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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º trimestre de 2017

Tema geral: O Espírito Santo e a espiritualidade


Lição 5: 28 de janeiro a 4 de fevereiro
O batismo e a plenitude do Espírito Santo – Marcos 1:8

Autor: Érico Tadeu Xavier


Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Nesta semana, vamos estudar o que a Bíblia ensina sobre o batismo do Espírito e o que
significa estar cheio dEle. Vamos examinar também algumas evidências que testificam de
que estamos, de fato, cheios do Espírito.

1. ​O batismo do Espírito Santo

Ensino pentecostal

Os pentecostais se preocupam muito com o batismo no Espírito Santo. Eles creem


que, à semelhança do dia de Pentecostes, todos os cristãos de hoje precisam receber um
batismo especial no Espírito Santo, experiência que se dá (segundo os pentecostais) após a
conversão e o batismo nas águas, e que se evidencia pelo dom de línguas estranhas. Essa
crença do batismo no Espírito Santo como uma segunda bênção, ou seja, uma segunda
etapa na vida cristã, ou uma nova experiência posterior à conversão, é fundamentada no
livro de Atos, especialmente nos capítulos 2, 10 e 19. Segundo o pensamento pentecostal, o
indivíduo que crê experimenta a conversão e depois obtém o batismo no Espírito, o que
produz um cristão normal. Se alguém não for batizado no Espírito, então não é um cristão
normal, ou está abaixo da normalidade. Portanto, deve procurar o batismo no Espírito
através de prolongadas reuniões de busca ou da imposição de mãos.
Para os pentecostais há uma separação entre o batismo nas águas e o batismo no
Espírito Santo. Essa separação pode ser de dias, meses ou anos, dependendo da preparação
e da consagração do crente através da fé, oração, louvor e busca. Dessa forma, o batismo no
Espírito Santo pode ocorrer mais cedo ou mais tarde.

Ensino bíblico

Um só Espírito, um só corpo
“Em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer
gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co
12:13).
Todos os crentes compartilham a realidade de ser batizados pelo Espírito Santo, e
esse fato nos torna parte do corpo de Cristo, a igreja.
A verdadeira doutrina ensina que o batismo na água e o batismo no Espírito Santo
ocorrem no processo de conversão do pecador. Foi o que Jesus ensinou em Mateus 28:19. É
um mesmo acontecimento, que é confirmado no ato público do batismo. Embora não
precisasse de conversão, Jesus passou pela experiência do batismo, conforme Mateus 3:16.
É interessante observar que Jesus recebeu o Espírito Santo no batismo nas águas, e não um
mês ou um ano depois.
A Bíblia não ensina dois batismos (um na água e outro no Espírito), mas um só
batismo. Ao aceitar Jesus como nosso Salvador pessoal, recebemos o Espírito Santo como
um dom, ou garantia de completa salvação.

O que significa, então, ser batizado no Espírito Santo?

Significa receber o Espírito Santo na conversão e permanecer nEle, andar no Espírito


(Gl 5:16) e ser continuamente cheio do Espírito Santo (Ef 5:18).
O Espírito Santo é uma pessoa e, portanto, onde Ele estiver, está plenamente, e não
apenas dois terços, ou metade dEle. Jesus também é uma pessoa. Somos exortados a
permanecer nEle (Jo 15:4), por meio de um relacionamento pessoal (de fé, oração, louvor,
contemplação, testemunho e obediência). Assim, também somos exortados a permanecer
no Espírito Santo (Ef 5:18). O amigável e profundo relacionamento com os membros da
Divindade, no dia a dia, é o que denominamos de batismo diário no Espírito Santo. O crente
não precisa buscar um batismo no Espírito posterior à conversão. Precisa, sim, ser
continuamente cheio do Espírito, que já habita nele.

2. ​Ser cheio do Espírito

“[...] enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18).


Existem muitas citações e declarações de Ellen White sobre a necessidade do
batismo no Espírito Santo. Uma delas diz: “​Precisamos do batismo do Espírito”
(​Evangelismo, p. 66). De Jesus, Ellen White diz: “​Cotidianamente recebia o novo batismo do
Espírito Santo”​ (​Parábolas de Jesus, p. 139).
A partir dessa afirmação, é evidente que o batismo ali mencionado não é a dotação
inicial, mas sua repetição diária. O batismo no Espírito Santo não é algo separado da
conversão (batismo na água), como entendem os pentecostais. Para eles, existem dois
batismos. A Bíblia fala de apenas um batismo, “o da água e do Espírito” (Ver João 3:5), ou
seja, um único acontecimento. João 3:6 confirma isso ao mencionar apenas dois
nascimentos: o carnal e o espiritual. O texto diz: “O que é nascido da carne é carne; e o que
é nascido do Espírito é espírito”.
Ellen G. White usou a frase “batizados com o Espírito” no sentido de estar cheio do
Espírito. É o batismo diário do Espírito, ou seja, a renovação diária da fé e do poder de Deus
em nossa vida. É o recebimento diário da graça e do poder divino, que nos habilitam para
testemunhar e viver a vida cristã de maneira vitoriosa. Como crentes, não necessitamos de
um batismo separado do Espírito porque o Espírito já habita em nós. Precisamos
permanecer no Espírito diariamente.
“Vivemos no tempo do poder do Espírito Santo. Ele está procurando difundir-Se
mediante os instrumentos humanos, aumentando assim Sua influência no mundo” (​Serviço
Cristão, p. 251).

3.​ ​Condições para receber o Espírito e ser cheio dEle

O arrependimento e o Espírito
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome
de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At
2:38).
Arrependimento é mudança da mente a respeito do pecado, a respeito de Deus, a
respeito de Jesus Cristo e, consequentemente, a respeito do Espírito Santo. É uma
transformação da mente que se rebela contra Deus e que rejeita Jesus como Salvador e
Senhor.
No Novo Testamento, a palavra usada para arrependimento é ​metanoia,​ ​que indica
justamente uma mudança da mente, das atitudes e da vida. Outra palavra é ​metamelomai.
Um dos muitos significados dessa palavra é ​sentir. Quando lemos na Bíblia que Deus Se
arrependeu, significa que Deus ​sentiu ou ​lamentou o fato ocorrido. Deus não precisa de
mudança de mente e de atitudes. Ele não precisa se arrepender. Por outro lado, Judas
sentiu remorso, pois não houve o verdadeiro arrependimento.

A obediência e o Espírito

“Nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus
outorgou aos que Lhe obedecem” (At 5:32).
O cristão convertido pelo Espírito Santo é transformado em nova criatura (2Co 5:17).
O novo crente passa a viver um novo estilo de vida. Seu prazer passa a ser o de glorificar o
nome do Senhor (1Co 10:31). Em seu coração está o desejo de obedecer a Deus, pois ele
ama seu Senhor. Jesus disse: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (Jo 14:15).
A desobediência revela a ausência do Espírito Santo, mas um crente cheio do Espírito
obedece à Palavra e aos Mandamentos do Senhor (1Jo 2:4-6).
Uma pessoa cheia do Espírito Santo apresenta em sua vida os frutos do Espírito.
Paulo falou: “O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5:22).
Conclusão
É interessante observar que Paulo não menciona o dom de línguas como fruto do
Espírito. Ele também não fala das línguas como evidência de obediência. Na verdade, muitos
cristãos do Novo Testamento foram cheios do Espírito Santo, mas não falaram em línguas, e
eles eram obedientes.
Eis alguns exemplos:

Atos 8:17​ – os samaritanos não falaram em línguas;

Lucas 1:15​ – João Batista, cheio do Espírito, nunca falou em línguas;

Lucas 1:35​ – Maria recebeu o Espírito Santo e não falou em línguas;

Lucas 1:41​ – Isabel foi cheia do Espírito Santo e nunca falou em línguas;

Lucas 3:22​ – Jesus recebeu o Espírito e nunca falou em línguas;

Atos 6:1-7​ – Os 7 diáconos eram cheios do Espírito e não falaram em línguas;

Atos 6:5; 7:55​ – Estevão, foi cheio do Espírito e não falava em línguas.

Falar em línguas e não obedecer aos Mandamentos da Lei de Deus é, no mínimo,


contraditório!

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: ​Érico Tadeu Xavier possui graduação em
Teologia Pastoral (1991) e mestrado (2000) pelo Seminario Adventista Latino-Americano de
Teologia; Mestrado em Ciências da Religião pela Universidad Evangélica de las Américas,
Costa Rica, e reconhecido pela EST - Escola Superior de Teologia (2009); e Doutorado em
Ministério pela Faculdade Teológica Sul Americana (2004); Doutorado (PhD) pelo South
African Theological Seminary (2011), reconhecido pela PUC, Rio, em 2012. Pós-doutorado
(2014) na área de teologia sistemática pela FAJE - Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta,
de Belo Horizonte. Foi professor de teologia na Bolívia e na Bahia, no SALT-IAENE.
Atualmente é professor visitante no Mestrado em Teologia do SALT-UNASP, e atua como
pastor no Rio Grande do Sul. Autor de 11 livros e mais de 40 artigos, em revistas da
denominação e em revistas acadêmicas de seminários adventistas, evangélicos e católicos. É
casado com a psicopedagoga Noemi, com que tem dois filhos, Aline e Joezer, que são
casados e vivem no Paraná.

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