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TENDÊNCIAS

PEDAGÓGICAS DO ENSINO
DE CIÊNCIAS NO BRASIL

Curso: Pedagogia

Docente: Dra. Débora N. Clausen Peraro


APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS
 David Ausubel e a aprendizagem significativa

 Para o especialista em Psicologia Educacional, o


conhecimento prévio do aluno é a chave para a
aprendizagem significativa.

 tornou-se um representante do cognitivismo (conhecimento


da mente).

 Filho de imigrantes judeus, o pesquisador sofreu durante


anos na escola por não ter sua história pessoal considerada
pelos educadores.
David Ausubel e a aprendizagem
significativa
 pesquisador norte-americano (1918-2008);

 “quanto mais sabemos, mais aprendemos”!

 Conceito de Aprendizagem Significativa


(1963)
Ideias behavioristas

 Antes essas ideias behavioristas predominavam.

 Acreditava-se na influência do meio sobre o sujeito.

 O que os estudantes sabiam não era considerado e


entendia-se que só aprenderiam se fossem ensinados por
alguém.
Aprendizagem de Ausubel

 segue na linha oposta à dos behavioristas.

 Para ele, aprender significativamente é


ampliar e reconfigurar ideias já existentes na
estrutura mental e com isso ser capaz de
relacionar e acessar novos conteúdos.
Aprendizagem de Ausubel
 Para Ausubel (2003) há dois tipos antagônicos de
aprendizagem: a mecânica e a significativa.

 Mecânica: os conhecimentos são adquiridos


aleatoriamente, pelo exercício de repetição e
memorização;

 Significativa: um novo conhecimento é assimilado


quando há uma interação entre a nova informação
(conceitos, ideias) e os conhecimentos prévios,
existentes na estrutura cognitiva do estudante.
Ensino que faz sentido
 Pensada para o contexto escolar, a teoria de Ausubel
leva em conta a história do sujeito e ressalta o papel dos
docentes na proposição de situações que favoreçam a
aprendizagem.

 De acordo com ele, há duas condições para que a


aprendizagem significativa ocorra: o conteúdo a ser
ensinado deve ser potencialmente revelador e o
estudante precisa estar disposto a relacionar o material
de maneira consistente e não arbitrária.
Ensino que faz sentido
 Ensinar sem levar em conta o que a criança já sabe,
segundo Ausubel, é um esforço em vão, pois o novo
conhecimento não tem onde se ancorar.

 Mas há outro requisito, que se refere ao desafio diário


de tornar a escola um ambiente motivador.

 Pode-se preparar a melhor atividade, mas é o aluno que


determina se houve ou não a compreensão do tema.
"De nada adianta desenvolver uma aula divertida se
ela for encaminhada de forma automática, sem
possibilitar a reflexão e a negociação de
significados.”
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
x
APRENDIZAGEM MECÂNICA

 A aprendizagem significativa é duradoura, pode ocorrer


o esquecimento, mas de uma forma distinta, pois
permanece um conhecimento residual cujo resgate é
possível e relativamente rápido;

 A aprendizagem mecânica, com o passar do tempo há


uma maior probabilidade de esquecer o que foi
memorizado porque as informações ficam soltas,
servindo apenas para situações já conhecidas.
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Para que estudantes possam efetivamente aprender, o ensino


não pode se pautar em um conteúdo que não desperte seu interesse.

O conceito de aprendizagem significativa tem sido cada vez


mais comumente encontrado em textos sobre educação e na fala de
especialistas e leigos.

Fica cada vez mais claro que esse é um dos objetivos que os
educadores devem almejar em um contexto moderno de educação.

No entanto, ainda permanecem dúvidas sobre o que, de fato,


significa uma aprendizagem significativa e como conseguir chegar
nesse objetivo na rotina de sala de aula.

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Disposição para aprender
O entendimento atual é o de que a aprendizagem não é apenas
um processo no qual existe um agente ativo, que transmite o
conhecimento (educador) e um passivo, que apenas absorve esse
conteúdo (estudante), e sim um processo no qual o estudante também
é um agente ativo do seu aprendizado.

Levando isso em consideração, o primeiro passo para a


aprendizagem significativa é despertar no estudante a disposição e o
interesse para aprender.

O interesse em aprender os conteúdos de Ciências da


Natureza pode vir justamente da vontade e da necessidade de
compreensão dos fenômenos naturais que estão ocorrendo a todo
momento.

Notícias de fenômenos ambientais, situações-problema


envolvendo o funcionamento do corpo humano ou a observação
de elementos de alguns ecossistemas podem despertar esse
interesse, com a abordagem adequada.
Conteúdo significativo
Uma vez que o interesse foi criado, o conteúdo a
ser passado deve também ter algum significado para o
estudante.

Um conteúdo significativo para o estudante é


aquele no qual ele consegue relacionar com sua realidade
e seus conhecimentos prévios.
Planejar uma aula
Alunos e alunas estão dispostos a O conteúdo é significativo?
aprender esse tema?

Como posso criar o


interesse deles e delas no
tema?

Quais relações posso fazer com exemplos


familiares aos estudantes para que ele se
torne significativo?

Essas reflexões irão colocar sua aula


no caminho certo para uma
aprendizagem significativa,
independente do assunto abordado.
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

A aprendizagem significativa somente é possível


quando um novo conhecimento se relaciona de
forma substantiva e não arbitrária a outro já
existente. Para que essa relação ocorra, é
preciso que exista uma predisposição para
aprender. Ao mesmo tempo, é necessária uma
situação de ensino potencialmente significativa,
planejada pelo professor, que leve em conta o
contexto no qual o estudante está inserido e o
uso social do objeto a ser estudado.
ATRIBUIÇÕES
PROFESSOR: é quem determina as
estratégias que possibilitam maior ou
menor grau de generalização e
especificidade dos significados
construídos e também, a
responsabilidade por orientar e
direcionar tal processo de construção.

ESTUDANTE: responsável final pela


aprendizagem ao atribuir significado e
sentido aos conteúdos científicos
escolares.
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO
DE CIÊNCIAS NO BRASIL
Fahl (2003) realizou um estudo sobre os modelos de educação
presentes no ensino escolar de Ciências e observou que cinco modelos
exerceram grande influência nas práticas pedagógicas dos professores:

1) modelo tradicional

2) modelo da redescoberta (Escola Nova)

3) modelo tecnicista

4) modelo construtivista

5) modelo ciência-tecnologia -sociedade (CTS)

6) Modelo sociocultural
LDB: LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
MODELO TRADICIONAL
Predominante até a década de 1950;

Objetivo geral da educação escolar: formar as elites e, como


objetivos de ensino, transmitir informações atualizadas aos estudantes.

O principal recurso de estudo e avaliação era o questionário, ao


qual os alunos deveriam responder detendo-se nas ideias apresentadas em
aula ou no livro-texto escolhido pelo professor.

A relação professor/aluno é vertical, na


qual o professor detém conhecimento e
poder, predominando sua autoridade.
MODELO REDESCOBERTA – ESCOLA NOVA
O Modelo da Redescoberta é uma denominação mais particular
no campo do Ensino de Ciências e se difundiu no Brasil entre as
décadas de 1950 e de 1960, como uma tentativa de substituir o Modelo
Tradicional.

Umas das inovações educacionais desse período foram os


grandes "projetos curriculares de ensino de Ciências".

Caracterizavam-se por um conjunto de materiais didáticos


elaborados por uma equipe de especialistas de variadas áreas, visando
introduzir um novo currículo nas diversas áreas das Ciências da
Natureza, como Física, Química, Biologia e Ciências da Terra, além de
renovar conceitual e metodologicamente o ensino escolar de Ciências.
MODELO REDESCOBERTA
No modelo da redescoberta, e à semelhança do modelo
tradicional, o papel da escola é transmitir o conhecimento historicamente
acumulado pela humanidade e controlar o aluno de acordo com o
comportamento que pretende instalar ou manter através de estímulo e
reforço.

O professor, devidamente treinado e com a responsabilidade de


planejar e desenvolver o sistema de aprendizagem, objetivando maximizar
o desempenho do aluno, deve simular o processo científico a partir
principalmente da utilização de atividades experimentais com roteiro
fechado.

A aprendizagem dos alunos pode ser controlada pelo roteiro


experimental e que o conhecimento que incorporam/aprendem é resultado
direto da experiência, por meio de um processo empírico-indutivo.

O objetivo do processo ensino-aprendizagem é o mesmo do


tradicional, ou seja, transmitir aos alunos conhecimentos prontos,
sistematizados e tidos como definitivos.
MODELO TECNICISTA
Busca-se integrar o aluno no sistema social global e produzir
indivíduos competentes para o mercado de trabalho.

A ênfase acentuada no planejamento de ensino e o uso de


recursos da tecnologia educacional são características desse modelo.

A metodologia é baseada na tecnologia educacional


principalmente por meio da instrução programada ou de “estudo dirigido”.

A relação professor/aluno é hierárquica e objetiva, enquanto o


professor atua como um gerente, administrando as condições de
transmissão da matéria e os meios pelos quais os alunos absorvem os
conteúdos de ensino.

Tanto alunos como professores são espectadores frente à


verdade objetiva, não importando as relações afetivas e pessoais.

Pode- se considerar que o modelo tecnicista se assemelha ao


modelo tradicional.
MODELO TECNICISTA
A abordagem tecnicista lança mão de recursos instrucionais bem
planejados e programados, na atualidade até mesmo dos novos recursos
das tecnologias de informação e comunicação (TIC), que estimulam a
atividade do aluno, diferentemente do modelo tradicional centrado em
métodos expositivos orais, que reforçam a apreensão passiva e
memorística de informações pelo aluno.

Perdeu força na década de 80.

Mais recentemente, na década de 2000, ressurgiu esse modelo,


não apenas no Ensino de Ciências, mas nas várias disciplinas escolares
da educação básica, por intermédio dos sistemas didáticos apostilados
articulados às avaliações globais ou regionais do rendimento escolar, das
TIC e dos processos de educação à distância.
MODELO CONSTRUTIVISTA
No âmbito do Ensino de Ciências no Brasil, este modelo começa a
se difundir na década de 1980.

No Modelo Construtivista o conhecimento escolar deixa de ser


entendido como um produto e passa a ser encarado como um processo
realizado pelo aluno individual ou coletivamente.

Entende-se, que um ensino que procura desenvolver a inteligência


e a cognição deve priorizar as atividades do sujeito, considerando-o inserido
numa situação social.

O ensino é baseado no ensaio e erro, na pesquisa e investigação e


na solução de problemas por parte dos alunos.
MODELO CONSTRUTIVISTA

O trabalho em grupo assume consistência teórica, envolvendo


jogos, simulações e resolução de problemas, e o professor atua como
mediador entre as situações de ensino-aprendizagem e o aluno.

Tem como pressupostos de aprendizagem a motivação, que


resulta do desejo de adequação pessoal na busca da autorealização.

Desta forma a avaliação escolar perde inteiramente o sentido,


privilegiando-se a autoavaliação.

Desde 1980 vem ampliando cada vez mais sua presença nas
diretrizes curriculares oficiais, nos materiais didáticos, nas práticas
pedagógicas dos professores e, principalmente, no ideário pedagógico
dos professores e gestores escolares, muito embora ainda não seja o
modelo hegemônico no cotidiano escolar.
MODELO CIÊNCIA – TECNOLOGIA – SOCIEDADE
(CTS)
A difusão desse modelo no Brasil inicia na década de 1980 e toma
fôlego especialmente com a publicação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais.

Busca-se a formação do cidadão, desenvolvendo uma consciência


para a ação social responsável.

Observa-se a ênfase no conteúdo com o objetivo de confrontá-lo


com as realidades sociais, conteúdos que não são abstratos, mas são
indissociáveis das realidades sociais.

O conhecimento está ligado ao processo de conscientização do


indivíduo e esse processo é sempre inacabado, contínuo, progressivo, uma
aproximação crítica da realidade.
MODELO CIÊNCIA – TECNOLOGIA – SOCIEDADE
(CTS)

A aprendizagem é mediada por um processo de aprendizagem


grupal, onde o grau de envolvimento depende tanto da prontidão e
disposição do aluno, quanto do professor e do contexto da sala de aula e
exterior a ela.

Em relação à metodologia, privilegia atividades em grupo, jogos,


resolução de problemas.

A relação professor/aluno é de mediação, consistindo num


movimento em que ambos colaboram para fazer progredir essas trocas.
MODELO CIÊNCIA – TECNOLOGIA – SOCIEDADE
(CTS)
Adota métodos e estratégias de ensino presentes em variadas
abordagens pedagógicas (tradicional, construtivista/socioconstrutivista,
tecnicista, redescoberta), podendo ser considerado um modelo eclético do
ponto de vista metodológico.

Por conta disto, pode-se considerar que esse modelo configura


mais uma abordagem (ou enfoque, ou perspectiva) aos conteúdos de ensino
com ênfase nas relações CTS, do que um modelo educacional completo.

No entanto, o posicionamento reflexivo e crítico com respeito à


realidade social, ao conhecimento científico e aos modos de produção
científica são aspectos que diferenciam fortemente o modelo CTS dos
modelos anteriormente citados.
MODELO SOCIOCULTURAL

O ideário pedagógico deste modelo, no âmbito do Ensino de


Ciências, difunde-se no Brasil nos anos 1960, muito embora restrito a
movimentos de educação popular, educação de jovens e adultos e colégios
experimentais.

No Modelo Sociocultural enfatizam-se os aspectos sociais,


políticos e culturais do processo educativo.

Seu principal representante e difusor, no Brasil, foi Paulo Freire.

Para esse modelo, o homem cria a cultura na medida em que,


integrando-se nas condições de seu contexto de vida, reflete sobre ela e dá
respostas aos desafios que encontra.

A escola é considerada um local onde é possível o crescimento


mútuo, do professor e dos alunos, num processo de conscientização
progressiva e de emancipação política, socioeconômica e cultural.
MODELO SOCIOCULTURAL
Em relação ao ensino-aprendizagem, o modelo sociocultural deve ser
uma luta incessante de recuperação da humanidade do povo oprimido
econômica e culturalmente.

A educação deve ser problematizadora, objetivando o


desenvolvimento da consciência crítica e da liberdade como meios de superar
as contradições da educação bancária (o aluno é visto como uma conta vazia
a ser preenchida pelo professor) presente principalmente no modelo
tradicional.

A relação professor-aluno é horizontal, baseada no diálogo, em que


educador e educando se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento,
por isso não deve ser imposta.

A avaliação do processo consiste na autoavaliação e/ou avaliação


mútua e permanente da prática educativa por professores e alunos.
MODELO SOCIOCULTURAL
Tal ideário até hoje é bastante restrito no discurso e nas práticas
dos professores, o mesmo ocorrendo nas diretrizes e orientações
curriculares oficiais e também no conjunto das pesquisas acadêmicas em
Educação em Ciências.

O modelo sociocultural parece carecer de maior visibilidade no


cenário escolar brasileiro, muito embora Paulo Freire possa ser
considerado um dos principais educadores brasileiros do século XX.
MODELO SOCIOCULTURAL

Freire acredita que a educação é um ato político


que não pode ser divorciado da pedagogia.

Ele definiu este como um princípio principal da


pedagogia crítica. Professores e alunos devem
estar cientes das "políticas" que cercam a
educação. A forma como os alunos são ensinados
e o que lhes é ensinado serve a uma agenda
política.

Professores, eles próprios, têm noções políticas


que trazem para a sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola nem sempre consegue mudar os


conhecimentos que os alunos trazem de suas
experiências, contudo, as possibilidades devem
ser analisadas e experimentadas pelos
professores que deverão enfrentar os desafios
apresentados.

Ao aprender ciências como se estivesse na


posição de estudante, aposta-se que este
conhecimento os capacitará para promover ações
concretas no ensino de ciências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A simples memorização, a meta da educação


tradicional, há muito que se impõe como algo que
tem de ser ultrapassado e superado mediante a
adoção de novas posturas educacionais.

Estamos no limiar de uma sociedade que vai fazer


do conhecimento sua meta maior e com ele
pretende atingir os fins de desenvolvimento
individual e nacional.

Ideia, só são suscitadas perante as leituras, as


inspirações que partem de todos os ângulos
quando nos envolvemos num processo de
aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Ciências continuam desempenhando ao lado


das humanidades um papelo central no processo.

Em relação aos conhecimentos escolares de


ciências, o aluno precisa conhecer a discussão
sobre a edução ambiental e sua influência na
preservação do planeta.

É da união das ciências, quaisquer que sejam:


humanas, exatas ou biológicas, que nasce o saber
total do qual cada um procura desenvolver uma
parte, mas que em conexão nos permite acessar o
todo das realizações e do progresso.

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