Você está na página 1de 54

EEE 340 - CONVERSÃO

ELETROMECÂNICA DE
ENERGIA

PROF. WALTER SUEMITSU


DEE – POLI - UFRJ
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
➢ Por que estudar circuitos magnéticos?
▪ Todos os dispositivos eletromecânicos fazem
uso de um circuito magnético
▪ As duas principais funções do circuito
magnético são:
• Concentrar as linhas de fluxo
• Fornecer o suporte mecânico para as
bobinas
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
➢ Por que armazenar energia em campos magnéticos e não
em campos elétricos?
➢ Exemplo de cálculo de energia armazenada em
um campo magnético:
▪ B = 1 tesla
−7 𝑉.𝑠
▪ 𝜇0 = 4𝜋. 10
𝐴.𝑚
1 𝐵2 4 𝐽
▪ 𝑊𝑚𝑎𝑔 = = 39,8 ∗ 10 3
2 𝜇0 𝑚
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
➢ Exemplo de cálculo de energia armazenada em
um campo elétrico:
▪ E = 3.000 kV/m
−12 𝐴.𝑠
▪ 𝜀0 = 8,85. 10
𝑉.𝑚
1 𝐽
▪ 𝑊𝑒𝑙 = 𝜀0 𝐸 2 = 39,8 ∗ 3
2 𝑚
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• Base física: Equações de Maxwell na forma
quase estática, pois se trabalha a baixa
frequência – 60 Hz (ou 50 Hz):


C
H d l = 
S
J d a (1-1)

 Bd a = 0
S
(1-2)
CIRCUITOS MAGNÉTICOS

• Das equações (1-1) e (1-2), pode-se deduzir que:


– As grandezas de um campo magnético podem
ser determinadas usando apenas os valores
instantâneos das correntes
– Se as correntes forem variáveis no tempo, os
campos também serão
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• A solução das equações de Maxwell no espaço
tridimensional são bastante complexas
• No entanto, nas aplicações de conversão
eletromecânica pode-se utilizar o conceito de
circuito magnético, que é basicamente um
circuito equivalente no plano.
• Esta aproximação pode ser feita devido à
simetria da maioria dos dispositivos
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• O circuito magnético pode ser utilizado para
uma análise simplificada do dispositivo
eletromecânico
• Porém, para um projeto detalhado hoje é
utilizado o método de elementos finitos
• O método é baseado no método das diferenças
finitas de resolução de equações diferenciais
parciais
CIRCUITOS MAGNÉTICOS

Exemplo de análise utilizando o Método de Elementos Finitos


CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• Um circuito magnético é uma estrutura que é
composta por um material magnético de alta
permeabilidade, em sua maior parte.
• A alta permeabilidade garante que as linhas de
fluxo fiquem concentradas no circuito.
• Muitos circuitos magnéticos possuem um
entreferro que, como o nome diz, é uma região
em que não há material ferromagnético.
• Em geral, essa região é preenchida por ar.
CIRCUITOS MAGNÉTICOS

µ>>µ0
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• Na Fig. 1-1, as linhas de fluxo seguem o
caminho determinado pelo núcleo.
• A densidade de fluxo é constante em uma seção
reta qualquer, porque sua área é uniforme.
• A fonte do campo magnético é o produto Ni,
denominado Força Magnetomotriz (F ).
• Quando há mais de um enrolamento, a FMM
total é a soma das FMMs produzidas pelos
enrolamentos individuais.
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• Relembrando que:

 =  Bd a (1-3)
S

• A expressão simplificada fica:

 C = BC AC (1-4)
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• Relação entre a FMM e a intensidade de campo
magnético:

F = Ni =  H d l (1-5)
• A expressão simplificada fica:

F = NI = H C lC (1-6)
• O sentido de HC pode ser obtido utilizando a regra da
mão direita
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• A relação entre a intensidade de campo magnético
e a densidade de fluxo magnético é dada
pela relação:
B = H (1-7)

• A constante µ é a permeabilidade magnética que


varia de acordo com a densidade de fluxo
magnético
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
• Em máquinas elétricas é necessário haver uma
separação entre a parte fixa (estator) e a parte girante
(rotor) do circuito magnético
• Esta separação é denominada de entreferro de ar (do
Inglês airgap), ou simplesmente entreferro.
• De um modo geral, em dispositivos móveis o
entreferro é necessário.
• Nos transformadores não há entreferro
• Em alguns dispositivos introduz-se o entreferro para
tornar o circuito magnético linear
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
ANÁLISE DO CIRCUITO COM ENTREFERRO

• Desde que o entreferro seja “suficientemente” pequeno


(esta consideração pode ser feita se o comprimento do
entreferro for muito menor queo do circuito
magnético), pode-se considerar dois componentes em
série:
– o núcleo ferromagnético (µ, AC, lC)
– o entreferro (µ0, Ag, g)
• Pode-se assim, obter as densidades de campo
magnético no núcleo e no entreferro, considerando o
fluxo uniforme no núcleo
ANÁLISE DO CIRCUITO COM ENTREFERRO

• Desprezando o espraiamento, as relações ficam:


BC = (1-8)
AC
 (1-9)
Bg =
Ag
F = H C lC + H g g (1-10)
BC BC
F= lC + g (1-11)
 0
ANÁLISE DO CIRCUITO COM
ENTREFERRO
• Na equação (1.11), apresenta-se uma relação
linear entre HC e BC.
• No entanto, em geral esta relação é não linear,
como será visto mais adiante
• A relação linear é uma aproximação, que pode
valer em uma determinada região em torno do
ponto de operação
• Esta aproximação pode ser feita dependendo do
tipo de estudo
ANÁLISE DO CIRCUITO COM ENTREFERRO

• De (1-11) e utilizando as relações (1-8) e (1-9), pode-se


obter a relação entre fmm e fluxo:

 lC g 
F =  +  (1-12)
 A 
 C 0 Ag 
• Define-se a relutância como sendo:

lC g
RC = (1-13) Rg = (1-14)
AC 0 Ag
ANÁLISE DO CIRCUITO COM ENTREFERRO
• Relação entre FMM e fluxo:

Ni = R (1-15)

• Expressão do fluxo:
F
= (1-16)
RC + R g
• O fluxo pode ser reescrito em função da geometria:
𝔉
∅=
𝑙𝐶
+
𝑔 (1-17)
𝜇𝐴𝐶 𝜇0 𝐴𝑔
ANÁLISE DO CIRCUITO COM ENTREFERRO
• Definindo uma relutância total:
𝔉
∅=
ℛ𝑡𝑜𝑡 (1-18)
• Define-se a permeância como sendo:

1
P= (1-19)
R
• Se a permeabilidade do circuito magnético for muito alta,
pode-se considerar somente a relutância do entreferro
𝔉
∅≅
ℛ𝑔
(1-20)
ANALOGIA ENTRE CIRCUITO ELÉTICO E CIRCUITO
MAGNÉTICO (VÁLIDA SOMENTE QUANDO SE FAZ A
APROXIMAÇÃO DE LINEARIDADE)

Pode-se fazer a analogia com as Leis de Kirchoff


ESPRAIAMENTO DO FLUXO
CIRCUITOS MAGNÉTICOS
FLUXO CONCATENADO, INDUTÂNCIA
E ENERGIA
• Quando um campo magnético varia no tempo, produz-se
um campo elétrico no espaço de acordo com a lei de
Faraday:
d
C E.d s = − dt S B.d a (1-26)

• Esta equação pode ser reescrita como:


d d
e=N = (1-27)
dt dt
FLUXO CONCATENADO, INDUTÂNCIA
E ENERGIA
• O fluxo concatenado ou enlace de fluxo, dado em weber
espiras, é definido por:

𝜆 = 𝑁φ (1-28)
• Em um circuito magnético linear, temos a tensão em um
indutor dada por:

di
e=L (1-27a)
dt
FLUXO CONCATENADO, INDUTÂNCIA
E ENERGIA
• Comparando as equações (1-27) e (1-27a), verificamos
que:
di d
e=L = (1-27b)
dt dt

• Portanto, podemos definir a indutância L como:

 (1-29)
L=
i
FLUXO CONCATENADO, INDUTÂNCIA
E ENERGIA
• Lembrando que:

Ni = R (1-15)
• Podemos definir a indutância L em função das
dimensões do circuito magnético:

2
N
L= = N .P
2
(1-30)
R
EXEMPLO 1.3

Figura 1.6 (a) Circuito Magnético e (b) circuito equivalente


EXEMPLO 1.5
CIRCUITO MAGNÉTICO COM DOIS
ENROLAMENTOS
CIRCUITO MAGNÉTICO COM DOIS
ENROLAMENTOS
• O caso é análogo a um circuito elétrico com
duas fontes de tensão
• A FMM total é a soma (ou a subtração) das duas
FMMs individuais
• O sentido da FMM é determinado pelo sentido
da corrente, o qual produz o fluxo magnético
• O sentido do fluxo magnético é dado pela regra
da mão direita
CIRCUITO MAGNÉTICO COM DOIS
ENROLAMENTOS
• Na Fig. 1.8 os sentidos das correntes i1 e i2 foram
escolhidos de maneira a produzirem fluxo no mesmo
sentido, de modo que FMM fica:

F = N1i1 + N 2i2 (1-32)


• Assumindo AC = Ag, o fluxo resultante no núcleo é dado
por:

0 AC
 = (N1i1 + N 2i2 ) (1-33)
g
CIRCUITO MAGNÉTICO COM DOIS
ENROLAMENTOS
• O fluxo concatenado resultante na bobina 1 é:

 0 AC  0 AC
1 = N1 = N 
1
2
i1 + N1 N 2 i2 (1-34)
 g  g
• A equação anterior pode ser reescrita em função das
indutâncias:

1 = L11i1 + L12i2 (1-35)


CIRCUITO MAGNÉTICO COM DOIS
ENROLAMENTOS
• Pode-se então definir a indutância própria:

 0 AC 
L11 = N 
1
2
 (1-36)
 g 
• E a indutância mútua:

0 AC
L12 = N1 N 2 (1-37)
g
CIRCUITO MAGNÉTICO COM DOIS
ENROLAMENTOS
• Analogamente temos:

 0 AC  2  0 AC (1-38)
2 = N 2 = N1 N 2  i1 + N 2 i2
 g  g
• E a indutância própria da bobina 2:

0 AC
L22 = N 2 2
(1-39)
g
Potência e Energia
• A potência nos terminais do enrolamento do circuito
magnético é dada por:

d
p = ei = i (1-44)
dt
• A variação da energia magnética armazenada no circuito
magnético é dada por:
t2 2
W =  pdt =  id (1-45)
t1 1
Potência e Energia
• No caso de um circuito magnético com um único
enrolamento com indutância constante, temos:
2 2

W =  id =  d =
L 2L
(
1 2
2 − 12 ) (1-46)
1 1

• A energia magnética total é dada por:

1 2 1 2
W =  = Li (1-47)
2L 2
Propriedades dos Materiais Magnéticos
• Importância dos materiais magnéticos: executam 2
funções:
1. Proporcionar densidades elevadas de fluxo magnético
2. Delimitar e direcionar os campos magnéticos dentro
de caminhos bem definidos.
• Os materiais ferromagnéticos são os mais
utilizados em aplicações elétricas.
• São compostos de ferro e de ligas de ferro como
cobalto, tungstênio, níquel, alumínio e outros
metais.
Propriedades dos Materiais Magnéticos
• Os materiais magnéticos são compostos por um
grande número de domínios
• Em uma amostra não magnetizada de material, o
fluxo magnético líquido resultante no material é
zero
• Quando uma força magnetizante externa é
aplicada a esse material, os momentos dos
domínios magnéticos tendem a se alinhar com o
campo magnético aplicado.
Propriedades dos Materiais Magnéticos
• Quando todos os momentos magnéticos estão
alinhados, diz-se que o material está saturado.
• Quando o campo magnético externo é retirado, os
momentos dos dipolos magnéticos não
apresentam mais orientações totalmente aleatórias
• Vai restar uma componente de magnetização na
direção do campo aplicado.
• Este efeito é responsável pelo fenômeno
denominado histerese.
Laços B-H ou de histerese de um material ferromagnético
Curva de magnetização CC ou normal para vários materiais
Curva de Magnetização CC para o aço elétrico de grãos orientados
M5, espessura de 0,03cm (Armco Inc.)
EXCITAÇÃO CA
POTÊNCIA DE EXCITAÇÃO DE
MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS

• A potência necessária para excitar um núcleo


magnético como o da figura 1.1 é dada pela
seguinte expressão em VA:
𝑙𝐶 𝐻𝑒𝑓
𝐸𝑒𝑓 𝐼𝜑,𝑒𝑓 = 2𝜋𝑓𝑁𝐴𝐶 𝐵𝑚𝑎𝑥
𝑁
ou: 𝐸𝑒𝑓 𝐼𝜑,𝑒𝑓 = 2𝜋𝑓𝐵𝑚𝑎𝑥 𝐻𝑒𝑓 𝐴𝐶 𝑙𝐶 (1.54)

• O termo em parênteses da equação (1.54) é o


volume do núcleo.
POTÊNCIA DE EXCITAÇÃO DE
MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS

• A densidade de massa de um material magnético é


dada por:
𝑚
𝜌𝐶 =
𝐴 𝐶 𝑙𝐶
onde m é a massa do núcleo magnético.
• Assim, a potência de excitação por unidade de
massa pode ser expressa por:
𝐸𝑒𝑓 𝐼𝜑,𝑒𝑓 2𝜋𝑓
𝑃𝑎 = = 𝐵𝑚𝑎𝑥 𝐻𝑒𝑓 (1.55)
𝑚 𝜌𝐶
PERDAS EM MATERIAIS MAGNÉTICOS

• Perdas por correntes parasitas


• Perdas por histerese
• Cálculo do ingresso de energia no material
magnético quando o material é submetido a um
único ciclo:
𝑊 = ‫𝑑 𝜑𝑖 ׯ‬λ =
𝐻𝐶 𝐿𝐶
‫) 𝑁 (ׯ‬ 𝐴𝐶 𝑁𝑑𝐵𝐶 = 𝐴𝐶 𝑙𝐶 ‫( 𝐶𝐵𝑑 𝐶𝐻 ׯ‬1.56)
Laço de
histerese

A perda por
histerese é
proporcional
à área do laço
Perdas no núcleo a 60Hz em W/kg para o aço elétrico
de grãos do tipo M-5 de 0,03 cm de espessura
REFERÊNCIA
• Máquinas Elétricas – A.E. Fitzgerald; Charles
Kingsley, Jr; Stephen D. Umans – 6ª Edição –
Bookman – 2006.
• Obs: as figuras foram retiradas do CD fornecido
no livro acima citado.

Você também pode gostar