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INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS – CAMPUS RIBEIRÃO DAS

NEVES

ANA LUIZA CAMPOS PEREIRA LIMA


JOÃO VITOR DA SILVA MACHADO
VANESSA PEREIRA DOS SANTOS

Emergências do Nacionalismo

Ribeirão das Neves


2019
NACIONALISMO
Para que possamos entrar em um extenso debate sobre o Nacionalismo é necessário que
haja o conhecimento do termo Patriotismo. O Patriotismo pode ser identificado como o
exercício do Nacionalismo, é a prática de um sentimento conhecido com Nacionalista,
porém ser nacionalista não é apenas um sentimento, tal conceito é mais histórico e
ideológico. Ser Nacionalista vai além da área sentimental de um indivíduo situado em
uma nação, o “trabalho” do nacionalismo é a compreensão e análise de vários momentos
históricos para a formação de uma Nação. Um exemplo clássico que pode ser tratado é o
Hino de cada país. Ao analisarmos os Hinos de diferentes países é possível adquirir a
percepção que: termos comuns como a liberdade, exaltação de alguns “heróis”, luta
armada por uma conquista de uma melhoria econômica de um país, a exaltação das
belezas naturais, o próprio estilo musical que é muito parecido com uma marcha. Com
isso, paramos assim para analisar pequenos passos que nos levam a criação e identificação
desse conceito nacionalista, como: qual é a origem, em que momento histórico, em qual
contexto isso se constituiu e que traz essas semelhanças?

O Nacionalismo é um termo ligado à modernidade europeia. No século XVIII era uma


concepção mais “fechada”, ligada a língua e a cultura de uma determinada nação, e essa
questão do Nacionalismo vai se expandindo tomando um alinhamento e um maior
desenvolvimento a partir de princípios Iluministas, que no século XIX há a emergência
do termo “Estado-Nação” que é um termo importantíssimo para compressão de toda
história dos diversos países ligados ao âmbito Nacionalista. O Estado é um conceito
político, que pode ser colocado como uma grande máquina burocrática, já o termo Nação
é um conceito cultural, é um grupo de indivíduos que fazem parte de uma representação
de uma identidade cultural, porém a organização de uma Nação é feita dentro de um
Estado, ou seja, uma Nação se organiza na forma de um Estado. Mas por que uma Nação
cria um Estado? Podemos colocar que tal criação pode ser tratada por uma “vontade” de
controle do Estado em cima de uma Nação, criando regras de conduta social uma
sociedade regula a própria sociedade. Mas, podemos colocar, que a Nação cria o Estado
para ter o controle sobre o território onde ele vive, seja para ter o poder em cima do
território ou para obter uma soberania em cima do mesmo. Ou seja, o objetivo
Nacionalista, não é criar uma Nação, pois ela já existe e sim criar o Estado para exercer
o controle do território.
E durante o século XIX, na sua segunda metade, há o fortalecimento do Nacionalismo
que passa a estar ligado à ideologia da identidade nacional (O que é ser brasileiro? O que
é ser Alemão? O que significa pertencer a Nação Francesa?), relacionados assim aos laços
culturais, históricos e linguísticos comum dos habitantes de um determinado território, há
um sentimento de “pertencimento”, de afinidade a uma Nação presente dentro de um
Estados. Dois modelos que podemos trazer para esse contexto é a França e os EUA, a
França por conta da revolução francesa, de toda sua organização ideológica e documental
resultante dos estudos iluministas. E os Estados Unidos pelo seu singular processo de
independência que foi uma inspiração para vários outros processos e documentos
relacionados as repúblicas.

A partir do século XIX que essa prática Nacionalista se consolida, muitos movimentos
foram embasados nesse sentimento. Tais ideologias serão tratadas a seguir para que haja
uma maior abrangência das práticas Nacionalista no decorrer histórico.

1. UNIFICAÇÕES TERRITORIAIS (ALEMANHA E ITÁLIA)


É necessário colocar que tais processos de unificação são considerados tardios,
porque muitos dos países foram formados ao final da Idade Média com a formação
dos Estados Modernos, porém é só no século XIX que a Itália e a Alemanha
formam então essa nação. Tudo tem um início com as revoluções liberais já no
século XIX que envolvem princípios Nacionalistas, esse nacionalismo vai atingir
tanto a região da Itália quanto a região da Alemanha na época.
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
• Líder Giuseppe Mazzini ele que começa o processo da unificação, porém
aderindo as camadas populares a ele. Só que as elites não concordam.
• Rei Vitor Emanuel II da região de Piemonte e Sardenha, região do norte
da Itália, lança um novo projeto de unificação.
• Uma das maiores dificuldades para essa unificação, desde o final do
congresso de Viena, a Áustria tem territórios que pertenciam a região da
Itália. Então para auxiliar nesse projeto o norte da Itália vai pedir ajuda
para a França, e as tropas napoleônicas de Napoleão III, vão auxiliar em
troca de territórios na região. Em 1859 as tropas com apoio francês vencem
a Áustria com auxílio Francês, porém graças a uma aula conservadora e
católica da França que pressiona o Napoleão III, que acaba retirando esse
apoio a Piemonte devido aos Estados Pontifícios, pois, a região de Roma
pertencia a igreja católica, então por meio de conflitos entre a igreja e a
região de Piemonte a França retira esse apoio a Norte da Itália.
• No Sul a figura de Garibaldi ganha destaque com sua liderança no
comando do grupo Camisas Vermelhas. Garibaldi não apoiava o projeto
de Piemonte já que ele era republicano e tinha tendências populares ,
porém, Garibaldi tinha uma noção que a região sul não tinha forças
suficientes para combater a região de Piemonte e o projeto de unificação
do norte, e por isso acaba cedendo algumas conquistas do sul para o norte,
deixando a liderança do processo de unificação para o norte.
• Final de 1860 – Estados Unificados. Porém o Papa na época não apoiava
essa unificação, e só em 1929 Mussolini faz o tratado de Latrão, que é
criado o Vaticano, no qual se cede um pedaço do território Italiano para o
Papa fazendo com que o estado do Vaticano seja o estado da Igreja
Católica.

UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA

• Ao final do congresso de Viena a confederação Germânica que tem um


controle político da Áustria. E em 1849 a uma tentativa de eliminação
desse controle, porem não deu certo, fazendo com que o primeiro ministro
da Prússia, o Otto von Bismarck, vai fazer um projeto de Unificação.
• Uma das maneiras desse projeto funcionar é a criação da Zollverein que é
uma União Aduaneira excluindo a Áustria e incluindo a confederação
germânica, tentando unificar a economia dessa região. Nisso claramente
vai ter o envolvimento da insatisfação da Áustria e a princípio a criação de
um exército já que existe conflitos entre a Prússia (dominando a economia
da região) e a Áustria (com a relação política). O primeiro conflito que
acontece nesse momento é a Guerra do Ducados em 1864, aonde a Áustria
e Prússia lutaram juntas contra a Dinamarca, mas não que a Áustria e a
Prússia tivessem se “resolvido”, essa aliança temporária foi feita pois
ambas tinham interesses no território da Dinamarca, com isso a aliança
vence e ficam os territórios de interesse.
• Já a Guerra Austro-Prussiana em 1866 se inicia pois Bismarck afirma que
a Áustria não cumpriu o tratado feito ao final da Guerra dos Ducados e
começa o confronto. A Itália por interesses acaba se aliando a Prússia e
em poucas semanas derrota da Áustria acontece, fazendo com que o
projeto de unificação Alemão fique mais próximo.
• Por último, mas não menos importante, temos de falar da Guerra Franco-
Prussiana em 1870 a 1871, aonde a França acaba se colocando contraria
ao projeto de unificação Alemã fazendo com que haja confrontos entre
Napoleão III e Bismarck que era primeiro ministro da Prússia. Fazendo
com que cartas fossem trocadas e o sentimento Nacionalista Alemão se
aflore cada vez mais por terem um inimigo comum que é a França. Depois
de muitas batalhas, seis meses depois a França acaba perdendo essa Guerra
fazendo com que Guilherme I (agora então Imperador da Alemanha) fosse
coroado no Palácio de Versalhes, além disso, a região de Alsacia e Lorena
que eram ricas em minérios de ferro e carvão a França acaba sendo
obrigada a passar pra Alemanha com a derrota na guerra. Fazendo com
que se crie um sentimento chamado de Revanchismo Francês.
• Esse Revanchismo Francês e essa agora rivalidade com a Alemanha faz
com que inclusive ao início do século XX seja um dos motivos para a
chamada Primeira Guerra Mundial.

Se analisamos o surgimento dessas duas nações da Itália e da Alemanha fazem


com que ambos passem pelo processo de Revolução Industrial, e ambas passam
pelo processo da Segunda Revolução, inclusive com que a Alemanha seja uma
potência mundial muito forte nessa época. Esse processo vai ocasionar inclusive
a corrida imperialista de ambos os países, então tanto a Itália quanto a Alemanha
vão desejar participar do Imperialismo que está no final do século XIX também
na Europa. Com isso há o surgimento de outras rivalidades além do Revanchismo
Francês, que vão ocasionar no início do século XX na chamada Primeira Guerra
Mundial. Já no Brasil muitos dos imigrantes são Italianos e Alemães, pois já que
esses processos de Unificação foram tardios no século XIX, principalmente em
1850 com a lei Eusébio de Queirós e o fim do tráfico negreiro, muitos imigrantes
acabam vindo para o Brasil, substituindo a mão de obra. E com essa vinda o
Governo Brasileiro se aproveita dessa situação para “embranquecer” da
população.

2. PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA NA AMÉRICA ESPANHOLA


A América Espanhola tem uma divisão social marcada pelo controle político que
era exercido pelos chapetones, aqueles que eram enviados pela coroa diretamente
da Espanha para ocupar os autos cargos políticos-administrativos. Os Criollos que
são filhos desses espanhóis por não terem a “confiança” da coroa Espanhola
acabavam limitados à política, o papel político dos Criollos era restrito aos
cabildos que é uma área de atuação política muito limitada. Quando ocorre a
invasão de Napoleão à Espanha, a queda de Carlos IV (Rei da Espanha), e o irmão
de Napoleão assume o trono, o que acontece é um processo de liberdade por parte
dessas colônias, e é nesse momento que os cabildos vão se transformar em juntas
insurrecionais.
É possível perceber que essa independência da América Espanhola vai se dividir
em duas partes, essa primeira fase que foi citada anteriormente, e uma segunda
fase no qual essa elite criolla de uma certa forma vai estar unida em torno de um
ideal de independência. Só que, na primeira fase não ha essa união, o que ocorre
é que essas juntas insurrecionais, esses cabildos, que estão se levantando contra o
controle Francês, vão possuir três perspectivas.
Uma parte do Criollos apoia o Rei deposto, já outra vertente dessa elite criolla vão
defender que aquele é o momento para conquistar uma maior autonomia política,
mas um pequeno grupo, ou seja, uma terceira parte desse Criollos vão defender a
independência. Então a independência, as lutas pela independência na América
Espanhola nesta primeira fase (até 1815), são bastante isoladas. Depois de 1815
as coisas mudam um pouco, pois há uma restauração monárquica pelo Congresso
de Viena na Espanha, Fernando VII assume o trono Espanhol, e para a desilusão
de grande parte dessa elite criolla, ele retoma a postura extremamente autoritária
e absolutista, o que vai gerar um clima de insatisfação dessa elite e eles vão se
preparar para lutar pela independência, e nesse momento os Criollos podem contar
com o apoio da Inglaterra, que antes era totalmente movida nas lutas contra o
Império Napoleônico, agora já pode se dedicar para a Independência da América
Espanhola.
A América se tornar independente para a Inglaterra visava novos mercados
consumidores. E agora com o apoio da Inglaterra os libertadores da América,
Simón Bolívar, San Martín, Sucre, vão com a participação da população, lutar e
derrotar os exércitos espanhóis. O mais interessante de trazer a essa história é que
ao final desse processo de independência Simón Bolívar defendia a ideia de união
desses povos latino-americanos, que é chamado de pan-americanismo ou o
bolivarianismo, segundo ele seria a única forma dessa América se tornar
efetivamente independente. Mas os diferentes interesses dentre essa elite Criolla,
a oposição do Brasil, EUA e Inglaterra, acabou fazendo com que essa América
Espanhola continuasse extremamente fragmentada e marcada pelo fenômeno do
caudilhismo.
3. PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O que levou o mundo a se desentender tanto logo no início do século XX? Foram
tensões herdadas do século XIX, como a Revolução Industrial que gerou uma
forte concorrência comercial dividindo a Europa (O Velho Mundo). Paralelo a
isso os países começaram uma rápida corrida armamentista, dando a dica que isso
combinaria numa grande batalha, era chamada Paz Armada, sem falar que
conflitos pré-existentes, como a Guerra Franco-prussiana, que gerou no forte
revanchismo Francês, atrapalhavam as relações desde país com a Alemanha. Já o
clima intelectual e artístico era o da Bella Epoque, vivido desde de 1871 até a
explosão da guerra, uma fase marcada por inúmeros avanços na tecnologia,
ciência e cultura. Tal clima de certa forma acabou estimulando o nacionalismo
belicista, disputas territoriais começavam em países menores, a Rússia tinha
grande interesse na região Balcânica, e a Alemanha começava a se interessar por
áreas territoriais maiores. O forte nacionalismo somado a disputas imperialistas
levou os países Europeus a formação das alianças.
Bem no início do século XX houve a formação das alianças militares, eram elas a
Tríplice Entente (França, Reino Unido e Império Russo) e a Triplica Aliança
(Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália). A Entente buscava manter a sua
hegemonia, já a Aliança buscava conquistar maiores objetivos. Mas o conflito deu
“start” mesmo em 1914 com o assassinato de Francisco Ferdinando (1914) o
herdeiro do trono Austro-húngaro por uma nacionalista Sérvio em Sarajevo
(Capital da Bósnia), por estar desconfiado dos Austro-húngaros a Sérvia se
recusou a cooperar nas investigações. Devido a essa “má vontade” e
principalmente pelo descontentamento pelo nacionalismo Sérvio, a Áustria-
Hungria declara guerra à Sérvia, a Tríplice Entente saiu em defesa dos Sérvios,
enquanto a Aliança apoiou a declaração Áustria-Hungria.
Em um primeiro momento os exércitos ficaram apenas se movimentando, era a
guerra de movimentos, cada lado fazia as suas mobilizações nos sentidos de suas
fronteiras. Mais adiante os soldados passaram a cavar quilômetros de trincheiras,
criando uma espécie de labirinto onde as tropas travavam batalhas sanguinárias e
avançavam metros apenas em direção ao adversário. Era uma guerra estática, que
além do cansaço físico, das mortes, gerava um grande desgaste psicológico
naqueles que continuavam nas batalhas. As batalhas contavam com o apoio da
tecnologia e das invenções humanas, trazidas pela Bella Epoque, com tanques,
aviões e a extração de petróleo. A Tríplice Entente saiu melhor desde o início da
primeira guerra, mesmo com a saída da Rússia em 1917, que se retirou dos campos
de batalhas devido a revolução socialista. Em 1918 a vitória da Tríplice Entente
se consolidou com a participação dos Estados Unidos que entraram com grande
reforço militar. 1919 na Conferência de Paris foram estabelecidos os tratados de
paz, destacando assim o Tratado de Versalhes que culpava a Alemanha e seus
aliados como os únicos responsáveis por toda destruição da guerra.
O cenário pós-guerra era de uma Alemanha humilhada e os Estados Unidos
extremamente fortalecidos, como entraram no final os americanos não tiveram
seu território afetado e puderam se fixar como uma potência soberana. Já a
Alemanha além de ser obrigada a indenizar a Tríplice Entente sofreu severas
restrições via o Tratado de Versalhes, o que gerou grandes transformações
políticas e econômicas no país. Um dos reflexos do desgaste do estado foi a
república de Weimar, que derrubou o Imperador Guilherme II e instalou uma
república liberal na cidade de Weimar. Nasceu também o Tratados da Liga das
Nações, para criar um tipo de congresso com os representantes oficiais das nações
que lutaram na Primeira Guerra, era uma espécie de antecedente da ONU, o intuito
era evitar novos confrontos, assim os países poderiam a chegar a soluções
pacíficas e diplomáticas sem uma nova guerra.

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