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É possível identificar uma estrutura literária nas cartas. Nas primeiras três cartas
(Éfeso, Esmirna e Pérgamo) segue-se a estrutura literária abaixo. Nas quatro últimas
(Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia) os itens 5 e 6 são invertidos (a promessa vem
antes do chamado a ouvir o Espírito).
Vejamos em detalhes:
Parece haver um quiasmo nos títulos cristológicos, sendo que “Filho de Deus” υἱὸς
τοῦ θεου é o título mais forte e central. Isto se deve, talvez, ao pano de fundo da idolatria
cometida na Igreja de Tiatira, com a permissividade da carne sacrificada aos ídolos
promovida por Jezabel. Entendo que a carne sacrificada ao ídolos tenha a ver com o culto
ao imperador romano que, por sua vez era considerado o “filho de Deus”. Ao se apresentar
como Filho de Deus, Cristo Ressuscitado mostra que Ele é o verdadeiro e não o imperador
romano.
C’ 3,1 (leva os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas cf. 1,4); Sardes
A Éfeso – Pontos positivos: possui obras e resistência. Pontos negativos: amor esfriado.
C’ Sardes – Pontos positivos: poucos fiéis. Pontos negativos: sua vida é morte.
C Pérgamo – dará de comer do maná escondido, pedra branca, nome novo 2,17
B’ Filadélfia – fará dele uma coluna no Templo de Deus e escreverá um nome novo 3,12
É provável que João tenha colocado as cartas de acordo com a trajetória de um correio
que vai passando pelas comunidades de uma forma quase circular: Éfeso, é a cidade mais
próxima de Patmos, onde João está preso; de Éfeso para o norte, Esmirna e Pérgamo;
depois para o sudeste, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia, para voltar de lá para Éfeso1.
a. Anjo ἄγγελος, mensageiro divino, que aqui nas cartas podem se referir aos líderes
das comunidades, aos quais também o autor se refere como “estrelas” (1,20)2.
Opinião diversa tem Pikaza que os considera como espíritos custódios das igrejas,
seguindo a tradição vétero-testamentária dos anjos guardiães de grupos e nações
(Dn 10.13; Eclo 17,17)3.
1
PIKAZA, Xavier. Apocalipsis. Navarra: Verbo Divino, 2002. p.55.
2
CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo.
Volume 6. São Paulo: Hagnos, 2002. p. 384.
3
PIKAZA, Xavier. Apocalipsis. Navarra: Verbo Divino, 2002. p.49.
b. Igreja ἐκκλησία, assembleia (aparece 20x), traduz o hebraico kahal קָּ הָ ל,
assembleia religiosa. No Ap se refere a igrejas particulares da Ásia Menor, que
através do número simbólico 7, representam todas as igrejas.
c. Cristo Ressuscitado, descrito nas várias formas segundo a linguagem apocalítica,
conforme apresentado no ponto 2.
d. Espírito πνεῦμα. O livro de Ap é chamado pelo próprio autor de “profecia” (1,3).
No AT, é o “Espírito de Yahweh” que inspira a profecia (Nm 11,17; 24,2; 2Sm
23,2; Is 61,1 etc.)4.
Bibliografia consultada
4
ESPÍRITO. In: McKENZIE, John L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulus, 1983. p. 304.