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RESUMOS PARA A PROVA

 Malinowski – Funcionalista, preocupação com as funções da


sociedade

- Necessidade de apresentação dos dados de forma “imparcial e franca”, objetivismo


científico.
- Todos os passos da pesquisa devem ser descritos detalhadamente
- Preocupação em desenvolver um método de observação científico, procurando
adquirir maior legitimidade ao seu trabalho.
- Introdução: ele apresenta uma descrição dos métodos utilizados na coleta do material
etnográfico
- “um trabalho etnográfico só terá valor científico se nos permitir distinguir claramente,
de um lado, os resultados da observação direta e das declarações e interpretações nativas
e, de outro, as inferências do autor, baseadas em seu próprio bom-senso e intuição
psicológica” – distinção e diferenciação do que é observado na prática e da
interpretação do antropólogo sobre o fato observado.
- Inicia coletando dados concretos por dificuldade de inserção ao campo, mas apenas
isso n era suficiente para entender a mentalidade e comportamento, e desenvolve 3
princípios metodológicos:
1- Objetivos genuinamente científicos e conhecimento dos valores e critérios da
etnografia moderna.
2- Imersão completa no campo, viver mesmo entre os nativos, sem depender de outros
brancos. Observação Participante
3 – Ele deve aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro de
evidência.

- O antropólogo deveria ter o objetivo de compreender/descrever uma cultura como um


todo, estabelecer o contorno firme e claro da constituição tribal e delinear as leis e os
padrões de todos os fenômenos culturais, isolando-os de fatos irrelevantes. E não focar
apenas em um campo, como religião ou parentesco.
- O etnógrafo tem o dever e a responsabilidade de estabelecer todas as leis e
regularidades que regem a vida tribal; apresentar a anatomia da cultura e descrever a
constituição social. Porém, esses elementos não se encontram formulados em lugar
nenhum. O recurso para o etnógrafo é coletar dados concretos sobre todos os fatos
observados e através disso formular as inferências gerais. Deste material, que deve
cobrir o maior número possível de fatos, a inferência é obtida por simples indução.
- Os Imponderáveis da Vida Cotidiana: observação do cotidiano, dos fatos
corriqueiros, que não são alcançados pela coleta quantitativa, se dá numa esfera mais
subjetiva e intima da cultura.
a) a descrição da observação , feita em diários de campo, precisa ser minuciosa
explicitar aquilo que for óbvio e aquilo que não for óbvio para o observador; ao fazer
isso, o etnógrafo torna possível se parar sua própria subjetividade e seus preconceitos
daquilo que é concreto sobre as práticas do povo observado.
b) uma descrição mais geral daquela sociedade enquanto um todo, também ajuda a
contextualizar as observações específicas num quadro geral; esse "quadro" pode incluir
informações demográficas, estatísticas, descrição dos sistemas de parentesco e outras
hierarquias sociais, etc. Quadro sinótico
c) Por fim, as entrevistas etnográficas devem ser realizadas com alguns nativos; essas
entrevistas são alongadas, e não se estruturam a partir das perguntas do observador, mas
sim a partir da fala dos entrevistados, o que permite que eles forneçam ao observador
um retorno reflexivo subjetivo sobre as práticas observadas, ampliando a compreensão
do etnógrafo sobre aquela cultura.
Esqueleto: Estrutura da sociedade, concreta e mais facilmente observada, quadros
sinóticos
Carne: os imponderáveis da vida cotidiana
Sangue: coleta de narrativas típicas, expressões culturais que ajudam a compreender a
visão de mundo
(A tradição, o que eles realmente fazem, e o que eles dizem que fazem)

Gilberto Velho – Observando o familiar


Pontua a questão da vontade da imparcialidade e a distancia sobre o objeto estudado,
lembrando que muitos não acreditam nesse não-envolvimento.
Distância social e Distância Psicológica
- O que sempre vemos e encontramos pode ser familiar, mas não necessariamente
conhecido e o que não vemos ou encontramos pode ser exótico, mas até certo ponto,
conhecido.
- Descontinuidades dentro de uma mesma sociedade, a familiaridade e conhecimento
com/sobre todos os grupos não é homogênea.
DaMatta vai falar que a hierarquização nas sociedades complexas organiza e mapeia a
sociedade, portanto, com a maioria das pessoas, não ocorreria essa exotização do
familiar nas cidades, porém Velho vai problematizar isso colocando a esfera do Poder,
que gera estereótipos e organiza este mapa de acordo com seus privilégios. Esse mapa
nos familiariza, mas isso não significa que conhecemos o ponto de vista dessas pessoas.
- Pensa o lugar do antropólogo em sua própria sociedade
- Papel iconoclasta do cientista social, de abordar e relativizar essas formas de
hierarquização.
- grau de familiaridade varia e é diferente do conhecimento sobre as lógicas das relações
e precisa ser relativizado e objeto de reflexão
- meu conhecimento pode estar comprometido pela rotina, hábitos e estereótipos
- nossas categorias e mecanismos de classificação podem atrapalhar se não forem
constantemente relativizados, principalmente no que nos é familiar
- aponta o caráter interpretativo/aproximativo do fazer antropológico, que a partir
da subjetividade do observador não toca a objetividade da cultura (se é que ela
existe)
- quando se estuda nossa sociedade a interpretação do antropólogo estão sendo
constantemente testadas pela sociedade e pelos colegas de profissão, o que geralmente
não ocorre quando com culturas exóticas. Essa versão cientifica do antropólogo
concorre com outras formas de representações (artísticas, jornalísticas, etc) nas culturas
complexas
- essa possibilidade de “dialética” ou questionamento da sociedade é uma vantagem ao
se observar o familiar

FOOTWHITE – treinando observação participante


Necessidade de pensar em uma explicação do antropólogo sobre ele mesmo e sobre seu
trabalho. No caso, quando com seu interlocutor que o inseriu no campo, ele não tinha
que lidar com essas questões, porém sozinho as pessoas se mostravam curiosas.
- começou dando uma explicação mais elaborada e que muitos não ligavam ou
compreendiam bem.
- isso gerou as versões dos próprios “nativos” para o trabalho do antropólogo
- sua relação com a comunidade era muito mais importante para sua aceitação no campo
do que a explicação que desse para seu trabalho.
- importância de conseguir apoio de “indivíduos-chaves”, pessoas com certa liderança,
para quem ele explicava melhor seu trabalho.
- sua relação com Doc muda, e ele passa de um simples informante/protetor para um
colaborador da pesquisa, trazendo dados mais pontuados que pudessem ser de interesse
para a pesquisa
- necessário saber o momento de saber a pergunta e também sobre o que perguntar
- a partir do momento que ele fora aceito pelo grupo, muitas das perguntas eram
respondidas sem a necessidade de qualquer questionamento direto.
- cuidado ao forçar uma interação tentando interpretar os modos nativos, o antropólogo
sempre vai ser visto como alguém diferente àquele meio. Esse estranhamento muita das
vezes era o que as atraia para se relacionarem com ele.
- tentava ao máximo não influenciar os contextos e sempre se mostrava muito prestativo
afim de conquistar companhias
- cuidado para não se integrar completamente a determinado grupo, fazendo com que
feche campo para outros grupos ou setores (em casos de disputa ou rivalidade
- organização e indexação dos dados

Mariza Peirano – Os antropólogos e suas linhagens


- antropologia (parasita de outras ciências) se coloca como ponto de reflexão entre
conceitos e teorias da própria sociedade do antropólogo
- todo fato social não pode ser retirado do contexto social, só podendo ser compreendido
dentro dele
- o observador é parte integrante do processo de conhecimento e descoberta, pode-se
dizer, como já se fez anteriormente, que na antropologia não existe fato social, mas
`fatos etnográficos', salientando que houve seleção no que foi observado e interpretação
no relato.
- o trabalho de campo não é o objetivo final do antropólogo, mas são as monografias e
os estudos particulares que permitem uma teorização mais ampla e reflexiva “Às vezes,
é a observação de uma pequena frente de expansão que nos leva a teorizar sobre o
capitalismo autoritário no Brasi”
- “O ocidente torna-se, então, uma entre várias possibilidades de realização da
humanidade.”
- antropologia é mais que a reunião de fatos e observações do exótico ou contextos
culturais mais variados, ela se propõe a refinar seus próprios conceitos e ao observar o
particular exótico tentar universalizado através da comparação de suas diferenças
chegando a questões mais gerais e próximas à nossa própria sociedade.
- não há uma formula do bom trabalho de campo, mas a necessidade de uma avaliação
histórica dos temas que serão abordados. A partir do percurso de formação se
desenvolve uma linhagem, como uma “árvore genealógica de autores consagrados”. É
um constante processo de aprimoração dessas linhagens.
- assim os autores nunca ficam estritamente “batidos” ou superados, sendo sempre
considerados pontos ou observações relevantes com que façam que os mesmos sejam
incorporados em pesquisas recentes.
- Primeira : não há como propriamente ensinar a fazer pesquisa de campo
“Em suma, na antropologia o treinamento metodológico se faz melhor quando acoplado
às monografias clássicas ou, o que dá no mesmo, quando derivado dos cursos teóricos”
porque pode se aprender algo da experiência já vivida e relatada de outros, mas nunca
retirar uma formula geral para isso, tendo de ser contextualizada.

- Segunda: a antropologia não se reproduz como uma ciência normal de paradigmas


estabelecidos, mas por uma determinada maneira de vincular teoria-e-pesquisa, de modo
a favorecer novas descobertas.
As impressões do campo promovem o estranhamento ou percepção da inadequação de
certas teorias que baseavam o método da pesquisa, mostrando a necessidade da
construição de algo novo

- Terceira: se a pesquisacum -teoria define o empreendimento antropológico, então não


há lugar para crise enquanto houver pesquisa nova e reflexão teórica correspondente (e
vice-versa)
“agora somos todos nativos”, percepção de que não era o nativo que definia a disciplina,
mas a análise entre diferenças culturais, entre o mundo do antropólogo e dos “outros”.
Compreender isso não abre espaço para uma crise disciplinar, mas diversificação de
perspectivas e relativização, construindo e mantendo a disciplina.
Diagnóstico: 1- “Em outros termos, meros trechos de monografias não bastam.”
Necessidade de uma leitura completa e aprofundada para evitar um trabalho mal feito
2 – não traspassamento de fronteiras, se voltando para o familiar, principalmente grupos
oprimidos da nossa sociedade
3- problema de se incorporar modismos estrangeiros e negar trabalhos mais “clássicos”
contemporâneos e não suscitar a elaboração de métodos mais particulares
- interdisciplinaridade vista como positiva, mesmo que seja necessário se considerar as
diferenças institucionais inerentes a cada disciplina.

Vagner Silva

- saber a hora e como abordar alguém para uma entrevista

Geertz, Descrição Densa


- Cultura como: uma teia de significados (partindo da semiótica) tecida pelo próprio
homem  ciência INTERPRETATIVA, na busca pela interpretação desses
significados. Assim a etnografia, para conhecer a cultura, mais que registrar os fatos,
deve analisar, interpretar e buscar os significados contidos nos atos, ritos, performances
humanas e não apenas descrevê-los.
- De acordo com Geertz, elaborar uma etnografia a partir de uma descrição densa é
interpretar e elaborar uma leitura da leitura que os nativos fazem da própria cultura. A
etnografia enquanto um método de pesquisa antropológica tem a função não somente de
guiar o pesquisador em campo, mas também atua como um fundamento do papel do
antropólogo sem a necessidade dele se tornar um objeto de estudo, um nativo. Assim, ao
realizar um trabalho etnográfico, além dele proporcionar o posicionamento do
pesquisador ele permite realizar uma compreensão da interpretação que os nativos têm
de suas interpretações se tornando assim uma leitura de segunda e/ou terceira mão já
que para ele somente o próprio nativo faz interpretação em primeira mão.
- Em resumo: a descrição etnográfica é formada pela interpretação do discurso e o
registro deste relato.
- Assim, ao estudar a antropologia e buscar entender seu escopo principal não é
"responder às nossas questões mais profundas, mas colocar a nossa disposição as
respostas que outros deram e assim inclui-las no registro de consultas sobre o que o
homem falou. "(p.21).
- Descrição densa: descrição das ações culturais e dos fatos sociais por trás destas
ações, levando-se em conta todos os pormenores e particularidades. Uma descrição
que não busca leis gerais (ex. funcionalismo, estruturalismo) que se baseiam na
descrição superficial desses fatos, mas uma descrição INTERPRETATIVA, que
considere a interpretação dos significados e seus emaranhados, que para Geertz,
são conformadores da Cultura.
- o uso da carga teórica aplicada ao campo só pode ser construída e delimitado de
acordo com a interação do/no campo. Não se deve tomar teorias à priore. Ex: as
piscadelas
Cultura não é uma entidade, é um contexto.
- É interpretativa, porque interpreta o fluxo do discurso social, e, interpretar consiste em
resgatar o cerne desse discurso de suas possibilidades e transformá-lo em termos
suscetíveis de consulta.
- O objetivo é tirar grandes conclusões a partir de fatos pequenos, mas densamente
entrelaçados; apoiar amplas afirmativas sobre o papel da cultura na construção da vida
coletiva empenhando-as exatamente em especificações complexas.

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