicada (2009) cita pesquisas científicas que comprovam a "ligação
entre o cérebro e o sistema imunológico e explicam como o estado mental influência diretamente à
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saúde. Com o tempo a sobrecarga pode causar doenças graves assim como problemas cardíacos,
câncer e depressão, além de gerar dificuldades na relação com outras pessoas [afetando o desempenho
no trabalho] e com o meio-ambiente". Uma pessoa estressada é mais pessimista por causa da tensão
crônica que elimina toda a criatividade e dificulta a capacidade de desenvolver uma atividade com
sucesso. Tais efeitos do estresse, - perda de criatividade e dificuldade de agir, predispõem para se
cometer erros em diagnósticos e prescrições.
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Na literatura se encontram descrições de testes bioquímicos orientados para a revelação do estresse, tais
como: dosagens da epinefrina, norepinefrina, fenilglicol, serotonina, ácido úrico, cortisol, 17OHCTS,
HC e os testes da beta-endorfina, clonidina, lacticidemia, T3, T4, fenflunamina, melatonina e
prolactina, entre muitos outros (PAIVA e PAIVA, 1996). Cabe à pesquisa, testá-los às condições de
desempenho do médico intensivista e, caso necessários, adequá-los para se definirem os indicadores
de monitoramento, planejamento e gestão que destaquem os atributos de resiliência e homeostase.
5
Tabela de contingência construída para testar a existência de relações entre duas variáveis; o significado
de contingência, em estatística, é o de inglês, como: quality or state of having a close connections or
relationshion. Em português, o termo contingência significa o que é contingente: possibilidade de que
alguma coisa aconteça ou não, eventual, imprevisível, duvidoso etc.

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