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AULA 1
Orientações Gerais sobre a disciplina de redação:
I. Tema e estrutura
II. Proposta (Argumentação)
III. Norma Culta (Gramática e uso da língua)
IV. Coerência
V. Coesão textual
Título: sempre se deve fazer, ao menos que esteja explícito nas instruções/coletânea que este não é
necessário. No ENEM, seu uso é facultativo. Só coloque o tema da redação no título se nada melhor lhe
vier à cabeça até o fim do tempo de prova.
Introdução: Dividida em Periférico (frase de efeito para começar o texto e chamar o interesse do
corretor para a leitura), Tema (apresentação do tema de modo claro, sem expressar opiniões ainda) e
Tese (expressar a sua opinião sobre o tema, sem justifica-la). Lembrando que a introdução deve ser
concisa e nela se responde a pergunta ‘O quê?’, sem nada justificar nela. Não deve passar de seis linhas
e o posicionamento da tese define 50% da nota de tema e estrutura.
Vale ressaltar que essa é uma receita pronta de se fazer redação e que propicia excelentes coerência e
coesão textual se bem feita. Existem outros modos, esse é o que eu julgo mais fácil de se fazer e com
maiores chances de dar certo em momentos de pressão como o vestibular.
Leituras de correção
Vertical: avalia estrutura redacional, se ela possui começo, meio e fim, se a tese está bem posicionada.
Pontos importantes
2 GÊNEROS REDACIONAIS
Dissertação: mais comum em vestibulares, pode ser argumentativa ou expositiva. A dissertação
argumentativa é a top do vestibular, a que é pedida em praticamente todos. Suas peculiaridades
estão na estrutura textual (dividida em introdução, argumentação e conclusão) e na
necessidade de que a opinião do redator esteja claramente exposta no texto, sendo defendida
através de argumentos e ratificada através de exemplos, fatos históricos, fatos atuais,
argumentos de autoridade e semelhantes.
A dissertação expositiva é o que você faz quando responde, por exemplo, uma pergunta de
história no vestibular. Você coloca ali tudo o que sabe, sem opinar a respeito. Cuidado! Quando
você faz um parágrafo supostamente de argumentação e não relaciona sua tese ao argumento,
seu texto deixa de ser argumentativo (sua opinião não está nele) e passa a ser expositivo (o que
você sabe sobre o assunto).
Narrativas: A narrativa é o famoso ‘conte uma história’. Aparece em vestibulares como o da PUC
e da Unicamp, em muito menos intensidade do que as dissertações. Entre as suas
peculiaridades, tem-se a necessidade da narrativa ter um começo, meio e fim e que todas as
situações nela criadas precisam ser resolvidas. Aquele suspense típico de literatura não deve
estar presente, de preferência. A resolução deve ser no clímax, no final da narrativa.
Há dois tipos de narradores: o observador e o personagem. O primeiro narra em terceira
pessoa, podendo ser onisciente (sabe o que os demais personagens estão pensando) ou não
onisciente (apenas observa). O personagem participa da trama e conta apenas a sua visão da
situação. Cuidado! Quando você escolher um narrador, vá com ele até o fim. Narradores tipo
‘Harry Potter’, que variam sua posição, não são bem vindos na redação narrativa.
Cartas: As cartas podem ser narrativas ou dissertativas. Quando narrativas, estarão
normalmente obedecendo a realidade – você deve ser narrador personagem ou observador não
onisciente – e deve constar, no topo da folha, a data e o vocativo, sem se esquecer da despedida
ao final. Não assine a redação.
Se for dissertativa, expositiva ou argumentativa, deve estar em primeira pessoa.
Redação – MedEnsina – Aula 3
1 DISCUSSÃO DO TEMA PROPOSTO ANTERIORMENTE EM SALA (TELENOVELA)
Procurem os plantonistas para discutir a redação! Esse feedback é fundamental. Vocês são em
muitos, corrigimos muitas redações e fica inviável escrever em cada texto tudo o que nós
achamos.
A meta para quem está abaixo de 5,0, é chegar nesta nota. Para quem já está conseguindo
passar disso, é chegar nos 7,5. Lembrem-se que 5,0, na prova de redação, não é uma nota ruim.
Explicitem a tese o máximo possível. Quando o tema for uma pergunta, ela deve ser respondida
na tese.
Relacionem tema-tese e argumento, como já explicado na Aula 2.
Cuidado com o uso de senso comum nos argumentos. Ele pode ser usado, sim, mas cuidado
como vocês o utilizam e a linguagem que usam para tal.
Cuidado com a pontuação! 1 parágrafo não deve, de maneira alguma, ser formado por uma
frase só. Períodos muito longos comprometem a coerência textual!
A escrita só melhora com a leitura! Invistam nisso!
2 FORMAÇÃO DE PARÁGRAFOS
A formação de parágrafos em redação se dá através de tópicos frasais. São frases bem curtas, como se
fossem tópicos mesmo. Servem para, nos rascunhos, organizarem o raciocínio, evitar tangência/fuga do
tema e manter a coesão textual.
3 RASCUNHOS
Neste primeiro momento, vamos dividir os rascunhos em três.
1. Brainstorm: pode ser feito no canto da folha, junto ao tema. São palavras, frases curtas,
citações, tudo o que você sabe relacionado ao tema, bem resumido. Coloque o que você acha,
mas não defina a tese ainda.
2. Rascunho esquema: faça onde der, alguma folha em branco que você possa usar na prova. Ele é
composto de tópicos frasais de cada parte da redação. O esquema segue em uma folha abaixo,
que você pode imprimir e usar para fazer seus rascunhos das próximas redações.
3. Rascunho escrito: una seus tópicos frasais feitos no esquema, através de conjunções e frases
auxiliares.
4 RASCUNHO ESQUEMA
I. INTRODUÇÃO
Periférico:
Tema:
Tese:
II. ARGUMENTAÇÃO
Argumento 1:
Ratifica 1:
Argumento 2:
Ratifica 2:
Argumento 3:
Ratifica 3:
III. CONCLUSÃO
Resumo:
Tema-tese:
Chave de ouro:
Redação - MedEnsina - Aula 4
Leitura e aproveitamento da coletânea
-> Às vezes o tema da redação pode ser uma simples frase ou uma pergunta. Na maioria das
vezes, entretanto, vem acompanhado de uma série de textos, imagens e tirinhas relacionadas
entre si, ao que chamamos de coletânea.
-> A leitura da coletânea deve ser feita de forma cuidadosa. Sugere-se grifar as partes mais
importantes e o tópico frasal de cada texto deve ser destacado.
-> Em alguns vestibulares, como a FUVEST, é muito comum que todos os textos tenham uma
única opinião sobre o tema, o que já serve de guia para qual tese é mais recomendada no
caso. Em outros, haverá temas divergentes e convergentes, dando espaço ao redator para a
escolha da tese.
-> Não se deve NUNCA copiar dados da coletânea. Em alguns vestibulares é permitido mas,
pelo sim e pelo não, é melhor não copiar.
-> A partir do que se é grifado na coletânea, pode-se dar início ao brainstorm e escolher a
tese.
-> Quando lendo a coletânea, tente se questionar o porquê do texto ter sido escolhido pelo
examinador, o que se destaca nele para estar ali. Procure fazer relações com textos que vocês
conhecem e o conhecimento que vocês tem. Uma pergunta interessante a se fazer é 'que
informações não estão presentes na coletânea e que seriam importantes para serem
abordadas neste assunto?'
O tema central do texto é a solidão, o homem vivendo em uma ilha. Deve-se ficar atento ao
fato que esta solidão é algo pensado, escolhido e não uma situação em que o indivíduo foi
forçado a permanecer.
Para a argumentação, tem-se a atual complicação das relações humanas, as situações criadas
pela globalização e informatização, a sociedade individualista e egoísta emergente e afins.
É um tema fácil de se retirar do texto, mas sua argumentação pode ser difícil.
A introdução, como já dito em aulas anteriores, divide-se, pela técnica básica de dissertação
argumentativa, em três partes: o periférico, o tema e a tese.
-> Periférico: o periférico pode ser uma citação, uma frase feita por você, havendo intertexto
com livros, filmes, obras de arte que você conheça. Deve estar, obrigatoriamente,
relacionado ao tema e ser relevante para a compreensão da sua argumentação. Deve vir
acompanhados de elementos de coesão, bem encaixado no parágrafo; não 'jogue' o periférico
no texto. Ele é importante, pois é a primeira impressão passada ao corretor, é a primeira
frase que será lida - se nela contiver uma boa bagagem cultural ou algo bem articulado, o
corretor já lê a sua redação com mais carinho. Mas cuidado: o periférico deve sempre estar
coeso com a sua tese e argumentação.
-> Tema: apresentação do tema de forma simples e direta, pode ser emendado com o
periférico em uma frase. NÃO COPIE o tema apresentado na coletânea, de forma alguma.
Na pior das hipóteses, parafraseie.
-> Tese: A tese é a parte mais importante da sua introdução. Ela mostra ao corretor o que
você irá defender ao longo do texto e que este é uma dissertação argumentativa, como
pedido nas instruções/coletânea. Deve conter a sua opinião sobre o assunto, sem justificá-la.
Ela pode ser emendada com o tema ou vir sozinha em uma frase.
Considerações gerais:
-> A introdução deve conter entre 4 e 6 linhas, de preferência. Introduções muito longas são
mais propensas a conter justificativas da tese.
-> Caso sejam usados, no periférico, conceitos que necessitem de explicação, esta deve ser
feita. Lembrando que, além desta situação, não se deve justificar nada na introdução.
-> De maneira alguma faça sua introdução toda em uma frase. Ela pode conter até quatro
frases, mas o modelo que proporciona uma maior coesão é o de duas frases. Você pode
escolher em juntar o periférico e o tema ou o tema e a tese.
-> Em temas unilaterais (os mais trabalhados em redação, que não suscitam polêmica),
deve-se escolher apenas uma tese (jogo do sim ou não). Caso o tema suscite polêmica (os
chamados bilaterais, como maioridade penal, aborto, religião, crenças, pena de morte e
afins), pode-se escolher duas teses ("ficar em cima do muro"), desde que sejam definidos os
limites entre as duas.
Jogo do sim ou não: pergunte a sim mesmo se você concorda ou não com o que foi proposto
pelo tema. Se o tema é, por exemplo, consumismo, pergunte-se se você concorda com o
consumismo exacerbado e levante no brainstorm seus argumentos que fortaleçam essa sua
opinião.
-> Como definir o limite entre as duas teses? Em um tema como o aborto, por exemplo,
deixe claro em que situações este deve ser proibido e em quais deve ser liberado, tomando
cuidado para não se contradizer.
Paragrafação
-> Uso de DOIS parágrafos: quando se tem dois argumentos fortes e muito o que falar sobre
eles - serão bem explorados. Pode-se ter mais de uma coisa que valide o argumento
(combinar fatos históricos e argumentos de autoridade, por exemplo). É o jeito mais fácil de
se argumentar. Deve-se ficar atento ao gancho entre os parágrafos (deve ser feito a partir do
tema), que será o elemento de coesão. A coerência também pode ficar prejudicada, devendo
tomar cuidado com os períodos mais longos. Pode ser usado em qualquer tema, bilateral ou
unilateral. Cada parágrafo pode ter entre 9 e 11 linhas.
-> Uso de TRÊS parágrafos: a técnica mais ensinada, normalmente trabalha com dois
argumentos muito fortes e um mais fraco. Não recomendo, já que os argumentos fortes ficam
mal explorados pela limitação de linhas e o mais fraco acaba fragilizando a coesão textual.
Pode ser usado quando os três argumentos forem fortes e deve ser acompanhado de uma
boa capacidade de síntese, para que os parágrafos não fiquem demasiadamente grandes.
Não se deve utilizar o último parágrafo para refutar a tese ou mostrar o outro lado da
mesma, já que isso enfraquece a argumentação e, novamente, prejudica a coesão textual.
Uma boa indicação para o uso de três parágrafos é em narrativas e quando de temas
bilaterais, já que se justifica menos e deixa o parágrafo menos propenso a erros de
argumentação.
Considerações gerais
-> Deve-se, em cada parágrafo, fazer a relação com o tema tese. É o que torna seu texto
coeso e mantém o tom de dissertação argumentativa.
-> A sua opinião é a parte central da argumentação! Cuidado para não utilizar mil dados que
a validem e não colocá-la, o texto fica expositivo.
-> Cuidado com o uso de primeira pessoa, seja do plural ou singular. Não deve ocorrer.
-> Cuidado com períodos longos, eles prejudicam a coesão e coerência. Procure utilizar frases
de, no máximo, três linhas, mantendo a coesão entre as frases dentro de um parágrafo.
-> Crenças
-> Gostos pessoais ("a música clássica, arcaica diante da sociedade atual..." - quem disse que é
arcaica? A sociedade?)
-> Generalizações indevidas ("as mulheres, em geral mais frágeis, preferem romances...")
-> Preconceitos (implícitos e explícitos).
Indicações de leitura:
Outras obras: O Pássaro Raro (sua primeira obra, excelente para o trabalho de temas
abstratos); Maya.
Anthony Burgess: escritor e crítico britânico. Suas obras são marcadas pela sátira
constante à sociedade inglesa da sua época (modernismo inglês). A obra mais
importante é “Laranja Mecânica”, uma fábula de ficção científica que descreve um
futuro cheio de violência. Tem uma raiz filosófica com o básico de pensadores da
época.
George Orwell: escritor e jornalista inglês. Obra que revela injustiças sociais, se opõe
ao totalitarismo e apoia timidamente a anarquia.
Livro indicado: 1984
Resenha: http://www.icultgen.com.br/2011/12/03/resenha-do-livro-1984-george-orwell/
Resenha no Guia do Estudante: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-
historia/saiba-mais-livro-1984-george-orwell-678177.shtml
Acesso às obras completas de Orwell: http://www.george-orwell.org/
-> Lembre-se de que a leitura deve ser feita de modo crítico, com anotações e
pesquisas sobre o que não se sabe e/ou entende. Não se deve seguir em frente sem
entender o que foi dito anteriormente e qual a relação daquela situação no contexto.
Indicações de filmes
-> Novamente, lembrar de não seguir em frente sem entender o que ocorreu
anteriormente e a situação no contexto. Fazer anotações.
- Hotel Ruanda: trata da guerra entre tutsis e hutus em 1994, um dos maiores
genocídios já vistos no mundo.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=3wf8prFBpIM
- Persépolis: trata da Revolução Islâmica no Irã e da crise árabe que se estende até os
dias de hoje.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=3PXHeKuBzPY
http://www.youtube.com/watch?v=5Q_WXPXq-WM (filme completo)
Obras de arte:
- Os retirantes – Portinari
- A Persistência da Memória – Dali
- Guernica – Picasso
- A Traição das Imagens – Magritte
Redação MedEnsina – Aula 8
Técnicas de conclusão
A conclusão fecha o texto e deve fazê-lo de forma redundante, sem apresentar ideias
novas (já que não há mais espaço para desenvolvê-las e cada ideia que é aberta na redação
deve ser explorada de forma coerente e coesa).
Sobre o número de frases, normalmente usam-se duas, podendo unir o resumo e o tema
tese, ou o tema tese e a chave de ouro. Em determinadas situações em que se consegue
manter a coerência textual, pode-se inverter tema-tese e resumo de posição dentro do
parágrafo, tomando o devido cuidado para manter a chave de ouro como a última coisa do
texto.
Toda ideia colocada no texto deve ser desenvolvida, estando vinculada ao tema e à
tese.
Coerência: refere-se a um texto claro e com sentido, cuja leitura é feita como se
fosse um livro – sem pausas e sem retornos. As ideias devem estar bem interligadas
dentro de cada frase e de cada parágrafo. Refere-se ao termo de leitura linear.
Coesão: interligação do texto como um todo. O que mantém a coesão do texto é
primeiramente o tema e, em um segundo momento, a estrutura.
Os recursos de coesão gramaticais podem ser anafóricos (quando retomam algo
que já foi mencionado, sendo essencialmente pronomes) e catafóricos (quando se
referem a algo que será mencionado adiante).
Métodos de evitar a repetição de palavras: uso de termos anafóricos (pronomes) e
catafóricos (pronomes como ‘esta’, uso de dois pontos e termos resumitivos);
repetição de parte do nome (quando citando autores); nominalização (substituição
da forma verbal pela forma nominal; ex: pensar criticamente – pensamento crítico);
uso de sinônimos (ex: pessoas, cidadãos, indivíduos, massa); uso de epítetos (ex:
Pelé, Rei do Futebol, Craque da Vila).
Métodos de se manter a coerência: utilização adequada de conjunções (conectivos)
e domínio de sintaxe. Saber qual conjunção utilizar em cada tipo de oração e em
cada momento.
Site útil para aprender sintaxe e seus componentes:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/
Redação MedEnsina – Aula 10
Filosofia aplicada
- Tema utilizado: FUVEST 1996 – O mito, as crenças, seu funcionamento efetivo e seu futuro.
Diz-se, historicamente, que a divisão definitiva entre ciência e religião foi feita no
Renascimento, mas pode-se observar o início do trajeto dessa fronteira já no surgimento dos
primeiros filósofos da natureza – que procuravam explicações para os processos da natureza
e, principalmente, para as transformações visíveis. É com eles que surge a primeira forma de
fazer ciência: a observação.
Surge com Demócrito uma ideia de fatalismo – tudo o que vai ocorrer está pré
determinado. E, na Antiguidade, esse pensamento é muito determinado: acreditava-se nos
Oráculos, que eram capazes de ver o destino. O mais importante era o Oráculo de Delfos. Na
entrada deste, tinha-se a seguinte frase: ‘Conhece-te a ti mesmo’, para lembrar às pessoas
que é impossível fugir do próprio destino. A ideia de fatalismo é um mito que avançou na
sociedade e tornou-se presente nas religiões.
A história de Édipo Rei é uma das mais conhecidas da época – e falava justamente sobre o
fatalismo.
PLATÃO
Platão foi discípulo de Sócrates e foi quem escreveu algumas das idéias deste. Fundou
sua própria escola aos arredores de um bosque que levava o nome de um herói grego
chamado Academos, por isso recebeu o nome de Academia, que está na sociedade até os dias
atuais.
Enquanto os filósofos anteriores, principalmente os da natureza, preocupavam-se em
determinar se as coisas fluem ou são imutáveis, Platão acreditava que ambos os estados
coexistiam.
Vamos lembrar que os sofistas e Sócrates haviam se afastado da questão do que flui e o que é
imutável, se prendendo mais à análise do homem e da sociedade. A relação entre fluidez e
rigidez era feita quando se analisava a moral dos homens, ideais ou virtudes da sociedade.
Acreditavam também que o que era tido como certo ou errado mudava de local para local, de
geração em geração.
Sócrates vai imaginar que a grande parte das normas da sociedade são rígidas e
imutáveis, devendo sempre reger as ações do homem. Quando se depara com a dúvida entre
rígido e fluído, vai estabelecer que tudo o que podemos ver e tocar na natureza flui, que não
existe um elemento básico, bem como as nossas opiniões e ideias. Nessa linha, vai criar a
teoria das idéias.
Nesta, tudo se divide entre mundo dos sentidos – tudo o que podemos ver e tocar,
todas as nossas opiniões incertas, tudo o que não é duradouro na sociedade e na vida – e
mundo das ideias – que compreende tudo o que tem forma eterna e imutável, que estabelece
imagens padrão e são tidos como opiniões certas. Nesse ínterim, a razão (que está no mundo
das ideias) é o extremo oposto entre achar e sentir (que estão no mundo dos sentidos). E a
realidade existiria no mundo das ideias, além do mundo dos sentidos.
Um exemplo é a escolha de uma faculdade. Imagine alguém que seja muito bom em cálculos,
tendo uma facilidade absurda. Mas é alguém que gosta muito de crianças e, por conta disso,
acredite que seu futuro esteja na pediatria. Platão diria que a razão dessa pessoa estaria em
fazer algo na área de exatas, como engenharia; mas, guiada pelos sentidos, ela prefere
medicina e faz uma escolha errada, baseada em uma opinião incerta.
Na análise do homem, Platão vai afirmar que este transita entre o dois mundos. Seu
corpo pertence à natureza, sendo, portanto, algo fluido e que depende dos sentidos, estando
então no mundo dos sentidos. Sua alma, contudo, é a morada da razão e é imortal, estando no
mundo das ideias. A alma anseia voltar ao mundo das ideias, se libertar do cárcere do corpo, e
o faz através do amor (não necessariamente o amor entre dois seres humanos, os mais
diversos tipos de amor). Esse anseio de libertação é o caminho percorrido pelo filósofo em sua
estadia no mundo dos sentidos.
Ainda neste dilema entre realidades, Platão relata o mito/alegoria da caverna, que vai
discutir as diferentes percepções de realidade entre indivíduos.
Tem-se pessoas presas dentro de uma caverna, encarando uma parede. Atrás delas tem um
muro translúcido e, atrás dele, uma fogueira. Desde que nasceram, a única coisa que vêem são
as sombras bruxuleantes projetadas na parede que encaram, como um teatro.
Um deles decide, então, se libertar. Quebra as correntes e se vira. Por trás do muro, vê
contornos não muito precisos, a luz indireta quase o cega. Resolve escalar o muro e, uma vez
do outro lado, vê contornos precisos, vê a ‘realidade’ e sofre um deslumbramento.
Maravilhado, decide voltar e contar aos demais que o que vêem não passam de um espectro
da realidade. Seus companheiros não acreditam nele, pensam que está delirando e o matam.
A visão de Platão sobre o Estado é que este deveria ser governado por filósofos.
Compara-o a um corpo humano e virtudes, onde a cabeça – cujas virtudes são a sabedoria e a
razão – seria a representação dos governantes; o peito – que representa a vontade e a
coragem – seria na realidade o exército; e o baixo ventre, que seria o prazer e a temperança,
estaria representando os trabalhadores.
Em um estado justo e equilibrado, estes três estratos seriam movidos pela razão e
cada um conheceria seu lugar no todo. Platão é muito criticado por isso, já que este sistema se
assemelha ao de castas na Índia e relaciona-se profundamente a um totalitarismo.
Em relação às mulheres, ele acreditava que elas tinham as mesmas capacidades dos
homens. E cita: “Um Estado que não forma, nem educa suas mulheres, é como um homem
que treina apenas seu braço direito.”.
ARISTÓTELES
Em relação à política, vai dizer que ‘o homem é um ser político’ e que sem a sociedade
o indivíduo não é uma pessoa; essa é a forma mais elevada de convívio humano. O modo mais
correto de se governar é qualquer um, desde que seja justo e respeite o meio termo de ouro:
pode ser monarquia, desde que não seja tirania; pode ser aristocracia, desde que não chegue à
oligarquia; pode ser democracia, desde que não se confunda com o domínio da plebe.
Na análise da mulher, sua visão é a que vai predominar pela história: a de que ela é um
homem incompleto e, portanto, um ser humano menos capaz.