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ALGUNS
LIMÕES
APENAS
ALGUNS
LIMÕES
Marcelo Gomes
APENAS ALGUNS LIMÕES
Marcelo Gomes
Espaço Palavra Publicações
Categoria: Espiritualidade
Copyright © 2010 por Espaço Palavra Publicações
Título: Apenas alguns limões...
Autor: Marcelo Gomes
Capa: Jonatas Liasch
101 pp.
ISBN: 978-85-61525-04-0
Publicado por:
ESPAÇO PALAVRA PUBLICAÇÕES
Maringá – Paraná – Brasil
Telefone: (44) 3301 9925
www.espacopalavra.com.br
espacopalavra@espacopalavra.com.br
O que você faria se alguém lhe desse alguns limões? Pois bem,
não há muito que fazer. Você poderia deixá-los num recipiente
qualquer, sob a ação do tempo, até que, finalmente,
apodrecessem e devessem ser jogados fora. Poderia, quem
sabe, cortá-los ao meio e desfrutá-los ao natural, o que
certamente traria um gosto azedo à língua. Mas também
poderia combiná-los a outros ingredientes, como açúcar, água
e gelo, preparando uma refrescante limonada.
Marcelo Gomes
Setembro de 2010
ÍNDICE
9
editora, contando testemunhos de conversão, chamado,
reconciliação e cura. Maridos compartilharão que, com o livro,
aprenderam a amar suas esposas. Esposas compartilharão que,
com a ajuda do livro, conseguiram perdoar seus maridos. Os
jovens o lerão sem dificuldades e com grandes
desdobramentos. Pastores, evangelistas e obreiros utilizarão
seu conteúdo em mensagens, aulas, palestras, cursos; também
falarão de milagres que experimentaram ou viram à medida
que reproduziam a mensagem.
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baseada na Bíblia, tomada de suas páginas, exposta com
paixão e unção espiritual. Descobrirão que poderá ser feita por
quantos a quiserem pregar; outras, em outros textos, com
outras aplicações, mas igual poder transformador, surgirão e
percorrerão o mesmo caminho.
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O CAMINHO DA FELICIDADE COM PROSPERIDADE
Reflexão no Salmo 01
Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei
medita de dia e de noite.Ele é como árvore plantada junto a corrente
de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto e cuja folhagem não
murcha; tudo quanto ele faz será bem sucedido.Os ímpios não são
assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. Por isso, os
perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na
congregação dos justos. Pois o Senhor conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios perecerá.
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O fato é que, para o salmista, estas duas realidades só podem
caminhar juntas – e caminharão – na vida do justo (os ímpios
não são assim). E o justo, por sua vez, não é aquele que alimenta
um conceito de justiça própria, mas, em primeiro lugar, aquele
que foge radicalmente do pecado (bem aventurado o homem
que...)! O justo não se deixa influenciar pelos conselhos e
sugestões dos que não temem a Deus. Não acompanha e não
toma como modelo aqueles que obedecem tão somente suas
próprias inclinações pecaminosas. Não se envolve e muito
menos associa-se com aqueles cujos lábios e corações se
deleitam no mal. O justo foge destas coisas – e pessoas!
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O justo encontra em Jesus Cristo seu modelo de justiça. Nele é
justificado. Por seu Espírito Santo é conduzido no caminho da
justiça. Por tudo isso, pode ser reconhecido como bem
aventurado, isto é, feliz, e como aquele que tudo quanto fizer
prosperará. O Senhor, por meio de Jesus Cristo, é a razão de
sua felicidade. O relacionamento com Ele, com Sua lei e com
Seu Espírito é o motivo de seu sucesso. Nada pode ser mais
importante em sua vida e nada pode prejudicar este
relacionamento alegre e amoroso.
14
HOMENS, DEUSES E MONSTROS.
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confiança aos bens de consumo que é capaz de adquirir.
Mesmo a razão, tão necessária na produção científica e
tecnológica, foi rebaixada ao status de artigo de uso,
descartável.
16
CUIDE DO SEU CORAÇÃO
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de sepulcros caiados. Dele foi profetizado que “não tinha
aparência, nem formosura”, mas “vimos sua glória, como do
unigênito do Pai”.
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UM LUGAR GARANTIDO
Havia mais um. Sim, mais um. Jessé, típico pai desnaturado, se
esquecera dele. Era o mais novo. Não estava em casa; cuidava
das ovelhas, no campo. Chamava-se Davi. Tinha pouca idade.
Quem diria que poderia tratar-se dele? Era o próprio. “Mande-
o chamar!” – exclamou Samuel. “Não nos assentaremos à mesa
enquanto ele não chegar”. Chegou. Tudo se esclareceu. “Este é
ele!” – declarou o Senhor.
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dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-
la. Este mandato recebi de meu Pai”. Também para os
discípulos, revelou: “não fostes vós que escolhestes a mim; eu
escolhi a vós e vos designei para que vades e deis fruto”.
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GIGANTES DO CAMINHO
Entre aquele dia no qual foi ungido rei e aquele em que subiria
ao trono, Davi viveu muita coisa. Há uma relação bastante
complexa entre a vontade de Deus e o tempo de Deus. Antes
de ser coroado, Davi precisava ser provado. E aprovado. Antes
de conduzi-lo ao conforto do palácio, Deus o conduziu ao
campo de batalha: havia um primeiro gigante a ser vencido.
Davi não era soldado. Foi ao campo por ordem do Pai, para
levar mantimentos aos irmãos e trazer notícias. Ocorre que
não pôde admitir o que viu: um filisteu incircunciso, confiado
em armas humanas, afrontando o Senhor dos Exércitos? Não
era uma cena aceitável para seu coração cheio de fé. Ofereceu-
se. Recusou armaduras e espadas. Girou sua funda ante um
gigante desdenhoso e blasfemo. Matou-o com uma pedrada na
testa. Foi declarado grande entre os homens de Saul.
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virtude subsiste, senão por acidente. João vinculou a coragem
ao amor: “no amor não existe medo; antes, o verdadeiro amor
lança fora todo medo”.
Davi foi moldado para reinar desde antes de sua unção por
Samuel, enquanto pastoreava suas ovelhas e as defendia dos
perigos, vencendo gigantes como o medo. Mas sua luta com
Golias ensinou-lhe mais: que é preciso vencer o gigante da
incredulidade, o gigante da inércia, o gigante da prepotência e
o gigante da autossuficiência. Gigante, mesmo, na vida do
crente, somente o amor de um Deus cuja grandeza excede toda
capacidade humana de compreensão.
22
ESCOLA DE REIS
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cidades da Galiléia aos encantos de Jerusalém. Quando
multiplicou os pães para uma multidão faminta, fugiu
daqueles que desejavam fazer dele um rei político, terreno.
Sua identidade estava segura em Deus e na sua vontade, não
nos homens e suas falsas devoções. Com Jesus aprendemos
que majestade e fama nem sempre andam juntas, mas
majestade e serviço não podem ser dissociados.
Davi viu um rei mau em ação e isso lhe foi útil. Podemos
crescer tanto pelos bons exemplos, que queremos imitar, como
pelos maus, dos quais queremos nos afastar. As crises de Saul,
o deserto, as privações e os conflitos fizeram com que o futuro
rei de Israel amadurecesse. Deve ter agradecido por tão
intensa escola. Caso contrário, nada teria aprendido. E de nada
teria valido tamanho sofrimento.
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SOBERANIA DE DEUS E LIBERDADE HUMANA
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“paradoxos”: verdades que se excluem mas permanecem
como verdades. Não há possibilidade de harmonização. Falar
da soberania absoluta de Deus exige que suspendamos, por
um pouco, o tema da liberdade; falar da liberdade humana
exige que, por um pouco, suspendamos o tema da soberania.
Não há outra saída. Todas as tentativas de harmonização
beiram as raias da heresia, pois diminuem uma ou outra
verdade.
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PREDESTINAÇÃO E ADORAÇÃO
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Diferentemente, porém, do que se possa pensar, não foi o
objetivo de Paulo propor uma espécie de determinismo
espiritual, no qual os salvos já estão inequivocamente
definidos e os perdidos, irremediavelmente condenados, não
havendo nada a fazer. Não podemos nos esquecer de que
Paulo foi o maior missionário da história do cristianismo,
tendo pregado insistentemente a todos quantos encontrou pelo
caminho, instando-lhes a que se convertessem e fossem
perdoados. Nunca mencionou predestinação em qualquer
mensagem evangelística. Jamais pregou a não crentes
influenciado por esta doutrina.
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mesmo Paulo: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, tolerância e
longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?” (Romanos 2:4). Toda glória a Deus! Sempre!
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SOBRE A SIMPLICIDADE DA FÉ
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O simples não deseja ser grande; esse é o soberbo. O simples
não deseja ser pequeno; esse é o complexado. O simples deseja
ser útil a todos, pois sabe que o poder e a glória são de Deus.
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A FÉ QUE PRECISAMOS
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Spurgeon sugeriu que não é uma grande fé, mas uma fé
verdadeira que salva. Descobriu que o mais importante não é
quanto cremos, mas em quem cremos. Sabia que a fé não
alcança suas vitórias por ter se tornado forte e evidente, mas
por encontrar como sua contrapartida a graça incondicional e
irrestrita de um Deus que tem prazer em abençoar. Como
orientou-nos Karl Barth: “nossas orações são fracas e pobres;
contudo, não importa que nossas orações sejam fortes, mas
que Deus as ouça”.
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como um grão de mostarda veria um grande milagre. E viu.
Era um homem como nós, amado como nós.
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A ESPERANÇA QUE PRECISAMOS
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Paulo escreveu que “a esperança não confunde, pois o amor de
Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito”.
Lembrou-nos de que a esperança do crente é uma esperança
em Deus. Não é uma expectativa de dias melhores. Não é uma
“torcida” em favor de um futuro promissor. Não é um
otimismo em linguagem evangélica. É uma expectativa segura
no amor de Deus, uma participação presente no futuro de
Deus e um descanso tranquilo na vitória de Deus.
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não, sofrendo ou não, que nossa esperança também não pode
morrer. É uma esperança bendita! Bendito seja Deus.
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O AMOR QUE PRECISAMOS
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Se Deus é amor, amar é participar da vida de Deus.
Experimentar sua existência concreta, real. Assumir o aspecto
mais extraordinário de sua identidade divina e resgatar a
beleza de nossa própria criação à sua imagem e semelhança.
Se o pecado consiste em usurpar a glória de Deus pelo desejo
de onipotência, a redenção consiste em nos identificarmos com
Ele no amor. Quem ama, é nascido de Deus.
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para que através do amor Deus seja conhecido e glorificado.
Deus é amor!
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ALMAS, VIDAS, MUNDO E SALVAÇÃO:
QUEM DÁ MAIS?
“Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”. Esta frase foi
citada em “A lista de Schindler”, filme dirigido por Spielberg
sobre os horrores do Holocausto e a coragem de pessoas que
não se deixaram INTIMIDAR pela tirania dominante. É um
trecho do Talmude, código moral e religioso dos judeus, e foi
gravada num anel dado de presente ao protagonista do enredo
em gratidão pelas muitas vidas que salvou. No filme, após
receber o presente, Schindler tem um acesso de desespero e
revolta-se. “Por que fiquei com o carro?” -- pergunta,
apontando para o veículo particular. “Quanto vale este carro?
Quantas vidas poderia salvar com ele?”
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Na segunda cena, eis Jesus diante do diabo. Diabo disfarçado.
Diabo em potencial. Judas Iscariotes. Jesus já o tinha
denunciado como diabo (Jo 6:70). Não havia dúvidas sobre sua
verdadeira identidade. Mas, quando tudo caminhava para o
fim, eis Jesus prostrado, diante de Judas. Lava-lhe os pés,
como aos demais. Jesus prostrado diante de um homem
possuído pelo diabo. E por quê? Por desejar salvar-lhe a alma.
Por desejar tocar-lhe a alma. Estava entregando sua própria
vida também por aquela alma. Jesus conhecia -- e conhece --
bem o valor de cada alma. De cada vida humana.
Agora, a pergunta que não pode calar: quanto vale uma alma
para você? Quanto vale a sua própria alma? O que você faria,
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quem sabe ainda hoje, para salvar uma vida? O que daria,
para ver um pecador redimido pela graça de Deus?
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O CEGO QUE SE FEZ DE SURDO
PORQUE ENXERGAVA DEMAIS!
Mas nosso cego não era qualquer um. Embora ouvinte preciso,
era suplicante persistente: fingiu-se de surdo para não ter que
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dar ouvidos às palavras dos amargurados da ocasião. Quanto
mais mandavam-no calar, mais ele gritava (nossas avós
costumavam dizer que “é melhor ouvir besteira que ser
surdo”, mas não parece que era esta a filosofia de nosso
amigo-exemplo; surdez, certos momentos, é virtude
providencial).
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POR QUE SOU CRISTÃO?
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Em terceiro lugar, e mais importante, somos cristãos porque
reconhecemos na figura histórica de Jesus Cristo, a encarnação
do Deus Criador, em visita à humanidade perdida.
Reconhecemos em sua vida de poder e humildade a
solidariedade do Deus que se importa conosco. Reconhecemos
em sua morte na cruz o preço pago por nossos pecados.
Reconhecemos em sua ressurreição a vitória definitiva sobre a
morte e a abertura para a eternidade ao lado de Deus.
Reconhecemos e cremos!
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JESUS CRISTO OU O SUPER-HOMEM?
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Jesus Cristo não é o super-homem. Não veio ao mundo para
punir vilões e salvar inocentes. Também não veio para integrar
comissões de estudos ecológicos ou fundar organizações não-
governamentais de ação social. Veio para libertar-nos de nós
mesmos, nossos pecados e miséria, concedendo-nos a salvação
que conquistou na cruz. Ensinou-nos a ética do amor e deu sua
vida por nós. Satisfez a justiça que há na lei e convidou-nos
para os benefícios de sua graça. Chamou-nos para o seu reino.
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Somos duros de coração e tardios para entender tudo que
Deus planejou para o nosso bem. Ainda não nos demos conta
de todas as vitórias que Jesus conquistou e nos disponibilizou
por sua generosidade. Permanecemos tímidos, ignorantes e
iludidos por nosso próprio engano. Talvez por isso, ao se fazer
passar por um ser humano normal, o super-homem adote a
figura ingênua e desinteressante do Clark Kent. Foi o jeito que
encontrou para dizer como nos vê: bobos e perdidos,
atrapalhados e distraídos com nossos problemas. Incapazes de
perceber o que está bem diante do nosso nariz...
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SOBRE CAÇADORES E SEMEADORES
51
paz; sequer esperança. O futuro do caçador é nebuloso e
caminha na direção da escassez e da extinção. Não há caça que
dure para sempre.
52
PEREGRINANDO
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Mas para onde? Qual é o lar? Onde é a casa? Jesus já falou: “Na
casa do meu Pai há muitos quartos. Se assim não fosse, eu diria,
pois vou preparar-vos lugar” (João 14). Existe um destino final
que não é mais que um retorno à origem: de Deus viemos e para
Deus voltaremos. Tem lugar para nós na casa do Pai.
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e peregrinos na terra... homens dos quais o mundo não era
digno” (Hebreus 11:13 e 38).
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PROGRAMA FIDELIDADE
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- “Gasolina...”
- “Completa?”
- “Isso...”
- “Posso verificar o óleo e a água?”
- “Por favor.”
- “Gostaria de fazer o cartão do posto?”
- “Cartão?”
- “É... cartão fidelidade. Com ele o doutor ganha desconto
na hora de encher o tanque.”
- “Hoje não”.
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Percebi que comer dez vezes num mesmo lugar não me faz
fiel; apenas constante. Assim como mudar de restaurante não
me faz infiel; apenas alguém que gosta de variar. Quanto ao
meu relacionamento com Deus, aqui sim, almejo fidelidade.
Sei que não precisarei de cartões. O carimbo é no coração. E já
fui carimbado. Uma vez por todas.
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FIDELIDADE A TODA PROVA
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A fidelidade segundo Deus, contudo, encontra na dificuldade
sua razão de ser e permanecer. “Ainda que a figueira não
floresça”, disse Habacuque. O fiel é fiel no pouco, na ausência,
na privação, na provação e em condições inóspitas. Sabe que
Deus é fiel para socorrer, fortalecer, orientar e, finalmente,
conduzir em triunfo. Vale a pena esperar, orar e descansar no
cuidado do Pai.
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admite. Por isso ouvimos, já de nossas crianças, na mais tenra
idade, o tal do “ele fez primeiro”; ou ainda: “ele começou”. A
esposa era fiel, mas quando descobriu a infidelidade do
marido... O empregado era honesto, mas quando foi
ludibriado pelo patrão... A pessoa era correta em sua fé e vida
cristã, mas quando o pastor caiu... ou o líder a ofendeu... ou a
amiga a enganou...
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CASAIS INTELIGENTES PERMANECEM JUNTOS.
E JÁ SÃO RICOS!
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Eu reconheço, é óbvio: ninguém pode dar o que não possui;
mas não é tão óbvio, ao menos para a maior parte dos casais
de hoje, que a inteligência afetiva revela-se mais no
compartilhar que no conquistar. Dai e ser-vos-á dado... – disse
Jesus. Ele sabia que nenhum sustento vem do simples fato de
alguém ser ganancioso ou mesquinho, mas do fato de confiar
em Deus e, de suas mãos, aguardar a providência. Se ele não
edificar uma casa, em vão trabalham os que a edificam; se não
guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas; se não der aos
seus amados, em vão levantam cedo, dormem tarde...
63
espiritual diz que é melhor buscar o Reino de Deus e sua
justiça; todas as demais coisas serão acrescentadas.
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O DIA EM QUE UM HOMEM AJUDOU DEUS
Imagine...
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Dentre o povo vem a ajuda. Cireneu, um simples espectador
do martírio, é tomado à força e obrigado a intervir. É escolhido
para continuar carregando a cruz de Jesus Cristo. De repente,
o homem ajuda Deus na dura missão de redimir a
humanidade. Não era necessário que fosse ele. Podia ser
qualquer um. Afinal, a cruz era de qualquer um, menos de
Jesus. Mas foi ele o escolhido. Aparentemente por homens,
mas certamente por Deus. Escolhido para levar, ainda que por
um pouco, a cruz que deveria mesmo estar sobre os seus
ombros. Sobre os ombros de todos nós.
66
AJUDA POLÍTICA OU ESPIRITUAL?
67
A ajuda espiritual, por sua vez, tem outras características:
considera a pessoa (quem é o que me pede? Qual sua história?
Como chegou até aqui?), fundamenta-se no amor (o poder, em
última instância, é sempre de Deus!), objetiva a glória de
Cristo (importa que Ele cresça e que eu diminua!), trabalha
pelo avanço do Reino (Deus é soberano!), e orienta para a
liberdade dos filhos de Deus (Deus cuidará de mim sempre
que eu precisar!). Sabe a diferença entre desejo e necessidade. É
ajuda tanto no “sim” quanto no “não”. Produz frutos para a
eternidade.
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imagem. Foi crucificado por elas, mas ressuscitado e exaltado
pelo Espírito de Deus. Recebeu um nome acima de todo nome...
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NÃO SOMOS ANIMAIS! OU SOMOS?
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O resultado dessa equação, porém, é desastroso. Os mesmos
instintos que conduzem ao apetite sexual desenfreado, ao
vício, à gula e às experiências de prazer sem limites,
conduzem ao ódio, à violência, aos homicídios e a toda forma
de agressão ao próximo. Instintos trabalham na busca do que o
organismo considera essencial, mas também na defesa de sua
integridade e primazia, contra as ameaças que o outro, às
vezes, representa.
71
consciência já está cauterizada, tornou-se incapaz de julgar e
de reprimir os instintos nocivos. Não passa de uma estrutura
animal e sem percepção ética.
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UMA BAGUNÇA SÓ... NADA MAIS!
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movidos por uma causa comum. Não posso aceitar que o
inferno seja uma organização, contrária ao Reino de Cristo e
com expectativas de sucesso ou triunfo final. Não faz sentido.
O céu não passou por um “racha”, do tipo que enfrentam
igrejas ou partidos políticos, mas expulsou de seu meio os
rebeldes, os usurpadores, os orgulhosos irreconciliáveis,
condenando-os à distância eterna. Seu pecado não foi uma
idéia alternativa ou discordância pontual, mas a insubmissão
narcísica de quem não se rende a autoridade de quem quer
que seja, ainda que a autoridade seja o próprio Deus.
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que é quem nos conduz efetivamente a todo caminho de
arrependimento. Sua ação no mundo não é organizada,
articulada ou planejada, mas movida por impulsos,
sentimentos de ódio e ímpeto destrutivo. Tornam semelhantes
a eles todos quantos lhes dão ouvidos e seguem seus passos.
Foi assim que caíram juntos: imitando uns aos outros e, todos,
ao primeiro da fila. Quem não os conhece que os compre...
75
BERKELEY E O ANONIMATO
76
dentre outras, pela tese “ser é ser percebido” (esse est percipi).
Simplificando, significa que não conhecemos a substância
material em si, mas aquelas informações que nos são
comunicadas através de nossas capacidades perceptivas. Por
isso, a realidade não seria mais que a experiência da mente
individual de perceber o mundo exterior. O best-seller “Mundo
de Sofia”, de Jostein Gaarder, foi construído em torno desta
tese.
77
percebido por Ele. Conhece-nos. Esquadrinha-nos. Chama-nos
pelo nome. Pelo nome!
78
NÃO SOU EFICIENTE!
Mas também não sou eficaz. Ah, como gostaria de ser... Erro
mais que acerto, julgo equivocadamente, precipito-me.
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Produzo aquém do que consideram – ou considero – meu
verdadeiro potencial e não tenho clareza a respeito do que é
fundamental. Chego aos resultados questionando-me sobre
sua validade; penitenciando-me por valores que deixei pelo
caminho. Arrependo-me. Defendo-me. Não me compreendo.
80
quem me livrará do corpo dessa morte? Graças a Deus por
Jesus Cristo, nosso Senhor...
81
OU NÃO ME CHAMO...
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vontade de Deus. Queremos ser os donos de nós mesmos e
nossos sonhos. Queremos acreditar que nossos nomes, com
toda sua aparente importância, são garantias de realização dos
nossos planos. Queremos ser especiais, mesmo quando já nos
declaramos cristãos. Ainda mais quando nos declaramos
cristãos.
83
VITÓRIA SOBRE A INVEJA
84
inveja”, o irmão menor sendo amamentado nos braços de sua
mãe: “a inveja pouco ou nada se relaciona com o que o outro
tem. Trata-se de que o outro aparece unido ao que tem,
oferecendo a imagem de uma completude que se basta”.
O invejoso está à procura dessa plenitude que lhe baste, a qual não
encontra jamais e cuja ausência só faz aumentar o vazio de sua
alma. Ao deparar-se com o outro em situação de aparente
completude, pois a imagem dessa satisfação pode ser real ou
ilusória, inveja, desejando não apenas o objeto com o qual o outro
parece unido, mas aquela união em si, aquela sensação de
felicidade que desconhece. Em casos extremos, desejará destruir o
outro e não somente o objeto com o qual está ligado ou se satisfaz.
Por tudo isso, a vitória sobre a inveja não consiste no “ter” ou,
menos ainda, no “não desejar”. Consiste no ser inteiro, no
estar em paz; na experiência do amor mais puro e genuíno. A
vitória sobre a inveja consiste no ser íntimo de Deus e cheio do
Espírito Santo. Trata-se do privilégio de “ser unido com Ele
numa completude que se basta”. Trata-se de ser unido com Ele
numa completude da qual todos podem desfrutar igualmente,
85
pois não faz acepção de pessoas. Trata-se de aprender com o
modelo de Cristo, que, sendo UM com o Pai, esvaziou-se de
seus “pertences” para doar-se e tornar-se Salvador. Nessa
completude o “ter” dá lugar ao “ser”.
86
A DITADURA DO BEM-ESTAR
87
Na prática da felicidade evangélica, por outro lado, o choro é a
porta para a consolação, a fome e a sede, os critérios de valor
da verdadeira saciedade, a perseguição, alternativa para o
milagre, e a humildade, o caminho para a intimidade. Feliz o
que morre para si mesmo e renasce para Deus. Sua vida é
afirmada, seu valor, confirmado, e sua paz, garantida. O
próprio Cristo do evangelho, em sua simplicidade e vitória,
torna-se o seu guardião. Nas palavras de C.S.Lewis: “A
obediência é o caminho da liberdade, a humildade, o caminho
do prazer e a unidade, o caminho que conduz à
personalidade.” Assim, quem perde a sua vida irá salvá-la.
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conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, seu prazer
está na lei do Senhor, na qual medita de dia e de noite” (Salmo
1:1-2). Faça o teste. Seja, de fato, muito feliz!
89
ESSE TAL
Acho que aprendi a lidar com ele. Sua oferta não é posse, é
oportunidade. Jamais prometeu submeter-se, mas nunca
deixou de apresentar-se como opção e novidade. Sua essência
é começo. Sua força, percepção. Que seria dele, não fosse
90
contado, avaliado, amado, odiado, mas, em hipótese alguma,
desprezado? De seu tamanho só sei o que tive, não o que terei.
Aproveito-o, reinventando a mim mesmo e minha relação com
ele. Provoco-o, fingindo, às vezes, que o dominei por
completo. Mas não chega a irritar-se comigo. É generoso esse
tal...
91
CONTANDO OS DIAS, REMINDO O TEMPO
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O agora se revela, então, tempo oportuno (interessante que, na
expressão “remindo o tempo”, Paulo tenha escolhido o
substantivo grego kairós – tempo especial – e não chronos –
tempo corrido). Quem vive o agora com sabedoria, reconhece
a finitude da vida e a malignidade do mundo, preferindo
semear para os relacionamentos e para a eternidade a entrar
na roda viva de uma busca alucinada por recursos, fama,
valorização e poder. Sua pátria está nos céus...
O sábio não pode dizer quanto tempo tem pela frente, mas
conhece o que tem pela frente. Sabe que é Deus quem o
aguarda, no futuro que Ele mesmo preparou para aqueles
cujos corações abriram-se para a sabedoria da fé e da confiança
em Sua salvação. Crê na obra redentora de Cristo, para quem o
tempo neste mundo foi brutalmente abreviado, mas para
quem também as portas da glória foram abertas de uma vez
por todas, fazendo dele o primogênito de muitos irmãos.
93
Por hora, cabe-nos acolher o desafio da sabedoria e orar com o
salmista: “ensina-nos a contar os nossos dias, para que
alcancemos corações sábios” (90:12).
94
AINDA CHEGO LÁ!
95
Ainda chego à estatura de um Paulo. Ainda venço essa tendência
muito minha de olhar para trás com mágoas, remorsos,
melancolia. Passado não é carga, é caminho. Não fiz tudo que
gostaria ter feito. Errei, sim. Talvez, mais do que acertei. Fui
infantil, tantas vezes. Inconveniente, outras tantas. Injustiçado,
certamente. Prejudicado, sem dúvidas. Mas nunca uma vítima.
Isso, não. Aprendi com Jesus que “não cai um fio de cabelo da
cabeça se Deus não o permitir”. E também com o apóstolo: “todas
as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus”.
96
Ainda aplaco esse fogo que consome por dentro quando
discordam das minhas idéias ou rejeitam-me as opiniões.
Ninguém é obrigado a seguir meus conselhos. Minha
autoestima não está ameaçada quando desprezam minhas
convicções. Não preciso elevar o tom de voz, argumentar com
rispidez ou depreciar as razões de quem me confronta.
Novamente, com Paulo: “se alguém pensa diferente, Deus o
instruirá”. Quem sabe não sou eu quem precisa de instrução?
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CONFISSÕES DE UM JOVEM PASTOR
98
entusiasmante que a pregação, até começar a lidar com sua
real dificuldade: o que dizer, semanalmente, a um mesmo
povo, que torna-se cada dia mais exigente e com memória
cada vez mais fiel? Erasmo de Rotterdam diria: “odeio o
ouvinte de memória fiel”. Cri que daria conta, tranquilo, dos
aconselhamentos, até começar a perceber que o problema das
pessoas não é a ignorância sobre as soluções disponíveis, mas
uma infinidade de medos a que não temos acesso, senão com
muita paciência, acolhimento e amor. Acreditava que
organizaria facilmente os ministérios e departamentos da
igreja, conforme os muitos manuais à disposição para
qualquer tipo de visão eclesiástica, até que comecei a perceber
que não é organização que falta à igreja, mas
comprometimento.
Confesso que me vi sozinho, inúmeras vezes. Encontrei mais
concorrentes que amigos entre aqueles que, como eu,
lançaram-se ao desafio do ministério. Comportei-me também,
muitas vezes, como um competidor, em busca da maior igreja,
da mais numerosa membresia, da maior arrecadação e dos
melhores contribuintes. Alimentei certa inveja, quando tais
resultados se faziam presentes no arraial do colega. Embora
tenha sido politicamente correto, sem jamais ultrapassar certos
limites éticos e de convivência, reconheço que Deus sabe o que
se passou em meu coração nessa complicada área das
realizações e dos resultados. Chorei diante Dele, mas não pude
compartilhar minhas dores. Demorei para encontrar em quem
confiar, pessoas que não exporiam meus dramas juvenis para
minar as bases de meu pastorado.
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Confesso que, desde o começo, faltaram referenciais mais
sólidos para a construção de meu caráter. Não somente
morais, pois que não foram poucos os escândalos que vi
envolvendo pastores e líderes, mas inclusive de paciência e
incentivo. Por que os mais velhos não podem relevar a
mocidade dos mais novos? Por que exigem tanto? Olham-nos
com evidente desconfiança, enciumados, afastando-nos de si
mesmos e de seus ambientes de poder ou influência. Não
poderiam ensinar-nos? Compartilhar conosco suas
experiências e descobertas? Poupar-nos dos mesmos erros que
cometeram, para que possamos cometer erros novos?
Confesso que precisei de guias mais confiáveis e amorosos,
dispostos a abençoar meu ministério sem que desejassem se
impor sobre mim ou desqualificar-me diante das ovelhas que
Deus mesmo me confiou.
Confesso, depois de não muitos anos, que não tenho as
respostas que achava ter, lá no começo. Há muitas frustrações
e desilusões reservadas para os pastores. Pensei em desistir e,
às vezes, até hoje, ainda penso. Creio que Karl Barth tinha
razão quando disse que “os apóstolos e profetas não querem
ser o que são; eles têm de ser. E, todavia, eles são”. Agora
entendo o que Tiago quis dizer quando orientou-nos a não
aspirarmos, não muitos de nós, a sermos mestres. Identifico-
me até com Jeremias, que derramou-se diante de Deus,
seduzido pela vocação e apavorado com suas implicações,
oscilando entre o não querer falar e a percepção de um fogo
que o queimava até que falasse. Deus é um fogo consumidor.
Não nos queima por que não somos o que Ele quer que
sejamos, mas até que o sejamos. E, assim, vamos de dor em
dor, de luta em luta, de fé em fé.
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Mas confesso que, apesar de toda angústia envolvida, é
maravilhoso estar onde se crê ser a vontade de Deus. O
resultado que vale é um coração confiante na graça de Cristo e
na vitória de Sua cruz. O caminho Dele também não foi fácil.
Oposições, acusações, traições e negações de toda ordem
marcaram sua trajetória terrena. Deus, porém, o exaltou
sobremaneira, dando-lhe um nome acima de todo o nome,
para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre. A começar
pelos nossos joelhos de pastores, nem sempre tão prontos a
encontrar o solo da oração e do quebrantamento.
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