Você está na página 1de 4

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA


Licenciatura em Filosofia
Mariana – Sociologia
Leonardo Araújo Queiróz – 11611FIL031

AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA

1.
Conforme podemos observar no livro “As Regras Método Sociológico”, no qual
Durkheim propõe os métodos da sociologia, o Fato Social é o objeto de estudo desta ciência.
Os fatos sociais são, basicamente, os elementos que constituem a nossa realidade. E eles são
definidos de acordo com três características: eles são exteriores, dado que pertencem à realidade
fora dos indivíduos; são coercitivos, porque exercem influência constante sobre os indivíduos;
e são gerais, pois devem servir para todos.
Para entendemos melhor, podemos ter como exemplo a educação: ela já está dada numa
sociedade antes do nascimento de qualquer indivíduo, e estes serão submetidos a ela de maneira
coercitiva e igual, o que confere também generalidade para ela, assim como nos demais fatos
sociais. Os mais variados elementos da sociedade podem ser considerados fatos sociais, mas
um objeto de estudo interessante – e talvez o mais marcante da obra – é o suicídio.
O ponto alto da teoria de Durkheim, no que diz respeito ao suicídio, é a sua constatação
de que ele se dá exteriormente ao indivíduo. E mais do que isso, é também coercitivo e geral, o
que lhe confere o caráter de fato social. Para fazer valer esta teoria o autor se aprofunda no
estudo do suicídio, observando características gerais como seus fatores, suas regularidades e
assim por diante. Com esta análise, ele elenca o suicídio em três tipos diferentes: o suicídio
anômico, o egoísta e o altruísta. As características de cada um são definidas a partir de seu
caráter social. O suicídio anômico ocorre quando a sociedade tem forte coesão social e o
indivíduo é fortemente ligado ela, mas acontece nela um desregramento social. Isto é, os
costumes e a cultura impostos pelas instituições param de funcionar ou mudam bruscamente.
O que provoca uma forte perda do sentido da vida e da própria existência no sujeito que antes,
vivia a favor da sociedade e conforme suas condutas. Em situações de crise econômica, por
exemplo, como ocorreu no ano de 1929 nos EUA com a quebra da Bolsa de Valores, é
provocado o crescimento agudo das taxas de suicídio.
O suicídio egoísta, por sua vez, acontece quando o sujeito não se sente parte da
sociedade. Uma vez que o individuo não se encaixa aos costumes e culturas da sua sociedade,
2

há um distanciamento entre eles. Isto leva o indivíduo a subentender que não há sentido na vida,
já que todos se interagem de uma determinada forma (há muito individualismo) e ele não.
Notemos que o suicídio anômico e o egoísta são opostos um ao outro.
Fora desta díade, Durkheim destaca o suicídio altruísta, no qual a sociedade e sua causa
está para além ou confunde-se com as motivações pessoais do indivíduo. Neste caso, o suicídio
é cometido porque ele se sente no dever de contribuir com a causa social. Exemplos muito
claros são os homens bombas, que entregam sua vida pela causa de seu país e religião.

2.
Karl Marx no Capítulo 1 – A Mercadoria do livro “O Capital”, analisa a mercadoria e
define o conceito fetiche da mercadoria. Primeiramente devemos entender que a mercadoria
não é um objeto qualquer, mas um objeto que possui duas características: valor de uso e valor
de troca. O primeiro diz respeito às características físicas da mercadoria, que fazem com que
ela tenha uma utilidade, ou seja, um valor de uso. Já o valor de troca é o valor que ela tem para
ser trocada, sendo este determinado pela relação entre as diferentes mercadorias.
No capitalismo, o trabalho é dividido em funções específicas e isto, segundo Marx,
distancia o trabalhador do produto final. O que faz com que o trabalhador não se reconheça e
nem seja reconhecido no produto de seu trabalho. Quando vemos um produto pronto nas
vitrines e lojas, não vemos o seu processo de produção e muito menos a mão-de-obra que o
constituiu. Como comumente se diz: o produto se fez.
O fetiche da mercadoria, é justamente a ideia de que os produtos possuem vida própria,
eles são capazes de se autocriar. A critica Marx é a de que, por mais que conheçamos o processo
de produção e o operário, dificilmente vamos nos livrar desta forte ideia de que a mercadoria é
por si mesma, produto final.

3.
No livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” Max Weber trata da doutrina
Calvinista da predestinação e o espírito do capitalismo, no intento de abordar, em suma, o
surgimento do capitalismo.
Tudo se inicia com a observação de que alguns países do mundo se desenvolviam
economicamente de maneira bem mais acelerada do que outros. O que levou Weber a investigar
o que esses países tinham em comum, e concluir que a motivação deste desenvolvimento seria
o protestantismo. As pessoas dos países em que o protestantismo era dominante, seguiam a
3

ética desta doutrina – e mais especificamente a teologia calvinista. Assim sendo, o próximo
passo seria entender porque esta teologia impulsionava tanto a promoção do capitalismo.
Entendamos, então, um pouco dos preceitos da doutrina calvinista. Para o calvinismo
Deus estava muito acima dos homens, e eram as leis dele que aplicavam critérios de justiça.
Bem como não existia meio de redenção, sequer mérito humano, posto que este estava em
detrimento do que era firmado por Deus desde a eternidade. Era também característica única do
calvinismo uma relação do homem direta com Deus (Ele continuava intocável), e era uma
religião que isolava os fiéis e fazia com que o único digno de confiança fosse Ele próprio.
Além disso, um dos pontos cruciais, é o fato de que se trata de uma doutrina da
predestinação. Todos os homens nasciam predestinados a posições especificas e apenas alguns
alcançariam a graça, o outro mundo. Mas tenhamos em mente que o grande empreendimento
da doutrina era o fato de que ninguém sabia se era o escolhido ou não. Em outras palavras,
estamos tratando de uma doutrina da predestinação, na qual nenhum indivíduo sabe se é um
dos escolhidos e, o mais importante, na qual o trabalho humano é o meio para atingir a graça.
É clara a pretensão de se deduzir que estes indivíduos se sentiriam psicologicamente
completamente abandonados e impotentes, mas o insight de Weber é justamente o fenômeno
que levou ao resultado oposto.
A ética do protestantismo trazia consigo a fé eficaz, de obras realmente boas, o desejo
de servir a Deus, a auto-inspeção por parte dos fiéis e satisfação pelas obras conduzidas na vida.
A ascese deixava de ser de um grupo restrito para fazer parte da vida profissional mundana. O
que produziu homens cada vez mas eficazes profissionalmente, mais trabalhadores e mais
dispostos a servir. São estes fatores que levaram à fundamentação do capitalismo, o desejo de
servir e produzir, para estarem cada vez mais (possivelmente) próximos da graça divina.

4.
No texto “Emancipação” do livro “Modernidade Líquida”, Zygmunt Bauman trata da
sociedade moderna de um ponto de vista próprio. Para ele, a modernidade é marcada pela
liquidez das relações sociais e afetivas. A sua obra trata de uma reflexão de como os indivíduos
têm lidado com sua liberdade, e em como isso tem afetado a sociedade moderna. Estão eles,
então, preparados para lidar com a infinidade de possibilidades do mundo moderno? Estes que
estão constantemente a fazer críticas rasas, mas mantendo-se num fluxo contínuo, fluido e
descompromissado. A modernização faz com que os sujeitos estejam sempre em movimento,
dada a incapacidade que tem de atingir a satisfação. Assim sendo, duas características
4

diferenciam essa nova etapa da modernidade: há um colapso da crença de que todo o caminho
humano tem uma finalidade; há uma desregulamentação e privatização das tarefas e deveres.
Deste modo, não existem mais lideres e os indivíduos colocam no lugar deles os seus iguais
como exemplos. É com estas noções que Bauman constitui o conceito de Modernidade Líquida.
Mas há também, em contrapartida, a Modernidade Sólida. Num mundo liquido há,
certamente, sujeitos que não se contentam com as características fluídas desta sociedade. E é a
partir deles que se dá o movimento oposto: propostas de sociedades fixas, com condutas e ética
bem definidas e obedecidas.
O que Bauman está a evidenciar é o fato de que a modernidade esta dividida por uma
aporia. Visualizando-se um pêndulo, ora ele tende para a liberdade (própria da modernidade
liquida) ao para a segurança (própria da modernidade sólida). Se pegarmos o percurso da
história em uma linha do tempo, podemos ver claramente essa oscilação. Antes da Primeira
Guerra Mundial, por exemplo, as sociedades estavam vivendo um tempo de muita liberdade,
cenário que mudou depois da guerra, conforme podemos notar com o fortalecimento do
fascismo e o nazismo na Europa. Estas que eram políticas completamente restritas e assíduas,
que foram promovidas por uma sociedade que, naquele momento, desejava a segurança.
Depois deste período, a sociedade se voltou novamente para a liberdade e isto veio até
muito próximo dos nossos dias atuais. Tendo em vista a teoria de Bauman, agora observamos
o pendulo tendendo novamente para a segurança. Este fenômeno aconteceu no Brasil, com a
eleição do atual presidente que tem uma política conservadora (em determinados aspectos) e
exclusiva. O mesmo também tem acontecido em diversos países da Europa, os portugueses, a
exemplo, têm criticado sua economia culpando os sucessivos governos de esquerda.

Você também pode gostar