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Política criminal
com derramamento
de sangue
N I L O BATISTA
I - Introdução
Clausewilz observou, c o m finura, que favor d o tráfico de drogas, as coisas se c o m - "a substância venenosa tiver q u a l i d a d e e n - am p u n i d o s c o m o autores, e m caso de a u -
" a guerra é u m i n s t r u m e n t o d a política: ela p l i c a m q u a n d o p r e t e n d e m o s p e r c e b e r as torpecente, c o m o o ópio e seus derivados, xílio necessário, o u c o m o ( u m p l i c e s sob
traz necessariamente a m a r c a desta políti- características da política c r i m i n a l q u e e l e - a cocaína e seus d e r i v a d o s " (art. 1 ", par. q u a l q u e r outra m o d a l i d a d e p a r t i c i p a t i v a :
c a " " . Tomemos a p r i m e i r a guerra d o ópio,
1 geu a própria guerra c o m o método, da p o - ún.); foi então q u e a expressão " e n t o r p e - estas disposições sobre autoria e p a r t i c i p a -
q u e c o m e ç a e m 1 8 3 9 , o i t o anos após a lítica c r i m i n a l q u e se vê e se pretende guer- c e n t e " i n i c i o u sua longa e polissémica car- ção tiveram p o r v e n t u r a a função de e l i m i -
nar t o d a d ú v i d a sobre o caráter c o m u m , retenção das r e c e i t a s q u e prescrevessem da receita (art. 3", § 4 " ) . Todo o f l u x o i m - h o r i z o n t e c u l t u r a l b e m d e f i n i d o , sem s i g n i -
não e s p e c i a l ( p r o f i s s i o n a l ) d o crime. substâncias e n t o r p e c e n t e s , a serem conser- p o r t a d o r era c o n c e n t r a d o na alfândega d o ficação económica, q u e desatava a repre-
vadas " p e l o médico o u p e l o farmacêutico" Rio de Janeiro (arts. 11 e 14), e q u a l q u e r sentação social de u m " u n i v e r s o m i s t e r i o -
M a s o passo d e c i s i v o foi dado c o m o (art. V I , a l . c). A convenção d e c o r r e n t e da substância p r o i b i d a d e s t i n a d a a alguém so", c o m o disse Rosa dei O l m o ' " , e mórbi- 1
2 9 . j u n . 3 4 , teve sua estrutura i n t e i r a m e n t e b e r t o " (art. XXIII). E a convenção d e c o r r e n - era a "erva d o n o r t e " q u e figura n u m s a m -
(arts. 54 e 5 5 ) . O d e c r e t o n" 2 4 . 5 0 5 , de
r e a p r o v e i t a d a p e l o d e c r e t o - l e i n° 8 9 1 , d e te da Conferência d e 1 9 3 6 se o c u p a v a p r i n - ba de W i l s o n Baptista dos anos trinta.) N ã o
2 9 . j u n . 3 4 , q u e alterou algumas disposições
2 5 . n o v . 3 8 , q u e o r e v o g a r i a . N o q u e tange c i p a l m e n t e dos p r o b l e m a s de extraterritori- é, c o n t u d o , apenas pela consideração d o
d o decreto n" 2 0 . 9 3 0 , de 1 1 . j u n . 3 2 , preo-
às n o r m a s c r i m i n a l i z a d o r a s , a estrutura p r o - a l i d a d e c o l o c a d o s pela repressão d o tráfi- v i c i a d o c o m o d o e n t e (ainda q u e t a [ c o n s i -
cupou-se c o m q u e as r e c e i t a s fossem
posta p e l o s três d e c r e t o s d o s anos t r i n t a , c o i n t e r n a c i o n a l v e r s a n d o , entre outros tó- deração reforce o a r g u m e n t o , c o m o vere-
grafadas " e m caracteres legíveis", c o m
s u b m e t i d a a u m a c i r u r g i a técnico-jurídica, p i c o s , extradição e reincidência i n t e r n a c i - mos) q u e este m o d e l o , no qual autoridades
"identificação e residência d o médico e d o
conduzirá à sóbria fórmula d o a r t i g o 2 8 1 o n a l (arts. V I , V I I , VIII e IX). sanitárias, policiais e judiciárias e x e r c e m -
e n f e r m o " (art. 3"), e lançada n u m " p a p e l
do CP 1 9 4 0 . às vezes, f u n g i v e l m e n t e - (unções contínu-
o f i c i a l " , " f o r n e c i d o g r a t u i t a m e n t e pela re-
Nossa legislação interna c o r r e s p o n d e n - as, merece a designação de sanitário: é q u e
partição sanitária l o c a l " (art. 3", §§ 4 " e 5").
É i m p o r t a n t e ressaltar q u e esta sucessão te não passa d e u m a ressonância, c e r t a - se p o d e perceber claramente o a p r o v e i t a -
O decreto-lei n" 8 9 1 , d e 2 5 . n o v . 3 8 , recicla
d e d e c r e t o s e x p r i m e a influência das s u - mente decorada com as volutas do mento de saberes e técnicas higienistas, para
e revoga o decreto n" 2 0 . 9 3 0 , de 11 . j u n . 3 2
c e s s i v a s c o n v e n ç õ e s i n t e r n a c i o n a i s . Após b a c h a r e l i s m o t r o p i c a l , porém u m a assumi- as quais as barreiras alfandegárias são i n s -
( m o d i f i c a d o p e l o d e c r e t o n" 2 4 . 5 0 5 , de
a Conferência d e H a i a , d e 1 9 1 2 , sucede- t r u m e n t o estratégico no c o n t r o l e de e p i d e -
da ressonância dessas convenções. O d e - 2 9 . j u n . 3 4 ) , f i e l à m e s m a orientação das
ram-se, s o b os auspícios d a Liga das N a - mias, na m o n t a g e m de tal política c r i m i n a l ;
creto n" 20.930, de 11.jan.32, mal enun- convenções (temos agora o "stock d o Esta-
ções, conferências " c o m p l e m e n t a r e s " e m não por acaso, o d e c r e t o n" 2 0 . 9 3 0 , d e
c i a d a a lista das "substâncias tóxicas entor- d o " - arts. 11 e 12), c a p i l a r i z a n d o o c o n -
Genebra, e m 1 9 2 5 , 1 9 3 1 e 1 9 3 6 , todas 11 j u n . 3 2 , converteu a drogadição e m d o -
pecentes e m g e r a l " , trata d e d e i x a r c l a r o trole alfandegário ("guardados d e b a i x o de
subscritas p e l o Brasil e p r o m u l g a d a s i n t e r - ença de notificação compulsória (art. 4 4 ) ,
sua revisão periódica " d e a c o r d o c o m a chave, sob i m e d i a t a r e s p o n s a b i l i d a d e d o
namente . A influência d e tais convenções não por acaso a retenção de partidas i t r e -
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evolução da química-terapêutica" (art. I " , fiel d o armazém"- art. 10, $ 5"). acrescen-
sobre a legislação p e n a l brasileira - essa i n - gulares sabe a quarentena, e a m a n i p u l a -
par. ún.); a licença especial para o f a b r i c o t a n d o a exigência de " g u i a de trânsito de
ção dos extraditandos evoca as precauções
ternacionalização d o c o n t r o l e a r g u t a m e n t e o u comercialização (art. 2") b e m c o m o o e n t o r p e c e n t e s " para v e n d a s internas (art.
c o m os c o n t a m i n a d o s . C o n s t i t u i r i a u m ob-
p e r c e b i d a p o r Saio d e C a r v a l h o ' ' - chegara
8
c e r t i f i c a d o de importação (art. 8"), registra- 16), e de m a i o r a p u r o na escrituração d a -
jeto autónomo de estudo aprofundar as c o r -
p a r a ficar, e não só c a r a c t e r i z a r i a l o d o o d o e m l i v r o próprio (art. 1 0 , § 2", e art. queles livros ("sem rasuras o u emendas"- r e s p o n d e m ias entre medidas dessa política
período d o m o d e l o sanitário c o m o subsisti- 2 1 ) , c o m v a l i d a d e a n u a l (art. 15, par. ú n ) , art. 17, § 2"). c r i m i n a l e, no m o v i m e n t o coetâneo d e me-
r i a , c o m r e f e r e n c i a i s d i s t i n t o s , à própria r e - estão c o n t e m p l a d o s e r e g u l a m e n t a d o s . A
dicalização das instituições, medidas h i g i e -
f o r m a d o m o d e l o político-criminal, até p o r - v e n d a a o público d e p e n d e de receita, q u e O q u e se d e p r e e n d e c o m clareza de lais nistas sobre contágio e i n l e i ção n o Rio da
que, c o m o veremos oportunamente, o m o - não é restituída mas s i m registrada, c o m normas é u m a concepção sanitária de c o n - febre amarela c da varíola, b e m c o m o a
d e l o seria r e f o r m a d o d e fora para d e n t r o . número d e o r d e m , e m l i v r o " d e s t i n a d o es- trole d o tráfico, de u m tráfico q u e se a l i - elaboração teórica racista da Liga Brasileira
p e c i a l m e n t e a esse f i m " (art. 3", § 1 ) , l i v r o menta d o desvio da d r o g a de seu f l u x o de Higiene M e n t a l , f u n d a d a e m 1 9 2 3 , cujos'
I m p o r t a agora ressaltar a influência das este q u e d e v e ser a b e r t o , e n c e r r a d o e r u - a u t o r i z a d o . As drogas estavam nas prate- m e m b r o s , c o m o adverte Freire Costa, so-
c o n v e n ç õ e s i n t e r n a c i o n a i s sobre o d i r e i t o b r i c a d o pela a u t o r i d a d e sanitária o u , e m leiras das farmácias o u nos " s t o c k s " de uma n h a v a m c o m " u m sistema m e d i c o - p o l i c i a l "
interno. A convenção decorrente da C o n - sua falta, p e l o " j u i z t o g a d o de p r i m e i r a ins- indústria q u e apenas suspeitava de seu f u - para trabalhar u m de seu tópicos favoritos,
ferência d e 1 9 2 5 c o m p r o m e t i a os países tância mais a n t i g o na c o m a r c a o u t e r m o " turo sucesso c o m e r c i a l , e boticários, práti- o alcoolismo " .
subscritores c o m u m a revisão periódica d e (art. 3", § 2"); tais l i v r o s , além disso, estari- cos, f a c u l t a t i v o s ' " , fiéis de armazém e f u n -
suas leis e r e g u l a m e n t o s (art. II); c o m a fis- a m " p e r m a n e n t e m e n t e sujeitos à inspeção cionários da alfândega" ' são os persona-
0
c a l i z a ç ã o da exportação e importação, d e das autoridades sanitária, p o l i c i a l e judiciá- gens q u e abastecem d e opiáceos o u c o c a - O usuário d e d r o g a s , d e p e n d e n t e o u
sorte a q u e fossem e x p e d i d a s autorizações ria, i n c l u s i v e o Ministério P ú b l i c o " (art. 3", ína grupos r e d u z i d o s e exóticos, i n t e l e c t u - e x p e r i m e n t a d o r , não era c r i m i n a l i z a d o , e
específicas (art. IV, a l . b e arts. XII e XIII); § 3"), e é c l a r o q u e da etiqueta c o m e r c i a l ais, filhos d o b a r o n a t o a g r o e x p o r t a d o r e d u - H u n g r i a , q u e t r a n s p l a n t o u o princípio para
c o m o registro nos l i v r o s m e r c a n t i s e c o m a da d r o g a deve constar o número de o r d e m cados na Europa, artistas: u m hábito c o m o CP 1 9 4 0 , e x p l i c a v a por q u e : " o v i c i a d o
RH
i
ítual (ji toxicómano ou ilmplts Intoxicado potfcla podia tomar a Iniciativa da efetuar meação do curador para c a i o s de slmplei poderia ter por exemplo o "receituário ofi-
habitual) é um doente que precita d e trata- "a prévia e Imediata Internaçlo f u n d a d a no i n t e r n a ç l o , ató a Interdição p l e n a , c o m cial") e e m outras como infração I n d e t e r m i -
mento, e n ã o d e p u n i ç ã o (...) o a i n d a não l a u d o de exame, e m b o r a sumário, eíetua- equiparação aos a b s o l u t a m e n t e incapazes nada a n o r m a técnica ( " e m dose e v i d e n t e -
v i c i a d o n ã o d e i x a d e s e r u m a vítima d o d o p o r d o i s médicos idóneos" (art. 2 9 , § (art. 3 0 , § 5"), estava o i n t e r d i t o sujeito a m e n t e mais e l e v a d a q u e a necessária o u
p e r i g o d e ser e m p o l g a d o p e l o v í c i o , e n ã o 4 ° ) , d e v e n d o instaurar-se o p r o c e d i m e n t o l i c e n c i a m e n t o temporário d o cargo públi- fora dos casos i n d i c a d o s pela terapêutica"):
u m c r i m i n o s o " " . C o m o e r a m tratados esse
4 1
j u d i c i a l e m c i n c o dias após a internação, c o q u e ocupasse (art. 3 1 ) . Esta síntese das n e m o p o l i m e n t o gramatical a p l i c a d o p o r
d o e n t e e essa vítima? E s t a b e l e c i d o q u e a levada a e f e i t o " e m h o s p i t a l o f i c i a l para p s i - regras q u e d i s c i p l i n a v a m as respostas jurí- H u n g r i a resgataria os vícios desse t i p o , i n -
t o x i c o m a n i a era doença d e notificação c o p a t a s " o u p a r t i c u l a r f i s c a l i z a d o (art. 2 9 , dicas à drogadição d i s p e n s a m qualquer d i c a d o r da importância d o e i x o médico-
compulsória, e s t a v a m o s usuários d e d r o - § 6 " ) . A s i m p l e s necessidade d e " o b s e r v a - o u t r o a r g u m e n t o q u a n t o à adequação da farmacêutico n o acesso às drogas ilícitas.
gas s u j e i t o s a internação, q u e p o d e r i a ser ç ã o médico-legal" a u t o r i z a v a o j u i z a o r - d e s i g n a ç ã o " m o d e l o s a n i t á r i o " . E m sua Aliás, o profissional q u e prescrevesse
obrigatória o u f a c u l t a t i v a , p o r t e m p o d e t e r - denar, a internação (§ 5"). Todo d i r e t o r d e m o n o g r a f i a sobre o a l c o o l i s m o , o p r i m e i r o " c o n t i n u a d a m e n t e " substâncias e n t o r p e c e n -
m i n a d o o u não (dec. 20.930/32, art. 4 5 ) : h o s p i t a l q u e recebesse toxicómanos para Evaristo d e Moraes designava tal sistema por tes poderia v e r s e " d e c l a r a d o suspeito" pelai
o decreto-lei n" 8 9 1 , d e 17.ago.38, p r o i b i - t r a t a m e n t o estava o b r i g a d o a c o m u n i c a r o "assistência c o a c t i v a " , s e m e l h a n t e - d i z i a autoridade sanitária, sendo seu receituário
ria " o t r a t a m e n t o d e toxicómanos e m d o - fato à a u t o r i d a d e sanitária, q u e p o r seu tur- ele - "à q u e se a p l i c a hoje aos pestosos, e s u b m e t i d o a "fiscalização especial e r i g o -
m i c í l i o " (art. 2 8 ) . A improvável internação n o o t r a n s m i t i r i a à polícia e a o Ministério q u e se aplicará, n o f u t u r o , aos siíilíticos e m rosa (...) f i c a n d o as farmácias p r o i b i d a s d e
facultativa "a r e q u e r i m e n t o d o interessado" P ú b l i c o ; o d i r e t o r , na l i n h a d o c o n t r o l e b u - período d e contágio" "' . 1 1
aviar-lhe as receitas sem o visto da a u t o r i -
a b r i a espaço p a r a q u e parentes "até o q u a r - rocrático e suspeição g e n e r a l i z a d a , deve- dade sanitária l o c a l " (art 29). A i m p o r t a -
to grau colateral i n c l u s i v e " (dec. 2 0 . 9 3 0 / ria c o m u n i c a r " a q u a n t i d a d e d e d r o g a i n i - ção de entorpecentes por via aérea, o u pos-
E x a m i n e m o s , p o r f i m , as n o r m a s penais.
3 2 , art. 4 5 , § 3 ) dispusessem de u m preci- cialmente ministrada" e quinzenalmente "a t a l , o u q u a l q u e r o u t r a inobservância das
O decreto 4 . 2 9 4 / 2 1 , abstraídos os casos d e
o
oso instrumento d e c o n t r o l e intrafamiliar, diminuição feita na toxi-privação progressi- regras próprias era p u n i d a c o m u m a pena
e m b r i a g u e z previstos, se restringia a p u n i r
através d e u m a d e l a ç ã o c o m repercussão va"(§§ 7" e 8 ° ) . Se o ingresso e m tais noso- fixa d e q u a t r o anos d e prisão celular (art.
as c o n d u t a s d e "vender, e x p o r à v e n d a o u
patrimonial, uma vez que a simples cômios parecia bastante f a c i l i t a d o , a saída 3 0 ) . Toda violação aos r e g u l a m e n t o s d e
m i n i s t r a r " as "substâncias venenosas q u e
internação, d e c r e t a d a p e l o j u i z , levava-o a era c o m p l i c a d a , d e p e n d e n d o sempre ( a i n - c o n t r o l e era punível c o m m u l t a , e na r e i n -
tivessem q u a l i d a d e e n t o r p e c e n t e " : a posse
n o m e a r "pessoa idónea para a c a u t e l a r os d a q u e não apenas) d e u m a atestação m é - cidência prisão d e seis meses a d o i s anos
ilícita não era p u n i d a " . Já o d e c r e t o n"
interesses d o i n t e r n a d o " , c o m " p o d e r e s d e
7 1
v a m e n t e o p o d e r d e , d i s c o r d a n d o da alta,
8 9 1 , de 25.nov.38. q u a l q u e r i n d u z i m e n t o o u instigação ao uso.
o f i c i a r a o Ministério P ú b l i c o " m a n t i d a a cabia sursis n e m l i v r a m e n t o c o n d i c i o n a l (art.
Os iníratores médicos, cirurgiões-dentistas,
internação p e l o p r a z o d e c i n c o d i a s " (art. 35). A reincidência agravava ao dobro a
farmacêuticos o u q u e m i l i t a s s e m e m q u a l -
4 6 , § 7 " ) ! Q u a n d o a alta era c o n c e d i d a , a pena (art. 39), e o estrangeiro r e i n c i d e n t e
Prevista também p a r a a hipótese d e a l - q u e r profissão o u arte q u e favorecesse a
a u t o r i d a d e sanitária n o t i f i c a v a a polícia seria expulso d o território nac i o n a l (art. 4 0 ) .
c o o l i s m o , a internação obrigatória d e p e n - prática d o c r i m e sujeitavam-se ainda à sus-
" p a r a e f e i t o d e vigilância" ( d e c . l e i 8 9 1 / 3 8 , O sistema d e t r a t a m e n t o i n s t i t u c i o n a l i z a d o
d i a d e representação d a a u t o r i d a d e p o l i c i - pensão temporária d o exercício p r o f i s s i o -
art. 2 9 , § 10). C a b i a , é c l a r o , a o i n t e r n a d o e interdição d e i n t o x i c a d o s faz surgir a
a l o u d o Ministério P ú b l i c o , e c a b i a " q u a n - nal (no caso dos médicos, por 4 a 11 anos).
q u e se entendesse c u r a d o u m a reclamação m o d a l i d a d e de cárcere p r i v a d o consistente
d o provada a necessidade de tratamento A posse ilícita f o i c r i m i n a l i z a d a (art 2 6 ) ,
para p o s t u l a r d o j u i z o e x a m e p e r i c i a l q u e na internação e x t r a j u d i c i a l " s o b o falso pre-
adequado ao enfermo o u quando for c o n - b e m c o m o a prestação d e l o c a l (art. 27) e a
l h e a b r i r i a as portas d o e s t a b e l e c i m e n t o (§ texto d e t r a t a m e n t o " (art. 4 3 ) , q u e será r e -
v e n i e n t e à o r d e m p ú b l i c a " (art. 2 9 , §§ 1° e receita fictícia (art. 2 8 ) : aí está o f i g u r i n o d o
13) I n c o n t e s t a v e l m e n t e , a alta d o paciente c o l h i d o p e l o CP 1940 c o m o f o r m a q u a l i f i -
2 ° ) , s e n d o aplicável i g u a l m e n t e às situações artigo 281 CP 1 9 4 0 . A receita íictícia c o n -
não e r a u m a decisão médica e s i m u m a cada (art. 1 4 8 , § 1 " , inc II). O c o n t e x t o
de i n i m p u t a b i l i d a d e vinculadas a o abuso sistia n u m c r i m e d e p e r i g o p r e s u m i d o , c o n s -
decisão j u d i c i a l , assimilável a u m alvará d e moralista dessa legislação não p o d e ser mais
d e d r o g a s , na ocasião s u b m e t i d a s à fórmu- truído n u m a m o d a l i d a d e c o m o n o r m a p e -
s o l t u r a , i n f o r m a d a p o r u m parecer médico v i s i v e l m e n t e d e m o n s t r a d o q u e pela trans-
la d a " c o m p l e t a perturbação d e sentidos e n a l e m b r a n c o ("prescrever o uso d e q u a l -
(art. 3 ° , § 4 " ) . A l é m d o deficit imposto a crição da agravante prevista n o artigo 3 6 :
d e inteligência" d a Consolidação d a s Leis quer substância entorpecente com
sua c a p a c i d a d e jurídica, v a r i a n d o d a n o - "a procura da satisfação d e prazeres sexu-
Penais"*'. D i a n t e d e " c a s o s urgentes"(?) a
preterição d e f o r m a l i d a d e necessária", q u e
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ais, n o s c r i m e s d e q u e trata este d e c r e t o , 1 9 4 6 , e o decreto-lei n " 2 0 . 3 9 7 , d e 14 d e nuassem a operar r e s i d u a l m e n t e . efetividade d e seus porões, ultrapassam os
constituirá circunstância a g r a v a n t e " . j a n e i r o d e 1 9 4 6 . O p r i m e i r o fixava as " n o r - objetivos desse estudo, porém é preciso r e -
mas gerais para o c u l t i v o d e plantas e n t o r - Não foi o acaso q u e r e u n i u , nos m o v i - colher u m de seus conceitos - o d e " i n i m i -
O decreto n° 24 . 5 05 , d e 29.jun.34, que pecentes e para a extração, transformação mentos c o n t r a c u l t u r a i s j o v e n s dos anos ses- go i n t e r n o " - q u e , intensamente v i v e n c i a d o
i n t r o d u z i u a l g u m a s modificações, e o d e - e p u r i f i c a ç ã o d e seus p r i n c í p i o s a t i v o - senta, a generalização d o c o n t a c t o c o m a pelos operadores p o l i c i a i s , militares e j u d i -
creto n ° 8 9 1 , d e 2 5 . n o v . 3 8 , q u e r e v o g o u o d r o g a e a denúncia pública d o s horrores ciários no âmbito dos delitos políticos, trans-
terapêuticos"; o segundo alterava o d e c r e -
d e c r e t o n " 2 0 . 9 3 0 , d e 1 1 . j a n . 3 2 , não a l t e - bordará para o sistema penal e m geral, e
to-lei n " 8 9 1 , d e 25 d e n o v e m b r o d e 1 9 3 8 , da guerra, e a derrota d e tais m o v i m e n t o s
r a r a m s u b s t a n c i a l m e n t e essa p r o p o s t a , s a l - sobreviverá à própria guerra fria. N o d i s -
c e n t r a l i z a n d o e m d e t e r m i n a d a repartição não pode ser m e l h o r representada que pela
v o n a criminalização d o c o n s u m o , u m ver- curso de uma alta patente militar da época,
pública o p o d e r d e a u t o r i z a r importação e política c r i m i n a l q u e resolveu opor-se à d r o -
b o a m a i s na n o v a m u l t i p l i c a ç ã o q u e se o " u s o de tóxicos" - ao l a d o , claro está, d o
exportação d e entorpecentes para " d r o g a - ga c o m os métodos d a guerra. Refugindo
o p e r o u " ' " , q u e não p r o d u z i r i a efeitos práti- " a m o r l i v r e " - c o n s t i t u i lática da guerra r e -
rias, laboratórios, farmácias e e s t a b e l e c i - por c o m p l e t o aos limites desse trabalho u m a
c o s f a c e à próxima vigência d o C P 1 9 4 0 . volucionária contra a "civilização cristã"" ' .
mentos fabris", e o terceiro regulamentava análise d o s c o n f l i t o s e contradições q u e
1 1
Registre-se, p o r o u t r o l a d o , a eliminação
a indústria farmacêutica n o país, detendo- e x p l o d i r a m naqueles m o v i m e n t o s , é i n d i s -
d a expulsão automática para réus estudan- Em 19í>8, treze dias depois d o A t o Insti-
se, nos artigos 19 a 2 6 , sobre os laboratóri- pensável u m a referência ao c a p i t a l i s m o i n -
tes. O s processos c r i m i n a i s , n o D i s t r i t o Fede- t u c i o n a l n" 5, o e d i t o m i l i t a r que m i n i s t r o u
os q u e fabricassem especialidades c o n t e n - dustrial d e guerra. C o m o se sabe, a c h a -
r a l , e r a m d a atribuição d a P r o c u r a d o r i a dos o coi/p-cfe-grâce na d e m o c r a c i a represen-
do entorpecentes. N o peculiar quadro da m a d a " g u e r r a f r i a " p r o d u z i u nos Estados
Feitos d a Saúde Pública (art. 5 8 , d e c . 2 0 . 9 3 0 / tativa e garroteou a u m só t e m p o as g a r a n -
industrialização restringida brasileira, a c o n - U n i d o s - e fixamo-nos nos Estados U n i d o s
3 2 ) , e u m d i s p o s i t i v o d o d e c . 891/38 sela o tias i n d i v i d u a i s , a liberdade de expressão e
versão da d r o g a e m m e r c a d o r i a d e u m l a d o p o r q u e o chanceler brasileiro d i z i a e m 1966
c o m p r o m i s s o médico-criminal desse m o d e - o Poder Indiciário, o decreto lei n" 3 8 5 , d e
s i n a l i z a v a os b o n s negócios futuros n o â m - q u e " o q u e é b o m para os Estados U n i d o s
l o : "as autoridades sanitárias e p o l i c i a i s pres- 2b de d e z e m b r o , alterava o artigo 2 8 1 CP.
b i t o s i l e n c i o s o e lícito das íármaco-depen- é b o m para o Brasil" - u m a aliança de seto-
tarão auxílio recíproco nas diligências q u e Além da introdução d e mais alguns verbos
dências, e d e o u t r o l a d o contribuía para res m i l i t a r e s e i n d u s t r i a i s para a q u a l a
se t o m a r e m necessárias a o b o m c u m p r i m e n t o no l i p o de injusto d o tráfico ("preparar, p r o -
dissipar o p r o t a g o n i s m o dos próprios o p e - iminência d a guerra era condição de d e -
d o s d i s p o s i t i v o s desta l e i " (art. 6 3 ) . d u z i r " ) , e de sua ampliação para as maléri-
radores sanitários n o comércio das c h a m a - s e n v o l v i m e n t o , a o p o n t o d o fracasso das
conferências sobre d e s a r m a m e n t o n o f i n a l as-primas, a n o v i d a d e eslava na e q u i p a r a -
das substâncias e n t o r p e c e n t e s , s e g u n d o a
Sobrevêm o CP 1 9 4 0 , q u e confere à dos anos c i n q u e n t a repercutir f a v o r a v e l m e n - ção quoad p o e n a m d o usuário - d a q u e l e
lógica - basta recordar Freud e a cocaína -
matéria u m a d i s c i p l i n a e q u i l i b r a d a , não só te e m Wall Street"' ; s e g u n d o Leonlief, o q u e "Iraz consigo, para uso próprio, subs-
de q u e a d r o g a é a cura d a d r o g a " . 01 1
optando por descriminalizar o consumo de gasto m i l i t a r m u n d i a l d u p l i c o u entre 1951 tância entorpecente"- ao traiic ante. Cerca
d r o g a s , mas também c o m u m sóbrio recor- e 1 9 7 0 . passando d e c e m bilhões a d u z e n - de seis meses d e p o i s , o decreto-lei n" 7 5 3 ,
I l l - O m o d e l o bélico
te d o s t i p o s legais, observando-sc i n c l u s i v e tos bilhões de dólares'-'". Estas c ifras fantás- de I 1 de agosto d e 1 9 6 9 , estabelecia fisca-
u m a redução d o número d e v e r b o s c m c o m - ticas, nesse período f o r t e m e n t e c o n c e n t r a - lização p o l i c i a l sobre os laboratórios cujos
A e s c o l h a d e 1964 c o m o m a r c o divisó-
p a r a ç ã o c o m o a n t e c e d e n t e i m e d i a t o (dec. das nos d o i s b l o c o s d e c u j o a n t a g o n i s m o produtos contivessem substâncias e n t o r p e -
r i o e n t r e o m o d e l o sanitário e o m o d e l o
8 9 1 / 3 8 , a r t . 3 3 ) , redução t a n t o mais a d m i - d e p e n d i a m (Estado U n i d o s e O t a n de u m centes; neste d i p l o m a , a preocupação c o m
bélico d e política c r i m i n a l para drogas cer-
rável q u a n t o se o b s e r v a a fusão, n o a r t i g o lado e U n i ã o Soviética e Pacto d e Varsóvia as amostras grátis o c u p a v a a lunção q u e
t a m e n t e não se p r e n d e à edição d a l e i n "
2 8 1 CP, d o tráfico e d a posse ilícita n o m e s - de o u t r o ) , a g l u t i n a v a m interesses para os n o i m a g i n á r i o c a r i o c a d e h o j e t ê m os
4 . 4 5 1 , de 4 de novembro de 1964, que
m o dispositivo. N o contexto liberalizante quais era f u n d a m e n t a l não apenas a balciros das podas d e escolas.
acrescentou o verbo "plantar" ao artigo 281
d a redemocratização, após 1 9 4 6 , o t e m a CP. ( A i n d a q u e t e c n i c a m e n t e o c i o s a , c o m o militarização das relações i n t e r n a c i o n a i s , n o
I das d r o g a s c a i para u m s e g u n d o p l a n o . O l o g o registrou H e l e n o Fragoso, toda altera- campo d o q u e então se c h a m o u d e A equiparação quoad p o e n a m d o usuá-
e i x o mítico repressivo c e n t r a l a i n d a r e p o u - ção n o s e n t i d o d a "multiplicação dos ver- geopolítica, mas também ao nível i n t e r n o r i o a o traficante d e drogas p r o v o c o u a l g u -
sa - e assim permanecerá até os anos ses- b o s " é sintomática para o p a n p e n a l i s m o d a dos países i n c o r p o r a d o s . O i n s t r u m e n t o t e - ma reação n o escasso g r u p o de juristas e
senta - na " c o m p l e t a perdição m o r a l " o u p r o p o s t a , para o delírio d e u m a i l i c i t u d e órico desse p r o j e t o foi a d o u t r i n a da segu- magistrados q u e o u s a v a m insurgir-se c o n -
na predisposição para " a p r a c t i c a d e actos contínua e inescapável.) A escolha d e 1964 rança n a c i o n a l , e l a b o r a d a n o Brasil pela tra o regime autoritário. U m a das estratégi-
c r i m i n o s o s " d o d e c r e t o d e 1 9 2 1 , porém a se p r e n d e o b v i a m e n t e a o g o l p e d e estado Escola Superior d e Guerra, fundada e m 1949 as por eles utilizadas foi questionar a v a l i -
irrelevância estatístico-criminal d o tráfico e q u e c r i o u as condições para a implantação sob a inspiração d o National U'ar Colleue dade d o d e p o i m e n t o dos p o l i c i a i s q u e h a -
d o a b u s o d e d r o g a s n ã o a t r a i a atenção e c o m a ajuda d e u m a missão m i l i t a r a m e - v i a m p a r t i c i p a d o d a prisão e m llagranle d o
d o m o d e l o bélico, o q u e não significa q u e
d o s j u r i s t a s , dos criminólogos e m e s m o dos ricana'' . O autoritarismo da doutrina d a usuário, l e n d o se n o t a b i l i z a d o por suas sen-
m o t i v o s d o m o d e l o sanitário - m u i t o espe- 41
legisladores. Convém mencionar o decre- segurança n a c i o n a l , expressamente adota- tenças c seus trabalhos teóricos a respeito
c i a l m e n t e na c o n s i d e r a ç ã o d o "estereóti-
to-lei n" 4 . 7 2 0 , d e 21 d e s e t e m b r o d e 1 9 4 2 , da na legislação d e defesa d o Estado d u - o juiz Hélio S o d r é " " . O absurdo dessa e q u i -
po da dependência", m a g i s t r a l m e n t e des-
o d e c r e t o - l e i n " 8 . 6 4 6 , d e 11 d e j a n e i r o d e rante a d i t a d u r a m i l i t a r ", b e m c o m o a paração, m e s m o (ou p r i n c i p a l m e n t e ) dian-
c r i t o p o r Rosa d e i O l m o " " - n ã o c o n t i - 121
te d a visão " o f i c i a i " d o problema, não s e n - Q u a n t o às n o r m a s c r i m i n a l i z a d o r a s , s e m c i o n a l , p o r q u e é c r i m e d e lesa-pátria"'"'. A ria apelar sem recolher-se à prisão (art. 35).
s i b i l i z o u os legisladores da ditadura, c o m o perder a o p o r t u n i d a d e de acrescer u m relação entre a t o x i c o m a n i a e a "segurança As penas s u b i r a m estratosfericamente, i n d o
demonstraria sua m a n u t e n ç ã o pela lei n° v e r b i n h o a mais (dessa f e i t a , " o f e r e c e r " ) , as e o d e s e n v o l v i m e n t o " - a divisa política da a escala penal d o t i p o básico d o tráfico (art.
5 .726, d e 2 9 de outubro d e 1 9 7 1 . penas e r a m e l e v a d a s (a escala da receita 12) - ao q u a l se acresceram novos verbos,
d i t a d u r a - era assinalada p o r Sérgio d e O l i -
fictícia subia d e 6 meses a 2 anos para 1 a veira M e d i c i 1141 , e n q u a n t o C a r v a l h o Rangel " r e m e t e r " , " a d q u i r i r " e " p r e s c r e v e r " , este
D e s e j a m o s s e l e c i o n a r alguns aspectos 5 anos), criava-se a " q u a d r i l h a d e d o i s " q u e t o m a v a e m consideração "as medidas último porque a receita fictícia se
dessa lei n" 5 . 7 2 6 , d e 2 9 . o u t . 7 1 . Seu fa- até h o j e c o n s t i t u i u m p r o b l e m a técnico-ju- adotadas p e l o g o v e r n o a m e r i c a n o " para as- transmudaria e m c r i m e c u l p o s o (art. 15) -
m o s o artigo 1°, inspirado n o artigo 1" d a rídico, e mantinha-se a equiparação p e n a l sinalar a necessidade d e u m a " a ç ã o c o n - para a faixa d e 3 a 15 anos de reclusão e
" l e i " d e segurança n a c i o n a l vigente, c o m o e n t r e usuários e t r a f i c a n t e s , agora c o m o j u n t a " entre o judiciário e outras agências m u l t a . U m a m o d a l i d a d e de apologia, o r i u n -
observou Celso Del manto' ", que declara 2
teto d e 6 anos de reclusão. governamentais para c o i b i r o tráfico, " p o i s da da legislação dos anos trinta, construída
constituir " d e v e r de toda pessoa física ou só assim o m a l será e l i m i n a d o " ' ' . Essa 3 5
como tipo aberto de conteúdo
jurídica colaborar no combate ao tráfico e A c u l t u r a p o l i c i a l dos anos setenta c o m - a m o s t r a g e m é suficiente para constatar q u e i n d e t e r m i n a d o ( c o n t r i b u i r de q u a l q u e r for-
u s o d e substâncias e n t o r p e c e n t e s " , para p r e e n d e u p e r f e i t a m e n t e as expectativas d o a produção jurídico-penal d a q u e l a c o n j u n - m a p a r a i n c e n t i v a r o u d i f u n d i r o uso
a l é m d o c o m p r o m i s s o b é l i c o q u e a vox r e g i m e m i l i t a r acerca d e seu d e s e m p e n h o , tura absorveu a ideia de q u e a generaliza- i n d e v i d o o u o tráfico" - ait 12, § 2", i n c .
" c o m b a t e " c o n t é m , utiliza-se d a estrutura e r e s p o n d e u a elas c o m dedicação. A o p i - ção d o c o n t a c t o d e j o v e n s c o m drogas d e - Ill), capaz d e , nas mãos d e u m delegado de
normativa d a imposição do dever jurídico, nião d e u m i n s p e t o r d e polícia mineiro, via ser c o m p r e e n d i d a , n o q u a d r o da guerra polícia d e v o t a d o , levar à instauração de i n -
fundamento dos ilícitos omissivos, para c o n - transcrita n o l i v r o d e u m general q u e exer- fria, c o m o u m a estragégia d o b l o c o c o m u - quérito contra Charles Baudelaire, A l d o u s
verter q u a l q u e r opinião dissidente da polí- nista para solapar as bases morais da c i v i l i - H u x l e y , Jean C o c t e a u e W a l t e r B e n j a m i n
c i a i m p o r t a n t e s funções na Secretaria d e
tica repressiva n u m a espécie de c u m p l i c i - z a ç ã o cristã o c i d e n t a l , e q u e o e n f r e n - n u m a única estante de livraria, estava agora
Segurança Pública d o Rio d e Janeiro, é b e m
d a d e moral c o m as drogas. Decorre daí que t a m e n t o da questão d e v i a valer-se de méto- sujeita à pena d e 3 a 15 anos de reclusão. A
r e p r e s e n t a t i v a : "só há u m r u m o para pôr
" s o b p e n a de perda do cargo, ficam os di- dos e dispositivos militares. A reunião d o posse para uso próprio, entretanto, recebeu
f i m a o p r o b l e m a , o e n q u a d r a m e n t o dos tra-
retores obrigados a c o m u n i c a r às autorida- e l e m e n t o bélico e d o e l e m e n t o religioso- d i s c i p l i n a à parte, cominando-se-lhe u m a
ficantes na l e i d e segurança n a c i o n a l (...),
d e s sanitárias os c a s o s de uso e tráfico (...) m o r a l resulta na metáfora d a guerra santa, pena privativa da liberdade (detenção d e 6
a interferência das a u t o r i d a d e s m i l i t a r e s " " .01
n o âmbito e s c o l a r " (art. 7", par. ún.) Q u e i - da c r u z a d a , q u e t e m a v a n t a g e m - e x t r e m a - meses a 2 anos e m u l t a - art 16) só e x c e p -
Vera M a l a g u t i S. W. Batista e x a m i n o u as
m a n d o etapas burocráticas, a diretora de m e n t e f u n c i o n a l para as agências policiais c i o n a l m e n t e executada O tratamento dos
fichas d o DOPS-Rio referentes ao verbete
u m colégio estadual do Rio de Janeiro e n - - d e e x p r i m i r u m a guerra sem restrições, sem drogaditos f o i a p r i m o r a d o , prevista a alter-
tóxicos nesse período, demonstrativas des-
caminhou em 1973 à Polícia Federal padrões regulativos, na q u a l os fins justifi- nativa da assistência a m b u l a t o n a l ( " e m re-
sa o r i e n t a ç ã o ; u m d o s d o c u m e n t o s , de
c i n q u e n t a e quatro nomes de alunos " s u s - c a m todos os m e i o s . N o p l a n o i n t e r n a c i o - g i m e e x t r a - h o s p i t a l a r " - art 1 0 , § 1 ° ) ,
1973, i n t i t u l a d o "Tóxicos e Subversão",
peitos d e estarem envolvidos e m tóxico"'" , n a l , o n o v o front das drogas reforçava as m a n t i d a a cláusula d e i n i m p u t a b i l i d a d e
1
a p r e s e n t a a d r o g a c o m o a r m a da guerra
fantásticas verbas orçamentárias d o c a p i t a - segundo o m o d e l o anterior (art. 19 e par.
fato q u e poderia ter levado ao trancamento f r i a : " c i t a n d o Lênin, M a o e H o C h i M i n ,
lismo industrial d e guerra ún.) A regulamentação dessa l e i , efetuada
da matrícula de todos, tal c o m o previsto atribui-se a disseminação d o uso d e drogas
pelo decreto n" 78 9 9 2 , de 21 de d e z e m b r o
no artigo 8" da lei. Para a lei, essa e d u c a - a u m a estratégia c o m u n i s t a para a d e s t r u i -
de 1976, além cia vedação das amostras grá-
dora estava prestando "serviço relevante", ção d o m u n d o o c i d e n t a l " " " . A vigente lei n 6 . 3 6 8 , de 21 de o u t u b r o
tis (art. 13), p r o i b i a q u a l q u e r " t e x t o , car-
ao c o l a b o r a r " n o c o m b a t e ao tráfico e u s o " d e 1 9 7 6 , a p r i m o r o u , para o b e m e para o
taz, representação, curso, seminário o u c o n -
de entorpecentes (art. 24). Aos usuários de m a l , a lei n" 5 . 7 2 6 / 7 1 . A q u e l e dever jurídi-
M a s a c u l t u r a jurídico-penal também i n - ferência" sobre o tema sem prévia a u t o r i z a -
drogas c u j o v í c i o pudesse fundamentar uma c o genérico d o artigo 1 p e r m a n e c e u , p o -
c o r p o r o u a visão s e g u n d o a q u a l a questão ção (art. 8 '), b e m c o m o r e c o m e n d a v a a fis-
situação de i n i m p u t a b i l i d a d e , construída rém a palavra " c o m b a t e " f o i substituída pela
das d r o g a s não passava d e u m a face da calização rigorosa pelas a u t o r i d a d e s de
segundo o m o d e l o biopsicológico, aplica- guerra. V i c e n t e G r e c o F i l h o , q u e na i n t r o - expressão "prevenção e repressão". Os a l u -
censura", sobre espetáculos públicos, para
va-se u m a " m e d i d a de recuperação", c o n - dução d e seu l i v r o r e c o r d a v a a utilização nos surpreendidos c o m u m cigarro de m a -
"evitar representações, cenas o u situações
sistente e m internação " p a r a tratamento psi- histórica d e tóxicos " c o m o a r m a bélica", c o n h a já n ã o e s t a v a m s u j e i t o s a o
q u e possam, ainda q u e v e l a d a m e n t e , susci-
quiátrico pelo t e m p o necessário à sua re- interpretava o artigo 1" c o m o exortação às t r a n c a m e n t o d a matrícula n e m os diretores
tar interesse" p e l o tema (art 9"). " A liber-
cup eração" (arts. 9° e 10). A lei 5.726/71 "forças d a Nação para essa verdadeira guerra à delação, mas se os últimos não adotas-
d a d e artística - d i z i a u m dos e l a b o r a d o -
c r i a v a u m p r o c e d i m e n t o j u d i c i a l sumário s a n t a q u e é o c o m b a t e aos t ó x i c o s " " . sem medidas preventivas colocar-se-iam na
21
res dessa legislação - precisa de ser c o n t r o -
(art. 14 ss) e alterava as regras para e x p u l - " N i n g u é m contestará q u e a disseminação l i n h a de u m a responsabilização " p e n a l e
lada" i b .
são d e estrangeiros, c o l o c a n d o o uso e trá- d e tóxicos entre a j u v e n t u d e (...) c o n s t i t u i a d m i n i s t r a t i v a " f e l i z m e n t e não e x p l i c i t a d a
fico d e drogas ao lado dos crimes contra a tática s u b v e r s i v a " , p o n t i f i c a v a Seixas San- (art. 4" e par. ú n ) . O p r o c e d i m e n t o j u d i c i -
segurança nacional n u m a investigação s u - tos, a c r e s c e n t a n d o : " o d e l i t o d o traficante ário f o i r e g u l a m e n t a d o mais m i n u c i o s a m e n - A Constituição da República d e 1 9 8 8
mária c o m o p r a z o de c i n c o dias (art. 22). d e v e r i a ser i n s e r i d o na lei d e segurança n a - te, e o réu c o n d e n a d o p o r tráfico não pode- de u m lado revogou esses últimos dispositi-
O l m o mostra c o m o , após as grandes o p e - c a d o sistema p e n a l o r e v e l a m .
v o s , a o b a n i r a censura (art. 5 ° , i n c . IX) e d e dades d e d e s l o c a m e n t o de recursos e inves-
rações na Jamaica e n o M é x i c o , e m m e a -
o u t r o d e t e r m i n o u q u e o tráfico d e d r o g a s t i m e n t o s d e tal envergadura, a nível p l a n e -
dos dos setenta, a produção da m a c o n h a , U m a política c r i m i n a l de guerra t e m e f e i -
constituísse c r i m e inafiançável e insuscetível tário, só p o d i a m ser e m seus sonhos e m p a -
" s e g u i n d o a lógica d o c a p i t a l " , vai estabe- tos benéficos para a indústria d o c o n t r o l e
d e graça o u anistia (art. 5", i n c . XLIII)^ n o relhadas, guardadas todas as p e c u l i a r i d a d e s
lecer-se na e m p o b r e c i d a C o l ô m b i a " ' . Nos d o c r i m e , seja no a q u e c i m e n t o dos gastos
c o n t e x t o d e u m a d i s p u t a c o n s t i t u i n t e entre
9
d o a s s u m i a m a função de estatuto f u n d a - de associar m o t i v o s religiosos, morais, p o - Christie, ultrapassa as verbas das agências
gas (art. 2 " , i n c s . I e II) e, p r e t e n d e n d o e l e - m e n t a l das relações e c o n ó m i c a s , e a líticos e étnicos - sobre o q u a l se pode re- públicas de segurança e m mais de 7 0 %
v a r as penas da q u a d r i l h a v o t a d a à prática c o m p e t i t i v i d a d e se c o n v e r t i a n o liame c o n s t r u i r a face d o i n i m i g o (interno) t a m - (US$ 52 bilhões anuais), e ocupa duas v e -
d e t o d o s os d e l i t o s p o r ela c o n t e m p l a d o s sinalagmático da convivência h u m a n a . N ã o bém n u m c o m p a t r i o t a ; n o Rio de Janeiro, zes e meia mais pessoas d o q u e elas, o q u e
(art. 8 ° ) , s e m aperceber-se q u e a q u a d r i l h a c o m p e t e mais ao Estado imiscuir-se na e c o - na f i g u r a d e u m a d o l e s c e n t e negro e significa u m milhão e m e i o de empregos '.
d e dois d o artigo 14 da lei 6.368/76 já dispu-
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dessa espécie de " v a l e - t u d o " económico é Nils Christie, " c o m o f i m da guerra Iria, n u m A mudança de i d e n t i d a d e do i n i m i g o , da
c o n d u z a o f i m da guerra fria, c u j o símbolo
o a u m e n t o da marginalização social e d o q u a d r o de p r o f u n d a recessão económica, guerra fria para a guerra contra as drogas e
c o n s i s t i u na r e u n i f i c a ç ã o d a c i d a d e de
d e s e m p r e g o , c o m todos os c o n f l i t o s e ten- no q u a l as nações i n d u s t r i a l i z a d a s mais o " c r i m e o r g a n i z a d o " i n t e r n a c i o n a l , se re-
B e r l i m . O c a p i t a l i s m o m o n o p o l i s t a d e base
sões q u e , e x p r i m i n d o - s e também nas i n c i - importantes não têm i n i m i g o s externos c o n - ílete também na indústria c u l t u r a l d o c r i -
i n d u s t r i a l - aí c o m p r e e n d i d a a indústria b é -
dências c r i m i n a i s , a l a v a n c a m crescente d e - tra os quais se m o b i l i z a r , não parece i m - m e : sai de cena o agente soviético r u i v o
lica - se r e o r g a n i z a v a , ao i m p a c t o d o surto
m a n d a de repressão p o l i c i a l , estabelece-se provável q u e a guerra c o n t r a i n i m i g o s i n - que Sean C o n n e r y matava, entre u m a na- |
dos serviços e da c o r r i d a tecnológica, c o m
u m c u r i o s o p a r a d o x o , t o c a n d o ao "Estado ternos seja p r i o r i z a d a " " : as drogas ilícitas, morada e outra, e entra u m h o m e m l a t i n o ,
a emergência de novas potências e c o n ó m i -
14
dições diante das quais a invocação do d i - (3) C l a u s e w i t z , C a r l v o n . D a G u e r r a , trad. T B P. B a r - Paulo, 1 9 9 6 , e d . C i a . das Leiras. 1 9 8 0 , e d . Fabris; António Evaristo de M o r a e s Fi-
l h o , Lei d e S e g u r a n ç a N a c ion.il ('m Atentado a
reito internacional humanitário, as regras das roso, Brasília, 1 9 7 9 , ed U n B , p. 7 4 3
(14) O p . c i t , p. 1 19. Liberdade, Rio, l')82. ed Zah.n
Convenções d e G e n e b r a q u e limitam os (4) S p e n c e , J o n a l l i . i n D . , E m Busca d a China Mo
métodos da guerra, deixaria de constituir derna. trad. T R Bueno e P M Soares, São Paulo,
(15) E m b o r a a n o r m a e s p e c i a l (ait 4 5 . ^ 2 , al hdec (26) Apud Comblin. op.cil., p 4ri
2 0 . 9 3 0 / 3 2 e , d e p o i s , art. 2 9 § 2 , al. b dec.lei
u m a trágica metáfora. 1 9 9 5 . e d . C i a . d a s L e i r a s , p. 151
891/38) p r e s c r e v e s s e internação obrigatória para (27) No mie I O d e 1971, Hélio S o l e publicou um
(5) S p e n c e , op. cit., pp. 165 e 1 6 9 . c a s o s d e " i m p r o n ú n c i a o u a b s o l v i ç ã o " dec o r r e n - ailigo, "Prova penal releienle á posse de entor-
Podemos ficar por aqui. A substituição tes d e t a i s s i t u a ç õ e s , e n l e n d i a - s e , já n o r e g i m e p e c e n t e s " (Revista d e Direito /'eu.d. Rio, 1 9 7 1 ,
(6) Cf. Nilo Batista, A cura, o êxtase e a
d e u m m o d e l o sanitário por um m o d e l o d o C P 1 9 4 0 , q u e " n ã o e x c l u i a resi>onsal>ilidade ed B o r s ó i , p. 9 1 s s ) , e n o a n o s e g u i n t e u m l i v i o ,
t r a n s c e n d ê n c i a , in O . D G o n c a l v e s e F.l. B a s t o s
bélico de política c r i m i n a l , no Brasil, não a e m b r i a g u e i : p r o v o c a d a p e l o u s o d e entorpec e n - •Tóxicos - A N o v a t e i " , Rio. 1 9 7 2 , e d . R i o
( o r g s ) , Só Socialmente, Rio, 1 9 9 2 , ed. Relume-
representa uma metáfora académica, e sim tes" (RF LXXXV/478).
D u m a r á , p. 6 0 . (28) Tóxicos. S P a u l o . 19H2 ed S . u a i s a , p. 1
a i n t e r v e n ç ã o dura e frequentemente i n - (16) Ensaios de Palholngia Social, Rio 1924, ed. L
c o n s t i t u c i o n a l de princípios de guerra no (7) R e s p e c t i v a m e n t e através dos decretos n 22.950,
Ribeiro, p 1 14.
i29) VeraMalaguti S. W. B a t i s t a , D r o g a s e C r i m i n a l i -
d e 1 8 . j u l . 3 3 , n" 1 1 3 , d e 1 3 . o u t . 3 4 e n " 2 . 9 9 4 , z a ç ã o d.i j u v e n t u d e P o b r e n o R i o d e l a n e i r o ,
f u n c i o n a m e n t o do sistema penal. M a o Tsé-
de 17.ago.38. (17) N ã o inc i d e n a s p e n a l i d a d e s c o m i n a d a s p e l o d e - Niterói, 1 9 9 7 , m i m e o , p Hl
Tung retomou certa feita a famosa c o m p a -
c r e t o n' 4 2 9 1 . d e 6 . j u l . 2 1 . o i n d i v i d u o e m c u j a
ração d e C l a u s e w i t z , formulando-a nos se- (8) A Politica Criminal de Drogas no Brasil, Rio, (30) | a i m e R i b e i r o <la G r a ç a . I Ó M I • .Rio. 1971, ed.
casa é encontrado frasco de cocaína, escondido
guintes termos: " a política é guerra sem der- 1 9 9 6 , e d . L u a m , p. 2 0 .
sob u m c o l c h ã o O q u e a lei d e f i n e c o r n o c o n -
Renes, p 24
dedico-o ao prof. Jorge Frias Caballero c o m Bueno da Carvalho cila contudo uma decisão são c e l u l a r e multa d e 1 : 0 0 0 $ ( ) 0 0 a 5 : 0 0 0 $ 0 0 0 136) M e n n a B a r r e i o . Estudo Geral d.i Nova l e i d e Tó-
anterior, de 3 0 d e s e t e m b r o d e 1 9 2 1 , d o juiz xicos. Rio, 19H2. ed. F Bastos p 160.
afetuosa admiração. (20) Cí P a s s e l i , f d s o n . D a s Fumeriei ao Narcotráfi-
A l f r e d o R u s s e l , q u e t a m b é m foi p u b l i c a d a (RF
c o . S. P a u l o . 1 9 9 1 . e d . E d u c . p. l > r (37) N i l o B a t i s t a , Pti/iidos <• M a l I . i g o s , R i o , 1 9 9 0 ,
XXXVII/426), na qual, pelo m e s m o fundamen-
ed. Revan, p I H . M a n a Lú( ia K.ir.irn, A e s q u e r -
to, foi o intoxicado internado no Sanatório i21i A F a c e O c u l t a da D r o g a . cu., p S4epassim
Notas: da punitiva, in D i s c u r s o s Sedn I O S O Í - C o m e . D i -
Botafogo.
(22) C f . F r e d |. C o o k , O E s t a d o M i l i t a r i s t a , trad F C reito e . S o c i e d a d e , R i o , 1 9 9 6 n 2, p. 7 9 S S .
(1) Z i p f , H e i n z , Intfoducción a la Política Crimi-
(11) A Face Oculta da Droga, Irad. T Ottoni, Rio, Ferro, Rio, 1 9 6 4 . e d . C i v Bras , p 1 5 4 ss
nal, trad. M l . Macías-Picavea, C a r a c a s , 1 9 7 9 . (38) A Corte Suprema recentemente deslindou o
e d . E D R , p. 4 . 1 9 9 0 , e d . R e v a n , p. 2 9 . i m b r ó g l i o , n o j u l g a m e n t o d o I I C n" 6 8 . 7 9 3 - 8 ,
121) Leonlieí. Wassily, e D u c h i n , Faye Ef g a s t o m i l i -
tar. I r a d . A Hibbert. M a d n . 19H<> e d . A l i a n z a , 1' T., rei Min M o r e i r a A l v e s , D l 27 j u n . 9 7 , p.
(2) Lições de Direito Penal, P C , Rio, 1987, ed. Fo- (12) Comentários ao Código Penal, Rio, 1959, ed.
p. 2 2 50 2H7
r e n s e , p. 1 7 . A l e s s a n d r o B a r a t t a o b s e r v a v a r e c e n - F o r e n s e , v. IX, p 1 38.
DIREITO
(39) Prohibir o Domesticarf Políticas d e drogas e n (52) S a i o d e C a r v a l h o , o p . c i t . , p. 1 2 8 .
América latina, Caracas, 1992, ed. Nuev.i
S o c i e d a d , p. 1 B . (53) R o s a d e i O l m o , Prohibir o Domesticar? c i t . , p.
68.
(40) Sauloy, M y l è n e , e Le Bonniec, Yves, À quiproíite
(54) O p . c i t . , p. 7 6 .
la cocaine?. P a r i s , 1 9 9 2 , e d . C a l m a n n - L é v y , p.
297.
(55) "Entre as diversas c a u s a s q u e d e s e n c a d e i a m as
Sobre o alcance
guerras, destaca-se a n e c e s s i d a d e d e perpetuar o
(41) R o s a d e i O l m o , Prohibir o Domesticar' c i t . , p.
67. sacrifício h u m a n o n a forma d e holocausto d o s
filhos, c o m s e u s p r i m i t i v o s s i g n i f i c a d o s sócio-
da imunidade
(42) Sobre a atividade policial pressionando o preço culturais implícitos. (...) A g u e r r a m a n t é m a
d a s d r o g a s , cf. Charles-Henri d e C h o i s e u l Praslin, ameaça d e morte sobre a juventude, q u e deve se
ia Drogue, une économie dynamisée par la submeter totalmente a o exército e deslocar seus
répression, Paris, 1 9 9 1 ,e d . C N R S . p. 2 3 e laços e m o c i o n a i s d o lar p a r a a c o m u n i d a d e " •
parlamentar material
passim. A r n a l d o R a s c o v s k y , O Filicídio, Rio, 1974, ed.
Artenova, p. 164. Do mesmo Rascovsky,
(43) Crime Control as Industry, Londres, 1993, ed
F i l i c í d i o e G u e r r a , i n G l e y P. C o s t a ( o r g ) , G u e r -
R o u t l e d g e , p. 1 3 - 1 4 .
ra e M o r t e , R i o , 1 9 8 8 , e d . I m a g o , p 6 0 s s .
e d . P r u m a p e , p. 1 2 0 . 122.