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MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO – EAD

Microbiologia e Imunologia – Profª. Ms. Adriana Januário

Meu nome é Adriana Januário. Possuo Graduação em Ciências


Biológicas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Ribeirão Preto – USP e mestrado em Imunologia Básica e
Aplicada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.
Em minha dissertação de mestrado, estabeleci o perfil da
expressão de RNA mensageiro para citocinas induzidas pelo
fungo patogênico Paracoccidioides brasiliensis em camundongos
geneticamente resistentes e susceptíveis a este fungo. Atuei
como docente na Universidade de Uberaba nos cursos de
Ciências Farmacêuticas e Fonoaudiologia. Atualmente, sou
professora no Claretiano – Centro Universitário de Batatais, onde leciono as disciplinas
Fundamentos Biológicos, Microbiologia, Embriologia e Morfogênese, Parasitologia Geral.
Leciono, também, na Universidade Paulista de Ribeirão Preto, ministrando as disciplinas
de Microbiologia e Imunologia e Parasitologia. Admiro o estudo da morfologia celular, e
as interações promovidas na relação hospedeiro parasito, e será um grande prazer
desenvolver o estudo da biologia celular e tecidual com você!
e-mail: adriaj1@hotmail.com

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Adriana Januário

MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA

Batatais
Claretiano
2014
© Ação Educacional Claretiana, 2013 – Batatais (SP)
Versão: dez./2014

576 J38m

Januário, Adriana
Microbiologia e imunologia / Adriana Januário – Batatais, SP : Claretiano, 2014.
108 p.

ISBN: 978-85-8377-342-9

1. Microbiologia. 2. Estrutura viral. 3. Replicação viral. 4. Vírus e câncer.


5. Príons e viroides. 6. Bactérias. 7. Morfologia bacteriana. 8. Membrana celular.
9. Fungos. 10. Sistema Imune. I. Microbiologia e imunologia.

CDD 576

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Juliana Biggi
Dandara Louise Vieira Matavelli Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Elaine Aparecida de Lima Moraes Rafael Antonio Morotti
Josiane Marchiori Martins Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Lidiane Maria Magalini Talita Cristina Bartolomeu
Luciana A. Mani Adami Vanessa Vergani Machado
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera Projeto gráfico, diagramação e capa
Raquel Baptista Meneses Frata Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

caderno de referência de conteúdo


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9
2 oRIENTAÇÕES PARA ESTUDo .......................................................................... 10
3 referências bibliográficas ...................................................................... 25

Unidade 1 – Introdução à Microbiologia e Propriedades


Gerais dos Vírus
1 Objetivos......................................................................................................... 27
2 Conteúdos...................................................................................................... 27
3 Orientações para o estudo da unidade................................................ 28
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 28
5 INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA................................................................... 29
6 PROPRIEDADES GERAIS Dos VÍRUS................................................................ 31
7 ESTRUTURA VIRAL............................................................................................ 33
8 REPLICAÇÃO VIRAL........................................................................................... 36
9 VÍRUS E CÂNCER................................................................................................ 38
10 P RÍONS E VIRoIDES........................................................................................... 39
11 Q UESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 40
12 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 40
13 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 41
14 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 41

Unidade 2 – Propriedades Gerais das Bactérias


1 Objetivos......................................................................................................... 43
2 Conteúdos...................................................................................................... 43
3 Orientações para o estudo da unidade ............................................... 43
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 44
5 MORFOLOGIA BACTERIANA............................................................................. 44
6 MEMBRANA CELULAR...................................................................................... 47
7 REGIÃO NUCLEAR OU NUCLEoIDE.................................................................. 48
8 RIBOSSOMOS..................................................................................................... 48
9 INCLUSÕES......................................................................................................... 49
10 PAREDE CELULAR.............................................................................................. 49
11 PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS.................................... 50
12 PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS.................................. 51
13 PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS ÁLCOOL ÁCIDO RESISTENTES ................ 52
14 C OLORAÇÃO DE GRAM..................................................................................... 53
15 C ÁPSULA............................................................................................................ 55
16 P ILI...................................................................................................................... 55
17 F LAGELO............................................................................................................. 57
18 Q UESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 58
19 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 58
20 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 59
21 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 60

Unidade 3 – Propriedades Gerais dos Fungos


1 Objetivos......................................................................................................... 61
2 Conteúdos...................................................................................................... 61
3 Orientações para o estudo da unidade................................................ 61
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 62
5 PROPRIEDADES GERAIS DOS FUNGOS............................................................ 62
6 A IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS em nossa vida........................................... 70
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 71
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 71
9 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 71
10 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 72

Unidade 4 – Crescimento Microbiano


1 Objetivos......................................................................................................... 73
2 Conteúdos...................................................................................................... 73
3 Orientações para o estudo da unidade................................................ 74
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 74
5 CRESCIMENTO MICROBIANO........................................................................... 75
6 FATORES QUE INTERFEREM NO CRESCIMENTO MICROBIANO..................... 76
7 FATORES NUTRICIONAIS................................................................................... 79
8 Fatores Físicos e químicos que controlam o crescimento
microbiano..................................................................................................... 81
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 82
10 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 82
11 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 83
12 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 83

Unidade 5 – Noções do Sistema Imune


1 Objetivos......................................................................................................... 85
2 Conteúdos...................................................................................................... 85
3 Orientações para o estudo da unidade................................................ 86
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 86
5 PROPRIEDADES GERAIS DO SISTEMA IMUNE................................................. 87
6 FASES DAS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS ADQUIRIDAS.................................. 90
7 AS CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE.................................................................... 91
8 IMUNIDADE HUMORAL.................................................................................... 100
9 IMUNIDADE CELULAR....................................................................................... 103
10 Q UESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 106
11 considerações Finais................................................................................... 106
12 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 107
13 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 108
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Características morfológicas, culturais e metabólicas dos microrganismos. Cul-
tivo, crescimento e reprodução microbiana. Metabolismo microbiano. Controle
do crescimento dos microrganismos. Noções de biotecnologia microbiana. Mi-
crorganismos causadores de doenças no homem. Estratégias para o ensino de
Microbiologia. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo do conteúdo de Microbiologia e
Imunologia, disponibilizado para você em ambiente virtual (Edu-
cação a Distância).
Neste instrumento, você encontrará o referencial teórico das
cinco unidades em que se divide a presente obra.
Com o estudo proposto, na Unidade 1, você terá a oportu-
nidade de construir conhecimentos sobre as propriedades gerais
dos microrganismos, as propriedades gerais dos vírus, os príons e
viroides, bem como os tipos de replicação viral, vírus e tumores.
10 © Microbiologia e Imunologia

Estudaremos também, na Unidade 2, a estrutura bacteriana,


os tipos de parede celular de bactérias, a coloração de Gram e as
formas e arranjos bacterianos.
Já na Unidade 3, veremos a estrutura fúngica, a replicação
fúngica e classificação dos fungos.
Na Unidade 4, vamos compreender o crescimento microbia-
no, a curva do crescimento microbiano, os fatores que interferem
no crescimento microbiano, o meio de cultura e os fatores que
inibem o crescimento microbiano.
Ao final de nosso estudo, na Unidade 5, você será con-
vidado a refletir sobre as propriedades gerais do sistema imune,
a imunidade inata e imunidade adquirida, as fases das respostas
imunes, as células do sistema imune, os órgãos linfoides, a imuni-
dade humoral e imunidade celular.
Esperamos que esse programa atenda às suas expectativas
em conhecer e aprofundar seus conhecimentos sobre a microbio-
logia.
Você contará sempre com a ajuda de seu tutor para auxiliá-
-lo em suas dúvidas e orientá-lo corretamente para que você ad-
quira as bases teóricas necessárias para sua aprendizagem.
Esperamos que você tenha um bom desempenho!

2. oRIENTAÇÕES PARA ESTUDo

Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado nesta obra. Aqui, você entrará em contato com os assuntos
principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportu-
nidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade.
Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conheci-
mento básico necessário a partir do qual você possa construir um
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para


que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com com-
petência cognitiva, ética e responsabilidade social.
A microbiologia é um ramo da ciência que estuda os micror-
ganismos, que são organismos muito pequenos que não podem
ser visualizados a olho nu.
A microbiologia estuda a biologia de: vírus e agentes seme-
lhantes a vírus, bactérias, protozoários, algas e fungos.
Normalmente, quando falamos de microrganismos, temos a
impressão de que eles são ruins. Muitos cresceram ouvindo sua
mãe dizer: menino, não anda descalço por causa dos micróbios.
Você pode ficar doente!
Realmente, alguns microrganismos podem causar doenças,
mas estes representam apenas 1% de todos os microrganismos
existentes.
Apesar de não serem vistos, os microrganismos desempe-
nham importantes funções para a manutenção do meio ambiente:
1) Alguns microrganismos possuem a propriedade de cap-
tar energia do sol e armazená-la em moléculas que são
utilizadas como alimento para outros seres vivos.
2) Eles são os grandes recicladores de matéria orgânica.
Assim, por meio da decomposição da matéria orgânica,
recicla-se o carbono, o nitrogênio e outros elementos.
3) Os microrganismos podem degradar resíduos poluentes
(como solventes, pesticidas, óleos).
4) Na indústria de alimentos, estão envolvidos com a pro-
dução de iogurte, queijo, pão, cerveja, vinho entre ou-
tros.
5) E na indústria farmacêutica, podem ser utilizados na
produção de antibióticos, de hormônios e biofármacos.
6) Na área da saúde, o conhecimento da biologia dos mi-
crorganismos permitiu a produção de vacinas.
7) Na agricultura, são utilizados para fazer o controle de
pragas.

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12 © Microbiologia e Imunologia

8) Na produção de energia, os microrganismos podem ser


utilizados em processos de fermentação para produção
de biocombustíveis, como, por exemplo, o etanol, que é
uma matriz energética menos poluidora.
Você está observando que os microrganismos não são tão
ruins assim?
Louis Pasteur, um ilustre pesquisador francês, resumiu de
maneira brilhante a atuação dos microrganismos na natureza com
a seguinte frase: "O papel dos infinitamente pequenos na natureza
é infinitamente grande".
Os vírus são partículas infecciosas muito pequenas com for-
mas e tamanhos variados, que não possuem natureza celular, não
possuem as organelas intracitoplasmáticas, são desprovidos de
maquinaria bioquímica para realizarem a síntese de proteínas e de
seu ácido nucleico, e, portanto, eles não têm autonomia para mul-
tiplicar-se. Assim, os vírus, obrigatoriamente, devem estar dentro
de uma célula para se multiplicarem. Eles utilizam a maquinaria
bioquímica da célula hospedeira para sintetizar suas proteínas e
ácido nucleico, para poder se multiplicar, e por esta razão, todos os
vírus são parasitas intracelulares obrigatórios.
Outra característica dos vírus é que eles apresentam um úni-
co tipo de ácido nucleico, ou eles são de DNA ou RNA, nunca pos-
suem ambos em sua partícula.
As partículas virais, por não apresentarem natureza celular,
possuem uma estrutura bastante simples, caracterizada pela pre-
sença de seu material genético, composto por DNA ou RNA, que
é revestido por uma cápsula proteica, denominada de capsídeo, a
unidade proteica básica que forma o capsídeo é chamada de cap-
sômero.
Entretanto, alguns tipos de vírus, além de possuírem o ácido
nucleico e do capsídeo, apresentam um revestimento adicional ex-
terno, que é chamado de envelope, que é constituído por uma ca-
mada bilipídica de fosfolipídios, proteínas, e glicoproteínas, muito
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

semelhante à estrutura de uma membrana celular, estes vírus que


possuem envelope são chamados de vírus envelopados.
O envelope pode possuir projeções externas de glicoproteí-
nas, que são chamadas de espículas, que têm a função de se ligar
a proteínas de superfície de membrana da célula hospedeira.
Alguns vírus são especializados em infectar bactérias, e por
isso são chamados de bacteriófagos, estes apresentam uma estru-
tura mais elaborada, com estruturas especializadas para realiza-
rem a fixação e a invasão das células bacterianas, e, por isso, são
chamados de "vírus complexos". No bacteriófago, o capsídeo tem
a forma poliédrica e é chamado de "cabeça", local onde o DNA fica
abrigado. O restante da estrutura viral é chamado de "cauda", que
é composta por uma bainha que possui estrutura helicoidal que é
contrátil, e as fibras da cauda, que têm a função de reconhecer a
célula hospedeira.

Replicação Viral
De modo geral, os vírus multiplicam-se em seis passos:
1) O primeiro passo consiste na adesão. Através de molé-
culas do envelope ou do capsídeo, a partícula viral ade-
re-se à membrana celular da célula hospedeira.
2) Posteriormente, o vírus realizará a Penetração: que con-
siste na introdução do vírus, ou de seu material genético
no interior da célula hospedeira.
3) Após entrar na célula, o vírus realiza o terceiro passo,
chamado de desnudamento – ou seja, perde a cobertu-
ra que protege o material genético: se for o caso, o vírus
perde o capsídeo, ou ele perde o envelope e o capsídeo.
4) Uma vez que o material genético fica exposto no interior
celular, ocorre o quarto passo chamado de síntese: nes-
ta etapa, ocorre a síntese de novas cópias do material
genético viral e das proteínas virais.
5) Com a produção das biomoléuclas virais (ácido nucleico
e proteínas, o vírus, as estruturas virais são montadas.
Este passo é chamado de "montagem"). No caso dos ví-

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14 © Microbiologia e Imunologia

rus envelopados, a partícula viral só é finalizada durante


a saída do vírus da célula por brotamento, quando ele
utiliza parte da membrana da célula contendo proteínas
virais para constituir seu envelope.
6) Finalmente, ocorre o útimo passo da replicação, que é
chamado de liberação: neste momento, ocorre a libera-
ção das partículas virais da célula hospedeira. Durante a
saída da célula, as partículas virais podem lisar a célula, se
fizer uma saída de forma coletiva. Porém, existem alguns
casos em que a saída das partículas virais da célula ocorre
por brotamento, que é uma saída de forma mais controla-
da e discreta, não submetendo a célula hospedeira à lise.
As bactérias são células procarióticas, constituídas de uma
única célula, são desprovidas de envelope nuclear e possuem um
cromossomo circular único, localizado em uma região chamada
"nucleóide". As bactérias não possuem em seu citoplasma as or-
ganelas membranosas, típicas das células eucarióticas.
A estrutura geral das bactérias é composta por:
1) Membrana celular – que realiza a permeabilidade seletiva.
2) Nucleóide – região citoplasmática onde se localiza o cro-
mossomo bacteriano.
3) Parede Celular – é uma estrutura semirrígida, localizada
na parte externa da membrana celular, que tem como
componente principal o peptídeoglicano.
4) Cápsula – algumas bactérias possuem um depósito de
carboidratos, ao lado externo da parede celular, que está
relacionado à adesão bacteriana às células do hospedei-
ro. A cápsula também funciona como um mecanismo de
escape ao sistema imune do hospedeiro, uma vez que
ela encobre os antígenos bacterianos da parede celular.
5) Flagelo – consiste de uma estrutura longa e fina que, se
fixada na membrana celular e na parede celular, possui a
função de promover a locomoção.
6) Pilli – (pili é plural de pilus, que significa "pêlo") são pro-
longamentos externos pequenos e ocos, não associados
com a promoção da locomoção bacteriana.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Há dois tipos de pili:


1) Pili de ligação, também chamados de fímbrias, que são
mais curtos e estão relacionados à adesão das bactérias
nas superfícies de células dos hospedeiros, ou em outras
superfícies como rochas.
2) Pili sexual, este é mais longo e promove uma conexão entre
duas células bacterianas, além de funcionar como um canal
de transferência de DNA plasmidial entre as bactérias.
Os fungos compreendem um grupo diverso de organismos
eucariotos, que podem sobreviver em habitat aquáticos e terres-
tres. Por apresentar algumas características típicas, os fungos são
classificados em um reino separado, o Reino Fungi.
Os fungos são diferenciados de outros organismos eucariotos
por possuírem na parede celular os polissacarídeos quitina e glucana,
e porque em sua membrana celular o ergosterol substitui o colesterol.
Morfologicamente, os fungos podem ser leveduriformes
(também chamado de leveduras), filamentosos ou dimórficos.
As leveduras são fungos unicelulares, com aspecto esférico,
que na maioria das vezes se reproduzem assexuadamente por bro-
tamento, quando uma célula mãe dá origem a uma protuberância,
que cresce e posteriormente se separa da célula mãe, deixando
cicatrizes. Uma levedura bastante útil para o homem é a do gênero
Saccharomyces, que é utilizada na fabricação de pães e produção
de bebidas alcoólicas.
Os fungos filamentosos, por sua vez, são multicelulares, são
compostos por filamentos, estruturas tubulares, chamadas de hi-
fas, que se alongam em suas extremidades, que crescem ao longo
de uma superfície ramificando-se, formando uma massa compac-
ta, que é chamada de micélio. Os fungos filamentosos podem se
reproduzir assexuada e sexuadamente.
Fungos dimórficos – são aqueles que podem existir na forma
de levedura ou na forma de filamentosa, de acordo com a tempe-
ratura do ambiente.

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A importância dos fungos para o homem


Os fungos são decompositores para os ecossistemas, uma
vez que sua sobrevivência está vinculada à excreção de enzimas
que degradam a matéria orgânica. Eles podem ser considerados os
grandes recicladores de matéria orgânica da natureza.
Para inibir seus competidores no meio ambiente, os fun-
gos secretam algumas substâncias tóxicas como os antibióticos.
A maioria dos antibióticos no mercado farmacêutico existente é
derivada de fungos.
Os fungos que parasitam insetos podem ser extremamente
úteis para o controle de pragas nas plantações, evitando o uso de
pesticidas químicos.
Na indústria de alimentos, tem-se a utilização dos fungos
nos processos de fermentação, que leva à produção de bebidas
alcoólicas, pães e queijos. Além de alguns serem utilizados na ali-
mentação humana, como é o caso dos cogumelos, que apresen-
tam alto teor de proteínas.
Em microbiologia, a palavra "crescimento" refere-se ao au-
mento do número de células. O crescimento microbiano, em la-
boratório, pode ser monitorado através da contagem do número
de células em uma cultura microbiana em função do tempo. Com
esses dados, constrói-se um gráfico que é chamado de curva de
crescimento microbiano.
Partindo da análise da curva de crescimento microbiano,
pode-se observar que há quatro fases distintas:
1) A primeira fase do crescimento microbiano é chamada
de Lag: as células, quando colocadas em um meio de cul-
tura novo, passam por um processo de adaptação. Nesta
fase, as células aumentam seu volume e acumulam ATP
(moléculas que armazenam energia), porém a multipli-
cação celular é baixa.
2) Após essa fase de adaptação, vem a fase Log: chamada
de logarítmica ou exponencial: onde as células se multi-
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

plicam em velocidade máxima, devido à grande dispo-


nibilidade de nutrientes presentes no meio de cultura.
3) À medida que ocorre o gasto dos nutrientes no meio de
cultura, o crescimento microbiano entra na fase estácio-
naria, em que o mesmo número de células que se mul-
tiplicam é igual ao número de células que morrem, e o
número de células vivas permanece constante.
4) Com a crescente escassez de nutrientes no meio de cul-
tura, as células começam a morrer coletivamente, redu-
zindo drasticamente o número de células viáveis, esta
fase é chamada de "morte".
Para que haja êxito no crescimento microbiano, é necessá-
rio estabelecer as condições ideais de temperatura, pH e pressão
osmótica do meio de cultura, além de realizar o fornecimento dos
nutrientes necessários para sua multiplicação.
O sistema imune é responsável por reconhecer os compo-
nentes próprios e não próprios do corpo, e por consequência dis-
so, efetua a defesa contra a invasão de patógenos e outras subs-
tâncias estranhas ao corpo.
O sistema imune é composto por dois tipos de imunidade,
que trabalham em cooperação, chamadas de imunidade inata ou
natural e imunidade adquirida ou específica.
A imunidade inata corresponde à primeira linha de defesa
contra agentes infecciosos. Os componentes da imunidade inata
estão presentes desde o nascimento (a palavra "inato" significa
"nascido com"), esta imunidade consiste de barreiras epiteliais,
células especializadas e enzimas que bloqueiam a entrada dos mi-
crorganismos. Exemplos: tecidos epiteliais que revestem as super-
fícies internas e externas do corpo, as células fagocíticas (Natural
killer – NK e macrófagos), enzima lisozima presente na saliva e na
lágrima, que tem capacidade de degradar a parede celular bac-
teriana, os componentes do sistema complemento, que, quando
ativado, promove a criação de poros na membrana de uma célula
infectada. É importante enfatizar que as ações da imunidade inata

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18 © Microbiologia e Imunologia

são inespecíficas, isto é, elas atuam independentemente do tipo


do patógeno (vírus, fungos, bactérias).
A imunidade adquirida é coordenada por linfócitos, células
especializadas em reconhecer os antígenos, quando as barreiras
da imunidade inata não são suficientes para conter o patógeno,
ele consegue atingir os órgãos linfoides secundários (linfonodos,
baço), e ali ele será reconhecido pelos linfócitos de uma forma es-
pecífica.
Há dois tipos de imunidade adquirida:
1) A Imunidade humoral, que é coordenada pelos linfóci-
tos B, células produtoras de anticorpos, que são glico-
proteínas presentes no sangue e nas mucosas, elas agem
contra patógenos extracelulares bloqueando a entrada
destes agentes nos tecidos conjuntivos.
2) A Imunidade celular, por sua vez, é mediada pelos linfó-
citos T, cujo alvo é eliminar patógenos intracelulares. Os
linfócitos T ativam as células fagocíticas para eliminarem
os patógenos por elas fagocitados. Existem alguns tipos
de linfócitos T que possuem capacidade para destruir
qualquer tipo de célula que abrigue um patógeno em
seu citoplasma.
Duas características importantes da imunidade adquirida
é a sua especificidade, os linfócitos (T ou B) possuem receptores
que fazem o reconhecimento específico para antígenos distintos;
e a memória imunológica, observou-se que a partir de exposições
repetitivas de um determinado antígeno, as respostas imunes
tornam-se mais acentuadas. Isso ocorre porque nas respostas pri-
márias são criados linfócitos de memória, que são células de vida
longa, que, quando ativadas novamente pelo mesmo antígeno,
tornam as respostas imunes mais eficazes.
De modo geral, as respostas imunes adquiridas seguem uma
sequência de fases contínuas:
1) Reconhecimento: os linfócitos T ou B virgens (aque-
les que ainda não interagiram com o seu antígeno es-
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

pecífico) utilizam seus receptores de membrana para


reconhecerem o antígeno.
2) Ativação: a interação do receptor do linfócito com o
antígeno, associados a sinais secundários (promovi-
dos pelos patógenos ou por outras células do sistema
imune, induzem a multiplicação dos linfócitos (pro-
cesso chamado de expansão clonal – que gera um
aumento numérico de linfócitos que reconhecem o
antígeno).
3) Efetora: os linfócitos ativados, também chamados
de "efetores", desenvolvem estratégias imunes para
eliminação do antígeno. Por exemplo, produzem an-
ticorpos, produzem substâncias mediadoras que es-
timulam as células fagocíticas, ou se diferenciam em
células que destroem células infectadas.
4) Declínio: com a eliminação dos antígenos, a maioria
dos linfócitos efetores morre e é removida pelos fa-
gócitos.
5) Memória: os linfócitos efetores sobreviventes per-
manecem vivos por longos períodos e podem ser
reativados rapidamente ao entrarem em contato
com o antígeno específico.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados em Microbiologia e Imunologia.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Células eucariotas: células caracterizadas por uma es-
trutura interna baseada em organelas tal como o núcleo,
derivado de eucario, ou núcleo verdadeiro (KARP, 2005).
2) Células procariotas: células estruturalmente simples de
bactérias, que não têm organelas envolvidas por mem-
brana, derivado de prokarion, ou antes, do núcleo.

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20 © Microbiologia e Imunologia

3) Micróbios: são minúsculos seres vivos, pequenos para


serem vistos a olho nu. O grupo inclui bactérias, fungos
(leveduras e mofos), protozoários e algas microscópicas.
4) Organelas: as estruturas intracelulares organizacional e
funcionalmente diversas, ou seja, envolvidas por mem-
branas, que são a característica definidora das células
eucariotas.
5) Parede celular bacteriana: nas bactérias Gram negati-
vas, é composta por uma camada de peptidioglicano e
três outros componentes que a envolvem externamente:
lipoproteína, mebrana externa e lipopolissacarídeo. Nas
bactérias Gram positivas, a parede celular é composta
por múltiplas camadas de peptidioglicano, que confere
a sua rigidez e é reponsável pela manutenção da célula.
6) Príons: são proteínas anormalmente dobradas que po-
dem induzir uma mudança no formato de proteínas nor-
mais, fazendo com que fiquem no formato de grumos.
7) Vírus: são parasitas intracelulares obrigatórios, possuem
um único tipo de ácido nucléico (DNA ou RNA); cober-
tura protéica (às vezes, forma um envelope de lipídeos,
proteínas e carboidratos); induzem a síntese de estrutu-
ras especializadas capazes de transferir o ácido nucléico
viral para outras células.
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas
próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-


-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).

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22 © Microbiologia e Imunologia

Protozoários  Fungos 
Microbiologia 

Algas 

Mofos e 
Bactérias  Vírus
Leveduras 

Crescimento 
microbiano 

Gram  Gram  Capsídeo e  Bacteriófagos 


positiva  Negativa  Envelope

Doenças Imunologia 

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Microbiologia e Imunologia.

Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre
os principais conceitos desta obra e descobrir o caminho para
construir o seu processo de ensino-aprendizagem.
Seguindo este fluxo crescente de conceitos, você gradativa-
mente estará construindo um processo de aprendizado passando
pelas biomoléculas,
  estrutura celular e posteriormente pelos teci-
dos, aumentando o grau de complexidade do conteúdo e de inter-
conexão com outras disciplinas.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Ciências Biológicas pode ser
uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a
resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso,
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e
adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.

As questões de múltipla escolha são as que têm como respos-


ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada,
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res-
posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso,
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito.
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus
colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus es-
tudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bibliogra-
fias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orientações para o
estudo da unidade.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual
com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

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24 © Microbiologia e Imunologia

Dicas (motivacionais)
O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apu-
rada, a Educação como processo de emancipação do ser humano.
É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas
e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno na modalidade EaD, necessita de uma for-
mação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com
a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da
interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o
seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser
utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões au-
toavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos
desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua forma-
ção. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedi-
mentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
este estudo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto
para ajudar você.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

3. referências bibliográficas
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L.  Tratado de histologia em cores.  3. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007.
KARP, G. Biologia celular e molecular: conceitos e experimentos. 3. ed. Barueri: Manole,
2005.
TORTORA, G. J.; FUNKE, R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed.

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EAD
Introdução à Microbiologia
e Propriedades Gerais
dos Vírus
1
1. Objetivos
• Compreender a importância dos microrganismos na na-
tureza.
• Comparar os tipos de estruturas virais existentes.
• Distinguir os tipos de ciclos de replicação viral.

2. Conteúdos
• Propriedades gerais dos microrganismos.
• Propriedades gerais dos vírus.
• Príons e viroides.
• Tipos de replicação viral.
• Vírus e tumores.
28 © Microbiologia e Imunologia

3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) A Microbiologia dedica-se ao estudo dos organismos mi-
croscópicos, um grande universo que não pode ser de-
tectado pelos nossos olhos, mas que é extremamente
importante para a manutenção da vida na Terra.
2) Queremos estimulá-lo a efetuar uma leitura desta uni-
dade e enfatizar a importância de você também se de-
dicar à consulta dos livros didáticos recomendados nas
referências bibliográficas, que tratam do tema de uma
forma mais enriquecedora e abrangente. Lembre-se de
que você é o maior protagonista do seu processo de for-
mação.
3) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais
importantes, e anote suas dúvidas, para que elas sejam
sanadas por intermédio do sistema de interatividade
(Lista e Fórum) ou diretamente com o seu tutor, antes
de você estudar a próxima unidade.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta primeira unidade da obra Microbiologia e Imunologia,
veremos uma breve introdução à Microbiologia, na qual você terá
a oportunidade de conhecer os principais tipos de microrganismos
existentes e o impacto que desempenham na natureza.
A segunda parte desta unidade será voltada ao estudo da
biologia dos vírus, momento em que você poderá conhecer as pro-
priedades gerais dos vírus, a estrutura viral e como eles se multi-
plicam.
Espera-se que, ao final desta unidade, você seja capaz de re-
conhecer a importância dos microrganismos para o meio ambien-
te e domine os conceitos básicos sobre a estrutura e a replicação
viral.
© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 29

5. INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA
A Microbiologia é um ramo da ciência que estuda os microrga-
nismos, que são organismos muito pequenos, não visíveis a olho nu.
Os microrganismos compreendem um grupo amplo de seres
vivos, que na maioria das vezes são encontrados na forma unice-
lular e apresentam a propriedade de realizar suas funções vitais,
como produção de energia, crescimento e reprodução, sem de-
pender de outras células. Entre eles, estão as bactérias, os fun-
gos, os protozoários, as algas e os vírus. Este último grupo possui
natureza acelular e enquadra-se entre os seres vivos e a matéria
inanimada.
Há uma enorme diversidade de microrganismos que possui
um grande espectro de vias metabólicas, que permitiram sua so-
brevivência em distintas condições ambientais, como nas fontes
termais, nas geleiras, na água, no solo, na vegetação e em outros
seres vivos. E, apesar de não serem vistos, eles desempenham im-
portantes funções para a manutenção do meio ambiente.
Veja, a seguir, algumas funções importantes dos microrga-
nismos.
1) Alguns microrganismos possuem a propriedade de cap-
tar a energia do Sol e armazená-la em moléculas que são
utilizadas como alimento para outros organismos.
2) Eles são os grandes recicladores da matéria orgânica.
Decompõem organismos mortos, produtos da excreção
de outros seres vivos.
3) São utilizados na degradação de resíduos poluentes
(como solventes, pesticidas, óleos), em um processo co-
nhecido com biorremediação.
4) Por meio da decomposição da matéria orgânica, os mi-
crorganismos disponibilizam nitrogênio, carbono e enxo-
fre na forma acessível para as plantas absorverem.
5) As vias metabólicas dos microrganismos têm sido ex-
ploradas pela indústria de alimentos na produção de io-

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30 © Microbiologia e Imunologia

gurte, queijo, pão, cerveja, vinho, entre outros, e pela


indústria farmacêutica na produção de hormônios, por
meio de microrganismos manipulados geneticamente
(Biotecnologia) e de antibióticos.
6) Na área da Saúde, o conhecimento da biologia dos mi-
crorganismos permitiu a produção de vacinas, assim
como o uso de bacteriófagos (vírus que infectam bacté-
rias) para controle de infecções bacterianas.
7) Na agricultura, os microrganismos são utilizados para fa-
zer o controle de pragas.
8) O conhecimento da genética dos microrganismos permitiu
o desenvolvimento do Projeto Genoma, que atua no se-
quenciamento do DNA genômico de diferentes espécies.
9) Na produção de energia, os microrganismos podem ser
utilizados em processos de fermentação para a produ-
ção de biocombustíveis, como, por exemplo, o etanol,
que é uma matriz energética menos poluidora. A maior
parte do gás natural (metano) é de origem bacteriana.
A frase do ilustre pesquisador francês Louis Pasteur (1822-
1895) resume de maneira brilhante a atuação dos microrganismos
na natureza: "O papel dos infinitamente pequenos na natureza é
infinitamente grande".
Apesar da grande biodiversidade dos microrganismos, eles
podem ser classificados em quatro tipos principais:
1) Microrganismos patogênicos: são aqueles que causam
doenças infecciosas. Estima-se que menos de 1% dos
microrganismos existentes são patogênicos. Exemplos:
vírus HIV, causador da AIDS; vírus Influenza, causador
da gripe; e o Mycobacterium tuberculosis, causador da
tuberculose.
2) Microrganismos não patogênicos: não causam infecções.
3) Microrganismos oportunistas: são aqueles que vivem na
superfície ou no interior dos seres vivos, inibindo o cresci-
mento de microrganismos patogênicos na superfície onde
estão. No entanto, quando a imunidade do hospedeiro di-
minui, ou quando a superfície onde habitam sofre uma
© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 31

lesão, estes microrganismos podem penetrar outros teci-


dos e causar infecção. Exemplos: Candida albicans causa
monilíase, o popular "sapinho", em recém-nascidos; her-
pes, que se manifesta em imunodeprimidos.
4) Microrganismos saprófitas: degradam material orgânico.

6. PROPRIEDADES GERAIS Dos VÍRUS


A palavra vírus vem do latim e significa "veneno", "toxina",
e está relacionada à descoberta do primeiro vírus, o vírus mosaico
do tabaco, que ataca folhas dessa planta, deixando-a com man-
chas amareladas, conforme você pode observar na Figura 1.

Figura 1 Folha de tabaco infectada com vírus do mosaico do tabaco.

Na tentativa de realizar o isolamento do agente causador


desta doença, o pesquisador Dmitri Iwanowski realizou a filtragem
da seiva de uma planta doente e pretendia isolar a "suposta bac-
téria" causadora da doença, uma vez que esperava que ela ficasse
retida no filtro.
Para sua surpresa, ele descobriu que o agente causador da do-
ença apresentava pequeno peso molecular, passando através dos
poros do filtro, pois a seiva filtrada, ao ser aplicada nas folhas de
uma planta de tabaco saudável, induzia a doença. Por causa desse
fato, passou-se a denominar esses agentes filtráveis de "vírus".

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32 © Microbiologia e Imunologia

Somente após vários anos, e com o desenvolvimento da mi-


croscopia eletrônica, foi possível isolar e visualizar o vírus mosaico
do tabaco, que você pode observar na Figura 2.

Figura 2 Fotomicroscopia eletrônica do vírus do mosaico do tabaco.

Os vírus são partículas infecciosas muito pequenas, com for-


mas e tamanhos variados (veja Figura 3), que não possuem na-
tureza celular ou organelas intracitoplasmáticas; são desprovidos
de maquinaria bioquímica para realizar a síntese macromolecular
de proteínas e do seu ácido nucleico, impedindo sua autonomia
para multiplicar-se. Dessa forma, devem, obrigatoriamente, estar
dentro de uma célula para se multiplicar, utilizando a maquinaria
bioquímica da célula hospedeira. Por essa razão, todos os vírus são
parasitas intracelulares obrigatórios.
Outra característica dos vírus é que eles apresentam um único
tipo de ácido nucleico: ou DNA ou RNA, nunca possuindo ambos.
© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 33

Figura 3 Representação de diferentes tipos de vírus.

7. ESTRUTURA VIRAL
As partículas virais, por não apresentarem natureza celu-
lar, possuem uma estrutura bastante simples, caracterizada pela
presença de seu material genético (DNA ou RNA), que é revestido
por uma cápsula proteica. Entretanto, em alguns tipos de vírus, há
um revestimento externo adicional, que é chamado de envelope,
constituído por uma camada bilipídica de fosfolipídios, proteínas e
glicoproteínas, semelhante à membrana celular.
Os vírus que não possuem envelope são denominados vírus
não envelopados, enquanto os vírus que possuem envelope são
os vírus envelopados.
Alguns vírus especializados em infectar bactérias (bacterió-
fagos) apresentam uma estrutura mais elaborada, com estruturas
especializadas para realizar a fixação e a invasão das células bacte-

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34 © Microbiologia e Imunologia

rianas e, por isso, são chamados de vírus complexos. Uma partícu-


la viral completa recebe o nome de vírion.
Nos vírus não envelopados, o capsídeo apresenta natureza
proteica, como você pode observar na Figura 4. Cada unidade pro-
teica do seu capsídeo é chamada de capsômero, que pode ser de
um único tipo ou não. As proteínas do capsídeo possuem a função
de reconhecer a célula hospedeira.

Figura 4 Representação esquemática de um vírus não envelopado.

Os vírus envelopados repetem a estrutura dos vírus não en-


velopados, e são acrescidos do envelope, conforme demonstra a
Figura 5. De acordo com o tipo de vírus, o envelope pode possuir
projeções externas de glicoproteínas, as espículas, que têm a fun-
ção de se ligar a proteínas de superfície de membrana da célula
hospedeira.
O envelope é adquirido durante o processo de saída do vírus
da célula, onde ele utiliza parte das membranas celulares (mem-
brana nuclear ou plasmática), associadas a suas proteínas, para
construir o envelope.
A estrutura do envelope, por ser parcialmente originada da
célula hospedeira, protege as partículas virais do ataque do siste-
ma imunológico e também facilita a disseminação das partículas
virais para novas células, por intermédio da fusão com a membra-
na celular das células hospedeiras.
© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 35

Figura 5 Representação esquemática de um vírus envelopado.

Há uma grande variedade de bacteriófagos, mas a maioria


possui genoma de DNA. São desprovidos de envelope e possuem
estruturas acessórias como bainha e fibras da cauda, que auxiliam
no processo de fixação e invasão das bactérias.
Observe o esquema representativo de um bacteriófago na Fi-
gura 6. Veja que o capsídeo ou cabeça possui uma forma poliédrica,
onde se localiza o DNA. O restante da estrutura viral é a cauda, que
é composta por uma bainha e possui estrutura helicoidal contrátil.
As células bacterianas apresentam uma estrutura semirrígida
chamada de parede celular. É uma membrana celular externa, uma
barreira que os bacteriófagos necessitam romper para invadir a célula.

Figura 6 Representação esquemática de um bacteriófago.

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36 © Microbiologia e Imunologia

Aleatoreamente, um bacteriófago pode colidir com a parede


celular de uma bactéria, na extremidade da cauda do bacteriófa-
go. As fibras da cauda interagem com moléculas da parede celular
bacteriana, promovendo a sua adesão. Posteriormente, as fibras
da cauda liberam a enzima lisozima, que degrada a parede celular,
produzindo um poro na parede celular, a bainha contrátil contrai e,
por propulsão, o material genético viral é introduzido no citoplas-
ma da bactéria hospedeira. Veja a sequência na Figura 7.

Figura 7 Representação esquemática de um bacteriófago invadindo uma célula bacteriana.

8. REPLICAÇÃO VIRAL
De modo geral, os vírus multiplicam-se em seis passos, como
demonstra a Figura 8.

Figura 8 Esquema dos passos da replicação viral.


© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 37

Entenda, a seguir, cada um desses passos:


1) Adesão (adsorção): por meio de moléculas do envelope
(espículas) ou do capsídeo (capsômero), a partícula viral
adere-se à membrana celular da célula hospedeira.
2) Penetração: é a introdução do vírion ou de seu material
genético no interior da célula hospedeira.
3) Desnudamento (perda da cobertura): se for o caso, o
vírus perde o capsídeo, ou também o envelope, para ex-
por seu material genético.
4) Síntese: ocorre a síntese de novas cópias do material ge-
nético viral e a síntese das proteínas virais.
5) Montagem (maturação): processo em que o vírion é mon-
tado por meio das biomoléculas disponíveis (ácido nuclei-
co e proteínas virais). No caso dos vírus envelopados, o
vírion só é finalizado durante a saída do vírus da célula por
brotamento, onde ele utiliza parte da membrana da célu-
la contendo proteínas virais para constituir seu envelope.
6) Liberação: na saída da célula, as partículas virais podem
lisá-la ao saírem coletivamente. Existem alguns casos de
saída da célula por brotamento em que as partículas vi-
rais saem de maneira mais controlada, não submetendo
a célula hospedeira à lise.
Os bacteriófagos podem se replicar por meio do ciclo líti-
co ou por meio do ciclo lisogênico. Ao fazer o ciclo lítico como o
da Figura 9, os bacteriófagos seguem os passos da replicação viral
descritos; porém, durante a fase de liberação, eles lisam a célula
hospedeira, uma vez que liberam coletivamente a enzima lisozima,
que rompe com a parede celular bacteriana, permitindo que as
partículas virais escapem para invadir outras células.
Observe que no ciclo lisogênico, ainda na Figura 9, após o
passo da penetração, o material genético viral é incorporado ao
material genético bacteriano, e nesta condição ele é chamado de
prófago. O vírus pode permanecer latente como um prófago no
interior da célula bacteriana por um período longo de tempo. Cada
vez que esta bactéria em lisogenia se multiplicar, as células des-
cendentes levarão consigo uma cópia do prófago. Eventualmente,

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38 © Microbiologia e Imunologia

o prófago pode sofrer um estímulo externo (falta de nutrientes,


presença de drogas) e iniciar o ciclo lítico. O vírus do herpes, que
promove lesões bolhosas nos lábios, é um exemplo de vírus que
faz ciclo lisogênico, ele permanece no interior das células do siste-
ma nervoso. Porém, quando a imunidade do indivíduo enfraquece,
este vírus entra no ciclo lisogênico, migra para as células epitelias
dos lábios e multiplica-se causando as lesões bolhosas nos lábios.

Figura 9 Esquema dos ciclos de replicação lítico e lisogênico dos bacteriófagos.

9. VÍRUS E CÂNCER
Estima-se que 15% dos cânceres humanos sejam resultantes
de infecções virais. Como no caso dos bacteriófagos que fazem o
ciclo lisogênico, alguns vírus que infectam as células animais tam-
bém podem inserir seu material genético no genoma humano em
sítios aleatórios, transformando as células em um tumor maligno.
© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 39

Ao se integrar ao genoma humano, o vírus induz a síntese


das proteínas virais; algumas destas proteínas interrompem o efei-
to dos genes supressores de tumores e, dessa forma, a célula hos-
pedeira passa a se dividir descontroladamente.

10. PRÍONS E VIRoIDES


Príons e viroides são agentes semelhantes aos vírus, porém
não possuem a característica de um vírion completo.
O príon é uma proteína infecciosa que apresenta resistência a
calor e a agentes químicos e replicação lenta. Acredita-se que esta
proteína pode ser originada por mutação ou adquirida por meio da
ingestão de alimento contaminado, uso de produtos médicos con-
taminados (hormônios, sangue e transplantes) e transmissão por
meio de instrumentos contaminados de procedimentos cirúrgicos.
Estudos indicam que o príon (proteína alterada) tem a ca-
pacidade de atuar sob as proteínas de membrana de células ner-
vosas, removendo-as da membrana celular e convertendo-as em
príons (proteína com conformação alterada). Com isso, promovem
alterações degenerativas no cérebro, como a encefalopatia espon-
giforme, em que as células nervosas vão gradativamente morren-
do, dando um aspecto esponjoso ao encéfalo.
A doença humana mais conhecida é a doença de Creutzfeu-
dt-Jacob, que tem sido associada à ingestão de carne infectada
de gado portador de encefalopatia espongiforme bovina, popular-
mente conhecida como a "doença da vaca louca".
Os viroides, por sua vez, correspondem a moléculas de RNA
de baixo peso molecular, que não contêm informação genética para
a síntese de uma proteína, não possuindo capsídeo ou envelope.
Alguns viroides causam doenças em plantações de interesse
comercial, como no caso de plantações de tomate, em que o príon
induz a doença de atrofia apical do tomate.

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40 © Microbiologia e Imunologia

11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as
questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais são as propriedades que caracterizam os vírus?

2) Quais são os principais tipos de estrutura viral existente?

3) Quais são as etapas de replicação viral?

4) Diferencie ciclo de replicação lítica e ciclo de replicação lisogênico.

5) O que são príons e viroides?

12. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade da obra Microbiolo-
gia e Imunologia. Vimos, aqui, uma introdução sobre Microbiolo-
gia e discorremos sobre as propriedades gerais de vírus e agentes
semelhantes a eles.
É impressionante observar como estes agentes infecciosos,
que não apresentam natureza celular e que são estruturalmente
muito simples, promovem um forte impacto à saúde humana.
Na próxima unidade, estudaremos as propriedades das bacté-
rias. Vamos continuar conhecendo estes fascinantes microrganismos!
© U1 - Introdução à Microbiologia e Propriedades Gerais dos Vírus 41

13. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Folha de tabaco infectada com vírus do mosaico do tabaco. Disponível em:
<http://albericomarcosbioifes.files.wordpress.com/2011/02/as-plantas-tambc3a9m-
adoecem-4.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2012.
Figura 2 Fotomicroscopia eletrônica do vírus do mosaico do tabaco. Disponível em:
<http://pathmicro.med.sc.edu/mhunt/tobaccomos1.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2012.
Figura 3 Representação de diferentes tipos de vírus. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1525>. Acesso em: 16 nov.
2012.
Figura 4 Representação esquemática de um vírus não envelopado. Disponível
em: <http://3.bp.blogspot.com/-eJPQ9ta_0z8/TZT0SDkHhfI/AAAAAAAAAB4/o_
QuGuTHPvw/s1600/estr_virus+%25281%2529.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2012.
Figura 5 Representação esquemática de um vírus envelopado. Disponível em:
<http://4.bp.blogspot.com/-zCqFvGnfY8Q/TZT0RyXLnDI/AAAAAAAAAB0/S2-YxhPa6vs/
s1600/fig01a.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2012.
Figura 6 Representação esquemática de um bacteriófago. Disponível em: <http://i39.
tinypic.com/fe1no2.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2012.
Figura 7 Representação esquemática de bacteriófago invadindo uma célula
bacteriana. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_9Uduc1YGrd8/S_z- 913ABmI/
AAAAAAAACRI/467fRvhHFJA/s400/ciclo+l%C3%ADtico+de+los+virus+complejos.png>.
Acesso em: 16 nov. 2012.
Figura 8 Esquema dos passos da replicação viral. Disponível em: <http://www.nsf.gov/
news/mmg/media/images/full_life_cycle_h.jpg>. Acesso em: 17 nov. 2012.
Figura 9 Esquema dos ciclos de replicação lítico e lisogênico dos bacteriófagos. Disponível
em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5a/Phage2.
JPG/300px-Phage2.JPG>. Acesso em: 17 nov. 2012.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. (Biblioteca Pearson)

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EAD
Propriedades Gerais
das Bactérias

2
1. Objetivos
• Compreender a morfologia bacteriana.
• Reconhecer as formas e os arranjos bacterianos.
• Diferenciar bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e
ácido-álcool-resistentes.

2. Conteúdos
• Estrutura bacteriana.
• Tipos de parede celular de bactérias.
• Coloração de Gram.
• Formas e arranjos bacterianos.

3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
44 © Microbiologia e Imunologia

1) As bactérias são procariotos unicelulares que possuem


grande variedade de formas e arranjos e se distinguem
pela diversidade de suas vias metabólicas.
2) Antes de iniciar o estudo desta unidade, sugerimos que
você leia o tópico 6 da Unidade 2, da obra Biologia Ce-
lular e Tecidual, que trata sobre as principais diferenças
entre as células eucarióticas e as procarióticas.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, iremos abordar os aspectos da morfologia in-
terna e externa das bactérias. Você terá a oportunidade de conhe-
cer os principais tipos de bactérias existentes em relação à com-
posição da parede celular, uma estrutura localizada externamente
à membrana celular. Além disso, você aprenderá uma técnica de
coloração, a coloração de Gram, que diferencia as bactérias Gram-
-positivas das Gram-negativas.
Espera-se que, ao final desta unidade, você seja capaz de re-
conhecer a morfologia e a fisiologia das estruturas bacterianas e
que seja apto a distinguir os tipos de bactérias em relação à com-
posição da parede celular.

5. MORFOLOGIA BACTERIANA
As bactérias são células procarióticas, constituídas de uma
única célula e desprovidas de envelope nuclear. Possuem um cro-
mossomo circular único, porém algumas bactérias podem possuir
informação genética extracromossômica, que está presente em
pequenas moléculas de DNA circular, chamadas de plasmídios.
As bactérias não possuem em seu citoplasma as organelas
membranosas, típicas das células eucarióticas; possuem apenas os
ribossomos, que realizam a síntese proteica.
As células procarióticas são muito pequenas em relação às
células eucarióticas. Enquanto as células procarióticas possuem
© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 45

um diâmetro que varia de 0,1 µm a 60 µm, as células eucarióticas


podem apresentar um diâmetro de 2 µm a 200 µm. Dessa forma, a
relação superfície/volume é maior nas células procarióticas.
Ter uma elevada relação superfície/volume significa que
nenhuma parte do interior da célula está distante da superfície e
que os nutrientes externos podem chegar rapidamente a qualquer
parte da célula, pois a velocidade com que os nutrientes ou as
substâncias excretadas entram ou saem da célula é inversamente
proporcional ao tamanho celular. Por essa razão, as células pro-
carióticas, em condições favoráveis, se multiplicam rapidamente.
Para você ter uma ideia do impacto do tamanho celular em
relação à velocidade do crescimento celular entre as células eu-
carióticas e procarióticas, basta avaliar o tempo médio que elas
demoram a se dividir: uma bactéria, em média, demora 20 mi-
nutos para se multiplicar, enquanto a média das células do corpo
humano é de 24 horas.
Encontramos na natureza uma variedade muito grande em
relação à forma da célula bacteriana. Veja, na Figura 1, as formas
mais comuns:

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46 © Microbiologia e Imunologia

Figura 1 Representação de formas e arranjos bacterianos.

Repare na diversidade de formas:


1) coco: forma esférica;
2) bacilo: forma de bastão;
3) vibrião: forma de vírgula;
4) espirilo: forma ondulada;
5) espiroqueta: forma espiral.
Além de apresentarem formas típicas, algumas bactérias são
encontradas em grupos, formando diferentes arranjos:
1) diplococo: dois cocos;
2) tétrade: 4 cocos em cubo;
3) sarcina: 8 cocos em cubo;
4) estreptococo: uma série de cocos em cadeia;
5) estafilococo: arranjo semelhante ao cacho de uva;
© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 47

6) diplobacilo: dois bacilos unidos;


7) estreptobacilo: vários bacilos em cadeia.
Veja, na Figura 2, a estrutura geral das bactérias, composta por:
• membrana celular;
• citoplasma, que contém a região nucleoide, onde está o
cromossomo único, ribossomos, grânulos e vesículas.

Figura 2 Esquema representativo da estrutura geral das bactérias.

Externamente à membrana, a bactéria possui parede celular


e a presença facultativa de algumas estruturas, como cápsula, pili
(pelos) e flagelo.
Essas estruturas serão estudadas a partir de agora com mais
detalhes.

6. MEMBRANA CELULAR
A membrana celular das bactérias é estruturalmente se-
melhante à membrana das células eucarióticas. Ela segue o mo-
delo mosaico fluido; é composta por uma camada bilipídica, pro-
teínas e carboidratos. Sua principal função é a permeabilidade
seletiva, isto é, fazer a seleção das moléculas que entram e saem
da célula.

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48 © Microbiologia e Imunologia

O diferencial da membrana celular das bactérias é que ela


apresenta maior quantidade de proteínas, uma vez que esta cé-
lula é desprovida das organelas membranosas, e as funções des-
sas organelas são transferidas para a membrana celular, como por
exemplo: a síntese de ATP e a síntese de componentes da parede
celular. Ela também auxilia na replicação do DNA.

7. REGIÃO NUCLEAR OU NUCLEoIDE


As células bacterianas são desprovidas de envelope nuclear.
Sua região nuclear, também chamada de nucleoide, localiza-se no
centro da célula onde está a presença de um único cromossomo
circular, conforme Figura 3. Algumas bactérias possuem ainda mo-
léculas de DNA circular menores, chamadas de plasmídios, que
complementam o DNA cromossômico e, geralmente, possuem ge-
nes de resistência a antibióticos.

Figura 3 Esquema representativo da estrutura bacteriana nucleoide.

8. RIBOSSOMOS
Os ribossomos são abundantes no citoplasma bacteriano. Apre-
sentam formato esférico e estão relacionados à síntese de proteínas.
© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 49

Os ribossomos das bactérias são ligeiramente menores que


os ribossomos das células eucarióticas.
O coeficiente de sedimentação é a taxa que mede a velocidade
de sedimentação em um tubo submetido à centrifugação, e é expres-
so em unidades de Svedberg (S). Os ribossomos das células procarió-
ticas possuem 70S, enquanto o das células eucarióticas é de 80S.
Alguns antibióticos têm a capacidade de se aderir exclusi-
vamente aos ribossomos 70S, bloqueando a síntese proteica nas
bactérias, sem exercer este efeito nas células eucarióticas, como a
eritromicina e a estreptomicina.

9. INCLUSÕES
As inclusões servem para a célula armazenar substâncias
importantes para o seu metabolismo. A quantidade das inclusões
pode variar, dependendo da quantidade de nutrientes disponível
no ambiente.
No citoplasma bacteriano, podem ser encontrados dois tipos
de inclusões:
• grânulos: contêm um aglomerado de moléculas compac-
tadas que ficam armazenadas no citoplasma. Os grânulos
não são delimitados por uma membrana. Exemplo: grâ-
nulos de glicogênio (um polímero de glicose, que serve
como fonte de energia) e grânulos de pirofosfato (políme-
ro de fosfato, importante para várias vias metabólicas).
• vesículas: são estruturas que armazenam moléculas (ga-
ses e lipídios) que são delimitadas por uma membrana.

10. PAREDE CELULAR


A parede celular é uma estrutura semirrígida, localizada na
parte externa da membrana celular, que tem como componente
principal o peptideoglicano, que é um polímero formado por mo-

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50 © Microbiologia e Imunologia

léculas de N-acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico. Essas


moléculas se alternam na composição das cadeias e as moléculas
de peptideoglicano se sobrepõem, formando uma rede que confe-
re rigidez à parede celular. Veja na Figura 4.

Figura 4 Esquema representativo de moléculas de peptideoglicano.

Mas por que razão as bactérias necessitam desta estrutura


externa rígida?
Esta estrutura é necessária porque, como a pressão intra-
citoplasmática é equivalente a 2 atmosferas, para suportar esta
pressão sem estourar, as bactérias desenvolveram a parede ce-
lular, que desempenha um importante papel na manutenção da
forma da célula.
De acordo com a composição da parede celular, as bactérias
podem ser divididas em três grupos:
bactérias Gram-positivas;
bactérias Gram-negativas;
bactérias álcool-ácido-resistentes.
Estudaremos, a seguir, sobre cada tipo e bactéria.

11. PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS


A parede celular das bactérias Gram-positivas, conforme es-
quema da Figura 5, caracteriza-se pela presença de uma camada
© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 51

espessa, com cerca de 90% de peptideoglicano. Inseridas na cama-


da de peptideoglicano, as bactérias Gram positivas possuem ácido
teicoico.

Fonte: MADIGAN et. al. (2004, p. 72).


Figura 5 Estrutura da parede celular de bactérias Gram-positivas.

12. PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS GRAM-NEGA-


TIVAS
A parede celular das bactérias Gram-negativas, como você
pode observar no esquema da Figura 6, possui uma estrutura mais
complexa.
Inicialmente, ela possui duas membranas, a membrana ex-
terna e membrana interna. Entre as duas membranas, há uma ca-
mada fina de peptideoglicano. A membrana externa é mais per-
meável que a membrana interna, e possui o lipopolissacarídeo
(LPS) fixado em seu lado externo. Esse LPS é responsável por cau-
sar febre e diminuir a pressão sanguínea pela dilatação dos vasos
sanguíneos.
Outro fator exclusivo da parede celular das bactérias Gram-
-negativas é a presença de um espaço entre a membrana interna e
a camada de peptideoglicano, chamado de periplasma ou espaço
periplasmático. Esse espaço possui enzimas digestivas que metabo-
lizam substâncias nocivas às bactérias, incluindo alguns antibióticos.

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52 © Microbiologia e Imunologia

Fonte: MADIGAN et. al. (2004, p. 75).


Figura 6 Esquema representativo de moléculas da parede celular de bactérias Gram-
negativas.

13. PAREDE CELULAR DAS BACTÉRIAS ÁLCOOL ÁCI-


DO RESISTENTES
As bactérias álcool ácido resistentes recebem este nome
porque, depois de coradas, se tratadas com soluções ácidas, não
perdem a sua coloração. Pertencem ao gênero Mycobacterium sp.
A parede celular das micobactérias, como mostra o esque-
ma da Figura 7, caracteriza-se pela elevada quantidade de lipídios
(60% do peso da parede celular). O alto teor lipídico confere a elas
algumas propriedades, como crescimento lento, resistência a áci-
dos, resistência a detergentes e resistência a antibióticos comuns.
© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 53

Figura 7 Esquema representativo da parede celular da bactéria álcool ácido-resistente


Mycobacterium sp.

14. COLORAÇÃO DE GRAM


A coloração de Gram foi desenvolvida pelo médico dinamar-
quês Hans Christian Gram em 1884. É uma coloração diferencial
para bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.
Observe este método de coloração na Figura 8. Após a fixação,
ou seja, a adesão das bactérias à lâmina microscópica, por secagem
natural ou aquecimento rápido, as bactérias são inicialmente cora-
das por um minuto com coloração violeta. A seguir, acrescenta-se lu-
gol (solução de iodo), que é uma substância mordente, isto é, fixará
a coloração violeta no interior da célula. Posteriormente, as lâminas
são lavadas com uma solução de etanol e acetona e contracoradas
com o corante safranina, de cor vermelho-sangue.
Este método permite diferenciar as bactérias Gram-positivas
das Gram-negativas, devido à diferença na quantidade de peptide-
oglicano na parede celular destas bactérias.
Ambas as bactérias se coram com o corante violeta, porém,
ao serem lavadas com a solução de álcool e acetona, as bactérias
Gram-negativas, por possuírem uma camada fina de peptideogli-

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54 © Microbiologia e Imunologia

cano, permitem a saída do corante violeta e ficam incolores. Já as


bactérias Gram-positivas, por possuírem uma camada espessa de
peptideoglicano, ao serem lavadas com álcool e acetona, retêm o
corante violeta em seu citoplasma.
Ao final da coloração, as bactérias Gram-positivas permane-
cem com coloração azul ou roxa, enquanto as bactérias Gram-ne-
gativas são coradas com a safranina após a lavagem com a solução
de álcool e acetona, adquirindo cor vermelha. Veja na Figura 9.

Figura 8 Esquema da coloração de Gram.

Figura 9 Coloração de Gram.


© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 55

15. CÁPSULA
Ao lado externo da parede celular de algumas bactérias, há
um depósito de material polissacarídico, com espessura variada,
que é denominada de cápsula ou camada limosa.
Esta camada polissacarídica está relacionada com a adesão
às células do hospedeiro, e funciona como um mecanismo de es-
cape das funções do sistema imune, uma vez que a cápsula difi-
culta o reconhecimento dos antígenos bacterianos presentes na
parede celular pelas células desse sistema.
Além disso, a presença da cápsula protege as bactérias con-
tra a dessecação, pois seus carboidratos interagem facilmente com
moléculas de água. Veja uma imagem de uma cápsula na Figura 10:

Figura 10 Cápsula bacteriana.

16. PILI
Os pili (plural do latim pilus, significa "pelos") são prolonga-
mentos externos pequenos e ocos, não associados com a promo-
ção da motilidade bacteriana. Há dois tipos de pili:
• Pili de ligação: também chamados de fímbrias, são curtos
e estão relacionados à adesão das bactérias nas superfí-
cies das células dos hospedeiros ou de rochas, na água,

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56 © Microbiologia e Imunologia

entre outros. Essas estruturas aumentam a patogenicida-


de bacteriana. Veja a Figura 11.

Figura 11 Pili de ligação (fímbrias).

• Pili sexual: é mais longo que o pili de ligação. Promove


uma conexão entre duas células bacterianas e funcio-
na como um canal de transferência de material genéti-
co (DNA plasmidial) entre as bactérias. Este processo de
transferência de material genético é chamado de conju-
gação. É um evento que aumenta a variabilidade genética
e pode conferir resistência aos antibióticos para a bacté-
ria receptora, uma vez que o DNA plasmidial pode conter
genes de resistência a antibióticos. Veja a Figura 12.

Figura 12 Pili sexual ligando as bactérias.


© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 57

Observe, no esquema da Figura 13, como ocorre a conjugação.

Figura 13 Esquema representativo de conjugação bacteriana.

17. FLAGELO
O flagelo consiste em uma estrutura longa e fina que, se fi-
xada na membrana celular e na parede celular, possui a função
de promover a locomoção. É composto de subunidades de uma
proteína chamada de flagelina, que confere ao flagelo uma forma
helicoidal.
Em relação ao flagelo, as bactérias são classificadas como:
1) atríquias: bactérias desprovidas de flagelo;
1) monotríquias: possuem um flagelo;
2) anfitríquias: possuem dois flagelos em polos opos-
tos;
3) lofotríquias: possuem dois ou mais flagelos em uma
extremidade;
4) peritríquias: possuem flagelos em toda a periferia
bacteriana.

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Veja, na Figura 14, a seguir, uma representação esquemática


desses tipos de flagelos bacterianos.

Figura 14 Representação dos tipos de flagelos bacterianos.

18. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Descreva a morfologia e as funções das estruturas internas das bactérias.

2) Descreva a morfologia e as funções das estruturas externas das bactérias.

19. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudamos as estruturas internas e externas
das bactérias. No aspecto intracelular, as bactérias não possuem
© U2 - Propriedades Gerais das Bactérias 59

organelas membranosas; têm um cromossomo central único, loca-


lizado na região chamada de nucleoide.
Seu citoplasma pode ainda conter ribossomos, inclusões e
DNA plasmidial. Externamente, as bactérias possuem a parede
celular e, conforme a composição de sua parede celular, são clas-
sificadas em Gram-positivas, Gram-negativas e álcool ácido-resis-
tentes.
Na maioria das bactérias, existe um depósito de carboidratos
na parte externa da parede celular chamada de cápsula ou camada
limosa, que é uma adaptação desenvolvida contra os mecanismos
do sistema imune.
Algumas bactérias podem possuir flagelo, uma estrutura
relacionada à locomoção. Além disso, externamente, podem ter
pili, que estão associados à promoção de adesão e variabilidade
genética.
Na próxima unidade, estudaremos as propriedades gerais
dos fungos, um microrganismo eucarioto.

20. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Representação de formas e arranjos bacterianos. Disponível em: <http://upload.
wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/65/bacterial_morphology_diaGram_
pt.svg/649px-bacterial_morphology_diaGram_pt.svg.png>. Acesso em: 18 nov. 2012.
Figura 2 Esquema representativo da estrutura geral das bactérias.
Disponível em: <http://www.medley.com.br/aofarmaceutico/_files/
dbimagens/6f1b810fdad4fd465c116f704404ed96.jpg>. Acesso em: 18 nov. 2012.
Figura 3 Esquema representativo da estrutura bacteriana nucleoide. Disponível em:
<http://4.bp.blogspot.com/_veg-vqrxh9y/rgqc4jl_tyi/aaaaaaaaad8/trdzqkpvklk/s400/
img_monera1.gif>. Acesso em: 18 nov. 2012.
Figura 4 Esquema representativo de moléculas de peptideoglicano. Disponível em:
<http://faculty.ccbcmd.edu/courses/bio141/lecguide/unit1/prostruct/images/u1fig8_
ec.jpg>. Acesso em: 19 nov. 2012.
Figura 7 Esquema representativo da parede celular da bactéria ácido-
resistente Mycobacterium sp. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.

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60 © Microbiologia e Imunologia

com/- r0vwwhwkl5i/t3b1osxl7ai/aaaaaaaabgk/biotpoztjco/s1600/
parede+celular+de+uma+bacteria+mycobacterum+sp.jpg>. Acesso em: 19 nov. 2012.
Figura 8 Esquema da coloração de Gram. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_
apnsf2xqudo/tpgixvkdrei/aaaaaaaaalc/sogdszn1j18/s1600/Gram01.jpg>. Acesso em: 20
nov. 2012.
Figura 9 Coloração de Gram. Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/
uploads/2010/02/Gram.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2012.
Figura 10 Cápsula bacteriana. Disponível em: <http://www.icb.usp.br/bmm/ext/
arquivos/imagens/mario%20julio%20fig1a%20adesao%20bacterioides.jpg>. Acesso em:
21 nov. 2012.
Figura 11 Pili de ligação (fímbrias). Disponível em: <http://aulavirtual.usal.es/aulavirtual/
demos/microbiologia/unidades/documen/uni_02/57/figs/fig0408.jpg>. Acesso em: 21
nov. 2012.
Figura 12 Pili sexual ligando as bactérias. Disponível em: <http://lh5.ggpht.com/_
stdvfqgesji/tx-h5tgskzi/aaaaaaaacku/zefiu1aza8o/210973649_b75e67726a%5b9%5d.
jpg>. Acesso em: 21 nov. 2012.
Figura 13 Esquema representativo de conjugação bacteriana. Disponível em: <http://
www.sobiologia.com.br/figuras/reinos/transformacao.jpg>. Acesso em: 20 nov. 2012.
Figura 14 Representação dos tipos de flagelos bacterianos. Disponível em: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/Flagelo>. Acesso em: 14 dez. 2012.

21. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
MADIGAN, MICHEL T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed. São
Paulo: Prentice Hall, 2004.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. (Biblioteca Pearson).
EAD
Propriedades Gerais
dos Fungos

3
1. Objetivos
• Reconhecer a organização celular dos fungos.
• Classificar os fungos.
• Compreender a importância dos fungos na natureza.

2. Conteúdos
• Estrutura fúngica.
• Replicação fúngica.
• Classificação dos fungos.

3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
62 © Microbiologia e Imunologia

1) Você não pode se esquecer de que os fungos são orga-


nismos eucariotos, que se distinguem grandemente das
plantas e dos animais.
2) Por se tratar de um assunto bem amplo, interessante,
é importante que você complemente seus estudos por
meio da consulta dos livros recomendados nas referên-
cias bibliográficas, pois eles tratam do tema de uma for-
ma mais enriquecedora e abrangente.
3) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais
importantes, e anote suas dúvidas, para que elas sejam
sanadas por intermédio do sistema de interatividade
(Lista e Fórum) ou diretamente com o seu tutor, antes
de você estudar a próxima unidade.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, iremos estudar os fungos, um grupo de mi-
crorganismos eucariotos bastante diverso e amplamente distribuí-
do na natureza.
Aqui, você aprenderá a distinguir a morfologia dos fungos
filamentosos e leveduriformes, bem como conhecer as principais
classes de fungos e suas formas de multiplicação.
Espera-se que, ao final deste estudo, você seja capaz de reco-
nhecer a estrutura fúngica e desenvolva habilidades para distinguir
os fungos das bactérias e dos vírus. Além disso, espera-se que você
compreenda a importância desses seres vivos para nossa vida.

5. PROPRIEDADES GERAIS DOS FUNGOS


Os fungos compreendem um grupo diverso de organismos euca-
riotos que podem sobreviver tanto em hábitat aquático quanto terres-
tre. São heterotróficos, nutrindo-se de outros seres vivos, podendo ser:
• saprófitas: alimentam-se de matéria orgânica em decom-
posição;
© U3 - Propriedades Gerais dos Fungos 63

• simbiontes: vivem em simbiose (relação entre dois orga-


nismos que promove vantagem mútua);
• comensais: vivem em comensalismo (relação em que um
organismo se beneficia de outro, sem prejudicá-lo ou be-
neficiá-lo).
Por apresentarem algumas características típicas, os fungos
são classificados em um reino separado, o Reino Fungi.
Os fungos são diferenciados de outros organismos eucario-
tos por possuírem na parede celular os polissacarídeos quitina e
glucana e porque, em sua membrana celular, o ergosterol entra no
lugar do colesterol.
Morfologicamente, os fungos podem ser leveduriformes (le-
veduras) ou filamentosos (bolores).
As leveduras ou fungos leveduriformes são fungos unicelu-
lares, com aspecto esférico. Na maioria das vezes, elas se repro-
duzem assexuadamente por brotamento. Neste processo, uma
célula-mãe dá origem a uma protuberância, que cresce e poste-
riormente se separa dela, deixando cicatrizes.
Uma levedura bastante útil para o homem é a do gênero
Saccharomyces, mostrada na Figura 1. Ela é utilizada na fabrica-
ção de pães e na produção de bebidas alcoólicas.

Figura 1 Levedura de Saccharomyces cerevisiae.

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64 © Microbiologia e Imunologia

Os bolores ou fungos filamentosos, como os da Figura 2, são


multicelulares. São compostos por filamentos, estruturas tubula-
res chamadas de hifas, que se alongam em suas extremidades e
crescem ao longo de uma superfície, ramificando-se e formando
uma massa compacta, o micélio.

Figura 2 Microscopia eletrônica de varredura de Penicillium sp.

As hifas podem ser septadas, isto é, divididas por septos ou


paredes transversais, ou não septadas, chamadas de hifas ciano-
cíticas.
As hifas que crescem na superfície sólida do meio de cultura
ou sob a matéria orgânica são as hifas vegetativas. As hifas que
se projetam para o ar acima da superfície sólida são chamadas de
hifas aéreas. Observe o esquema da Figura 3, que apresenta esses
dois tipos de hifas.
© U3 - Propriedades Gerais dos Fungos 65

Figura 3 Esquema representativo das hifas de um fungo.

As hifas aéreas podem conter estruturas especializadas, co-


nhecidas como conídios, que são esporos assexuados (não deri-
vados da fusão de gametas), facilmente transportados pelo ar e
dispersos na natureza.
Alguns fungos produzem esporos sexuais, resultantes da fu-
são de gametas ou de hifas especializadas (gametângios), ou da
fusão de células haploides, com o propósito de formar uma célula
diploide que, posteriormente, sofrerá meiose e mitose para pro-
duzir esporos individuais.
Existem ainda os fungos dimórficos, que podem existir na
forma de levedura ou na forma filamentosa, de acordo com a tem-
peratura. Alguns fungos patogênicos humanos são dimórficos.
Em relação às bactérias, os fungos apresentam um cresci-
mento lento, com um tempo de multiplicação celular de horas.
Observe a seguir, na Figura 4, a transição de um fungo di-
mórfico, induzido, pela temperatura, a mudar do estado filamen-
toso (micélio) para o estado de levedura.

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66 © Microbiologia e Imunologia

Fonte: STURME, M. H. J. et. al. (2011).


Figura 4 Morfologia de células do fungo dimórfico P. brasiliensis, induzidas a sofrer a
transição micélio-levedura por um aumento de temperatura de 26 oC para 37oC.

Os fungos são divididos em cinco filos:


1) Cythridiomycota: compreende um grupo de fungos
primitivos, caracterizados pela presença de flagelo em
algum estágio do seu ciclo de vida. A maioria deles é
aquática. Sua parede celular contém quitina e glucanos
(polissacarídeos). Podem ser unicelulares ou multicelu-
lares, sendo a maioria saprófita ou parasita.
2) Zygomycota (zigomicetos): possuem parede celular com
quitina e hifas não septadas. O mais conhecido é o Rhi-
zopus nigricans, representado nas Figuras 5 e 6. O bolor
negro que cresce nos pães e nas frutas contém hifas aé-
reas com esporos. Quando são transportados pelo vento
e caem sobre a matéria orgânica, estes esporos germi-
nam e originam novas hifas. Entretanto, pode ocorrer
também a reprodução sexuada (conforme esquema da
Figura 7), com a fusão nuclear de hifas de cepas diferen-
tes, gerando zigotos em uma estrutura rígida chamada
de zigósporo.
© U3 - Propriedades Gerais dos Fungos 67

Figura 5 Esquema representativo do Rhizopus nigricans.

Figura 6 Rhizopus nigricans apresentando esporos.

Figura 7 Esquema representativo do ciclo de reprodução do Rhizopus nigricans.

Claretiano - Centro Universitário


68 © Microbiologia e Imunologia

3) Ascomycota (ascomicetos): recebem este nome porque


produzem esporos sexuados dentro de uma estrutura
em forma de saco, o asco. Possuem hifas septadas com
um poro central. Nos fungos filamentosos, a reprodução
assexuada ocorre com a produção de conídios nas ex-
tremidades das hifas. Veja esse tipo de reprodução na
Figura 8. Já na reprodução sexuada, como você pode
observar na Figura 9, uma hifa produz um ascogônio e
outra hifa próxima produz um anterídio. Eles se fundem
e, em seu interior, ocorre a fusão nuclear, com a produ-
ção de um zigoto que se divide em 8 núcleos dentro de
cada asco, formando 8 ascósporos, que são expelidos e
produzem novas hifas. As leveduras estão incluídas nes-
te grupo, apesar de se reproduzirem assexuadamente.

Figura 8 Esquema representativo da reprodução assexuada dos ascomicetos.

Figura 9 Esquema representativo da reprodução sexuada dos ascomicetos.


© U3 - Propriedades Gerais dos Fungos 69

4) Basidiomycota (basidiomicetos): são fungos que pos-


suem uma estrutura sexuada em forma de clava, cha-
mada de basídio. São conhecidos popularmente como
cogumelos. Em seu ciclo de vida, que você pode obser-
var na Figura 10, os esporos sexuais germinam formando
hifas com septos. No micélio, ocorre a fusão das hifas. As
hifas dicarióticas se desenvolvem e produzem basídios,
gerando os basidiósporos.

Figura 10 Esquema representativo do ciclo de vida dos basidiomicetos.

Alguns cogumelos são produtores de toxinas letais para o


homem, como o Amanita muscaria da Figura 11:

Figura 11 Cogumelo Amanita muscaria.

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70 © Microbiologia e Imunologia

5) Deteromycota (fungos imperfeitos): são chamados de


imperfeitos porque não possuem o estágio sexuado em
seu ciclo de vida.

6. A IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS em nossa vida


Nos ecossistemas, os fungos são decompositores, uma vez
que sua sobrevivência está vinculada à excreção de enzimas que
degradam a matéria orgânica. Eles podem ser considerados os
grandes recicladores de matéria orgânica da natureza.
Para inibir seus competidores no meio ambiente, os fun-
gos secretam algumas substâncias tóxicas como os antibióticos.
A maioria dos antibióticos do mercado farmacêutico é derivada
de fungos. Vale a pena relembrar que o primeiro antibiótico a ser
descoberto por Alexander Fleming, em 1928, foi a penicilina, um
derivado do fungo Penicillium sp.
A indústria farmacêutica também se beneficiou de substân-
cias derivadas de fungos que possuem atividade imunossupresso-
ra, administradas em pacientes transplantados.
Na indústria de alimentos, tem-se a utilização dos fungos nos
processos de fermentação para a produção de bebidas alcoólicas,
pães, queijos entre outros alimentos, além de alguns serem consu-
midos, como é o caso do champignon, do shitake e do shimeji, que
apresentam alto teor de proteínas.
Os fungos, por serem organismos eucariotos, são um exce-
lente modelo de estudo sobre estes, e têm sido utilizados pela bio-
tecnologia na produção de biofármacos.
Já os fungos que parasitam insetos podem ser extremamen-
te úteis para o controle de pragas nas plantações (biocontrole),
evitando o uso de pesticidas químicos.
© U3 - Propriedades Gerais dos Fungos 71

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Diferencie fungos leveduriformes, fungos filamentosos e dimórficos.

2) De que maneira os fungos beneficiam a sociedade?

8. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudamos a morfologia dos fungos, carac-
terizando-os em leveduriformes, fungos e dimórficos. Além disso,
você pôde conhecer as características morfológicas e reprodutivas
dos filos: Cythridiomycota, Zigomycota, Ascomycota, Basidiomyco-
ta e Deuteromycota.
Finalizando esta unidade, foi abordada a importância dos
fungos para o ser humano na indústria alimentícia e farmacêutica,
além de serem grandes recicladores de matéria orgânica.
Até o presente momento, estudamos os principais grupos
de microrganismos: vírus, bactérias e fungos. Na próxima unidade,
serão desenvolvidos os temas sobre o crescimento microbiano e
seu controle.

9. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Levedura de Saccharomyces cerevisiae. Disponível em: <http://www.
microbiologyonline.org.uk/themed/sgm/img/slideshows/3.1.4_fungi_2.png>. Acesso
em: 22 nov. 2012.
Figura 2 Microscopia eletrônica de varredura de Penicillium sp. Disponível em: <http://
www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_pos2003/const_microorg/
fungos6.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 3 Esquema representativo das hifas de um fungo. Disponível em: <http://www.
notapositiva.com/pt/trbestbs/biologia/imagens/11reprodassexu03.jpg>. Acesso em: 22
nov. 2012.

Claretiano - Centro Universitário


72 © Microbiologia e Imunologia

Figura 5 Esquema representativo do Rhizopus nigricans. Disponível em: <http://


portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/16053/imagens/zigomicetos.
jpg>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 6 Rhizopus nigricans apresentando esporos. Disponível em: <http://enfo.agt.bme.
hu/drupal/sites/default/files/rhizopus4.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 7 Esquema representativo do ciclo de reprodução do Rhizopus nigricans. Disponível
em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fungos/imagens/fungos-92.jpg>.
Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 8 Esquema representativo da reprodução assexuada dos ascomicetos. Disponível
em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-fungi/imagens/reino-72.jpg>.
Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 9 Esquema representativo da reprodução sexuada dos ascomicetos. Disponível em:
<http://lh5.ggpht.com/-3h4fqmfwctc/sfddmijfrqi/aaaaaaaaesi/cziudlod2sy/ascomicota.
jpg>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 10 Esquema representativo do ciclo de vida dos basidiomicetos. Disponível em:
<http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABjUcAI-0.png>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 11 Cogumelo Amanita muscaria. Disponível em: <Amanita muscariahttp://4.
bp.blogspot.com/-xsVrXKnEj2g/UAauzZeKqRI/AAAAAAAAAHY/2cWdmj3sKq4/s1600/
amanita_muscaria.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2012.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
STURME, M. H. J.; PUCCIA, R.; GOLDMAN, G. H.; RODRIGUES, F. Molecular biology of the
dimorphic fungi Paracoccidioides ssp. Fungal Biology Reviews, v. 25, n. 2, p. 89-97, jul.
2011.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. (Biblioteca Pearson)
EAD
Crescimento Microbiano

4
1. Objetivos
• Identificar as fases do crescimento microbiano.
• Aprender os fatores que interferem no crescimento mi-
crobiano.
• Identificar os agentes químicos e físicos que inibem o
crescimento microbiano.

2. Conteúdos
• Crescimento microbiano.
• A curva do crescimento microbiano.
• Fatores que interferem no crescimento microbiano.
• Meio de cultura.
• Fatores que inibem o crescimento microbiano.
74 © Microbiologia e Imunologia

3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Leia atentamente o conteúdo desta unidade.
2) Faça uma leitura atenta do texto e desenhe as figuras
ilustrativas no seu caderno de estudos, pois elas serão
de grande importância no seu conhecimento. Use as fi-
guras e desenhos como um recurso pedagógico impor-
tante para você e também para os seus futuros alunos.
3) Anote suas dúvidas para serem sanadas pelo seu tutor.
Pronto para começar?

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, iremos abordar dois temas importantes: o
crescimento microbiano e o controle do crescimento microbiano.
Aqui, você aprenderá quais são os principais fatores físicos e nutri-
cionais que podem afetar a multiplicação microbiana.
Em nosso cotidiano, há circunstâncias em que o crescimen-
to microbiano é desejável, como, por exemplo, na preparação de
um pão, em que se acrescenta fermento biológico à mistura de
farinha, leite e açúcar. À medida que as leveduras crescem neste
ambiente, elas utilizam o açúcar para fermentar a massa; neste
processo, seu crescimento é bem-vindo. No entanto, em algumas
circunstâncias, o crescimento microbiano pode ser indesejável,
como o crescimento de microrganismos nos alimentos, tornando-
-os impróprios ao consumo, ou em uma situação de uma infecção,
em que se procura minimizar seu crescimento.
Espera-se que, ao final desta unidade, você seja capaz de re-
conhecer os fatores que interferem no crescimento microbiano,
que aprenda a identificar as fases desse crescimento e reconheça
os agentes químicos e físicos que exercem atividade microbicida.
© U4 - Crescimento Microbiano 75

5. CRESCIMENTO MICROBIANO
Em Microbiologia, a palavra "crescimento" refere-se ao au-
mento do número de células. A maioria das bactérias se multipli-
ca por meio da fissão binária, demorando, em média, 20 minutos
para se desenvolver.
O crescimento microbiano pode ser monitorado por meio da
contagem do número de células em uma cultura microbiana em
função do tempo. Com esses dados, constrói-se um gráfico cha-
mado de curva de crescimento microbiano, como o da Figura 1.

Figura 1 Gráfico da curva de crescimento microbiano.

Por meio da análise da curva de crescimento microbiano,


pode-se observar que há quatro fases distintas:
1) fase Lag: nesta fase, as células microbianas estão em
processo de adaptação ao meio de cultura. Aqui, as célu-

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76 © Microbiologia e Imunologia

las aumentam seu volume e acumulam adenosina trifos-


fato (ATP), que são moléculas que armazenam energia,
porém a multiplicação celular é baixa.
2) fase Log (logarítmica) ou exponencial: após o período
de adaptação, as células se multiplicam em velocidade
exponencial. Neste período, as células se multiplicam
em velocidade máxima devido à grande disponibilidade
de nutrientes no meio de cultura.
3) fase estacionária: à medida que ocorre o gasto dos nu-
trientes no meio de cultura, o número de células que se
multiplicam é igual ao número de células que morrem,
mantendo constante o número de células vivas.
4) fase de morte: com a crescente escassez de nutrientes
no meio de cultura, as células começam a morrer coleti-
vamente, reduzindo de forma drástica o número de cé-
lulas viáveis.

6. FATORES QUE INTERFEREM NO CRESCIMENTO MI-


CROBIANO
Para que o crescimento microbiano ocorra com êxito, é ne-
cessário encontrar as condições físicas (pH, temperatura, pressão
osmótica) e químicas ideais (fatores nutricionais) para os micror-
ganismos se multiplicarem. Vejamos agora a influência desses fa-
tores para o crescimento microbiano.

Potencial hidroxiliônico (pH)


O potencial hidroxiliônico ou pH é um índice que expressa a
acidez ou a alcalinidade de uma substância, como você pode ob-
servar na Figura 2.
Em relação ao pH, as bactérias são divididas em:
• acidófilas: crescem na faixa de pH 0,1-5,4;
• neutrófilas: crescem na faixa de pH 5,4-8,5;
• alcalófilas: crescem na faixa de pH 7,0-11,5.
© U4 - Crescimento Microbiano 77

Figura 2 Distribuição dos microrganismos conforme o pH.

Temperatura
Cada microrganismo possui uma temperatura mínima, ne-
cessária à multiplicação celular, e uma temperatura máxima, que
é o limite para que as suas enzimas não sejam desnaturadas e ele
ainda continue a se multiplicar. Possui, também, uma temperatura
ótima, que é a temperatura ideal para seu funcionamento enzimá-
tico e, consequentemente, para sua proliferação máxima. Observe
o gráfico da Figura 3.

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78 © Microbiologia e Imunologia

Figura 3 Gráfico do efeito da temperatura no crescimento microbiano.

De acordo com a faixa de temperatura de crescimento, os


microrganismos podem ser classificados em quatro categorias
principais:
1) psicrófilos: crescem em temperaturas baixas;
2) mesófilos: sua temperatura ótima é média;
3) termófilos: possuem temperatura ótima elevada;
4) hipertermófilos: sua temperatura ótima é muito elevada.
Veja, na Figura 4, um gráfico representativo dessa classificação:

Figura 4 Gráfico da taxa de crescimento de diferentes tipos de microrganismos de acordo


com a temperatura.
© U4 - Crescimento Microbiano 79

Oxigênio
De acordo com a necessidade de oxigênio, os microrganis-
mos são classificados em:
1) aeróbicos obrigatórios: necessitam de oxigênio para so-
breviver;
2) anaeróbicos obrigatórios: morrem na presença de oxi-
gênio;
3) microaeróbicos: necessitam de uma quantidade peque-
na de oxigênio para sobreviver;
4) anaeróbicos facultativos: sobrevivem na presença ou
ausência de oxigênio;
5) anaeróbicos aerotolerantes: sobrevivem na presença
do oxigênio, mas sem utilizá-lo em seu metabolismo.
Observe esta representação na Figura 5:

Figura 5 Representação dos diferentes tipos de requerimentos de oxigênio das bactérias.

7. FATORES NUTRICIONAIS
Os fatores nutricionais são importantes para que os micror-
ganismos se multipliquem entre as principais fontes nutricionais.
São eles:
1) carbono: é disponibilizado para as células na forma de
carboidratos (glicose, frutose, sacarose e outros);
2) nitrogênio: é um importante componente dos ácidos
nucleicos;
3) fósforo e enxofre: são minerais utilizados na composição
de aminoácidos, nucleotídeos, fosfolipídios e ATP;

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80 © Microbiologia e Imunologia

4) oligoelementos: são necessários em pequenas quanti-


dades (cloreto de sódio, magnésio, manganês, vitami-
nas, entre outros).

Meios de cultura
Para realizar o crescimento de um microrganismo em labora-
tório, é necessário, antes, conhecer seus requerimentos nutricio-
nais. Dessa forma, é possível preparar o meio de cultura, que pode
ser líquido ou sólido e contém nutrientes capazes de suportar o
crescimento dos microrganismos.
Observe, na Figura 6, os exemplos de meios de cultura sólido
e líquido.
Além de conter nutrientes, normalmente o meio de cultura
contém uma solução-tampão para manter o pH do meio de cul-
tura estabilizado no pH ótimo. E, após a inoculação (introdução
do microrganismo neste meio de cultura), ele é mantido em sua
temperatura ótima, em determinado período de tempo, que varia
para cada microrganismo, para que haja crescimento microbiano.
Observe esse crescimento nas figuras 7e 8.

Figura 6 Exemplos de meios de cultura Figura 7 Meio de cultura sólido com


sólidos e líquidos. crescimento de colônias de bactérias.
© U4 - Crescimento Microbiano 81

Figura 8 Meio de cultura sólido com crescimento de colônias de fungos.

Os meios de cultura sólidos contêm a mesma composição do


meio líquido, com exceção do ágar, agente solidificador do meio
de cultura, composto por uma mistura de dois polissacarídeos,
acrescentado na concentração de 15% (peso/volume).

8. Fatores Físicos e químicos que controlam


o crescimento microbiano
Agentes químicos microbicidas:
1) sabões e detergentes: os sabões, substâncias alcalinas que
contêm sódio; os detergentes solubilizam lipídios e, na pre-
sença de água, suspendem sujeiras e microrganismos;
2) substâncias alcalinas ou ácidas: inibem o crescimento
de microrganismos quando a situação de acidez ou al-
calinidade impede o crescimento de um microrganismo,
por não ser o seu pH ótimo.
3) halogênios (iodo, cloro e bromo): são eficazes na elimi-
nação de bactérias e vírus.
4) metais pesados: prata, selênio, mercúrio e cobre, por
exemplo, inibem o crescimento de bactérias.

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82 © Microbiologia e Imunologia

5) agentes alquilantes (formaldeído, glutaraldeído e óxido


de etileno): exercem efeito microbicida porque possuem
a capacidade de desnaturar proteínas e ácidos nucleicos.
6) etanol 70%: o etanol, quando misturado à água na con-
centração de 70%, possui a propriedade de desnaturar
proteínas.
Agentes físicos microbicidas:
1) calor (seco, úmido e pasteurização): o aumento da tem-
peratura promove a morte microbiana por desnaturação
proteica;
2) refrigeração (4oC) e congelamento (-20oC): a diminuição
da temperatura inibe a atividade enzimática dos micror-
ganismos e diminui sua capacidade de multiplicação;
3) secagem e liofilização (técnica de congelamento a
seco): como os microrganismos necessitam de água para
sobreviver, toda técnica que envolva a remoção de água,
inibe o crescimento microbiano;
4) radiação (luz ultravioleta, radiação ionizante): induz da-
nos no DNA dos microrganismos, provocando sua morte.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Explique as fases do crescimento microbiano.

2) Quais são os fatores que interferem no crescimento microbiano?

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudamos alguns aspectos que envolvem o
crescimento microbiano e o controle do seu crescimento.
Na próxima unidade, estudaremos as propriedades gerais do
sistema imunológico.
© U4 - Crescimento Microbiano 83

11. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Gráfico da curva de crescimento microbiano. Disponível em: <http://www.uff.
br/enzimo/images/stories/ensino/FCMgreen1.png>. Acesso em: 30 nov. 2012.
Figura 2 Distribuição dos microrganismos conforme o pH. Disponível em: <http://vsites.
unb.br/ib/cel/microbiologia/crescimento/pHs.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2012.
Figura 3 Gráfico do efeito da temperatura no crescimento microbiano. Disponível em:
<http://vsites.unb.br/ib/cel/microbiologia/crescimento/temperaturas1.jpg>. Acesso em: 30
nov. 2012.
Figura 4 Gráfico da taxa de crescimento de diferentes tipos de microrganismos de
acordo com a temperatura. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ib/cel/microbiologia/
crescimento/tipostermicos.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2012.
Figura 5 Representação dos diferentes tipos de requerimentos de oxigênio das bactérias.
Disponível em: <http://www.scienceprofonline.org/images/oxygen-requirements-
bacterial- growth.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2012.
Figura 6 Exemplos de meios de cultura. Disponível em: <http://www3.ha.org.hk/qeh/
department/path/photo/micro_culture_plate3.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2012.
Figura 7 Meio de cultura com crescimento de colônias de bactérias.
Disponível em: <http://www.solabia.fr/solabia/produitsDiagnostic.nsf/SW_
PROD/828BE9E52AF1A593C12574C9002F3F40/$file/CSAKA_E%20sakazakii%20+%20
E%20cloacae%20d%C3%A9tour%C3%A9%20modifi%C3%A9%20copie.jpg>. Acesso em:
30 nov. 2012.
Figura 8 Meio de cultura sólido com crescimento de colônias de fungo. Disponível em:
<http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/286/quando-os-microrganismos-
salvam-vidas/image_preview>. Acesso em: 30 nov. 2012.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BLACK, J. G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. (Biblioteca Pearson)

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EAD
Noções do Sistema
Imune

5
1. Objetivos
• Compreender os princípios que regem o sistema imune.
• Diferenciar imunidade inata e adquirida.
• Conhecer as principais células e tecidos do sistema imune.
• Adquirir noções sobre imunidade humoral

2. Conteúdos
• Propriedades gerais do sistema imune.
• Imunidade inata e imunidade adquirida.
• Fases das respostas imunes.
• Células do sistema Imune.
• Órgãos linfoides.
• Imunidade humoral.
• Imunidade celular.
86 © Microbiologia e Imunologia

3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Nesta unidade serão abordadas as propriedades gerais
do sistema imunológico, porém sem a pretensão de fa-
zer um estudo aprofundado sobre o tema.
2) Antes de iniciar essa nova unidade, reveja os conceitos,
tire suas dúvidas e não deixe de pedir o auxílio do seu
tutor, se necessário.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta última unidade, aprenderemos os fundamentos da
Imunologia.
O sistema imune é responsável por reconhecer os compo-
nentes próprios e não próprios do corpo e, por consequência dis-
so, efetua a defesa contra a invasão de patógenos e outras subs-
tâncias estranhas ao corpo.
Você terá a oportunidade de conhecer os tipos de imunida-
de existentes, as células do sistema imune e a localização anatômi-
ca dos órgãos linfoides.
Posteriormente, você poderá ter uma breve visão da imuni-
dade humoral, mediada pelos anticorpos, e da imunidade celular,
coordenada pelos linfócitos T.
Ao final desta unidade, espera-se que você possa distinguir
a imunidade natural e a imunidade adquirida, para ter uma visão
panorâmica do funcionamento do sistema imune, das principais
células e órgãos linfoides, além de noções sobre as imunidades
humoral e celular.
© U5 - Noções do Sistema Imune 87

5. PROPRIEDADES GERAIS DO SISTEMA IMUNE


Imunidade significa proteção às doenças. O sistema imune
é composto por células e moléculas que agem coordenadamente,
montando as respostas imunes.
A principal função desse sistema é a de fazer o reconheci-
mento do que é próprio (componentes estruturais de um indiví-
duo) e do que é não próprio (qualquer molécula que não faça par-
te da constituição de um indivíduo). Este sistema discriminatório
(próprio/não próprio) desempenha o papel fisiológico de prevenir
infecções e erradicar as infecções estabelecidas.
O sistema imune é composto por dois tipos de imunidade
que trabalham em cooperação, chamadas de imunidade inata (na-
tural) e imunidade adquirida (específica).
A imunidade inata corresponde à primeira linha de defesa
contra agentes infecciosos. Seus componentes estão presentes
desde o nascimento (inato significa "nascido com") e, por isso, é
também chamada de imunidade natural.
Esta imunidade consiste de barreiras epiteliais, células es-
pecializadas e enzimas que bloqueiam a entrada dos microrganis-
mos. Exemplos: os tecidos epiteliais, que revestem as superfícies
internas e externas do corpo; as células fagocíticas, como as na-
tural killers (NK) e os macrófagos; a enzima lisozima, presente na
saliva e na lágrima, que possui a capacidade de degradar a pare-
de celular bacteriana; os componentes do sistema complemento,
que, quando ativado, promove a criação de poros na membrana
de uma célula infectada.
É importante enfatizar que as ações da imunidade inata são
inespecíficas, isto é, elas atuam independentemente do tipo do
patógeno, seja ele vírus, fungo ou bactéria.
A imunidade adquirida é composta por linfócitos, células
especializadas em reconhecer os antígenos. Quando as barreiras

Claretiano - Centro Universitário


88 © Microbiologia e Imunologia

da imunidade inata não são suficientes para conter o patógeno,


ele consegue atingir os órgãos linfoides, onde será reconhecido
pelos linfócitos de uma maneira específica.
Veja, no esquema da Figura 1, uma representação desses
dois tipos de imunidade.

Fonte: ABBAS; LICHTMAN (2007, p. 3).


Figura 1 Esquema representativo dos mecanismos das imunidades inata e adquirida.

Existem dois tipos de imunidade adquirida:


• Imunidade humoral: coordenada pelos linfócitos B, cé-
lulas produtoras de anticorpos, compostas de glicoprote-
ínas, estão presentes no sangue e nas mucosas e agem
contra patógenos extracelulares, bloqueando a entrada
destes nos tecidos conjuntivos.
• Imunidade celular: é mediada pelos linfócitos T, cujo alvo
é eliminar patógenos intracelulares. Os linfócitos T ativam
as células fagocíticas para eliminar os patógenos por elas
fagocitados. Existem alguns tipos de linfócitos T que pos-
suem capacidade de destruir qualquer tipo de célula que
abrigue um patógeno em seu citoplasma.
© U5 - Noções do Sistema Imune 89

Observe um resumo desses dois tipos de imunidade no es-


quema da Figura 2:

Fonte: ABBAS; LICHTMAN (2007, p. 5).


Figura 2 Esquema representativo dos tipos de imunidade adquirida.

A especificidade e a memória imunológica são duas caracte-


rísticas importantes da imunidade adquirida.
Na especificidade, os linfócitos T possuem receptores que
fazem o reconhecimento específico para antígenos distintos. Na
memória imunológica, observou-se que, a partir de exposições re-
petitivas de determinado antígeno, as respostas imunes se tornam
mais acentuadas.
A primeira exposição de um antígeno gera uma reposta imu-
nológica primária, que é coordenada por linfócitos "virgens", que
nunca interagiram com seu antígeno específico.
A repetição da exposição deste antígeno produz as respostas
imunológicas secundárias, que normalmente são mais rápidas e
mais eficazes para efetuarem a eliminação dos antígenos em rela-
ção às respostas primárias. Isso ocorre porque nas respostas pri-

Claretiano - Centro Universitário


90 © Microbiologia e Imunologia

márias são criados linfócitos de memória, que são células de vida


longa, que quando ativadas novamente pelo mesmo antígeno, tor-
nam as respostas imunes mais eficazes.

6. FASES DAS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS ADQUIRIDAS


De modo geral, as respostas imunes adquiridas possuem
uma sequência de fases contínuas, como a seguir:
1) Reconhecimento: os linfócitos T ou B virgens (aqueles
que ainda não interagiram com seu antígeno específico)
utilizam seus receptores de membrana para reconhece-
rem o antígeno.
2) Ativação: a interação do receptor do linfócito com o an-
tígeno, associados a sinais secundários, promovidos pe-
los patógenos ou por outras células do sistema imune,
induzem à multiplicação dos linfócitos em um processo
chamado de expansão clonal, que é o aumento numéri-
co de linfócitos que reconhecem o antígeno.
3) Efetora: os linfócitos ativados, também chamados de
efetores, desenvolvem estratégias imunes para a elimi-
nação do antígeno. Por exemplo, produzem anticorpos
que eliminam substâncias mediadoras para estimular
as células fagocíticas, ou se diferenciam em células que
destroem células infectadas.
4) Declínio: com a eliminação dos antígenos, a maioria dos
linfócitos efetores morre por apoptose (morte celular
programada) e é removida pelos fagócitos.
5) Memória: os linfócitos efetores sobreviventes permane-
cem vivos por longos períodos e podem ser reativados
rapidamente ao entrarem em contato com o antígeno
específico.
Observe um resumo dessas fases no esquema da Figura 3:
© U5 - Noções do Sistema Imune 91

Fonte: ABBAS; LICHTMAN (2007, p. 9).


Figura 3 Esquema representativo das fases das respostas imunológicas adquiridas.

7. AS CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE


As células do sistema imune derivam de células-tronco he-
matopoiéticas da medula óssea, conforme a Figura 4.

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92 © Microbiologia e Imunologia

Figura 4 Esquema representativo das células do sistema imune.

As células que compõem a primeira linha de defesa do corpo


são derivadas da linhagem mieloides, conforme a seguir:
1) Neutrófilos: são leucócitos fagocíticos, primariamente
recrutados na resposta inflamatória aguda. Possuem
vida média curta devido a sua alta reatividade. Seus
grânulos primários e secundários possuem substâncias
microbicidas em seu metabolismo, por meio das quais
ele consegue produzir peróxido de oxigênio, que limita o
crescimento microbiano.
2) Eosinófilos: são granulócitos polimorfonucleares que
realizam a defesa contra parasitas e estão envolvidos
nas reações alérgicas. Sua citotoxicidade está baseada
em seus grânulos citoplasmáticos, que contêm proteínas
básicas e catiônicas.
3) Basófilos e mastócitos: são granulócitos polimorfonu-
cleares, responsáveis pela inflamação alérgica. Possuem
receptores membranosos que interagem com anticor-
pos do tipo E. Quando os anticorpos interagem com seu
antígeno específico, degranulam e liberam substâncias
inflamatórias.
4) Monócitos e macrófagos: são células envolvidas na fagoci-
tose, atuando na eliminação intracelular de microrganismos.
© U5 - Noções do Sistema Imune 93

5) Células dendríticas: são células fagocíticas que atuam


como apresentadoras de antígenos para linfócitos. São
encontradas em tecidos epiteliais de vários órgãos.
6) Eritrócitos e plaquetas: estão envolvidos com o proces-
so de coagulação e na liberação de mediadores inflama-
tórios relacionados à ativação da imunidade inata.
7) Células linfoides: atuam predominantemente na imuni-
dade específica. São divididas em três grupos:
a) Células dependentes do timo: linfócitos T (amadu-
recem no timo).
b) Linfócitos B: células que produzem os anticorpos.
Ao serem ativados, aumentam de tamanho e pas-
sam a secretar anticorpos. Nesta fase, são chama-
dos de plasmócitos.
c) Linfócitos T: são células originadas da medula óssea
que migram para o timo, onde são amadurecidas e
passam a expressar em sua membrana celular o re-
ceptor da célula T (TCR). Os linfócitos T são as células
que regulam a imunidade por meio da secreção de
substâncias chamadas de citocinas. Existem dois ti-
pos principais de linfócitos T:
• Linfócitos T auxiliares: expressam em sua mem-
brana a proteína CD4 e reconhecem antígenos
extracelulares, que são apresentados pelas célu-
las fagocíticas por moléculas de MHC II (Comple-
xo de Histocompatibilidade Maior). Eles regulam
a resposta imune celular e estimulam a produção
de anticorpos pelos linfócitos B.
• Linfócitos T citotóxicos: são células que expres-
sam na superfície a proteína CD8 e reconhecem
antígenos intracelulares expressos pelas célu-
las apresentadoras de antígeno via moléculas
de MHC I (Complexo de Histocompatibilidade
Maior). Ao reconhecerem células infectas, os lin-
fócitos T CD8 as destroem.

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94 © Microbiologia e Imunologia

8) Células natural killers (NK): diferentemente dos linfóci-


tos T auxiliares e citotóxicos, as células NK não possuem
um receptor específico para o reconhecimento antigêni-
co. São células citotóxicas que exercem sua função me-
diante um processo chamado de citotoxicidade celular
dependente de anticorpo (ADCC), ou seja, ela elimina
células revestidas por anticorpos. Possuem a capacida-
de de lisar células infectadas, apesar de não possuírem
um receptor de reconhecimento de antígenos como os
linfócitos T e B.

ÓRGÃOS LINFOIDES
Os linfócitos, os fagócitos e as células acessórias são concen-
trados em alguns órgãos e tecidos definidos, chamados de órgãos
linfoides.
Esses órgãos são anatomicamente organizados para favorecer
o encontro entre os antígenos e as células reconhecedoras de antí-
genos, otimizando o reconhecimento e a ativação dos linfócitos.
São classificados em dois tipos:
• Órgãos linfoides geradores ou primários: compostos pela
medula óssea e pelo timo, onde ocorre a produção e o
amadurecimento dos linfócitos, no sentido de estarem
aptos para reconhecer os antígenos.
• Órgãos linfoides periféricos ou secundários: são os locais
onde os linfócitos maduros reconhecem os antígenos es-
tranhos, como os linfonodos, o baço e o sistema imune
cutâneo e de mucosas.
© U5 - Noções do Sistema Imune 95

Figura 5 Esquema representativo dos órgãos linfoides do corpo humano.

Medula óssea
A medula óssea, como foi mencionado anteriormente, ori-
gina todas as células do sangue a partir de uma célula precursora
não diferenciada, que é comissionada a se diferenciar em diversos
tipos de células presentes no sistema imune, como os eritrócitos,
os leucócitos e as plaquetas, de acordo com as citocinas estimula-
doras ao seu redor. Observe a medula óssea e as células formadas
no esquema da Figura 6:

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96 © Microbiologia e Imunologia

Figura 6 Esquema representativo dos componentes da medula óssea.

Timo
O timo é um órgão bilobado, localizado na parte anterior
do coração, conforme você pode observar na Figura 7, que sofre
involução (diminuição de tamanho) a partir da adolescência. Em
seu interior, ele é subdividido em lóbulos menores que possuem
uma região externa chamada de córtex, rica em linfócitos T e uma
região central, a medula, onde os linfócitos são encontrados em
menor quantidade.
Os timócitos (linfócitos imaturos no timo) encontram-se em
diferentes estágios de maturação; eles migram no sentido córtex-
-medula e, nesta jornada, amadurecem, tornando-se os linfócitos
T CD4 ou T CD8.
© U5 - Noções do Sistema Imune 97

Figura 7 Esquema representativo da localização anatômica do timo.

Linfonodos
Os linfonodos são nódulos de tecido linfoide distribuídos
pela rede de vasos linfáticos do corpo. Observe o esquema da Fi-
gura 8. Os vasos linfáticos transportam a linfa, um líquido derivado
dos resíduos excretados pelas células e tecidos do corpo.
À medida que a linfa passa pelos linfonodos, as células fagocíti-
cas capturam os possíveis antígenos e apresenta-os para os linfócitos
T e B. Poderíamos dizer que os linfonodos filtram os antígenos da linfa.

Figura 8 Esquema representativo da estrutura de um linfonodo.

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98 © Microbiologia e Imunologia

Baço
O baço é um órgão abdominal que possui a mesma função
que os linfonodos, porém ele filtra os antígenos presentes no san-
gue. Veja sua imagem na Figura 9.
Histologicamente, ele é dividido em polpa vermelha e polpa
branca. A polpa vermelha contém os sinusoides vasculares, com
grande quantidade de macrófagos que fazem a digestão de eritró-
citos mortos. Já a polpa branca contém tecido linfoide, com linfó-
citos T e B e células fagocíticas.

Figura 9 Esquema representativo da localização do baço e das suas estruturas (detalhe).

Tecido linfoide cutâneo e mucoso


Nos tratos respiratório e digestório, temos como exemplo de
tecido linfoide mucoso as tonsilas palatinas, as faríngeas e lin-
guais, conforme você pode observar na Figura 10.
© U5 - Noções do Sistema Imune 99

Figura 10 Esquema representativo da cabeça, em corte sagital, apresentando as tonsilas


faríngeas, palatinas e linguais.

Ainda como exemplo de tecido linfoide mucoso, o intestino


delgado (íleo) apresenta as placas de Peyer ou conglomerados
linfonodulares ileais, que são aglomerados de nódulos linfáticos
presentes na mucosa e na submucosa ileal.

Figura 11 Esquema representativo de uma placa de Peyer.

Nos epitélios, é comum a presença de linfócitos T CD8 e de


células dendríticas que monitoram os antígenos nestes locais. Nor-
malmente, ao interagirem com um antígeno, essas células migram
para o linfonodo mais próximo.

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100 © Microbiologia e Imunologia

8. IMUNIDADE HUMORAL
A imunidade humoral é coordenada pelos linfócitos B, que
possuem em sua membrana celular um receptor que reconhece
os antígenos (moléculas capazes de induzir uma resposta imune),
denominado de BCR (Receptor da Célula B) ou mais comumente
de anticorpo ou imunoglobulinas (Ig).
Um linfócito B virgem (célula que ainda não interagiu com
seu antígeno específico), ao reconhecer um antígeno, é ativado,
aumenta de tamanho e começa a produzir e excretar anticorpos. A
célula B produtora de anticorpos é chamada de plasmócito.
Estrutura do anticorpo
A estrutura geral de uma molécula de anticorpo é composta
por quatro cadeias peptídicas, que apresentam o formato da letra Y.
O anticorpo possui duas cadeias pesadas idênticas, e duas
cadeias leves, idênticas. Cada cadeia leve está ligada a uma cadeia
pesada e as duas cadeias pesadas estão ligadas entre si por meio
de ligações dissulfeto. Veja a Figura 12.

Figura 12 Esquema representativo da estrutura geral de um anticorpo.

As cadeias leves e pesadas possuem os domínios variáveis


(regiões da molécula onde há diversidade na composição dos ami-
noácidos), e os domínios constantes (regiões da molécula onde a
composição dos aminoácidos são sempre os mesmos).
© U5 - Noções do Sistema Imune 101

Observe, na Figura 13, que o domínio variável da cadeia leve


está disposto paralelamente ao domínio variável da cadeia pe-
sada. Dessa forma, nas extremidades dos braços dos anticorpos
têm-se as regiões variáveis, que são responsáveis por fazer o reco-
nhecimento do antígeno, enquanto os domínios constantes estão
relacionados com as funções efetoras (eliminação dos antígenos).

Figura 13 Esquema representativo dos domínios variáveis e constantes de um anticorpo.

Há cinco classes de anticorpos: IgA, IgD, IgE, IgM e IgG. A letra


maiúscula após Ig identifica a classe do anticorpo, conforme a Figura 14.

Figura 14 Esquema representativo das classes dos anticorpos.

As classes de anticorpos são distinguidas pela diferença no


padrão de glicosilação (adição de carboidratos) da cadeia pesada,
cujo nome é dado com letras do alfabeto grego, e também em re-
lação a sua função, conforme descrito na Tabela 1.

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102 © Microbiologia e Imunologia

Tabela 1 Propriedades dos anticorpos.


Nome da
Classe de
cadeia Propriedades
anticorpo
pesada
IgA α Realiza a imunidade de mucosas.
IgD δ É presente na membrana de linfócitos B maduros
(capazes de reconhecer antígenos).
IgE ε Está presente nas reações de hipersensibilidade
(alergias) e imunidade a vermes.
IgM μ Promove a aglutinação de antígenos e a opsonização
de bactérias, além da ativação do sistema
complemento.
IgG γ Promove a citotoxicidade celular dependente de
anticorpo. Ativação do sistema complemento,
neutralização de microrganismos e toxinas, imunidade
neonatal.

Por meio dos domínios variáveis, os anticorpos ligam-se a


seus antígenos específicos. Esta interação promove diferentes fun-
ções efetoras, como as apresentadas a seguir:
1) Ativação dos linfócitos B, que se diferenciam em plas-
mócitos, as células secretoras de anticorpos.
2) Neutralização do antígeno, pois, se o antígeno for uma
toxina, seu efeito pode ser bloqueado por um anticorpo.
3) Ampliação da sua fagocitose, porque a opsonização (re-
vestimento por anticorpos) ativa a fagocitose.
4) Desencadeamento do sistema complemento, que con-
siste em uma reação em cascata de proteínas do plasma,
culminando na formação de poros nas membranas das
células revestidas por anticorpos.
5) Citotoxicidade celular mediada por anticorpos, devido
ao fato de as células NK possuírem em sua membrana
receptores para anticorpos. Quando ativados, esses re-
ceptores desencadeiam mecanismos que induzem as cé-
lulas NK a exterminar a célula revestida por anticorpos.
6) Reação de hipersensibilidade, que ocorre quando as IgE
se fixam aos receptores dos mastócitos, fazendo com
que estes liberem histamina, um potente agente infla-
matório.
© U5 - Noções do Sistema Imune 103

Veja, na Figura 15, um esquema dessas reações efetoras:

Fonte: ABBAS; LICHTMAN (2007, p. 159).


Figura 15 Esquema representativo das funções efetoras dos anticorpos.

9. IMUNIDADE CELULAR
Os linfócitos T são células que reconhecem os antígenos por
meio do receptor membrânico TCR, que, em oposição aos linfóci-
tos B, que reconhecem antígenos de natureza molecular variada
(carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos), reconhecem
primariamente peptídeos proteicos que necessariamente devem
estar associados às moléculas do MHC.
O MHC (Complexo de Histocompatibilidade Maior) é um
conjunto de genes cujos produtos são expressos na superfície ce-
lular. O papel fisiológico das moléculas de MHC é apresentar antí-
genos para os linfócitos T.
As moléculas de MHC são divididas em dois tipos principais,
como veremos a seguir.

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104 © Microbiologia e Imunologia

MHC classe I
O MHC classe I é uma molécula composta por duas cadeias
peptídicas (cadeia alfa e cadeia beta 2 microglobulina).
A cadeia alfa possui três domínios chamados de α1, α2 e α3.
Os dois primeiros domínios são variáveis e formam uma fenda en-
tre si, onde o antígeno se liga. O domínio α3 é constante. Para
compreender melhor, veja o esquema da Figura 16.

Figura 16 Esquema representativo da estrutura da molécula de MHC classe I.

Estas moléculas são presentes em todas as células nucleadas


do corpo. São produzidas pelo retículo endoplasmástico rugoso e
se associam a antígenos intracelulares (como, por exemplo, um
antígeno viral) na fenda entre seus domínios variáveis e, posterior-
mente, são transportadas até a superfície da membrana celular.

MHC classe II
O MHC classe II é uma molécula composta por duas cadeias
peptídicas (cadeia alfa e cadeia beta) que contêm domínios variáveis
e constantes que formam uma fenda entre os domínios variáveis que
se associa a antígenos extracelulares. Veja seu esquema na Figura 17.
© U5 - Noções do Sistema Imune 105

Figura 17 Esquema representativo da estrutura da molécula de MHC classe II.

Essa molécula é posteriormente levada para a superfície da


célula. As células que possuem MHC classe II são chamadas de cé-
lulas apresentadoras de antígenos profissionais (APCs), pois po-
dem apresentar antígenos via moléculas de MHC classe I e MHC
classe II para os linfócitos. Exemplos: macrófagos, linfócitos B e
células dendríticas.
Os antígenos intracelulares são apresentados via molécula
de MHC classe I para os linfócitos T CD8, que são células citotóxi-
cas, isto é, capazes de matar as células portadoras dos antígenos
que eles reconheceram. São excelentes mediadores para matar
células infectadas por vírus ou células tumorais.
Em contrapartida, os antígenos extracelulares são apresenta-
dos via MHC classe II para os linfócitos T CD4, que são células T au-
xiliares (T helpers). Os T CD4 são células que coordenam o sistema
imune por meio da liberação de mediadores imunes chamados de
citocinas, que podem desencadear diversas funções efetoras que
visam à eliminação dos antígenos, tais como:

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106 © Microbiologia e Imunologia

1) Ativação dos linfócitos T: ocorre por meio da liberação


de IL-2 (interleucina 2), um fator de crescimento para
os linfócitos T. Dessa forma, é ampliada a população de
linfócitos T que reconhecem o antígeno específico.
2) Ativação dos linfócitos B: leva à produção de anticorpos.
3) Recrutamento de células fagocíticas: promove a fagocitose.
4) Ativação de linfócitos T CD8: ocorre para a promoção da
citotoxicidade.
Ao analisarmos de maneira bem sucinta o funcionamento do
sistema imunológico, podemos observar que a imunidade natural é
uma imunidade inespecífica, que constitui a primeira barreira imuno-
lógica a ser disparada na proteção contra os agentes infecciosos, en-
quanto a imunidade adquirida é um braço da imunidade que atua de
forma mais fina, por meio do reconhecimento antigênico específico.
Se os antígenos forem intracelulares, a principal ferramenta
para eliminá-los é a imunidade celular. Mas se os antígenos forem
extracelulares, a melhor ferramenta imunológica para eliminá-los
será a imunidade humoral.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Diferencie imunidade inata e adquirida.

2) Explique as fases das respostas imunes.

3) Quais são os órgãos linfoides?

4) Cite as funções dos linfócitos T e B.

11. considerações Finais


Finalizamos aqui a obra Microbiologia, que buscou apresen-
tar apenas uma referência e um apoio para o estudo dos conteú-
dos aqui abordados.
© U5 - Noções do Sistema Imune 107

Várias informações importantes podem ser encontradas nos


livros usados como referência bibliográfica para a estruturação das
unidades desta obra.
Para melhor compreensão, busque informações em outras
bibliografias e consulte seu tutor. Esperamos que tenhamos contri-
buído para mais uma etapa do seu processo de formação.
Ao concluir esse percurso pedagógico, será um sinal alenta-
dor saber que você continua tendo perguntas e vontade de conti-
nuar a estudar. Significa que o método pedagógico foi acertado e,
especialmente, que seu esforço e coragem foram fecundos!

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 4 Esquema representativo das células do sistema imune. Disponível em: <http://3.
bp.blogspot.com/_zxggjiyyvoo/s_6kjk8msti/aaaaaaaaacq/bu-v67rq_ty/s1600/
hematopoiese.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2012.
Figura 5 Esquema representativo dos órgãos linfoides do corpo humano. Disponível
em: <http://3.bp.blogspot.com/- E8AtphWtBnc/TtKuUALx9yI/AAAAAAAAAHU/
UbcMMtDMsdI/s1600/linfatico.jpg>. Acesso em: 29 nov. 2012.
Figura 6 Esquema representativo dos componentes da medula óssea. Disponível em:
<http://1.bp.blogspot.com/_TYKXEPKoytc/SSiTUG0y8bI/AAAAAAAABTg/Rr6Jem65oEI/
s320/s9.bmp>. Acesso em: 28 nov. 2012.
Figura 7 Esquema representativo da localização anatômica do timo. Disponível em:
<http://trialx.com/curetalk/wp-content/blogs.dir/7/files/2011/05/diseases/Thymus_
Cancer-3.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2012.
Figura 8 Esquema representativo da estrutura de um linfonodo. Disponível em:
<http://www.cancerresearchuk.org/prod_consump/groups/cr_common/@cah/@gen/
documents/image/crukmig_1000img-12068>. Acesso em: 29 nov. 2012.
Figura 9 Esquema representativo da localização do baço e das suas estruturas (detalhe).
Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d6/Illu_
spleen.jpg/250px-Illu_spleen.jpg >. Acesso em: 29 nov. 2012.
Figura 10 Esquema representativo da cabeça, em corte sagital, apresentando as tonsilas
faríngeias, palatinas e linguais. Disponível em: <http://www.dejadrn.com.br/wp-
content/uploads/2012/11/amidalas.jpg>. Acesso em: 29 nov. 2012.
Figura 11 Esquema representativo de uma placa de Peyer. Disponível em: <http://www.
immunopaedia.org.za/typo3temp/pics/c39e02acb3. >. Acesso em: 29 nov. 2012.

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108 © Microbiologia e Imunologia

Figura 12 Esquema representativo da estrutura geral de um anticorpo. Disponível em:


<http://www.oocities.org/sssiqueira/anticorpo2.jpg>. Acesso em: 29 nov. 2012.
Figura 13 Esquema representativo dos domínios variáveis e constantes de um anticorpo.
Disponível em: <http://www.pop.eu.com/uploads/images/MIELOMA_MULTIPLO/
ANTICORPO.jpg>. Acesso em: 29 nov. 2012.
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course1.winona.edu/kbates/Immunology/images/figure_04_05.jpg>. Acesso em: 29
nov. 2012.
Figura 16 Esquema representativo da estrutura da molécula de MHC classe I. Disponível
em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ee/MHC_Class_1.
svg/200px-MHC_Class_1.svg.png>. Acesso em: 29 nov. 2012.
Figura 17 Esquema representativo da estrutura da molécula de MHC classe II. Disponível
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svg/220px-MHC_Class_2.svg.png>. Acesso em: 29 nov. 2012.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; ANDREW, H. Imunologia básica: funções e distúrbios do
sistema imunológico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
JANEWAY, J.; CHARLES, A.; TRAVERS, P.; WALPORT, M.; SCLOMCHIK, M. J. Imunobiologia:
o sistema imune na saúde e na doença. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
ROITT, I. B.; JONATHAN, M. D. Imunologia. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003.

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