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PROCESSO Nº TST-RR-1067-07.2016.5.11.

0002

A C Ó R D Ã O
6ª Turma
GDCCAS/cgs  

RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017.


BANCÁRIO.  COMISSÕES PELA VENDA DE
CARTÃO   DE   CRÉDITO,   SEGUROS,
CONSÓRCIOS   E   PLANOS   DE   PREVIDÊNCIA.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL.
TRANSCENDÊNCIA. O processamento do
recurso de revista na vigência da Lei
13.467/2017 exige que a causa ofereça
transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza
econômica, política, social ou
jurídica, a qual deve ser analisada
de ofício e previamente pelo Relator
(artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do
RITST). Ausente a transcendência o
recurso de revista não será
processado. Se presente a
transcendência, prossegue-se na
análise dos demais pressupostos
recursais. A causa trata da
condenação ao pagamento de diferenças
salariais decorrentes do deferimento
do pedido de plus salarial pela venda
de   cartões   de   crédito,   seguros,
consórcios e planos de previdência. O
Tribunal   Regional   delimitou   que   "a
simples   ausência   de   acordo   entre   as
partes   acerca   do   pagamento   de
comissão   para   venda   de   produtos   do
Banco   não   é   suficiente   para   afastar
a   justa   retribuição   do   empregado
pelos serviços prestados".  A decisão
a   quo  contraria   a   jurisprudência
desta   Corte   Superior   e   determina   o
reconhecimento   de   transcendência
política   da   causa,   nos   termos   do
inciso II do § 1º, do art. 896­A da
CLT.   O   entendimento   do   C.   TST   no
sentido   de   que  as atividades
desempenhadas pelo empregado
bancário, na venda de produtos, são
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compatíveis com o cargo e não ensejam


a condenação ao pagamento de
diferenças salariais pelas vendas
realizadas, quando não houver acordo
entre   as   partes   nesse   sentido.
Demonstrado pelo Reclamado, por meio
de cotejo analítico, que o eg.
Tribunal Regional violou o artigo
456, parágrafo único, da CLT. Recurso
de revista de que se conhece e a que
se dá provimento.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso de Revista n°  TST-RR-1067-07.2016.5.11.0002,   em   que   é
Recorrente  BANCO BRADESCO S.A.  e  Recorrido  MARCELO SHINOBU DE
QUEIROZ TAKAHASHI.

Trata­se   de   recurso   de   revista   interposto   de


decisão   regional   publicada   em   19/03/2019,   na   vigência   da   Lei
13.467/2017.
O   Tribunal   Regional   do   Trabalho   deu   provimento
parcial ao recurso ordinário do reclamante. 
Pelas   razões   de   recurso   de   revista,   o   reclamado
requer a reforma do acórdão regional com relação ao tema "BANCÁRIO.
COMISSÕES PELA VENDA DE PRODUTOS. PLUS SALARIAL".
O   despacho   regional,   publicado   em   17/05/2019,
admitiu o recurso de revista por divergência jurisprudencial. 
Contrarrazões apresentadas.
Desnecessária   a   remessa   dos   autos   ao   Ministério
Público do Trabalho.
É o relatório.

V O T O

TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE REVISTA – EXAME


PRÉVIO

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Nos termos do art. 896­A da CLT (Lei 13.467/2017)
incumbe   ao   Tribunal   Superior   do   Trabalho   o   exame   prévio   da   causa
objeto   do   Recurso   de   Revista,   com   relação   aos   reflexos   gerais   de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
De acordo com o art. 246 do Regimento Interno do
c.   TST   o   exame   da   transcendência   incide   nos   recursos   de   revista
interpostos contra decisão proferida pelos TRTs publicada a partir
de   11/11/2017,   caso   dos   autos,   em   que   a   decisão   regional   foi
publicada em 19/03/2019.

BANCÁRIO.  COMISSÕES PELA VENDA DE   CARTÃO   DE


CRÉDITO,   SEGUROS, CONSÓRCIOS E PLANOS DE PREVIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO CONTRATUAL.
Eis   o   trecho   transcrito   pelo   reclamado   (inteiro
teor), com destaque dos seguintes trechos: 

"O reclamante pretende a reforma da sentença em relação ao presente


pleito, sustentando que as testemunhas confirmaram que havia venda de
produtos não bancários, apesar da existência de corretor na agência.
Alega que possuía metas específicas e não recebia contraprestação
pela venda de seguros de veículo, seguros de vida, prestamista, seguros
residenciais entre outros, previdência privada, consórcio habitacional e de
automóvel, título de capitalização e financiamento de veículos.
Por fim, invoca a aplicação da súmula 93 do TST, que dispõe: Súmula
nº 93 do TST BANCÁRIO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003 Integra a remuneração do bancário a vantagem pecuniária por
ele auferida na colocação ou na venda de papéis ou valores mobiliários de
empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, se exercida essa
atividade no horário e no local de trabalho e com o consentimento, tácito ou
expresso, do banco empregador.
O magistrado negou o pedido, pois considerou a quo que a oferta de
produtos de empresas do conglomerado compõe a dinâmica do mercado,
não havendo incompatibilidade, nem requisito específico para venda de tais
produtos, como atividade incompatível á condição do reclamante.
Analiso.
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Inicialmente, ressalto que o acúmulo de funções resta caracterizado,


justamente, quando são exigidas do empregado, além das atividades
inicialmente ajustadas, outras funções, incompatíveis e alheias ao exercício
do cargo para o qual fora originariamente contratado.
Da análise dos depoimentos constantes dos autos, resta claro que,
além do desempenho das funções inerentes ao cargo exercido, o reclamante
participava da comercialização dos produtos supracitados, havendo
inclusive metas de desempenho a serem cumpridas.
Os depoimentos foram acima transcritos e convergiram ao declarar
que eram feitas as vendas de produtos não bancários e haviam metas a
serem atingidas, muito embora existam pequenas divergências acerca da
presença de corretor e das consequências pelo não cumprimento das metas.
A prova oral superou a confissão ficta aplicada ao recorrente por sua
ausência à audiência.
Por outro lado, a simples ausência de acordo entre as partes
acerca do pagamento de comissão para venda de produtos do
Banco não é suficiente para afastar a justa retribuição do
empregado pelos serviços prestados, sobretudo diante da existência
de profissional habilitado à disposição do reclamado, o qual recebia
numerário a título de comissão pelas transações concluídas.
Do mesmo modo, não merece guarida o argumento de que a venda
de tais produtos estaria inserida no contrato de trabalho.
As atividades de venda de cartões de crédito, seguros de vida,
consórcios e planos de previdência não estão contempladas entre as
tipicamente bancárias, sendo estas últimas, inclusive, reguladas por
legislação própria.
Desta feita, verificado o acúmulo de funções pelo reclamante sem o
recebimento da devida contraprestação, evidencia-se o enriquecimento sem
causa do empregador, que se utilizou e beneficiou da força de trabalho
obreira, mostrando-se devidas, portanto, as diferenças salariais concedidas
pela sentença.
A existência de corretor para finalização das transações não afasta o
fato de que todo o trabalho de captação e encaminhamento era realizado em
adição às atividades originalmente contratadas entre reclamante e
reclamado. Outrossim, não é possível considerar tais atividades como mera
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tarefa conexa, visto que exigem esforço contínuo e continham metas e


cobranças específicas, de modo que compõe ampla parte do trabalho
efetivamente realizado.
Por tais motivos, dou provimento ao recurso neste particular,
para reformar parcialmente a sentença e julgar procedente o pedido de
plus salarial pela venda de produtos não bancários no período de
dez/2011 a mai/2016 e na proporção de 20% sobre o total da
remuneração, devendo repercutir sobre aviso prévio, 13º salário, férias
+ 1/3 e FGTS 8%.
Inexistindo previsão na legislação ordinária a respeito do tema, ou
mesmo menção em norma coletiva ou no contrato de trabalho sobre a
percepção de adicional por acúmulo de funções, cabe ao julgador, com base
nas provas produzidas e nos princípios aplicáveis, o prudente arbitramento
de justa retribuição pela atividade desempenhada.
Nesse contexto, entendo que o adicional fixado atende aos princípios
da proporcionalidade e razoabilidade, retribuindo, de modo justo, a
atividade desempenhada pelo reclamante.
Esclareço que o plus salarial foi concedido a partir de dez/2011, pois
a única testemunha que trabalhou com o autor no PAA de Cacau Pirêra
declarou "QUE não sabe dizer se o reclamante vendia cartão de crédito,
previdência, consórcio, de modo que não sabe se havia meta para a venda
destes produtos". (Sic). (ID. 4fb8228 - Pág. 9 0 ) .

Nas   razões   do   recurso   de   revista,   alega   o   Banco


Reclamado que inexistiu acordo entre as partes para o pagamento de
comissões   e   que   o   empregado   se   obriga   a   todo   e   qualquer   serviço
compatível com a sua condição pessoal, na inexistência de cláusula
contratual expressa. Indica violação ao artigo 456, parágrafo único,
da CLT e traz arestos a cotejo de teses. 
A causa trata das diferenças salariais decorrentes
do deferimento do pedido do Reclamante em receber plus salarial pela
venda de cartões de crédito, seguros, consórcios e planos de
previdência. A decisão regional delimitou que a ausência de acordo
entre as partes acerca do pagamento de comissão pelas vendas não
seria suficiente para afastar a retribuição devida ao empregado.
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O exame do recurso de revista só é possível quando


a causa oferece transcendência, sendo que os elementos que norteiam
o julgador se encontram previstos nos incisos I, II, III e IV, do
§1º do art. 896-A da CLT.
O art. 896-A, § 1º, II, da CLT prevê como
indicação de transcendência política, entre outros, o "o desrespeito
da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal".
Como o dispositivo não é taxativo, deve ser
reconhecida a transcendência política quando há desrespeito à
jurisprudência reiterada do Tribunal Superior do Trabalho ou do
Supremo Tribunal Federal, ainda que o entendimento não tenha sido
objeto de súmula.
Assim, há transcendência política, nos termos do
item II do referido dispositivo, uma vez que é entendimento pacífico
desta Corte Superior de que o exercício de atividades diversas,
compatíveis com a condição pessoal do trabalhador, não enseja o
pagamento de acréscimo salarial por acúmulo de funções, visto que
são remuneradas pelo salário todas as tarefas desempenhadas dentro
da jornada de trabalho. Assim, pela inexistência de acordo entre as
partes, as atividades desempenhadas pelo empregado bancário na venda
de produtos, são compatíveis com o cargo e não ensejam a condenação
ao pagamento de plus salarial.
Nesse sentido os seguintes precedentes:

RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DIFERENÇAS
SALARIAIS. ACÚMULO DE FUNÇÕES. VENDA DE SEGUROS. O
parágrafo único do artigo 456 da CLT autoriza o empregador a exigir do
trabalhador qualquer atividade lícita que não for incompatível com a
natureza do trabalho pactuado, de modo a adequar a prestação laborativa às
necessidades do empreendimento. A jurisprudência desta Corte Superior
tem reconhecido que a tarefa desempenhada pela reclamante, consistente
na venda de seguros, é perfeitamente compatível com as atividades
desenvolvidas pela categoria dos bancários, mormente se considerarmos a
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atual diversificação dos produtos e serviços fornecidos pelos bancos, o que


descaracteriza o acúmulo de funções e não constitui alterações do contrato
de trabalho. Precedentes. Incidem, portanto, a Súmula 333 desta Corte e o
artigo 896, § 7º, da CLT como óbices ao conhecimento da revista, a
pretexto da alegada ofensa aos dispositivos apontados, bem como da
divergência jurisprudencial transcrita. Recurso de revista não conhecido.
RR - 10061-67.2015.5.03.0071 Data de Julgamento: 15/08/2018, Relator
Ministro: Breno Medeiros, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 17/08/2018.

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO
NCPC - [...] ACÚMULO DE FUNÇÕES Vislumbrada ofensa ao
artigo 456, parágrafo único, da CLT, dá-se provimento ao Agravo de
Instrumento para mandar processar o Recurso de Revista. Agravo de
Instrumento conhecido e parcialmente provido. II - RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO
NCPC - ACÚMULO DE FUNÇÕES O exercício de atividades diversas,
compatíveis com a condição pessoal do trabalhador, não enseja o
pagamento de diferença salarial por acúmulo de funções. São remuneradas
pelo salário todas as tarefas desempenhadas na jornada de trabalho. Recurso
de Revista conhecido e provido." ARR-1145-60.2013.5.02.0065, Relatora
Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 23/5/2018,
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/5/2018

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. ACÚMULO DE FUNÇÕES. Entende-se que o Obreiro se
obriga a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal
(art. 456, parágrafo único, da CLT), uma vez que a CLT não exige a
contratação de um salário específico para remunerar cada uma das tarefas
desenvolvidas, nem impede que um único salário seja estabelecido para
remunerar todo o elenco de atividades executadas, durante a jornada de
trabalho. Agravo de Instrumento conhecido e não provido." AIRR-1933-
79.2015.5.20.0008, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de
Julgamento: 11/4/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/4/2018
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"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -


PROCESSO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014
(...). ACÚMULO DE FUNÇÕES - ART. 456, PARÁGRAFO ÚNICO, DA
CLT - ACRÉSCIMO SALARIAL INDEVIDO. Nos termos do art. 456,
parágrafo único, da CLT, à falta de previsão expressa no contrato de
trabalho, entende-se que o empregado se encontra obrigado a desempenhar
todas as funções compatíveis com o cargo por ele ocupado na empresa. No
caso, o Tribunal Regional consignou que o autor foi contratado para o
exercício da função de caixa e a realização de vendas de produtos do Banco
não se afigurava como atividade incompatível com o desempenho da
função contratada, principalmente se realizada durante a jornada de
trabalho. Assim, na hipótese, as atividades complementares desempenhadas
pelo autor estão completa e intimamente relacionadas com a função para a
qual foi contratado e são plenamente compatíveis com a sua condição física
e intelectual. Logo, não houve acumulação ilícita de funções, sendo
indevido o plus salarial pretendido. (...). Agravo de instrumento
desprovido." (AIRR - 860-78.2012.5.01.0017, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 9/11/2016, 7ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 11/11/2016)

"RECURSO DE REVISTA DO BANCO DO BRASIL. MATÉRIA


REMANESCENTE. VENDAS DE PRODUTOS. PLUS SALARIAL. Nos
termos do art. 456, parágrafo único, da CLT, à falta de prova ou de cláusula
expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e
qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal. As tarefas
compatíveis com a função não ensejam o reconhecimento de desvio
ou acúmulo de funções, salvo previsão legal ou normativa. No caso dos
autos, é incontroverso que inexiste nos autos documento do reclamado
instituindo o pagamento de comissões pela venda de produtos e serviços
pelo caixa bancário, função desempenhada pelo reclamante. Afora isso, as
atividades desempenhadas pelo reclamante, na venda de produtos, são
totalmente compatíveis com o seu cargo e com a sua condição pessoal, não
gerando nenhuma espécie de desequilíbrio contratual a justificar uma
contraprestação pecuniária adicional à remuneração. Recurso de revista
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conhecido e provido." RR - 138800-56.2007.5.04.0024, Relatora Ministra:


Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 23/11/2016, 2ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 2/12/2016

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


ACÓRDÃO PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. DIFERENÇAS SALARIAIS. ACÚMULO DE FUNÇÕES.
Em razão de provável caracterização de ofensa ao art. 456 da CLT, dá-se
provimento ao agravo de instrumento para determinar o prosseguimento do
recurso de revista. Agravo de instrumento provido. RECURSO DE
REVISTA. DIFERENÇAS SALARIAIS. ACÚMULO DE FUNÇÕES. O
parágrafo único do artigo 456 da CLT autoriza o empregador a exigir do
trabalhador qualquer atividade lícita que não for incompatível com a
natureza do trabalho pactuado, de modo a adequar a prestação laborativa às
necessidades do empreendimento. No presente caso, tem-se que as tarefas
desempenhadas pela reclamante, consistentes na venda de planos de
previdência ou seguro de vida, são perfeitamente compatíveis com as
atividades desenvolvidas pela categoria dos bancários, mormente se
considerarmos a atual diversificação dos produtos e serviços fornecidos
pelos bancos. Recurso de revista conhecido e provido, no aspecto. (...)" RR
- 884-66.2011.5.01.0074, Relator Desembargador Convocado: Breno
Medeiros, Data de Julgamento: 23/9/2015, 8ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 25/9/2015

Desse modo, reconheço a transcendência política da
causa, nos termos do art. 896­A, §1º, inciso II, da CLT.

CONHECIMENTO
O   reclamado   observa   os   requisitos   descritos   pelo
art.   896,   §   1º­A,   da   CLT,   ao   destacar   o   trecho   do   v.   acórdão
regional que pretende ver examinado por esta Corte e demonstrar, por
meio   do   cotejo   analítico,  que o eg. Tribunal Regional violou o
artigo 456, parágrafo único, da CLT, ao argumentar que diante da
inexistência de pactuação expressa acerca das atividades

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relacionadas à venda de produtos, o empregado se obrigou a todo e


qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal.
Conheço, pois, do recurso de revista, por violação
do o artigo 456, parágrafo único, da CLT.

MÉRITO
O   reclamante   teve   reconhecida   a   pretensão   de
recebimento   de   plus   salarial   provenientes   da   venda   de   cartão   de
crédito, seguros, consórcios e planos de previdência oferecidos pelo
banco, ao entendimento de que o trabalho prestado com vendas deverá
ser retribuído ao empregado, ainda que não tenha havido acordo nesse
sentido.
O acórdão regional consignou que o fato de
inexistir ajuste estabelecendo o pagamento "de comissões para venda
de produtos do banco não é suficiente para afastar a justa
retribuição do empregado pelos serviços prestados".
O art. 456, parágrafo único, da CLT, prevê que  "a
falta   de   prova   ou   inexistindo   cláusula   expressa   a   tal   respeito,
entender­se­á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço
compatível   com   a   sua   condição   pessoal",   razão   pela   qual   a
jurisprudência desta Corte Superior se firmou no sentido de  que as
atividades desempenhadas pelo empregado bancário na venda de
produtos, são compatíveis com o cargo e não ensejam a condenação ao
pagamento de diferenças salariais pelas vendas realizadas, quando
não houver acordo entre as partes nesse sentido.
Desse   modo,   dou   provimento  ao recurso de revista
do Reclamado para excluir da condenação o pagamento de plus salarial
decorrente da venda de produtos, restabelecendo a sentença, no
aspecto.

ISTO POSTO

ACORDAM  os   Ministros  da Sexta Turma do   Tribunal


Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,  a) reconhecer a
transcendência política da causa; b) conhecer do recurso de revista
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PROCESSO Nº TST-RR-1067-07.2016.5.11.0002

por violação ao artigo  456, parágrafo único, da CLT e, no mérito,


dar-lhe provimento para excluir da condenação o pagamento de plus
salarial decorrente da venda de produtos, restabelecendo a sentença,
no aspecto.

Brasília, 14 de agosto de 2019.

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CILENE FERREIRA AMARO SANTOS
Desembargadora Convocada Relatora

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