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A
IGREJA LOCAL
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Adriano langa ofm A Igreja Local
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Para me animar a mim mesmo nesta reflexão servi-me de duas perguntas, olhando
para o tema principal da Assembléia:
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Adriano langa ofm A Igreja Local
O texto que se segue foi o primeiro resultado da minha reflexão mas tive que resumi-
lo duas vezes para poder apresentá-lo em palestra na II Assembléia Nacional de Pastoral,
devido às limitações do tempo. Assim, surgiram 3 textos: textos 1,2 e 3. O texto 3 utilizou-
se para a palestra, diante dos participantes à II Assembléia; o texto 2 foi distribuído aos
mesmos participantes. Sabendo disto, várias pessoas mostraram o interesse pelo texto
original (o texto 1).
Ao pôr este texto nas mãos do leitor faço-o com alegria e esta alegria justifica-se por
duas razões:
lª Razão: Porque uma das cruzes para um conferencista é de ser obrigado a dizer muita
coisa importante em poucas palavras ou de forma esquemática. [05] Ora mesmo com
este texto original não tenho a ilusão de ter esgotado tudo sobre este assunto! Com
efeito, mesmo reflectindo livremente, nunca perdi de vista a primeira finalidade do
texto: o texto estava em função da Assembléia e, por isso, que estava sujeito às
exigências da extensão e da linguagem (não devia ser longo e a maneira de falar devia
ser clara).
2ª Razão: porque tenho também em vista uma certa catequese à gente simples das
nossas Comunidades, para quem é preciso dizer um pouco mais e claramente as
coisas, pois, com coisas esquemáticas e resumidas faltam muitas palavras para muitas
pessoas, que podem ficar com assuntos meio entendidos, o que é perigoso. Um
resumo ou esquema supõem conhecimentos básicos, elementares nas pessoas
destinatárias. Penso que aqui está um dos defeitos da nossa formação nas
Comunidades: os resumos e os esquemas simplistas, que são bons lá onde existem
bases ou fundamentos.
De resto, faz bem sentarmo-nos e ver de perto essa "Igreja Local" de que tanto
falamos. De facto, necessitamos de vê-la de perto, para que não fiquemos apenas com uma
idéia polida e enverniza, que não passar a e um mito. É necessário que ela tome corpo, que
ela fale e vejamos se ela continua assim atraente e aceitável, como o é na teoria.
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Adriano langa ofm A Igreja Local
[06]
IN'I'RODUÇAO
Para nos entendermos melhor nesta nossa reflexão comecemos por compreender o
título que encabeça esta mesma reflexão:
O que se procura com este título? O que ele quererá dizer? Reflictamos um pouco
sobre os termos:
1. Pressupostos
Num português mais simples e leve, a palavra pressupostos (= pressuposto, no
singular) quer dizer condições necessários, isto é, o que é neccessário como base
ou funda mente de qualquer coisa. Num português médio, pressupostos são os
requisitos ou exigências para uma dada finalidade ou realidade.
2. Igreja Local.
Já vamos nos habituando deste conjunto de palavras (=expressão). Ela aparece
muitas vezes em textos e discursos orais. Mas nem por isso devemos dar por
garantida a sua compreensão. Nem todos compreendemos o que ela quer dizer
exactamente. Sendo assim, há lugar para se pôr a pergunta: o que ê a Igreja Local?
Através destas duas cartas que acabamos de citar, Paulo dirige-se aos cristãos de dois
lugares concretos: de uma terra chamada Tessalónica (primeiro texto) e de uma outra terra
chamada Corinto (segundo texto). Temos aqui dois exemplos de Igreja Local. Isto quer dizer
que:
A um conjunto de cristãos de uma determinada terra (nação ou
outro tipo de extensão geográfica) chama-se uma Igreja Local
porque está localizada (está num lugar).
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Esse conjunto é composto pelos cristãos leigos, pelos religiosos, pelos sacerdotes e
pelo seu Bispo ou Bispos.
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Adriano langa ofm A Igreja Local
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Mostrar tais elementos fundadores e as suas respectivas funções não é tarefa fácil,
porque as coisas não se deixam ver claramente e é preciso tocar nas pessoas e colocar-lhes
no lugar que é o delas e lembrar-lhes as suas funções (tarefas) Tudo isto não é fácil: dispor
pessoas, idéias e coisas, devido à complexidade do real (maneiras de ver, sentir e pensar de
pessoas, que Deus fê-las diferentes),
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Vaticano II - Ad gentes – n° 19
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Se fosse uma questão de uma lista do "material" para uma Igreja Local, seria esta e a
questão estaria encerrada. Mas não. Há muita coisa desta “lista" que exige um
aprofundamento. É o que vamos tentar fazer, embora sem a pretensão de dizer tudo sobre um
tema tão vasto e merecedor de debates, o que exige tempo e espaço, de que nós não dispomos
o suficiente.
A exigência maior para que uma Igreja seja realmente local são as pessoas que a
constituem. Por outras palavras, a maior exigência recai sobre a origem de tais pessoas. Já
vimos que este elemento humano e composto de três categorias de pessoas, porque também
são três as "colunas” que constituem e sobre as quais está assente a Igreja, Povo de Deus e
Corpo MISTICO de Cristo: o Laicado, a Vida Consagrada e o Sacerdócio (este inclui o
presbitério (padres) e o episcopado). Neste primeiro capítulo iremos reflectir sobre este
elemento humano.
1. Os fieis leigos.
Estes são a base, a verdadeira Igreja, o povo de Deus por excelência, base de uma
verdadeira Igreja Local e razão de ser das outras partes constituintes do elemento humano.
Só temos uma Igreja Local lá onde a comunidade dos fiéis é constituída por cristãos
nativos, assumindo os valores culturais dessa terra e por eles se deixarem identificar, como
já se disse.
Mas isto não passa sem ferir algumas sensibilidades, fazendo com que algumas
pessoas se sintam marginalizadas, desprezadas; sobretudo aquelas pessoas que tendo nascido
num determinado lugar ou mesmo tendo nascido em outro sítio para um novo lugar foram
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Adriano langa ofm A Igreja Local
viver e aí deram e estão dando o melhor de si. Haverá ou não razão e lugar para este
sentimento?
2. A representatividade.
Eu represento os antepassados fundadores deste Povo e desta cultura africana-
moçambicana de maneira que eles reconhecem em mim o seu descendente-continuador,
porque eles encontram nas minhas veias o seu sangue a correr e descobrem em mim os traços
da sua maneira de ser e estar (cultura). Deste modo, eles sentem- se viver em mim. Isto, é
verdade ou mentira? Haverá nisto algum desprezo a alguém? Estou convencido que é verdade
e não encontro nenhuma maldade. É verdade para mim, aqui e agora, como o é em relação
ao índio lá na Amazônia, que se eu for lá negar esta verdade estarei a ser grosseiro e estarei
sendo vítima de um mal superior às minhas forças. Mas continuemos.
[12] Já não acontece o mesmo com a fé e com o baptismo nesta terra moçambicana,
de um francês, um inglês, um espanhol... Com estes a fé e o baptismo, ocorridos aqui, são
fenômenos "estranhos" que acontecem aos "estranhos" na nossa terra!" MASINGITA"
(agouro ou profecia negra)! Ora, se é "MASINGITA" não nos interessa presenciar tal coisa,
pois, superstição por superstição preferimos a nossa e temo-la que basta!
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Mas lá na terra deles sim, aqueles fenômenos têm muito significado também: Na
França, a fé e o baptismo de um francês significa que a fé em Jesus Cristo continua naquela
terra, porque um descendente dos celtas, dos lígures, dos gregos, dos francos acredita e é
batizado para continuar aquela fé que ali começou a ser uma realidade mais evidente com
Clovis! Na Espanha acontece a mesma novidade sempre que um espanhol adere a Cristo ele
como descendente dos celtas, dos iberos, dos alanos, dos cartaginenses e outros antepassados;
continua a fé que se tornou sinal evidente em Afonso, o católico. Na Inglaterra o batismo e a
fé de um inglês significa que, os anglos e os saxões ainda não perderam a fé semeada por
Santo Agostinho, o monge, e por Teodoro de Tarso entre soldados de Guilherme da
Normandia. Assim, em cada terra e em cada raça ou tribo, a fé e o baptismo ganham um
significado particular e insubstituível, porque significam o encontro ou a perpetuação de
Cristo com tal gente.
3. A Promessa.
Eu sou a promessa mais provável e segura da continuidade da fé e da geração dos
crentes e discípulos de Jesus Cristo nesta terra. Posso ser tomado pelo espirito de aventura
ou ser impelido pelas necessidades e imperativos da existência e ir parar na Ucrânia ou na
Cochinchina mas no dia em que a nostalgia da terra e dos antepassados despertar eu posso
empreender' a viagem de regresso, em busca dos túmulos desses antepassados e da terra cujo
pó eles já fazem parte; ainda que seja na agonia, posso pedir aos vivos e sãos o Último favor
de remeterem os ossos ressequidos para terra donde viram a luz do sol pela [13] primeira vez.
Assim é todo o homem: com todas as incertezas que caracterizam o futuro da vida humana,
ele é a esperança mais provável e segura da sua própria terra, como lugar dos seus
antepassados, mesmo que desconhecidos do próprio! ...
4. Um pouco da Historia
A História do cristianismo em África, só para tomarmos este exemplo, ajudou muito
à Igreja e ajuda-nos a nós também a entender a questão da implantação e consolidação de
uma Igreja em contextos sociais e à problemática dos componentes humanos da mesma
Igreja.
colonos, mesmo se nascidos naquela região da África. Portanto, podemos dizer que estava
ali uma Igreja "transplantada" ou “importada".
Alguém necessita que se lhe conte a história do Moçambique cristão, história essa
ainda fumegante? O que se está passando, agora mesmo que estou escrevendo estas linhas,
no Zaire e na Somália? Há problemas e os aviões estão fazendo pontes aéreas para evacuar
os estrangeiros, queiram ou não: os seus governos assim querem. Nestes momentos até se
recorre à 7ª, 10° e mais gerações para um indivíduo provar que ele não é dali, para poder
partir... para a terra dos seus antepassados que, às vezes, nunca lá esteve! Mas está certo.
5. Sem juízo.
Não se trata aqui de julgar seja quem for mas sim reconhecer a verdade e aceitá-la
onde e quando ela se apresentar, para construirmos na verdade. Se eu me encontrasse na
Rússia em 19l7; se eu me encontrasse na Nicarágua no tempo aceso dos sandinistas e se eu
estivesse agora na Somália ou no Burundi comportar-me-ia da mesma e, ate, quem sabe, se
não seria da pior maneira? Voltaria à pátria e os donos da terra ficariam a cantar com são
Pedro: "a quem iremos, Senhor, só vós tendes palavra da Vida eterna"...
Mas, então, devo aceitar o meu carácter incerto na Rússia, me El Salvador, na Somália
e no Burundi, onde por um feliz acaso resido. Ora, a Igreja, experimentada que ela é, não
quer fundar-se em "acasos" que podem tornar-se casos.
6. Inserção e representatividade.
Eu pertenço à Igreja do Burundi, onde resido e construo a minha vida, mas até um
certo garu: não no grau da representatividade. Inserção e uma coisa e representatividade é
outra. Esta última exige certo grau de pertença. Que a pertença conheça muitos graus não
devi a espantar A ninguém:
Basta nos lembrarmos daquele outro grau de pertença de que todo o cristão usufrui e
que lhe advém da universidade da Igreja e que permite a cada um de nós "sentir-se em casa"
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Sínodo Africano – Lineamento – Cap. 1
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em qualquer parte do mundo católico onde quer que ele se apresente. É uma das formas de
pertencer à Igreja.
7. Os Religiosos e Bispo.
A reflexão dos parágrafos anteriores, de 1 a 6, é válida para o caso dos religiosos,
sacerdotes e dos Bispos. Mas deixemos de parte, para depois, os sacerdotes e tomemos os
outros dois grupos: o dos religiosos e o dos bispos.
a) Os Religiosos.
Os religiosos saídos de uma determinada Igreja Local são um dos sinais de um certo
grau de maturidade espiritual de uma tal Igreja. Com efeito, a compreensão e a aceitação da
Vida Consagrada por um povo exige uma maior compreensão e vivência do Evangelho, tanto
pelo lado do próprio religioso (a pessoa que opta) como do lado, da sua Igreja / Comunidade.
Sim, não basta que numa Igreja Local haja numerosos cristãos fervorosos para saírem de lá
religiosos. Tomando o exemplo de uma arvore: diríamos que não basta o tamanho de uma
planta para ela dar flores e frutos mas interessa e conta mais a idade da planta.
Mais adiante voltaremos a este assunto da Vida Consagrada. Por agora e para terminar
esta alínea diremos aos Institutos religiosos o seguinte: assim como a consolidação de uma
Igreja num determinado lugar exige que haja cristãos, religiosos, sacerdotes e Bispos saídos
do povo desse lugar, assim também a consolidação de um Instituto religioso num dado
contexto humano, exige que tal instituição seja assumida pelos religiosos membros desse
contexto, isto é, que haja religiosos saídos desse povo, filhos dessa terra.
[16] b) Os Bispo.
De igual modo, os Bispos saídos de uma determinada Igreja Local são um outro sinal
de crescimento e emancipação de uma tal Igreja. Já que o serviço de um bispo numa Igreja
Local é governar essa mesma Igreja / Comunidade, de modo que ela possa viver e caminhar
segundo um rumo e ritmo próprios dela; isto significa que o ela ter estes membros (bispos)
ela já conhece o caminho e, por isso, ela pode-se orientar por si mesma.3
Sendo assim, é decisivo para uma Igreja Local ter ou não ter Bispos saídos de si
mesma, já que nesse governar e orientar depende a qualidade de vida de uma Igreja /
Comunidade.
8. Os Sacerdotes.
É necessário, portanto, que os membros de uma Igreja sejam da própria terra. Este
imperativo torna-se ainda mais agudo e grave quando se trata de sacerdotes, dada a s~ a
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Cr. João Paulo II – Discurso aos Bispos de Moçambique -1988, 1-2
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Adriano langa ofm A Igreja Local
importância na vida da Igreja que eles servem, de tal modo que podemos dizer que eles são
o coração deste Corpo e isto por duas razões:
8.1. Os Sacramentos.
O Sacerdote é o presidente ordinário dos Sacramentos, isto é, ele é o presidente
normal dos Sacramentos. Estes estão nas suas mãos. O Bispo e, na pratica, um presidente
extraordinário daqueles sinais sensíveis, embora, juridicamente (segundo a Lei) ele seja o
primeiro Pároco. Na verdade, quantos cristão foram baptizados, pelo Bispo? Poucos. Quantos
cristão receberam ou recebem a Comunhão ou se confessam ao Bispo? Poucos e poucas
vezes. Quais e quantos crentes receberam a Santa Unção das mãos do Bispo? Assim o
Matrimônio. Mesmo tomando os Sacramento: da Confirmação e da Ordem: podemos dizer
que o Bispo só passa por onde passou d sacerdote. Este pode passar por toda a parte, pois,
ele pode crismar (com a licença do Bispo, é verdade, mas pode) e pode ordenar presbíteros
(sacerdotes) também com a devida licença e em casos muito especiais.
[17]. Com isto não pretendemos dizer que o sacerdote é o melhor ou maior que o
Bispo nem que este é dispensável. NÃO. Uma Igreja sem Bispo não é Igreja ou, pelo me nos,
não é uma Igreja normal, porque lhe faltaria um membro importante: a cabeça e centro de
unidade.
O sacerdote é importante no seu lugar e pela função (serviço) que ele desempenha
nesse lugar e não em competição com quer que seja. A vida da Igreja é varia da, tem diversos
aspectos e dentro dela realizam-se muitas funções, mas todas elas pretendem levar os fiéis a
viverem a Vida de Cristo e no centro dessa Vida estão os Sacramentos. Portanto, o sacerdote
actua no centro dessa Vida, através dos Sacramentos, além doutros meios, como veremos
logo a seguir.
Observação: Falando assim, não nos esquecemos do leigo que também é ministro dos
Sacramentos (alguns) e não negamos o seu real valor e importância nesse exercício. Mas ele
é ministro extraordinário, enquanto que aqui vemos os personagens nas suas funções e nos
seus lugares normais~ ordinários.
Pois bem, um membro assim tão importante é necessário que se identifique com o
povo que ele vai servir [18] e não há quem se identifique melhor que um filho desse mesmo
povo. Senão, mesmo sem o saber nem querer, pode fazer de uma Comunidade de Marrupa
uma comunidade de canadianos, pelo seu comportamento, se o sacerdote for canadiano; ele
pode fazer da Comunidade de Chicualacuala uma Comunidade de australianos, pelo seu
comportamento, se o sacerdote assistente for australiano. Ora é precisamente isto que se quer
evitar e levou a Congregação para a Evangelização dos povos (Propaganda Fide) a
recomendar, em 1659 (há mais de 300 anos, já!!):
"De igual modo, c.om toda a sua boa vontade, os missionários não
inventario em si mesmos uma cultura crista africana, ou indiana, ou
chinesa ou outra; a menos que tenham sido tão assimiladas por estes
países – o que é raro, difícil e longo."5
Pior ainda se é preciso utilizar intérprete, mesmo se este seja de uma fidelidade de
uma máquina, é sempre uma limitação, que nos lembra alguém que agarra coisas com as
luvas ou vê-las através de um vidro! Por isso o Papa Pio XI dizia na sua Encíclica missionária:
.
4
Mosmans, G – L’Eglise a l’heur d’Afrique – Tournai, Casterman, 1961
5
Henry, A M – Esquisse d’une Theólogie de la Mission – Paris, 1959
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Cremos que com o que se disse está suficiente ¬mente patente a importância do
sacerdote (ou outro a ¬gente pastoral) saído da própria terra.
2. DIOCESANOS E RELIGIOSOS
09. O clero diocesano e o religioso.
Certamente que os cristãos de Moçambique vão se apercebendo, e hão de
apercebecer-se ainda melhor no futuro, que há diferenças entre os sacerdotes e irmãs. Mas
como?! Sim, há diferenças, mas não oposição!! Na tentativa de compreendermos isto,
tomemos este exemplo:
Entre estes existem também grupos, chamados clãs (=grandes famílias alargadas): é
o caso dos Nyalivilos; os Nkumbes; os Nkandes; os Mavulules, etc, etc. Todos estes são, de
igual modo, isto é, sem diferenças de valor, xopes e inhambanenses.
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Pio XI – Rerum Ecclesia - 1926
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Adriano langa ofm A Igreja Local
É o que acontece na nossa Igreja Católica: nela existem pequenos e grandes grupos
entre sacerdotes, ir entre irmãos e entre irmãs.
Estes são os dois grandes grupos que encontramos entre sacerdotes e entre as irmãs
[21]. Outros dizem, para explicar o que é um padre diocesano: "um padre diocesano
é aquele que não pertence a nenhuma ordem religiosa e, portanto, não faz votos."
Dizer desta maneira é já alguma coisa, mas continua-se a não se saber o que realmente
é um sacerdote diocesano. Fica-se a saber o que ele não faz e a que ele não pertence: Não
pertence a nenhuma Ordem Religiosa e não faz votos...
Pior fica quando se diz: "Sacerdote diocesano e aquele que não pode ser transferido
de uma Paróquia para outra ou de uma Diocese para outra".
Devia procurar-se evitar esta explicação, se não queremos abrir um buraco para nele
virmos a cair num amanhã o muito próximo.
Isto significa que temos de encontrar uma explicação mais satisfatória, mais teológica
e clara e nela formar sãmente os fiéis e não compreender o sacerdote diocesano (e a irmã
diocesana também) a partir de oposições que correm o risco de criar mal-entendidos perigo
sós nos fiéis e nos próprios sacerdotes e irmãs, diocesanos ou não-diocesanos. Todos teriamos
uma pesadíssima factura a pagar ...
Quer dizer acompanhar os fiéis onde quer que estejam por circunstâncias da vida. É
esta característica que deu aos sacerdotes diocesanos o nome de "Padres seculares”, porque
os cristãos leigos vivem no século, isto é, no Mundo. O sacerdote diocesano deve estar aí
também, para servir estes cristãos metidos no Mundo. Ele está onde está o cristão. Daí
também as expressões como estas: “estar ao serviço da Igreja 24/24 horas"; "estar ao serviço
da Igreja a tempo pleno". São frases ou expressões que exigem explicação e
aprofundamento, se não queremos ficar à superfície das coisas e correr riscos, que esta
situação de superficialidade representa.
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Adriano langa ofm A Igreja Local
a) A solidão.
Se o diocesano, pelo seu carisma, está lá onde estão os seus cristãos, isto significa, no
fundo e como conseqüência, uma certa solidão que, não poucas vezes, chega a ser dolorosa:
ele é um solitário, no meio de muita gente que o estima! .... Na verdade, ele é pai e amigo de
todos, mas esses são diferentes dele, como Adão no paraíso.
Esta solidão e esta diferença fazem sentir mais o seu peso quando, no fim do dia ele
entra na sua casa silenciosa, onde se encontra só ou ele encontra as pessoas da sua família de
sangue ou que ele bondosamente acolheu, por urna razão ou outra. Mas estas pessoas
continuam sendo diferentes dele: ele é sacerdote e as tais pessoas não! [23] pessoas são leigas.
Mas a vida em comunidade exige uma preparação própria. Não basta solidão que
possa sentir para se dizer que se está apto para viver em comunidade. Senão essa companhia
pode tornar-se um sério obstáculo em todos os sentidos. Viver em comunidade não é só juntar
pessoas debaixo de um mesmo texto; não é só comer juntos e, em última análise, não é só
rezar juntos.
É necessária uma preparação e o tempo ideal para esta preparação à vida comunitária
é o tempo da formação inicial, senão, seria tarde.
b) O desamparo.
A subsistência do sacerdote diocesano é problema em todo o mundo. Esta é a
realidade. Muitos colóquios e congressos sobre este assunto têm-se realizado por toda a parte.
A coisa torna-se dramática com a velhice ou doença que imobilizam, tornando a pessoa
inactiva. Mesmo para aqueles que deram generosamente toda a sua força e que, portanto,
granjearam muita estima junto de um povo [24] bem concreto, acabam sendo esquecidos por
esses que beneficiaram da sua actividade apostólica e até social e acabam sendo
desconhecidos pelas novas gerações! Isto acontece também com os Bispos já reformados,
sobretudo aqueles que não pertencem a nenhum Instituto religioso (diocesanos, porque antes
eram sacerdotes diocesanos).
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Diremos que isto segue a lógica das coisas, porque ninguém é eterno e, portanto, tarde
ou cedo todos caímos no esquecimento e no anonimato. Seja normal ou não, uma coisa é
certa e real: é duro, porque alguém deixou voluntariamente de constituir um lar e de gerar
filhos, que talvez lhe assegurariam uma velhice serena e dedicou todas as suas energias a
favor de alguém (um povo). Isto não significa, de maneira nenhuma, um arrependimento por
parte do sacerdote ou do bispo reformados, pois, eles puseram no Senhor a sua esperança e
não nos homens.... Aqui trata-se de reconhecer um facto, uma realidade, que é dura senti-la
na carne.
Não é possível evitar totalmente esta cruz do apóstolo, até porque ela foi e é
continuamente assumida livre e conscientemente. De resto, Cristo está lá, no fim da
caminhada, à espera do Seu servidor, como o Pai eterno esteve no Calvário à espera e com o
Seu Filho e Servo sofredor. Não foi possível afastar o cálice, foi preciso que Ele o bebesse
até à Última gota, como condição de Ele permanecer Filho obediente e predilecto do Pai.
Como dissemos há pouco, esta solidão é uma cruz própria de um apóstolo, no fim de contas
e no fundo, em graus diferentes, como dissemos.
[25]. Por isso, esta cruz não deve assustar o jovem vocacionado ao sacerdócio
(diocesano); uma cruz que é, provavelmente, mais pesada para o diocesano, mas que, no
fundo, é urna cruz própria e particular de todo o apóstolo celibatário. É necessário frisar isto,
para evitar exageros que imobilizam (o religioso apóstolo que recolhe ao convento depois de
dezenas de anos em apostolado dificilmente se adapta ao seu antigo convento e seu antigo
estilo de vida).
Portanto, é uma cruz que deve ser assumida constantemente e com maturidade, por
alguém que compreendeu o alcance de um chamamento divino. Desviar-se só por me do
desta cruz da solidão, da pobreza e abandono é sinal de que aí não há uma verdadeira vocação,
mas uma busca doutras coisas que não são de Deus, mas sim dos homens e do mundo! ...
A neva visão diz mais respeito ao modo de vida do sacerdote. De facto, é antiquada a
idéia de que o sacerdote diocesano é aquele que vive sozinho, que não vive em Comunidade,
portanto, um solitário, entregue a si mesmo.
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Pois bem, seja donde vier esta idéia ou opção ela é errada, para não dizer ruim. Ela
não honra a Vida sacerdotal diocesana e lança seres humanos numa e~ trada de infelicidade
mais ou menos certa e isto porque:
2° Sacerdotes diocesanos não são nem um refugo da Vida religiosa, isto é, não
devem ser materiais rejeitado! Não devem ser uma colecção [28] de coxos!
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Adriano langa ofm A Igreja Local
diocesano que vive lá no seu "buraco" que só pode contar consigo mesmo: em
termos de comportamento e de subsistência.
4° Mais negativa e ruim a idéia é se vier do próprio jovem, pois, tal significa que
ele nada fará para limar a sua personalidade agreste e corrigir os seus defeitos.
Não é possível descrever aqui e agora está formação. Apenas assinalamos a sua
necessidade. Ela não deve ser entendida como uma questão acadêmica, como uma questão
de conhecimentos abstractos e teóricos, sobre a Comunidade ou vida em comunidade. Certo
é que a teoria é necessária. A formação de que aqui se trata é mais uma questão de
INICIACÃO.
Assim, desde o dia em que se lhe abriram as portas do Seminario, para ele ai entrar,
o Seminarista diocesano deve deixar de sonhar com uma vida independente, na qual ele
ponha e disponha como entender a sua vida. Ele deve contar sempre com mais alguém ao seu
lado, que via-lhe exigir o tempo e espaço no dia-a-dia. O Seminario passa, assim, a ser uma
escola de iniciação pratica. Assim, deixa de ter lugar aquela sede e impaciência e sede de se
ver "livre" de uma companhia que perturba as iniciativas pessoais, pois, não posso sempre
leva-las a cabo sem dar satisfação a quem vive comigo!
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Nós dissemos acima que "em princípio" porque, na verdades, as Regras sempre abrem
espaços de liberdade bastantes considerável que permite ao religioso sacerdote [31] ou não -
sacerdote de se engajar no serviço dos fiéis no "século", por isso, vemos e temos muitos
religiosas e religiosas fora dos conventos, vivendo nas Paroquias, sofrendo e enfrentando
muito e duro isolamento e solidão por estarem ao serviço dos fiéis (religiosos e religiosas dos
dois tipos(de direito pontifício e direito diocesano). Isto é uma "obra de misericórdia" da
parte deles e fazem este sacrifício com alegria porque significa para eles dar a vida pelos
irmãos, pois, eles sacrificam seriamente a sua vida de consagrados e consagradas. É um
sacrifício consciente e inteiramente aceite e assumido, mas sempre é um sacrifício.
A correcção dessa história, desse passado, é tarefa de todos nós. Corno é que a
fazemos? Façamo-la com decisão firme, com serenidade e lucidez, como quem quer construir
algo de duradoiro. A história, a perfeição e a solidez são inimigas da emoção, da
imparcialidade e da precipitação, mas também atropela os indolentes. Serenos e sérios na
urgência, é o que se nos pede.
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Joao Paulo II – Discurso aos sacerdotes e religiosos de Moçambique - 1998
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Adriano langa ofm A Igreja Local
Do outro lado está o diocesano, que também tem lições a receber do religioso: para
se lembrar que algumas espécies de "demônios" só se expulsam pela oração e com o jejum
(cfr. Mt 17,21). O mundo que o diocesano freqüenta e está nele inserido exerce sobre ele
muita atracção e muita pressão, que ele pode acabar corrompido também, de mil e uma
maneiras. Pelas suas corridas no mundo e para o mundo, o diocesano pode tornar-se uma
"cana agitada pelo vento". Por isso, o diocesano necessita de ver o religioso mergulhado em
Deus, esquecido de si mesmo, para se tornar o “coração” e “sacerdote" do mundo, mundo
este que adora a Deus, através do religioso, como Senhor de tudo e Aquele que, realmente
converte e salva
Lembramos o que sucedeu na Idade Média, com a Igreja corrompida desde da cúpula
até à base? Foi preciso que os religiosos subissem até ao papado, até ao bispado e até à
paróquia para irem sacudir a poeira e o entulho de "moecegos" que se tinham instalado nesses
lugares e assim iniciaram a reforma e a purificação da Igreja.8
8
GELMI, Joseph – I Papi – pág. 92-94; CELANO, Tomas de I n° 165 – In fontes franciscanas
25
Adriano langa ofm A Igreja Local
Os próprios fiéis precisam destas duas figuras e no dia em que perderem uma delas a
vida tornar-se lhes á monótona, estéril e seria o fim!
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[35]
3. SOBRE AS RELIGIOSAS
No capítulo anterior tentamos compreender o que é um sacerdote "diocesano". Neste
capítulo vamos fazer igual esforço para compreender a pessoa da Irmã "diocesana". Achamos
que nós, Igreja de Moçambique necessitamos desta catequese porque em todas as coisas e
para todos os homens, da compreensão de uma coisa ou realidade dependem as nossas
atitudes em relação a essa coisa ou realidade.
Para entender esta dificuldade, estenda as suas duas mãos, diante de si "mesmo e diga-
me qual é a diferença entre os dois dedos máximos. São tão parecidos que para uma pessoa
pouco observadora diria que não há diferenças entre os dois dedos:
Iguais no comprimento, iguais nas divisões, iguais na côr, iguais na localização: cada
um e n° 3 na palma da mão, quer se comece a contar todos dedos começando pelo lado direito
ou esquerdo da palma...
Esta consagração é a sua razão de ser, e de ser chamada "irmã”, foi por causa desta
consagração que ela deixou a sua família e renunciou fundar um lar. O seu engajamento
dentro da Igreja e dentro de uma sociedade é uma das conseqüências dessa consagração. Por
isso, se esta consagração for esquecida, se ela for relativizada por ela própria (a irmã) ou por
nós outros não estaremos longe do precipício fatal.
É como o que acontece com o baptizado, o cristão: ele é baptizado por causa dele
mesmo; por causa da sua própria salvação. Ninguém deve ser baptizado para salvar os outros,
ninguém se deve comprometer com Cristo só por causa dos outros! Primeiro está ele mesmo
e~ depois, estão os outros. Assim também a irmã "diocesana" e a outra "não-diocesana". Elas
são consagradas a Deus por causa delas mesmas e depois, e também...
27
Adriano langa ofm A Igreja Local
O que aqui se diz das irmãs também deve ser dito e com força para os sacerdotes
"diocesanos" e" não-diocesanos": Todos eles são, de igual modo, ministro do altar.
É importante este ABC, pois, somos muito [37] habilidosos em distinguir e até em
encontrar oposições onde elas não existem. Mas se chumbarmos neste A B C, amanhã
teremos uma missa melhor, uma super-missa, porque ela foi rezada por um sacerdote
"diocesano" ou porque foi rezada por um "não-diocesano"... Amanhã poderemos ter uma
catequese' estupenda, uma "super-catequese” por que foi dada por uma religiosa "não-
diocesana" ou porque foi dada por uma religiosa "diocesana". Sim, podemos chegar a esta
ridicularia porque nós somos “'formidáveis com a nossa teologia e fé capaz de transportar
montanhas. Cuidado com tal hábil gente e com tal fé tão "forte" e "esclarecida", se não
queremos ir parar nas nuvens e não na Igreja de Jesus Cristo que está na terra dos vivos!
16. E o nome?
Num outro lugar mais atrás tocamos esta questão do nome. Achamos que é oportuno
fazer-se aqui mais uma referência. A prática do dia-a-dia vai deixando sulcos nas nossas
cabeças e podemos acabar ficando aleijados para sempre.
Mas estas Congregação têm nomes próprios, nomes que não deviam figurar só nos
papéis; não deviam ser só nomes “oficiais" enquanto as respectivas pessoas (irmãs) vão
arrastando adjectivos que podem ser pejorativos. Até corre-se o risco de as próprias virem a
esquecer-se ou ignorar o nome verdadeiro da sua Congregação! Não nos admiremos se
aparecer gente com uma inteligência "comprida" e "luminosa" que nos explicam,
·rapidamente·; como um corta-mato: "Diocesanas" [38] porque foram fundadas em
Moçambique e, talvez, porque foram fundadas por Bispos negros!! Bem se entende que a
insistência sobre o uso do termo "diocesano" parece recomendada pela promoção vocacional;
para que as pessoas conheçam e distingam...
Mas é importante que as pessoas se habituem a conhecer e distinguir aquilo que tem
nome. Não acontece que fugindo do fogo morramos afogados na água...
28
Adriano langa ofm A Igreja Local
Ora, dentro das suas capacidades ou dons um Bispo pode ter a iniciativa de fundar
uma Congregação religiosa, reunindo mulheres (se for uma Congregação feminina) ou
homens (se for masculina). Esta idéia pode partir de uma outra pessoa: um homem ou uma
mulher. Se o iniciador não é um Bispo ele necessita do consentimento do Bispo do Lugar
onde isto se passa.
Mas quer para um Bispo ou outra pessoa não basta que junte um número de pessoas
para dizermos que temo s uma Congregação religiosa. Tal grupo só merece realmente o nome
[39] de "Congregação" depois de a Santa Sé aprovar esse grupo. Se de Roma vier um NÃO
definitivo, o grupo vai dispersar-se e acabar. Mesmo se ele continuar não terá o nome de
"Congregação".
Se o fundador não é Bispo, ele não pode ir sozinho para a Santa Sé pedir a aprovação
do seu grupo, ele deve ir com o Bispo, à frente, na verdade, a palavra do Bispo é decisiva,
mesmo diante da Santa Sé: o Bispo é o responsável de todo o grupo, incluindo o próprio
fundador.
E daqui que vem o nome de "diocesana". Irmãs [40] “diocesanas" significa irmãs cuja
Congregação está sob a responsabilidade da Diocese. Tecnicamente, no Direito Canônico,
uma Congregação nestas condições se chama: Congregação de Direito Diocesano. Assim,
dizer "irmãs diocesanas'' é abreviação (corta-mato) desta frase: Irmãs de cuja Congregação ê
de Direito Diocesano. Elas estão sob a autoridade do Bispo da Diocese.
29
Adriano langa ofm A Igreja Local
Uma mulher, nesta cultura, que dá à luz um filho, ã família em que casou, ela deve
reconhecer a paternidade do seu marido e ã família deste. Ao fazer isto, ela reconhece que o
filho não ê propriedade privada, só dela: o filho pertence ã família.
Reconhecida pela legitima família, a criança ganha uma base de segurança mais larga.
Por infelicidade dela, os seus pais podem morrer, ela não ficará completamente abandonada:
a família cuidará dela e aquele que suceder ao pai dela, falecido, na chefia da família, se
responsabilizará dela.
E o que acontece com uma Congregação religiosa: iniciada por alguém, ela é confiada
à Igreja Local e Universal. Ela é filha desta Igreja-Comunidade. A Igreja assume-a e cuida
dela.
[41] Coisa um pouco parecida sucede com uma Congregação religiosa: Ela está
vocacionada ao crescimento e multiplicação dos seus membros:
Francisco de Assis começou sozinho a viver daquela sua maneira. Passado pouco
tempo já eram doze e mais um pouco eram cinco mil. Portanto, o normal de uma Congregação
religiosa ê o crescimento, em maturidade e em número: ou ela cresce e viverá longo tempo
ou ela não cresce e morrerá.
30
Adriano langa ofm A Igreja Local
[42]. Este estender-se, este espalhar-se pelo mundo põe questões de comando,
problema de direcção e orientação e a coisa tornasse complicada.
Vejamos, por exemplo, o que sucede com uma criança que fica com um tio, ou outro
parente, longe dos pais. Podemos dizer que a criança está sob a autoridade do tio com quem
vive e está com ele mais tempo: Mas na realidade a coisa não é tão simples e clara como isso:
ocasiões e circunstâncias há em que o tio não se sente com autoridade para tomar certas
decisões. Mas também os verdadeiros pais ficam ultrapassados pela evolução da criança que
a vêem raramente. Assim distante não se sente autorizados para tomar certas decisões e
ajuizá-las. Aqui a criança experimenta ser de ninguém!
Falando de uma Congregação religiosa, diremos que é por razões semelhantes que ela
pode passar a depender directamente da Santa Sé.
O que queríamos dizer com clareza ê que não existe uma Congregação que nasce para
ser eternamente "diocesana", tal não seria normal, como não seria normal alguém não querer
crescer e ser responsável do [43] seu destino. O crescer é uma das condições normais de um
indivíduo, mesmo se esse crescimento arraste problemas e exigências consigo.
Quando uma Congregação é regida pelo Bispo de uma Diocese recebe, em Direito
Canônico, o nome de Congregação de Direito Diocesano, e quando passa a ser regida pela
Santa Sé chama-se Congregação de Direito Pontifício.
Mas esperamos ser correctamente entendidos sobre esta questão: Não estamos a dizer
que uma Congregação DEVE ser de direito pontifício nem que ela DEVE permanecer sempre
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Adriano langa ofm A Igreja Local
de direito diocesano. Não estamos a dizer que e melhor, se isto ou aquilo. Não estamos a
dizer que uma Congregação de direito pontifício é uma super - Congregação nem que uma
Congregação de direito diocesano é uma infra- Congregação, uma "Congregazinha"! Quem
nos interpretasse assim estaria a caricaturar grosseiramente o nosso pensamento.
Uma Congregação religiosa, seja ela de que direito for, ê uma família religiosa, onde
pessoas consagram as suas vidas na procura de Jesus Cristo para o seguirem e testemunhá-lo
desta maneira. Uma Congregação religiosa será pequena ou grande (importante ou não-
importante) conforme a sua fidelidade a Jesus Cristo e ao carisma do Fundador.
21. Iniciativa,
Mas a quem cabe a iniciativa para uma Congregação de direi to diocesano passar para
o direito pontifício? Qual= quer das partes pode tomar a iniciativa: A Congregação pode
tomar a iniciativa de sugerir; pode ser o Bispo a tomar iniciativa; pode ser a Santa Sê que
aconselha. Seja donde vier a idéia, o que se quer é que ela seja obra de Espírito Santo e seja
recebida como tal pelas outras partes.
Na verdade, esta passagem pode ser ou pode estar carregada de emoção e com a
emoção podemos ter e ver "maravilhas"... E como o que se passa na emancipação de um
indivíduo da tutela paterna.
Não vão as irmãs ou irmãos "diocesanos" sentirem-se como simples força de trabalho
ou sentirem-se mão barata da Dioceses. Seria o fim. As palavras são como balas de uma
caçadeira de cartuz ou como balas perdidas: elas podem fazer vítimas lã onde não pensamos
nem vemos quando disparamo-las.
As Congregações de direito diocesano não são armas de combate, nas mãos das
Dioceses, para combater as Congregações de direito pontifício. Não são, também, adversárias
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Adriano langa ofm A Igreja Local
concorrentes a combater pelas Congregações de direito pontifício. Num caso e no outro não
seriamos evangélicos. No primeiro caso, faltaria às Congregações de direito diocesano uma
verdadeira base e uma verdadeira razão da sua existência. Estariam assentes numa base
movediça como a areia do deserto ou do mar. Combate-las seria obra diabólica, que só as
trevas podem inspirar tal combate e seria lutar contra o Espírito. Para nós, a importância está
em:
a) Estas Congregações são lugares onde homens e mulheres podem testemunhar Jesus
Cristo, a quem se consagram livremente. Todo um instituto religioso deve ser assim.
É verdade que este problema põe-se para todas as Congregações mas há uma
diferença:
Nas Congregações nascidas fora daqui há o peso do passado, que constitui outro
obstáculo ao processo... os franciscanos nasceram em Assis, Itália, Europa, por tanto e só 600
anos depois é que chegaram nestas paragens da África. Então eu, franciscano de hoje e daqui
devo enfrentar toda aquela carga secular e isto significa que o franciscanismo que me é
oferecido foi concebido e estruturado a partir dos valores culturais não-africanos...
Além de que não é fácil inovar e reformar uma mentalidade, com as suas estruturas.
Mas para as jovens Congregações locais não há aquele peso da tradição do Ocidente e
secular. Estas Congregações são terrenos férteis, relativamente. Será que os Fundadores tem
isto bem vivo no seu espírito? Será que aquelas que vão para estas novas Congregações estão
conscientes deste imperativo? O que é e como vai a enculturação nestas fundações?
Uma das novidades, específicas, seria na enculturação. Doutro modo, seríeis "mais”
'uma Congregação. Nessa altura alguma Congregação poderá estar a mais, semi interesse.
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Adriano langa ofm A Igreja Local
[47]
4. A FIGURA DO MISSIONARIO
23. O missionario.
Outra figura humana muito visível nesta Igreja local é a do missionário. Na reflexão
a fazer sobre esta figura a compreensão da mesma (a sua definição) é importante: o que é,
afinal, o missionário? Existe uma grande quantidade de textos escritos pelo Magistério da
Igreja e por outras estruturas eclesiais e por pessoas singulares. Por exemplo, o Concílio de
Vaticano II diz assim sobre o assunto:
Portanto, todo o cristão é missionário, mas há alguns escolhidos por Deus, a quem
Ele deu, como tarefa especial e principal o deixar (sair) a própria terra para ir anunciar o
Evangelho noutras terras. É a estes a quem nos referimos quando falamos de missionários.
Sobre este assunto não faltam confusões e discussões. Sabendo disto a própria Igreja, diz,
pela boca de João Paulo II:
Estamos, por tanto. Diante alguma coisa de muito séria e que pode ter resultados
negativos dentro de uma Igreja Local, resultados negativos que não favorecem a ninguém:
nem á Igreja Local (aos nativos), nem ao próprio missionário (estrangeiro).
O missionário estrangeiro deve ser sempre missionário, [48] apesar das mudanças
possíveis no campo sócio-político. Aqui não se muda de estatuto como se muda de
nacionalidade. Muitos anos passados em missão e relevantes serviços aí prestados, só devem
servir para glória de Deus e junto de Deus e, aqui na terra, tornar o missionário mais querido
diante de uma Igreja que ele ajudou a nascer e que deve ajudar a crescer.
9
Joao paulo II – Renroris Missio – n° 65
10
Ib , n° 65
34
Adriano langa ofm A Igreja Local
Ora, o tomar esta atitude é tomar uma cruz, porque tal significa muita ascese
(sacrifício) porque, voltando ao exemplo do pai e filho, este último não fará as coisas como
as faria ou fazia. Ver e viver esta diferença possível exige muita fé e paciência. Exige um
esvaziamento que não se encontra sempre quando se procura! ...
E QUE MAIS?
[49] O missionário estrangeiro desempenha outro papel dentro de uma Igreja Local:
Ele confere a esta Igreja a dimensão universal e a ajuda para não se fechar sobre si mesma,
num narcisismo estéril (narcisismo é considerar -se a si mesmo até se encher de vaidade). O
missionário estrangeiro é uma interpelação à Igreja Local, devido à sua diferença. Isto é
válido tanto para o missionário leigo como para o sacerdote, bispo, etc.
Mas o missionário só exercerá bem e realmente esta sua função se aceitar uma certa
e não menos dolorosa solidão: Aceitar ser e viver como um estranho-simpático diante dos
seus hospedeiros-simpáticos; sentir-se em casa, sendo-se hóspede. Existe aqui uma situação
dialética (contradição aparente): ser da casa sem ser da casa. Aceitar e conseguir viver esta
tensão, dentro de um equilíbrio são é uma vitória, mas é também uma condição de fidelidade
do missionário à sua vocação. Recusar levanta problemas de identidade e significa que se
está exposto a muitos incidentes, muitas vezes mesquinhos ou sem razão.
Importa também observar que esta situação do missionário estrangeiro não o dispensa
das exigências da enculturação. Não entraremos nesta questão, por causa de tempo e espaço.
Talvez nos baste citar de novo o Papa:
11
Ib. n° 48
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Estas palavras do Papa resumem clara e sabiamente o discurso que tentaríamos fazer
sobre este assunto tão actual em terras de missão. É caso para dizermos: Quem tem ouvidos
oiça!.
12
Ib.53
36
Adriano langa ofm A Igreja Local
[51]
Por outro lado, verifica-se que neste acto de evangelizar a Igreja encontra a sua
renovação e crescimento: mais e novos membros vêm juntar-se no seu seio. Assim, na acção
evangelizadora encontram-se a Igreja e o Mundo e neste encontro h~ um dar e receber
recíproco: a Igreja, através da sua mediação, oferece ao Mundo a fé em Deus e a Vida eterna
que desta fé resulta e o mando, recebendo a fé oferece novos membros à comunidade
evangelizadora (=Igreja).
37
Adriano langa ofm A Igreja Local
Isto não tem nada a ver com a hegemonia (domínio) de um grupo de indivíduos, a
pretexto de serem cristãos pura e simplesmente. Não é uma questão do poder e de influência
demagógica (à força). Trata-se de se viver e agir em conformidade com aquilo que se
acredita, como valor supremo - o Evangelho, norma das atitudes.
As instituições sociais de um povo sem fé não são iguais às de um outro povo que
acredita em Deus, por exemplo: a maneira de ver a família, a educação, a economia, a
política, a justiça social, a moral e outras coisas. Breve, o Evangelho deve ser "sal" e
"fermento", numa sociedade que o aceitou e o vive a sério. Este é o sinal de que o mesmo
(Evangelho) penetrou e produz impacto num contexto social.13
[53]. No entanto a enculturação exige muito do que aquilo que fazemos ou podemos
fazer na Liturgia. A enculturação não é uma questão da Liturgia. Não é uma questão de culto.
A enculturação deve atingir toda a vida das pessoas que vivem debaixo do sol numa
determinada terra e acreditam em Jesus Cristo.
Será que o que faziam os nossos pais e avós quando uma criança nascia é tu~ contrário
ao Evangelho? E os nomes tradicionais das pessoas serão contrários ao Evangelho? A
maneira como educavam as crianças e jovens; a iniciação dos adolescentes e jovens; a
maneira tradicional de encaminhar os jovens para o casamento; a forma tradicional de
celebrar a morte; os princípios sobre os quais assentava a família; tudo aquilo será contrário
ao Evangelho? A enculturação procura responder a estas perguntas, porque ela consiste em
rever tudo isto, sob a luz do Evangelho, para tirar aquilo que é, realmente contrário ao
Evangelho e conservar aquilo que e positivo e útil.
Isto exige que se distinga bem e muito bem entre o cristianizar para converter e o
colonizar/civilizar, que muito se confundem nos nossos espíritos. Cristianizar e converter são
assuntos relacionados com Cristo e com o seu Evangelho; civilizar e colonizar é o negócio
de copiarmos ou não as atitudes dos outros povos e utilizar ou não as suas técnicas (os seus
instrumentos). Cristo não entra nesta confusão. Ele não se importa se cobres a tua nudez com
13
Vaticano II –Ad gentes- n° 37
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casca de árvore ou com um tecido de terrylene, lã, seda ou outra coisa. Aqui Ele respeita a
tua escolha, menos a escolha de andares nú!
Podemos transferir a plantazinha do copo para um [54] vaso com terra. Aí a planta
vai desenvolver-se um pouco mais, mas não a ponto de termos sombra flores nem frutos, a
menos que a arvore dê cabo do vaso e ir para a terra maciça e al lançar raízes numa perfeita
e sólida aliança entre as duas: arvore e terra.
Assim tem sido a Igreja ou as Igrejas dos países extra europeus: Têm sido Igreja num
copo de água ou em vasos, porque divorciadas da sua realidade cultural e espera-se que elas
singrem! Muitas vezes escangalha-se o vaso para se poder chegar à "terra" e poder-se viver
e então, ouve-se com muita freqüência: Aquela família tão practicante e comprometida;
aquele animador tão comprometido, aquela menina ou rapaz acreditam na feitiçaria, nos
espíritos, consultam curandeiros, vão às seitas, etc,
Este versículo aparece dentro da exortação de Paul? Aos cristãos de Colosso, para
que deixem as obras, mas, inspiradas muitas vezes pela sua cultura, para que se identifiquem
com Cristo, nosso modelo.
14
Col. 3,11.
39
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Tudo certo. Mas isto que o Apóstolo diz aqui não anula o princípio nem nega a
necessidade da enculturação. Isto e tão verdade que em muitas outras passagens encontramos
e vemos o mesmo Apóstolo a bater-se decididamente [55] a favor dos seus gentios e contra
seus irmãos, Apóstolos como ele. Gentios esses que deviam viver segundo a cultura deles,
desde que tal não fira a essência do Evangelho.15 Para apenas citar algumas dessas passagens.
De resto e como se tem dito repetidamente que unidade não é uniformísmo. Não é
fazer todos a mesma coei da mesma maneira. Trata-se, sim e como se sabe, de unidade na
diversidade.
A identidade cultural não significa um fechamento face aos outros, diferentes de nós.
Neste processo é processo ter em conta dois momentos distintos, mas inseparáveis:
15
cfr. Act. 10, 1ss; 11, 1ss; 15, 1ss
40
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41
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[56]
A Igreja não escapa a estas leis da natureza. Apesar de ela ser obra do Espírito Sant~
e da graça de Deus, ela é também obra do homem e, por isso, ela também partilha das
limitações do homem seu componente e autor. Para não sossobrar debaixo dessas limitações
ela necessita de organização: Pessoas ou grupos de pessoas para velar pelos diversos aspectos
da sua vida. Ela exige certas instituições para poder existir e agir com eficácia. Algumas
dessas 1nstituçoes são tão importantes que sem elas não se pode dizer que a Igreja está
implantada num determinado lugar, num determinado povo.
Este capítulo procura refletir sobre esta exigência de organização. É o mesmo texto
do documento Ad Gentes que vai orientar-nos nesta reflexão.
30. Instituições
Comecemos por entender esta palavra "instituições" (que no singular é "instituição".
Esta palavra vem desta outra de "instituir”, que quer dizer estabelecer ou dar origem. Sendo
assim, "instituição” é alguma coisa que foi estabelecido por alguém ou por uma
colectividade, com poder reconhecido para decidir e realizar.
a) O presidente de um país. Uma sociedade decide que deve haver alguém para exercer
determinadas tarefas atribuídas a uma personalidade designada por este nome -
Presidente.
b) A Polícia. Uma sociedade achou necessário e deu origem a uma organização que vele
pela ordem pública
c) A Escola. A sociedade decidiu criar uma organização para educar e instruir as suas
crianças, colectivamente,
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Uma diocese; uma paróquia; um bispo; um vigário de uma diocese: uma secretaria;
um pároco de uma paróquia; um centro de formação de agentes de pastoral: um seminário;
uma congregação religiosa; os serviços da Cáritas, são exemplos de instituições eclesiais (da
Igreja).
31. 0s ministérios.
Para os cristãos de Moçambique o assunto sobre os ministérios não é uma novidade,
a não ser para os cristãos do culto e do relógio (os cristãos que o ser cristão significa apenas
e só o ir à missa e mal está começa também eles começam a contar os minutos, e quando
passam de 45 perdem a devoção e a paciência) para estes, os ministérios serão sempre urna
novidade mal vinda e nunca aceite nem o falar deles, pois, para eles, tudo aquilo é uma
confusão e maçada. Mas deixemo-los.
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Ora o que sabemos, e é verdade, é que nasceram primeiro as comunidades antes dos
padres e irmãs (comunidades apostólicas e primitivas) e que eram assistidas e geridas por
Leigos. Foram aquelas comunidades que "geraram" Padres e Religiosos.
a própria comunidade cristã a dizer ao bispo, ao sacerdote e ao religioso (a) e para a angústia
destes:
34. As instituições
Neste campo é donde se vê de uma forma patente a nossa fragilidade. Na verdade,
não basta ter boas e luminosas idéias e bons planos, mas sem meios para os concretizar. As
instituições têm a tarefa de executar tudo o que a comunidade dos fiéis se propõe realizar
para o seu bem e possibilitar a vida de fé dessa comunidade.
[61] Das nossas Dioceses qual tem um tribunal eclesiásticomo a funcionar? Muitos
casos estão a "apodrecer" prejudicando gravemente os inocentes neles implicado~! Qual
delas tem um Secretariado de Pastoral a funcionar em pleno? Onde estão os Centros para a
Formação dos a: gentes pastorais; para a formação de leigos, para poderem intervir no
domínio social e profissional? Onde estão os Centros de investigação pastoral? Por isso temos
de aceitar materiais importados, que não têm em conta a nossa realidade concreta social e
eclesial. Já estamos habituados a eles e somos peritos em "adaptar". Se isto fosse verdade
sentir-me-ia menos preocupado e mais tranqüilo, mas ...
Estas são as instituições necessárias para fazer "expandir a vida do Povo de Deus.
Que tal? Boas idéias e planos excelente, mas sem meios para realizá-lo equivalem a muito
vinho novo, mas sem odres ... tudo vai por terra abaixo!...
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CONCLUSÁO
Para terminar a nossa reflexão sintetizemos dizendo que parece ter ficado claro que
uma Igreja assenta sobre quatro colunas:
A primeiras é a coluna humana: para que se possa de uma Igreja local implantada,
autêntica, viva e é preciso que ela seja constituída e servida por local, nativa; gente
diversificada em ministérios.
A segunda coluna é a coluna sacio-cultural: Uma Igreja Local não deve ser uma ilha,
um gueto em relação à Sociedade da qua ela faz parte. Quer dizer que a Igreja não deve ser
nem pode ser santa à custa de se i solar em relação à vida social. A Igreja será Igreja quando
ela fôr sal e fermento da Sociedade onde ela procurar lançar raízes. Ela deve ter uma “cor"
através da qual ela possa ser identificada e distinguida entre as demais Igrejas Locais.
[62] Ela deve ter uma fisionomia particular "herdada" da sua sociedade e da cultura
desta última, naquilo que tem de positivo.
A quarta coluna diz-nos que uma Igreja Local, para ela ser promotora e expressão da
vida abundante que está em si mesma, ela deve ser activa e para ser assim activa ela deve ser
assumida pelos seus próprios membros, gerindo essa vida, o que significa o exercício de
ministérios diversificados.
A inexistência destas ou mesmo a sua fraqueza debilita uma Igreja Local ou pode
negar a sua existência; e implantação. Devido à nossa real situação, não falta quem se
interroga sobre se realmente existe uma Igreja Local em Moçambique e, portanto, que seria
mais correcto falar em implantação ou constituição da Igreja Local do que falar da sua
consolidação, pois, consolida-se o que existe.
As quatro colunas são campos onde se apresentam desafios práticos para torná-las
realidades concretas, só assim mereceremos o nome de Igreja Local.
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BIBLIOGRAFIA
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[63] I N D I C E
IN'I'RODUÇAO ................................................................................................................... 6
3. SOBRE AS RELIGIOSAS............................................................................................. 27
14. Distinguir o que é difícil de distinguir. ....................................................................... 27
48
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CONCLUSÁO..................................................................................................................... 46
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 47
I N D I C E ........................................................................................................................... 48
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