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Módulo 02.

Filosofia do Direito II – Pensadores Medievais

25.04

Unidade 1 - Elementos Fundamentais da Ética Cristã.

1. Pressupostos da filosofia Cristã: elementos gerais da ética cristã

A moral cristã influencia a ordem jurídica.

Não se trata da justiça de deus com os homens, mas sim aquela que se realiza entre os
homens – essa justiça social apresenta como marco a ideia de bem como centro da
questão ética. Aquele que sofre para a ser a atenção da ética, desta forma, o bem deve
ser exercido sobre aquele que mais carece.

A miséria e a penúria passam a ser de interesse do cristianismo, pois dão substrato para
a noção de justiça.

Segundo Giovanni Reale e Dário Antiseri, a mensagem cristã assinalou, sem dúvida, a
mais radical revolução de valores da história humana.

Nietsche chegou a falar de total subversão aos valores antigos.

Bittar e Assis, por sua vez, entendem que a doutrina cristã, em sua pureza originária,
está a indicar a tolerância como sendo o ratio essendi do operar cristão. Isso quer dizer
que se mede o home por suas obras, as obras dos cristão deverão assinalar
benevolência, paciência, tolerância, caridade, compreensão, amor... o que se quer grava
é que a lei do amor e caridade são os preceitos segundos os quais se deve pautar o
comportamento humano.

Assim, o outro é tido em conta, por essa doutrina, como a única condição de salvação
pessoal: se o outro não há caridade, que significa doação de si em proveito de outrem:
sem o outro não há amor, que também só se exerce dentro de uma relação humana...
em outras palavras, somente por meio do outro é que se pode realmente praticar o
amor e a caridade, de modo que o outro é mesmo o mister para o alcance da perfeição
em si.

A humildade torna-se a virtude principal do cristão e ela desconhecida dos gregos,


principalmente em relação ao excluído.

OBS: enquanto Aristóteles diz que justo é seguir a lei da polis ou dar a cada um o que é
seu; Cristo, por sua vez, diz que o justo é a caridade e a solidariedade para com o outro.
Aristóteles vai dizer que a justiça só é possível na polis, o cristianismo diz que não é
preciso uma polis para ser justo, e nem viver em um estado democrático de direto ou
um estado autoritário platônico, para ser justo com o outro.
1.1. A ética cristã x princípio da reciprocidade absoluta (Lei de Talião)

A lei de talião é uma noção de justiça arcaica.

Uma análise filológica revela que a ideia deriva do latim lex talionis (lex de lei e talis de
idêntico). Comumente a noção de justiça é reduzida à máxima “olho por olho e dente
por dente”.

Um dos exemplos mais claros da lei de talião é o Código de Hamurabi, do séc. XVIII a.C.

OBS: a importância da lei de talião é tão significativa que no próprio Antigo testamento
é possível encontrar sua referência (Êx 21:23-25).

Numa primeira visão, a lei de talião é uma autorização a vingança, retaliação, o justo
parece se confundir com uma forma de violência, mas em verdade, ela buscava
funcionar como limitar a violência, ou seja, quer que o sujeito se limite a fazer com o
agressor exatamente aquilo que foi feito com ele (controle e limitação da raiva).

A lei de talião fazia muito sentido em termos arcaicos, pois antigamente não havia um
ordem estatal.

O cristianismo buscou romper radicalmente com essa tradição. Para o cristianismo o


bem vem em primeiro lugar e toda e qualquer ação deve buscar o bem para o outro,
nunca o mal, assim o cristianismo ensina que se deve pagar o bem com o bem e mal
com o bem. Justo seria realizar o bem, independente de quem é essa pessoa.

No Novo Testamento, Jesus teria mudado a lei afirmando:

Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo:
não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-
lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica,
deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com
ele duas.

1.2. O significado da justiça cristã

Há uma noção de justiça que busca fazer com o outro mesmo que ele seja seu agressor.
A justiça cristã faz residir o bem no perdão, na caridade para com o outro, o que está
para além do que se pede ao homem.

Destaca-se que a noção de justiça cristã é severa e de difícil realização, não sendo fácil
para o sujeito deixando a raiava de lado e atuando solidariamente com o seu agressor.

1.3. Ética cristã x pensamento grego e arcaico

Nesse momento é possível verificar como o pensamento cristão se opõe ao pensamento


grego clássico e helênico.
Os pensadores clássicos relacionavam três conceitos: justiça, política e vida boa. Para os
gregos se há uma política boa, as leis são justas e a vida das pessoas são boas, mas se a
vida não é boa, é porque a cidade não é boa e as leis não são justas.

O cristianismo mostra que ser justo não garante felicidade no mundo terreno. De um
comportamento justo não desdobra uma vida feliz, o cristianismo rompe com a noção
grega de eudaimonia.

Para os gregos clássicos a justiça só ocorre na polis e precisa dela, para a justiça cristã
isso não é necessário, desta forma há uma cisão entre a justiça da polis e a justiça da
igreja.

Segundo Franz Rosenzweig, no mundo cristão Estado e Igreja se dividiram desde o início.
Desde então a história do mundo cristão vem sendo realizada na conservação dessa
separação.

O antigo grego viva na dimensão da polis e pela polis, e só sabia pensar dentro dos seus
quadro. Destruída a polis com a expedição de Alexandre da Macedônia, o filósofo grego
refugiou-se no individualismo, sem descobrir um novo tipo de sociedade, e isso pode
ser visto no estoicismo e no epicurismo.

Já o cristão vive na igreja, que não é uma sociedade politica e nem puramente natural.
O advento dele rompe com uma aliança entre estado e religião.

Para a antiguidade clássica grega, romana e egípcia, o chefe do estado era o chefe da
religião - não havia separação entre estado e religião.

1.4. A inovação cristianismo do para a reflexão ocidental

Fustel de Coulanges, desta forma, explica que Jesus Cristo ensina que seu reino não é
deste mundo, e separa a religião do governo. A religião, deixando de ser terrena,
mistura-se o menos possível com às coisas da terra. Explica, ainda, que Jesus Cristo
distingue nitidamente Deus e Estado ao dizer “dai a César o que de é de César e a Deus
o que é de Deus”, pois César, nessa época, era ainda o sumo pontífice, o chefe e principal
órgão da religião romana; era o guardião e interprete das crenças e nas mão o culto e o
dogma.

Prossegue o autor explanando que a própria pessoa de César era divina, pois era
precisamente uma das características dos imperadores que, querendo retomar as
atribuições das antiga realeza, não podiam esquecer o caráter divino que a antiguidade
da antiga realeza atribuída aos reis-pontífices e aos sacerdotes-fundadores. Mas eis que
Jesus Cristo rompe a aliança que o paganismo e império queriam renovar e proclamar,
que a religião não é mais só estado, e obedecer a César não é o mesmo que obedecer a
Deus.
O cristianismo consegue eliminar os cultos locais e não toma para si o domínio que esses
cultos tinham exercido sobre a sociedade civil. Professa nada haver em comum entre
Estado e religião e separa tudo o que a antiguidade havia confundido.

Portanto há duas ordens normativas, dois ordenamentos morais, duas ordens jurídicas,
duas sentenças, dois tribunais.

Segundo Paolo Prodi, quando o cristianismo ensina ao ocidente a separar religião e


política, na modernidade o ocidente irá conseguir diferenciar direito e moral. Ou seja,
primeiro a razão separa a justiça de Deus e a justiça do Estado e depois irá diferenciar a
justiça do estado da justiça da sua própria ordem moral.

O pensamento cristão medieval colocou em evidência a questão do foro. Estado e igreja


foram dois foros diversos, mas não concorrentes, há um dualismo.

Prossegue Paolo Prodi explicando que a jurisdição secular é aplicada no esforço de


garantir que os próprio indivíduos possam agir para obter satisfação pelas ofensas
sofrias através de instrumentos legais, desde o direito de vingança privada, da vingança
legal até as mais diversas recomposições e penas pecuniárias, como a indenização que
o assassino devia pagar à família do morto – um reequilíbrio nas relações humanas
comprometidas: não existe uma justiça superior, descida das alturas, e o Estado limita-
se, de certo modo, a regular o processo de vingança e “tarifar” essa composições.

Por outro lado, a instituição eclesiástica tenta regular do mesmo modo a relação do
homem com Deus, mas intervindo na parte visível do pecado, de maneira que o homem
chegue ao verdadeiro e único juízo com uma contabilidade diferente, interior, em que
o pecado seja compensado pelos atos de penitência, pelas orações, pelos jejuns e pelas
esmolas ou ações consideradas equivalentes, impostas pela Igreja. A penitencia não
anula a infração, mas, enquanto confessar ao juiz leva a pena, confessar-se com Deus
leva ao perdão.

2. As origens do humanismo

É uma forma de pensamento que coloca o humano como centro da reflexão.

Contudo, para entender esta forma de pensamento é necessário compreender como se


deu a transição entre o pensamento grego clássico e o pensamento helenístico.

A Grécia antiga não tinha unidade política, cada uma das cidades detinha autonomia
política e jurídica, como se cada uma delas fosse um país autônomo, desta forma, surge
a ideia de cidade-estado (tamanho de cidade, com autonomia de estado). A única forma
de ser identificar que estava na Grécia era pela língua - era o único aspecto pertinente
a todas as cidades.

OBS: as cidades-estados estavam sempre em guerra.


A política grega discutia o que cidadão deveria fazer, e não as pessoas, não se discutia
os rumos de uma mulher, de um escravo e de um estrangeiro, pois eles não eram
cidadãos.

Péricles é considera um dos pais da democracia ateniense, mas é incorreto dizer que
toda Grécia conheceu a democracia, a cidades-estados menores sequer passaram perto
da democracia. A primeira cidade democrática também não foi Atenas, e ela também
nem sempre foi democracia.

Em verdade a democracia foi muito criticada, a exemplo das críticas proferidas por
Platão.

Além disso, se entendermos a igualdade como elemento central da democracia, não


devemos esquecer que ela se restringe apenas ao cidadão.

Importante, neste caso, trazer o discurso de Demóstenes contra Timócrates:

Nas leis que nos regem, atenienses, contem-se prescrições tão precisas
como claras sobre todo o processo a seguir na propositura das leis. Antes
de mais, fixam a época em que a ação legislativa é admitida. Em segundo
lugar, mesmo então, não permitem a todo o cidadão exercê-lo à sua
fantasia. É necessário por um lado, que o texto transcrito e afixado à vista
de todos; por outro lado, que a lei proposta se aplique igualmente a todos
os cidadãos; enfim que as leis contrarias sejam derrogadas; sem falar de
outras prescrições, cuja exposição, parece-me, não teria interesse para nós
no momento.

Esse fragmento fala de igualdade, mas não entre todas as pessoas, pois não tinham a
humanidade como centro de sua reflexão, queriam pensar como deveria funcionar a
cidade e não o mundo. Neste sentido, Aristóteles propôs uma definição de cidadão:

[...] aquele tem o direito de aceder à comunhão do poder de deliberar e


de julgar, esse dizemos, é cidadão da cidade considerada; e a cidade é um
conjunto de pessoas desta qualidade, (em quantidade) conveniente a
realizar uma autarquia vital... Na prática reserva-se a qualidade de
cidadão àquele que descende de dois (progenitores) tendo ambos a
qualidade de cidadãos e não apenas um deles, quer seja o pai ou a mãe;
alguns vão mesmo mais longe nas suas exigências, requerendo (a
qualidade de cidadão) em duas ou três gerações ascendentes, ou mais
ainda.

Aristóteles escrevia para cidadãos, não para estrangeiro, diferentemente dos


humanistas que escreviam para todos, e não para alguns.

Junto com o nascimento da democracia, surgiram vários críticos dela, conforme já


mencionado. Como Platão foi muito influente no pensamento medieval, a igreja não
esteve muito afeta a forma democráticas de gestão, é dizer, a igreja não se estrutura de
forma democrática.
Conforme já mencionado, as cidades gregas vivam em constante estado de beligerância,
mas até então nenhum conquistador tinha sido tão consideravelmente forte que fosse
capaz de conquistar toda a Grécia. Entretanto, com um exército herdado de seu pai e
com uma inigualável capacidade militar, Alexandre da Macedônia conquistou e destruiu
toda a Grécia, tamanho impacto de sua investida.

As cidades gregas passaram a pertencer a um império, de livres a comandadas. Ocorre


que quando Alexandre domina a Grécia todo o exercício e reflexão política perderam o
sentido, o grego deixou de ser cidadão e se tornou súdito, o oficio do cidadão acabou
de uma hora para outra. Foi como se Alexandre tivesse fechado a Ágora, já que não
havia liberdade política. Neste sento, Giovanni Reale:

[...] de golpe se destruía o valor fundamental da vida espiritual da Grécia


clássica, que Platão, na República, e Aristóteles, política, ao mesmo tempo
teorizam, mitificaram, hipostasiaram e sublimaram. Da mesma maneira,
inopinadamente, estas obras perdiam, os olhos de quem visse a revolução de
Alexandre, seu significado e a sua vitalidade, vindo a situar-se numa
perspectiva longínqua, em total falta de sintonia com os tempos.

Acontece que, ao se desvencilhar da noção de cidadão, o grego se aproxima a ideia de


indivíduo. Ele se descobre como humano, como parte de algo que é superior a política.
A política deixa de ser vista como algo que vai dar todas as diretivas para se viver e essa
perspectiva marcou decisivamente a forma de pensar.

2. As origens do humanismo: os tratados de Cícero

Distinguir um ato justo de injusto se apresenta com imensa dificuldade, e vários sentido
foram defendidos sem que a questão perdesse suas características filosóficas.

Uma dessas características identifica o ato injusto como aquele que prejudica uma
pessoa, e uma das pessoas que defendeu isso foi Cícero.

Cícero, ao lado de outras importantes figuras, é um dos responsáveis pela construção


do Império Romano, em que a vida do homem ocidental encontrava novas condições e
possibilidades.

A obra de Cícero é muito criticada pelo seu ecletismo (influência da ética estóica) e
audiência de inovações, contudo é nesse ecletismo que está a utilidade de sua obra, que
é espelho da era helenista. Sua filosofia absorveu doutrinas anteriores e renovou em
pontos determinantes e sutis a uma visão panorâmica e um desses pontos é a justiça.

Reflexão filosófica voltada para a construção de um novo espaço humano a partir do


declínio e fim da polis grega e para ascendência de um logos ao qual o homem deve
submeter-se para atingir o seu “viver feliz” (eudamonía).

A natureza é teorizada como divina em sua suprema normatividade, ela determina todas
as coisas, sendo que cabe a cada ser o fim de atuar sua própria natureza: “viver
conforme à natureza” ou “viver segundo os ditames da natureza”.
A natureza que é própria do homem é o logos, a razão. Portanto, o objetivo e o fim de
todo homem será atuar a razão, o logos, enquanto momento e fragmento do logos
divino universal. Segundo Giovanni Reale:

[...] a physis característica do homem é o logos, a razão, e como o fim de todo


ser é atuar a própria physis, assim o objetivo e o fim de todo homem será
atuar a razão; e por consequência dos modos e das maneiras que a razão atua
perfeitamente devem-se deduzir todas as normas da conduta moral.

A ética estoica consiste na inserção do homem na ordem cósmica e na sua resignação


com a sua lei universal, que por sua vez é a expressão da razão universal, da qual a
racionalidade humana é apenas local da sua aparição. A lei universal é um destino
inexorável que os bons seguem involuntariamente incluindo-se harmonicamente no
acontecer histórico, numa espécie de determinismo teleológico, como afirma Cícero no
livro III dos De Finibus:

De fato, o que há de mais primitivo no homem é a sua acomodação às coisas


que são conformes à natureza. Mas apenas compreendeu isto (...) quando
observou a existência duma ordem, e, por assim dizer, duma harmonia; essa
harmonia lhe pareceu ter muito mais valor que os objetos primeiros da sua
predileção; e, de tudo o que reside o bem supremo do homem, esse bem que
é preciso apreciar e procurar a razão de si mesmo.

A todos os seres animados é comum o instinto de união, que no homem é incrementado


pela razão e pela linguagem, transformando esse instinto em um vinculo social próprio
da natureza humana, assim a razão, mais que um instinto, impele o homem ao homem
e o obriga a estabelecer relação com os demais.

A razão faz do homem um ser feito para viver em sociedade e faz com que a vida social
e racional se equivalham, portanto a razão e a palavras são coordenados para a
construção da sociedade, para a edificação do universo humano; a sociedade é, pois, o
único lugar para que o homem se exercite em todos os sentido, inclusive o moral.

O perfeito desenvolvimento da natureza humana e sua virtude, só é possível com o


desenvolvimento da relação social, se a sociedade desaparece as virtudes também
desaparecem. Com efeito, o perfeito desenvolvimento da moral só é possível na
sociedade.

Observemos como Cícero encerra essa questão no livro I do De Officiis:

Não é verdade o que dizem alguns que a comunidade e sociedade se


implantaram entre os homem por causa das necessidades da vida, já que sem
os outros não poderíamos obter nem produzir aquilo de que necessita a
natureza [...] se ao sábio tocar uma vida tal que, com abundância de todos os
bens, ele próprio, em sumo ócio, contemple e examine tudo o que for digno
de reflexão, se estiver tão solitário que não possa avistar um homem,
preferirá renunciar a existência.

Ainda no livro I do De Officiis:


Os homens foram gerados para os homens, a fim de que pudessem prestar
assistência uns aos outros. Nisto devemos seguir a natureza como guia: pôr
no centro as utilidades comuns pela troca de serviços dando, recendo, e ora
por nossa capacidade, ora pelo nosso trabalho e recursos, estreitar o vínculo
social dos homens entre si.

Mas essa sociedade não é um dado já pronto: o que é primitivo no homem é o instinto
de união, e entre a realização do instinto e a realização da sociedade há um dever ser.
Neste dever ser se insere o conteúdo da moral, enquanto conteúdo de atos que edificam
e mantém a sociedade, neste sentido, a virtude é o agir perfeito do homem que
estrutura e mantém o vinculo social natural.

Enfim, não há nenhum ato individual que não interesse a toda sociedade, toda virtude
é social. Quando o homem se torna perfeitamente humano, perfeita também é a sua
retidão de conduta.

Para atualização dessa sociedade contribuem todas a virtudes em uma unidade, como
é possível concluir quando Cícero propôs a descrevê-las em sua singularidade, isto é, ao
descrever a sabedoria, a liberalidade e em especial a justiça, acabou por demonstrar que
cada uma das virtudes se subordina ao seu fundamento social, assim a justiça participa
da perspectiva geral das virtudes de manutenção e edificação do vinculo social. Com
efeito justo é o ato que contribui para a manutenção e edificação do vinculo social –
desta forma, injusto será o ato contrário a sociedade.

Dessa perspectiva Cícero deduziu as duas regras da justiça, que nada mais são do que
formulas para a realização de um horizonte determinado pela natureza, que é a
realização da sociedade.

O primeiro ditame da justiça é ninguém prejudicar a outro, a não ser quando provocado
por um ato injusto; depois, utilizar as coisas comuns em prol das coisas comuns e as
coisas privadas em beneficio próprio.

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