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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa
Prof. Dr. Olívia Candeia Lima Rocha

FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA BARROS

A INFLUÊNCIA DA MULHER NAS MÚSICAS CANTADAS NO FORRO


MATRUZ COM LEITE NA DECADA DE 90.

PICOS – PI
2019
FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA BARROS

A INFLUÊNCIA DA MULHER NAS MÚSICAS CANTADAS NO FORRO


MATRUZ COM LEITE NA DECADA DE 90.

Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de


Métodos e Técnicas de Pesquisa, ministrada
pela Profa. Dr. Olívia Candeia Lima Rocha, do
Curso de Licenciatura em História, do campus
Senador Helvídio Nunes de Barros, da
Universidade Federal do Piauí, como requisito
da I Avaliação da disciplina.

Orientador: Fábio Leonardo Castelo Branco


Brito.

PICOS – PI
2019
Sumario:
1. Delimitação do tema...........................................................................................4
2. Justificativa.........................................................................................................5
3. Problematização.................................................................................................7
4. Objetivos.............................................................................................................7
4.1. Objetivo Geral..................................................................................7
4.2. Objetivo específico...........................................................................7
5. Metodologia..........................................................................................................7
6. Referencial teórico...............................................................................................8
7. Cronograma de pesquisa.....................................................................................9
8. Referências..........................................................................................................10
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1. Delimitação do tema:
A origem do termo “forró” há diversas teorias. Logo, no “Dicionário do folclore
brasileiro” (2001), de Câmara Cascudo escreve que a designação provém da palavra
forrobodó, que indicaria divertimento, festança, arrasta-pé, baile reles, bate-chinela,
bailão, baile popular, desordem, confusão. No entanto, a versão mais conhecida é a de
que a palavra forró seja oriunda de uma pronúncia variada da expressão for all, que os
ingleses, no final do século XIX, usavam para referir as festas que franqueavam e que
ofereciam à população local e aos que laboravam na construção das estradas de ferro, no
estado de Pernambuco, após a jornada de trabalho.
O forro eletrônico, é uma versão mais aprimorada, aos moldes da sociedade da
década de 90, onde teve grande repercussão, não só no âmbito regional mais nacional.
Nessa época houve o início do surgimento de várias bandas, mas como foco irei analisar
a banda Matruz com Leite, que dialoga diretamente com tema em questão. A banda teve
origem na cidade Fortaleza Ceará, (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2010), ela trouxe
inovações, com relação às temáticas das letras, que falam de amor e sexo geralmente e
fazem uma introdução de novos instrumentos: como é o caso do Teclado, Baixo-elétrico,
Guitarra, Bateria, Metais (Trombone, Trompete e Sax). Outra inovação é o figurino
(roupas bem curtas para as cantoras e bailarinas).
Suas músicas, no entanto, não posso deixar de mencionar tiveram bastante
influência dos mais renomados cantores como o caso do Luiz Gonzaga, Rei Roberto
Carlos, Jackson do pandeiro, o Trio Nordestino. Os discos, produzidos pela banda, na
época conseguiram “estouro” de vendas. No seu primeiro álbum como título “Arrocha o
Nó” no ano 1992, o disco bateu recorde de vendas com a marca de 400 mil copias, em
apenas algumas regiões do nordeste.
Portanto, o tema aqui proposto tem como função analisar as músicas da banda
Matruz com Leite, e partindo dela procurar visualizar a influência feminina na construção
de algumas músicas, que são produzidas diante de uma perspectiva determinante da época
marcada no final do século XX e início do XXI. As letras produzidas trazem no
imaginário social, as relações entre homem e mulher, diante dos novos estilos de dança,
com uma música mais eletrizada, com ritmos mais variados, e com um teor mais sexual.
Portanto, este trabalho tende a observar a figura da mulher, sendo elas dançarinas,
cantoras, e todas aquelas que faziam parte da sociedade da época. Tendo como recorte
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temporal os anos da década de 90, período que teve maior crescimento desse estilo
musical “o forro eletrônico”.

2. Justificativa:

O que mais me motivou a escolher esse tema, ou na perspectiva de (BARROS,


2005, p. 69), de qual seria a “relevância social” percebida nessa iniciativa, e pode-se
identificar que foi devido à perspectiva de estabelecer um olhar diferenciado sobre a
importância do movimento revolucionário na música predominantemente nordestina “o
forro” sobre tudo “o forro eletrônico”. Demonstrando como a música, passa a invadir
outros espaços antes não ocupados, indo ao encontro ao processo de modernização,
invadindo o elemento subjetivo das pessoas como exemplo as relações amorosas,
assuntos como sexo, e estabelecimento de visões de um olhar marxista sobre a ótica da
mulher, proporcionando novos conceitos e novas perspectivas individuais no âmbito
social.

Nesse aspecto, minha escolha está mais ligada ao interesse em estudar o ritmo tão
renomado o forro eletrônico, sendo também motivado pela proposta do imaginário social
do que vem a ser a mulher nordestina, sobre as temáticas construídas sobre as figuras
femininas ao longo dos anos, pelos próprios nordestinos, uma vez que “tanto o
discriminado como o discriminador são produtos de efeitos de verdade”
(ALBUQUERQUE JR, 2011, p. 31). Ainda, no sentido de uma “relevância científica ou
acadêmica” (BARROS, 2005, p. 69), pode-se identificar que há vários autores que falam
sobre a criação do imaginário social, sendo constituída uma discriminação, e que a figura
feminina passa a ser marginalizada na sociedade, portanto, os estudos de alguns textos
sobre gênero irá proporcionar melhorar o desenvolvimento dessa pesquisa. No entanto, o
que se problematiza nessa proposta, tem como fundamento a leitura dos significados das
músicas cantadas por a banda Matruz com leite, buscando aprimorar esse debate sobre
esse gênero musical.

A identificação das imagens femininas, relacionando-as ao forte apelo comercial


da produção artística deste tipo de manifestação e o impacto que estas músicas produzem
pelo seu caráter explicitamente sexual. Entretanto a busca de entender a figura feminina
é analisar como ela passa a ser inferiorizada e vulgarizada, identificando os vários tipos
femininos construídos: a mulher casada, a baladeira, a rapariga.
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Esses preceitos trazem uma visão com certos conceitos das formas de olhar a
música, presentes na sociedade, como uma nova roupagem, do imaginário social, no
entanto o forro eletrônico se torna um ritmo bem atrativo, e bastante chamativo. Ele passa
a dar origem as novas formas de olhar a música, atendendo assim maior quantidade de
pessoas, e consequentemente produzindo crescimento sobretudo comercial, aumentando
a lucratividades das bandas. Segundo Freire (2010):
O forró eletrônico recebe diversas acusações, entretanto, apresenta-se
como um dos mais vendáveis. O maior lucro das bandas, não é através da
vendagem dos CD’s, mesmo porque com a pirataria fica difícil de fazer
essa contabilidade, o sucesso e consequente lucro, é obtido através da
realização dos shows, das turnês pelo Nordeste, ou dependendo do
alcance da banda, pelo país. As apresentações são, como dissemos, um
espetáculo à parte, as pessoas se identificam com um bordão, inventado
por um intérprete, para assistir as dançarinas e cantar o sucesso do
momento da banda (FREIRE, 2010, p.5)

As letras do forró eletrônico trazem em seu fundo, declarações que repassam para
a sociedade um juízo estereotipado das mulheres, que traçam identidades femininas com
conotação pejorativa e de cunho depreciativo, isso por que, a sexualidade feminina é vista
através de uma ótica machista, onde ela é tratada como produto, mercadoria e objeto.
Assim podemos destacar algumas letras da Banda Matruz com Leite, um exemplo
é música “bomba no cabaré” “Jogaram uma bomba, no cabaré.../ Voou pra todo canto
pedaço de mulher/, Foi tanto caco de puta voando pra todo lado / Dava pra apanhar de pá,
de enxada e de colher!”, essa música sugestivamente deixa bem claro a opinião dos
homens sobre as mulheres, como se fosse um objeto que possa ser montado e utilizado.
Assim como outras bandas também demonstram esse viés como caso da banda Saia
Rodada os títulos das músicas são: Eu vou botando pra dentro; Cachaça com rapariga e
tá assim de quenga; Dança da Minhoca; Coelhinho; Lapada na Rachada; dinheiro na mão,
calcinha no chão.
No entanto, os próprios nomes das bandas denotam a relação de proximidade entre
música e sexualidade: Calcinha Preta, Moleca sem Vergonha, Garota Safada, Ferro na
Boneca, Saia Rodada, Gatinha Manhosa, Kaça Kabaço, são algumas dessas bandas (para
citar só algumas). O forró eletrônico cria “modelos de subjetividade”, as novas gerações
ao verem os artistas se apresentarem no palco quando crescerem vão querer ser cantores
destas bandas (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2010).
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3. Problematização:

Essa pesquisa tem como viés mencionar os modos interpretativos da mulher da


década de noventa por meio da música, identificando os tipos femininos, e como se
estabeleceu o processo de resistência de atitudes preconceituosas, por meio da
descriminação, colocando a mulher em condições de inferioridade. Na música “o forro
eletrônico” passa a processar os estereótipos atribuído a mulher, proporcionando um
apelo comercial, que tende a coloca a figura feminina em moldes estruturais entre a
rapariga, a puta, a solteira, a casada. No entanto, qual a importância e relevância desse
estudo, para a sociedade atual? Em perspectiva a música passa a ser objeto de estudo para
os discursos de gênero? Como o forro eletrônico da década de noventa passa a ser visto
pela sociedade da época? Qual era o objetivo da banda Mastruz com leite em utilizar
estereótipos femininos nas suas produções musicais?
4. Objetivos:

4.1 Objetivo geral:

O objetivo a ser abordado nesse texto, é procurar entender a construção de


estereótipos femininos, sobre a mulher nordestina, a partir do Forró eletrônico no
Nordeste no final do século do XX e início do XXI.

4.2 Objetivos específicos:


• Comprovar a partir das letras da música o sentido implícito e interpretativo do
homem sobre a mulher.

• Empreender um estudo dos discursos de gênero que são característicos da região


Nordestina, através do estilo musical “o forro eletrônico”

• Apresentar possibilidades de superar os discursos que vitimizam os sujeitos dentro


do recorte espacial a partir das letras de músicas da banda Matruz com Leite.

5. Metodologia:

Diante a natureza de pesquisa sobre esse assunto, tem como perspectiva


exploratória e descritiva, analisar os discursos produzidos perante a figura da mulher
através das mudanças culturais, marcadas por tradicionalismos, como no caso do forro
tradicional de Gonzaga. O forro eletrônico tem uma nova roupagem cultural nos moldes
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sociais, diante das pessoas que viviam na década de 90, já final do século XX. No entanto,
essa pesquisa buscou olhar as perspectivas sobre a música, que é fonte primaria desse
trabalho, de como eram produzidos os discursos sobre a mulher pela lógica masculina
marcado pela hegemonia de interpretações vulgarizadas, em sentidos pejorativos e de
certa forma discriminador.
Esse trabalho, foi produzido também por meio de fontes secundárias a partir de
leituras, de artigos científicos, que desenvolvem o tema, também por meio de livros que
falam do imaginário social, da figura da mulher e do próprio fenômeno cultural dos cantos
musicais, como no caso o forro que é análise desse discurso. Portanto essa pesquisa pode
ter como resultado, ver a mulher no final do século XX, analisando como ela é vista de
forma hegemônica como influenciadoras das produções musicais, não de forma
qualificadora, mas de forma depreciativa sobre um discurso predominante masculino.

6. Referencial teórico:
Diante desse trabalho, procurei utilizar como embasamento teórico autores que se
relacionam com o imaginário social como é o caso do Durval Muniz Albuquerque Junior,
que propôs uma ressignificação ao imaginário nordestino, assim como na música o autor
fala um pouco sobre o próprio Luiz Gonzaga como símbolo de interpretação regional,
assim como se refere a uma nova reinterpretação em destruir a visão estereotipada e
distorcida do Nordeste e reinventar um entendimento. Logo o Durval nessa pesquisa me
influenciou a observar como a música é produzida, diante do olhar do produtor que vive
inserido numa sociedade machista, com a formulação de estereótipos presente no seu
imaginário.
A própria origem dos discursos é formuladora dessa interpretação um autor que
aborda os estudos sobre as ordens dos discursos é Michel Foucault, que dialoga como
esses discursos são formulados e como influenciam nos pensamentos das pessoas que
estão antes da própria fala. Já como estudo do próprio fenômeno cultural o forro
eletrônico autores como Felipe Trotta se referem ao processo de transformação do gênero
musical entre o forro pé de serra, visto principalmente com cantor Luiz Gonzaga, com o
forro eletrônico que no caso dessa pesquisa tem como ênfase a banda Matruz com Leite.
O próprio autor Trotta faz referencia a masculinidade do forro, de como a hegemonia
masculina tem dominado o campo musical perante um viés de uma sociedade machista.
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7. Cronograma de pesquisa:

DESCRIÇÃO DAS MESES 2019/2020


ATIVIDADES

MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL

LEVANTAMENTO X X X X X
BIBLIOGRÁFICO

COLETA E X X X X X
ANÁLISE DE
DADOS

PRODUÇÃO X X X X X X X X X X X X
TEXTUAL DA
MONOGRAFIA

ENTREGA DA X X
MONOGRAFIA
[TCC 1 E TCC 2]

APRESENTAÇÃO X X
DA
MONOGRAFIA
[TCC 1 E TCC 2]

CORREÇÕES E X X
ENTREGA DA
VERSÃO FINAL
DA
MONOGRAFIA
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8. Referências:

CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. 11. ed. Edição ilustrada. São Paulo:
Global, 2001.
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval M. de. “O nordestino de Saia Rodada e Calcinha
Preta ou as novas faces do regionalismo e do machismo no Nordeste” In QUEIROZ,
André L. dos S. (org). Arte & pensamento: a reinvenção do Nordeste. Fortaleza: Serviço
Social do Comércio – AR/CE, 2010.
ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz. A invenção do nordeste e outras artes. 5. ed. São
Paulo: Cortez, 2011.

BARROS, José D’Assunção. O projeto de pesquisa em História: da escolha do tema ao


quadro teórico. Petrópolis: Vozes, 2005.

FREIRE, Libny Silva. É Rapariga, É cabaré: Retratos Femininos no Forró Eletrônico.


Paraíba, 2010.

TROTTA, Felipe. No Ceará não tem disso não: nordestinidade e macheza no forró
contemporâneo. Rio de Janeiro, Folio Digital Letra e Imagem, 2014.
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de France,
pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

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