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NÉLSON HUNGRIA
M em bro da CcmlesKo Revisora d o A n tep rojeto do C ódigo P enal. M em bro da
Comissão E laboradora dos A n teprojetos d a Lei das ContravençCes Penais e do
C ódigo de Processo Peon.1. M inistro d o Suprem o T ribunal Federal,
r
COMENTÁRIOS
CODIGO PENAL
VOLUME I
Tomo II
Arls. 11 a 27
S.a edição
FORENSE
Rio de Janeiro
19 7 8
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
IMPRIMIR A JU D A
SUM ÁRIO
An. 11 ....................................................................................................... 58
Arts. 12 a 14 ...................................................................................... 71
Ari. 15 ....................................................................................................... 10D
Arts. 1G e 17 - .................................................................................... 211
Art. 18 ..................................................................... ............................ 253
Arts. 19 a 21 ...................................................................................... 263
Arts. 22 a 24 ...................................................................................... 315
Arts. 25 a 27 ..................................................................................... 395
Apêndice
V ol. II — Arts. 28 a 74
Proí. ROBERTO LYRA
2e ed. — 1968 (2* tiragem )
P rof. ANÍBAL BRUNO
1* ed. — 19B9
Primeira
Parte
Nelson Hungria
SAIR 3 A JU D A INDICE V O LTA | SEGUE
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
TÍTULO II
DO CRIME
s Nélson HuNoaiA
COMENTÁRIO
10 Níl s o n H ungria
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — T í t u l o I I 11
12 Nélson H ungria
14 N élson Hungria
“ crime sem resultado. Não existe crime sem que ocorra, pelo
“ menos, um perigo de dano, e sendo o perigo um “trecho da
“ realidade'” (um estado de fato que contém as condições de
superveniência de um efeito lesivo), não pode deixar de ser
"considerado, objetivamente, como resultado, pouco impor-
“ tando que, em tal caso, o resultado coincida ou se confunda,
“ cronologicamente, com a ação ou omissão”. ® Exposto a pe
rigo, o bem ou interesse jurídico não é substancialmente le
sado, mas sofre uma turbação no seu estado de segurança:
10 K élsoh E ohoqi
18 N élson H ungria
20 N é l s o n H u n c k ia
Comentários ao Código P en al — T ít u lo n 21
22 N élson H ungria
19 Rocco (ob. cit,, pág. 527): “Nel seno di questa grande unità,
che naz chiamiamo diritto, un dissídio interiore non é concepibüe.
I/ordinamenta giuridico non può consentire, nelle viscere sue, la
guerra interna p a le singole norme che lo costituiscono; ãi tal che
Vuna vieti, ciò che Valtra comanda, o comandi, ciò che Valtra vieta,
ovvero vieti o comandi ciò che Valtra consente, respettivamente, di
{are o ái non fare” .
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24 N élson H umgbia
26 N élson H üncria
28 N élson H unghia
30 N élson H ungria
*1 Conforme adverte Manzxki, " dato ehe non esistê altro âiritto,
ehe quello vigente, è áuopo tcner distinto ciò che fu o che potrébbe
o dovrébbe essere, da ciò che è : il critério storico-poUtico, dal critério
giuridico”.
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32 N élson H ungria
34 N élson H ungria
40 N élson H ungria
42 N élson H unoria
44 N élsoh H ungria
delo italiano. Como o Código Rocco (art. 81, segunda parte) subs
tituíra pela expressão medesimo disegno criminoso a locução vie-
üesima risoluzione criminosa do Código Z anakdelli (art. 79), também
0 Projeto A lcântara cuidara de dizer "mesmo desígnio criminoso”,
onde a antiga Consolidação das Leis Penais (art. 66, I 2o.) dizia “uma
só resolução” . No seio da Comissão Revisora, porém, foi, desde logo,
preferida a teoria puramente objetiva, que, no reconhecimento da
continuação, prescinde de qualquer elemento psicológico, para dedu
zi-la tão-somente da conexidade objetiva ou homogeneidade exterior
das ações sucessivas. A impugnação da teoria objetivo-subjetiva
partiu de C o s ia e S ilva , que se manifestou nestes termos, acentuando
preliminarmente a controvérsia entre os penalistas: “Estes, moder-
“ namente, se dividem em dois grupos: o dos que sustentam a teoria
“ objetivo-objetiva e o dos que sustentam a teoria puramente obje-
“ tiva. Exigem os primeiros, para a existência no delito continuado,
“ além de determinados elementos de natureza objetiva, outro de
“ índole subjetiva. Êste é expresso de modos diferentes: unidade ãe
“ dolo, unidade de resolução e unidade ãe áesignio. Unidade de dolo
" — um dolo compreensivo dos diversos crimes (Gesamtvorsats) —
“ só a reclamam alguns criminalistas alemães, em diminuto número,
“ e a praxe do Tribunai do Império (Reichsgericht). A grande maio-
“ ria deles abraça a teoria objetiva, dispensando, portanto, esse ele-
“ mento. A respeito desta teoria, muito bem disse M ezger, 367 (se-
“ gundo a versão italiana): “Questa è la costruzione prevalente
“ nella dottrina. Essa deduce il eoncetto ãi asione continuata degli
“ elementi costitutivi esteriori delia omogeneitá. Per Zo piú, con ta-
“ luni adattamenti ai singolí casi, si dà rilevo ali’analogia delia
“ fattispecie, alVeguaglianza delia eommisione, alVunicità dei bene
“ giuridico, al nesso temporale, alio sfruttamento delia medesima cir-
" costama o delia stessa occasione (Fhahü.) ecc., quali criterí obbiet-
“ tivi. Effettivamente, questo critério puramente oggettivo sembra
"in fa tto il piü esatto. L’unicitã ãel dolo — che il Trib. Sup. esige,
“ ríffiutando la semplice risoluzione unica — è ordinariamente una
" fictio” . E Costa e S ilv a prosseguia: “ Está hoje geralmente reco
" nhecido o absurdo da exigência de um dolo único ou de uma reso-
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46 N élsoh H ungria
48 N élscn H üngria
" objetiva da conduta, ainda que o agente (como as mais das vezes
“ acontece) não se represente a continuação ou se arrependa de
“ cada vez, embora vindo a ceder, de novo, a idêntica tentação"
(“Nieht ci> ter Tciter sein Tun zur Einheit zusammenfasste, sondern
ob áie Rechtsardriung Grund hat, es ais Einheit aufziitassen, ist
entscheidenã. Diese Bedürfnis aber besteht bereits bei Gleichartg-
keit, auch wenn der Táter sich — so meíst — über ãíe Fortsetsung
keine klaren Vorstellunge?i mackte oder gar jedesmal Reue fühlte,
dann aber em eut der gleichen Versuchung erlag" ) . Um atestado da
inconsistência da teoria objetivo-subjetíva é a desinteligência dos
seus adeptos sobre s> que seja realmente o quid psicológico da con
tinuação. O Tribunal Imperial alemão fala em dolo ds conjunto
(Gesamtvorsatz), que n&o signilica uma resolução genérica de agir
do mesmo mudo, sempre que se apresente ocasião propícia (o que
para alguns subjetivdstas é suficiente para a continuação): o agente
deve, de antemão (vo?i vom herein), abranger no seu dolo todas as
ações singulares e o resultado total. A objeção de v o n H i p p e l (obser
vação cit., pág. 542), porém, é irretorquivel: “Da regra, não há um
“ dolo ou resolução de conjunto que possa ocasionar automàtica-
“ mente ações separadas no tempo, sejam ou não semelhantes, pois
“ cada ação exige necessariamente uma nova resolução (dolo)” (“Es
gibi zunãchst überhauvt keínen Gesamtvorsatz oder Gesamten-
tschluss, der automatisch zeitlich getrennte Einzelhanãlungen her-
vorrufen kònnte, mógen diese gleichartig sein oder nicht. Sondern
jede Eimelhandlung erfordet notwendig eínen neuen Entschluss
ÍVorsatz) ”) .
O atual Código italiano, para iludir essa objeção, já não fala
em medeslma risoiuztone. como o Código de 89, mas, segundo já
vimos, em iJiedesimo disegno, E Manzini assim define o que seja
disegno (desígnio): “é um projeto de ação ou omissão, lirme, deter-
“ minado e concreto, que não resulta apenas da coordenação de uma
" série de idéias substanciais, mas que pressupõe, outrossim, a es-
“ colha de meios para conseguir determinado fim e o prévio conhe-
wcimento das condições objetivas e subjetivas, nas quais se desen-
" volverá a atividade criminosa” (Trattato, II, pág. 5 5 7 ).
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50 N élson H ungria
52 N élson H ungria
54 KÉI.&ON IiüNGRlA
teilen wegen eines fortgesetz ten Deüktes, wobei ãie Mehrzahl der
Falle bei der Strafmessung angemessen zu berücksichtígen ísí and
res judicata auch für âie nicht ausãrücklich festgestellten Falie
eintritt" (“O expediente preferível é obter certo número de provas
“ que determinem o inicio, a continuação e a cessação desta, e con-
“ denar por crime continuado, devendo a pluralidade das ações ser
" devidamente considerada na medida da pena e ficando cobertas
" pela res judicata também as ações que não tenham sido expren-
“ samente averiguadas").
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nore valutasione mor ale che corrisponde alia reiterazíone ãel fatio
in confronta al fatto iniziale (e che dal punto ái vista psicclogico
è a mio aviso la giustificazione piú efficace delia minore repressiotie
ãel reato continuato), per il persistente impulso al conseguímento
ái quello stesso obbiettivo, ricaáe: vi è reato continuato. Senza di
che si arrirerebbe a questo assurdo: di punire piú gravemente chi
abbia opposto una certa resistenza agli impulsi criminosi e magari
lottato per resistere, e ãi beneficiare chi abbia, frigido, pacatoque
animo fin áal primo momento, concepito tutto lo svolgimento ãel
dísegno criminoso ’. A incongruência da teoria objetivo-subjetiva já
era acusada por von B ar (ob. eit., pág. 586): "Não tem certamente
“ direito a benigno tratamento, por isso que revela maior intensl-
"d a d e de dolo, aquêle que, segundo uni único plano (resolução) ou
“ um plano delineado de antemão em seus detalhes, pratica vários
"crim es da mesma espécie; mas, ao contrário, não deixa de ter êsse
'* direito aquêle que, dada uma ocasião essencialmente idêntica à em
" qua já uma ves praticou o crime e sem que nesse meio tempo um
" sério motivo o dissuadisse do mau caminho, cede novamente à
‘"tentação” . No mesmo sentido, M . E. Müyer (loc. c it.): tão
“ evidente é o acréscimo de energia que a resolução criminosa im-
■' prime à unidade de dolo, que dificilmente se acomodaria o benigno
" tratamento colimado em razão da concepção conjunta das ações
" sucessivas” C‘ . . . offanbar wirã ãurch die Einheit âes Vorsatz ãie
Energie ãer verbrerischen Entschlossenheit so geistert, dass die mil-
dere Bcurieilung, ãie ãurch Zusammenfassung der Einzelakt wirã,
.ttíüecht am Platze wãre” ) . * Mezcer (Tratado de derecho penal,
56 N é l s o n E toN O tià
** (ob fit-. pág. 376) diz que êsse exemplo “ não seria de
crime continuado, e sim de reiteração, pela nova atitude da vonta
de” . Ora, a cada uma das ações do crime continuado corresponde
sempre, necessariamente, uma volição particular, tal como se dá no
concurso material; mas isso, como é claro (e o proclamam os subje-
tlvistas) não exclui a possibilidade de uma genérica resolução áb
inítio ou um desígnio cie conjunto (alheio à volição, como querem
os neo-subjetivistas). O caso figurado por Mezgek, quer em face da
teoria objetivo-subjetiva (reconhecida a unidade de plano), quer
perante a tecria puramente objetiva <dada a homogeneidade con
siderada ab fxUírnc > 6 de típico crime continuado.
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62 N ê lso k H tjnghia
64 N é ls o n H u n g r ia
66 N êlson H ungria
68 N élson H ungria
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C O M E N T Á R IO
74 N élson H ungria
76 N elson H ungria
C O M E N TÁ R IO S AO CÓDIGO P E N A L -— ARTS. 12 A 14 77
73 Nélson H ungria
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82 N élsok H ungria
84 N elson H tjngria
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o Penal ■
— Abts. 12 a 14 85
86 N é l s o n H tjitgria
88 N é l s o n H u n g r ia
rido, supõe um cálculo em quem não age por cálculo, mas por
subitânea comoção; b) porque abstrai um dado da experi
ência comum, qual seja o de que o homem encolerizado se
serve do primeiro instrumento que encontra à mão, sem re
fletir se o seu efeito é ou não mortífero; c) porque esquece
a verdade estatística, segundo a qual o uso de armas, sejam
estas de corte ou de fogo, tem como resultado mais freqüente,
ao invés do homicídio, as lesões corporais.
Vejamos, agora, como disserta Haus:14 “Algumas vezes
“ notadamente quando se trata de violência contra a pessoa,
“ a intenção criminosa é indeterminada (dolus indetermi-
“ natus) . . . O agente não tem especialmente por fim oca-
“ sionar a morte ou produzir ferimentos (graves ou leves):
“ quer realizar, a qualquer preço, seu desígnio de fazer mal
“ a outrem, sejam quais forem as conseqüências do seu ato
“ de violência... O fato cometido com a intenção indeter-
“ minada de fazer mal não pode jamais constituir tentativa.
“ Deve ter-se em vista unicamente o resultado produzido, e
“ punir tal resultado como doloso, qualquer que ele seja.
" Dolus indeterminatus determinatur eventu” . É manifesto
o superficialismo dessa argumentação, que parte de uma pre
missa errônea, qual seja a existência de um dolo indetermi
nado ou de um dolus generalis. A intenção indeterminada de
fazer mal (a genérica intention de nuire, da doutrina fran
cesa) é uma pura fantasia e um absurdo lógico. Por mais
súbita que seja a resolução criminosa, não falta ao agente
um fim determinado. O estado emocional, por mais agudo,
não realiza o contra-senso de uma vontade agindo sem escopo
definido. Dolus indeterminatus non determinatur eventu, sed
determinatur actione ea ideo nihil aliud est quam dolus de-
terminatus. E não deixa de ser determinado o dolo quando
ao espírito do agente se representam dois resultados diversos
e ele empreende a ação querendo qualquer deles, indiferen
temente. Quem age para matar ou ferir tem dois fins deter
minados, embora de modo alternativo ou sabendo que um
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C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P e n a l — A x t s . 12 a 14 107
110 N é l s o n H u n g r ia
código penal alemão) , idem, fase. 122; G essler, Begrif unã Arten.
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maior punibilidade), idem, fase, 112; Schmidt (C .), über Schuld und
Schulãwesen (Sobre a culpa e sua essência ) , idem, fase. 120; Storch
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bre a noção, espécies e punição da culpa), idem, fase. 175; Berg
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aos elementos normativos do conteúdo ão crim e), idem, fase. 255;
Mohrmann (G .), Die neueren Ansichten über das Wesen der Fahr-
lãssigJceit (Os novos critérios sobre a essência da culpa em sentido
estrito), idem, fase. 265; Hoffmann (F .), Die normativen Elemente
des besonãeren unã allgemeinen Tatbestandes im Strafrecht (Os
elementos normativos ão conteúdo especial e geral dos crimes), idem,
fase. 272; Graumann (J .), Die Reehtswidrigkeit ais Verbrechens-
merkmal im auslãndischen Recht (A injuridicidaãe como caracte
rístico ão crime no direito estrangeiro), idem, fase. 288; R o sen th a l,
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tade da ação), idem, fase. 2 8 8 ; Graf su Dohna, Recht und Irritum
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SAIR im p rim ir a j u d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
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penale, in Scuola Positiva, 1931; Bataclini, La prevedibilità nel ãe
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IMPRIMIR A JU D A
corso di colpe net áelitti colposi, Jn Riv. ital, ãí ãir. penale, 1930;
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delitto colposo, 1918; D el V ecckio , Cooperazione nel delitto colposo,
in Riv. Penale, 1933; La previsione deli’evento nel delitto colposo, in
Annali di dir. e proc. penale, 1933; Jannitti di G uvanga , Concorso
ãi piií persone e valore dei pericolo nei delitti colposi, 1913; M an -
drioli, La nozione delia colpa nella cosidetta attivitã illecita, in
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A súa , La notion ãe ciãpabilité en droit comparé, 1954.
COMENTÁRIO
H8 N élson H ungria
ii Von Hippel (ob. cit., II, pág. 315): “Se a atitude psíquica
“ do dolo eventual existe, ou não, no momento da ação, deve deci-
“ dí-lo o juiz, ccm fundamento na apreciação objetiva das circuns-
“ tâncias do fato. Pode, em pequeno número de casos, persistir a
“ dúvdda, e, então, deverá ser rejeitada, por deficiência de prova, a
*' hipótese de dolo” ("Ob der psychische Tatbestand des dolus even-
tualis zur Zeít der Tat vorlag oder nicht, darüber hat der Richter
auf Grund objektiver Würdigung der Sachlage zu entscheiden. Da-
bei kõnnen in einer kleinen Minderzahl von Fãllen Ziveifel bleiden;
âanji ist Vorsatz ais nicht feststellbar abzulehnen).
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
122 N é l s o n H u n g r ia
12 6 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A r t . 15 129
130 Níl s o n H u n g f ia
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A rt. 15 131
132 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t . 15 133
1 34 N é l s o n H u n g r ia
138 N é l s o n H u n g r ia
21 Como diz M ille r (On Criminal Law, 1934), nos crimes pre-
terdolosos, o antecedente "m u st be malum in se, anã n ot m erely
malum prohibitum1'. Se o antecedente é uma simples contravenção,
o fato total será imputável como simples crime culposo.
SAIR im p rim ir a j u d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A r t . 15 143
144 N élscw j H u sc e ia
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P en ai — A k t . 15 145
L is z t 32, p á g . 139): “A l e s ã o o u p e r i c l i t a ç ã o d e
(o b . c it ., § um bem
“ ju r íd ic o só é materialmente antijuriãica q u a n d o c o n t r a d i z o escop o
“ da ordem ju r íd ic a , q u e d is c ip lin a a v id a em com u m ; não ob sta n te
“ sua d ir e ç ã o co n tra in te r e s s e s ju r id ic a m e n te tu t e la d o s , é material
" mente conforme ao direito d esd e que e en q u a n to corresp on d e ao
"e sco p o da ordem ju r íd ic a e, p orta n to, à v id a hum ana a s s o c ia d a ” .
SAIR im p rim ir a j u d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
148 N élson H u n g r ia
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P e n a l — A r t . 15 149
A fir m a v a ju s ta m e n te S te in tu a l q u e “a é t ic a é com o um r io , e
o d ir e ito é o le ito d esse r io ” . T e m -s e te n ta d o negar essa ín t im a
con exão do d ir e ito penal com a m o r a l, a rg u m e n ta n d o -s e que nem
tod a s as n orm as p e n a is são co n te m p o ra n e a m e n te norm as m o r a is ;
m a s é i n c i s i v a a r é p l i c a d e M a n z e n t : "Ciò potrà apparire vero sol-
tanto a chi concepisce la morale, malgrado Vevidenza âélla sua sto-
ria, come un verbo rivelato e assoluto; mas non certo a chi coltiva
gli stuãi senza recitare atcun c r e d o . & vero che Vinterprete deiVopi-
nione popolare può eccezionalmente errare nelle incriminazioni;
ma è altrettanto sicuro che di regola tutti í reati, comprese le con-
travvensioni, non sono che precetti morali coattivamente imposti” .
O p o s t u l a d o d a c h a m a d a escola penal humanista, c o m o s e s a b e . é a
c o n s u b s ta n c ia i u n ific a ç ã o en tre as ó r b ita s do d ir e ito penal e da
m o r a l. A s s im se e x p r im e um de seus ilu s tr e s c o r ife u s (V in c e n e o
L anza) : “ N esta a fir m a d a u n id a d e en tre o ilíc it o penal e o ilíc it o
“ m o r a l, o c r im e ss a p re se n ta com o ilíc it o m o ra l a n tes de s e r ilíc it o
“ ju r íd ic o , p r e c is a m e n te p o r q u e , a n te s d e s e r v io ia c ã o de norm a ju r í-
“ d ic a , é v io la ç ã o d e n o s s o s s e n t im e n t o s m o r a is . V e m daí que o ju íz o
“ d e a v a lia ç ã o d o c r im e , a n t e s q u e c o m o a v a lia ç ã o ju r íd ic a , é e x p r e s -
“ so com o a v a lia ç ã o m o r a l, c o n s is tin d o o seu co n te ú d o id e a l num
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
C o m e n tá r io s a o C ó d ig o P enal — A r t. 15 151
152 N é i ,s o n H x t n g h ia
154 N e l s o n H u n g r ia
158 N é l s o n H u n g r ia
166 N é l s o n H u n g r ia
N élson H ungria
120 Também Nino Levi (Dolo e ccsctenza etc. n.° 39), outro
adversário da culpa normativa, entende que o direito positivo "indica
come requisito áeWelemento materialet che âiviene per rijlesso anche
requisito ãelVelemento psichico dei reato, la coscienza ãella illegí-
tímità o delia ingiustizia in táluni specífiet reati”
Ob. cit., pág. 22. ‘
SAIR im p rim ir a j u d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
122 Como dia De M arsico {ob. cit., pág. 129), “la sanzione penale
ãev’essere appliccita guando ãvrebbe dovuto agire e non ha agito
da controspinta alia injrazione; ma siccome da controspinta non
può agire senza la conoscenza almeno ãella illegálità dei fatto, la
sanzione non può essere applicata quante volte sí abbia invece,
5obbenç per errore, salda e precisa coscienza delia legalità dei fatto
123 A pretendida neutralidade do dolo íaz* tabula rasa do postu
lado de psicologia criminal a que se ajusta o movimento de reforma
das legislações penais modernas: “ quanto menos um crime corres
ponde à estrutura psico-ética. do seu autor, tanto menor periculo
sidade revela".
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
180 N Él s o n H u n g r ia
motivo mais forte; de modo que este sim, é que deve ser apre
ciado na sua qualidade, para dele se deduzir a maior ou me
n o r punibilidade do agente. Quando da elaboração do projeto
d o Código Penal suíço, com toda razão observou G a u t i e r :135
*‘La wréméãitation est un critère qui manque tout-à-fait de
précision, puisque Von a pas pu, iusqu’ici, $e mettre d’accord
sur le sens de ce mot. C’est un critère extremement incertain
aussi pour la raison que la préméãitation, qu’on Ventende
dans Vun ou dans 1’autre sens, est toujours un fait purernent
intérieur et qui peut fort bien ne pas se traãuire par ães actes
perceptibles. C’est de plus un critère faux et incomplet, en ce
qu’il ne denote pas avec certitude et dans tous les cas sans
exception un caractère criminei particulièrement dangereux” .
Entre os autores pátrios, a premeditação conta com adversá
rios declarados. O sm ã L ou reih o acentua e aplaude a ten
dência moderna no sentido de “ proscrever dos Códigos a pre-
“ meditação, como agravante, por se confundir com simples
“ mecanismo da vontade criminosa, substituindo-se esta indi-
“ cação pela investigação dos motivos” . C o sta e S ilv a 140 as
sim se pronuncia: “Os modernos autores de psicologia crimi-
“ nal despiram a premeditação de sua antiga importância.
“ Hoje ela nem sempre indica, na pessoa do delinqüente, grau
“ mais elevado de depravação moral” . Ponto de vista contrá
rio é defendido por Cândido M o ta F ilh o , na sua monografia
Da premetitação (1937); mas esta foi o canto de cisne da
velha agravante do direito brasileiro. A premeditação é des
conhecida dos Códigos de data mais recente, entre outros, o
peruano, o argentino, o soviético, o dinamarquês e o polonês.
O Código suíço mantém a premeditação como qualificativa
do homocídio (art, 112), mas sob a condição de que revele
efetivamente, da parte do delinqüente, “ uma particular pe-
riculosidade ou perversidade” . Os Projetos G a l d i n o , Sá P e
r e i r a e A l c â n t a r a já a haviam abolido, quer como agravante
182 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r io s ao C ó d igo P e n a l — A r t . 16 183
!8 4 N élson H ungria
186 N é l so w H u n g r ia
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190 N íl s o n H u n g k u
152 Gesetz unã Schulâ im Strafrecht, II, pág. 450: “Eine Prãmie
sein wãrãe für dienigen, welche nicht Neigung fühlen, sich um ãen
Zusammenhang ãer Dínge, um Naturgesetse unã um das, was neben
ihnen vorgeht, zu kummern" (“Uma recompensa aos que por índole
não se preocupam com a relação das coisas, as leis naturais e o que
acontece em torno deles”).
153 L i e p m a n n , Einleitung in das Strafrecht, 1900, pág. 151: “Nicht
áie inãividuelle Vorhersehbarkeit, sondem ein durchschnittlich attge-
setztes zur Erhaltung des gesellschaftlichen Lebsns auf einer bcs-
timmten Kulturstufe unumgangliches óbjektiv Mass an Sorgfalt bes-
timmt den Gtaá der rechtlichen Verantwortlichkeit” ("O que deter-
“ mina a responsabilidade jurídica não é a previsibilidade individual,
“ mas a indeclinável medida objetiva média de cautela imposta pela
“ vida social em um dado grau de civilização” ) .
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — Abt. 15 193
N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P e n a l — A k t . 15 195
N é l s o n H u n g r ia
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C om en tá m o s a o Código P t n a l — A h t. 15 199
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212 N llsox H u n g r ia
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214 N é l s o n H ungria
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 16 £ 17 215
B IB L IO G R A F IA (e s p e c ia l) . F r o s a l i (R . A . ) , Uerrore nella
teoria dei diritto penale, 1933; K o h l r a u s c h , Irrtum und Schuldbe-
griff im Strafrecht (Erro e culpa em direito penal), 1903; W e i z , Die
Arten des Irrtum (As espécies ão erro), in Strafrechtliche Abhand-
lugen, fa se. 296; J i m é n e z d e A s ú a , Reflexiones sobre el error de ãe-
recho en matéria penal, 1942; C a r r a r a , Delia ignoranza como scusa,
in Opuscoli, VII; B r o c h a r d , De Verreur, 1928, E n c e l m a n n , Irrtum unã
Schuld (Érro e culpa), 1922; v o n H i p p e l , Vorsatz, Fahrlàssigkeit,
Irrtum (.Dolo, culpa, erro), In Vergleichtnde Darstellung, p. g., vol.
III; G r a f z u D o h n a , Recht und Irrtum (Direito e erro), 1925; P a l a z -
z o , L ’ig n o ra n tia ju ris et fa c ti nel ãiritto romano e nel diritto odierno,
in Scuola Positiva, 1921, I; S i e g e r t , Notstand und Putatiimotwehr
(Legitima defesa e estado de necessidade putatw os), 1931; J e r s c h k e ,
Die Putativnotwehr (4 legítima tíe/esa pictytiva), in Strafrechtlicíie
Abhandlungen, fa se. 124; M a r t e n s , Der Irrtum über Straframilderun-
gsgrunde, idem, fa se . 246; G o r p k e , Le príncipe de la bonne foi, 1928;
L erch , Zur Lehre von Rechtsirrtum im Strafrecht (Para a doutrina
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
COMENTÁRIO
220 N é l s o n H u n g r ia
224 N é l s o n H u n g r ia
228 N é l s o n H u n g r ia
228 N é ls o n H u n g r ia
230 N ê l s o n H u n g r ia
22 Trattato, H, n .° 407
SAIR im p rim ir a j u d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
25O b . c i t ., n ° 14.
26 Ao m esm o critério atende P aoli (Principii dí diritto penale,
1929, pág. 110), que assim figura e resolve u m caso tipico de legítima
defesa pu tativa: “Suppongasi che Ao tornando a casa di notte, mi
tmbatta in una comitiva ái amtci miei che, per farmi uno scherzo di
cattivo genere, pur senza intenzione ãi nuocermi menomamente, mi
si slancino cantro: è, ripeto, uno scherzo, ma io penso (e chi non
vi penserebbe?) a un’agressione: sparo, ferisco e uccido; in realtà
non c’è violenza nè quindi necessità ái difenãersi; zn realtà io non
corro nessun pericolo effettivo, ma poíchè alia violenza ho logica
m ente creduto, e poichè sono stato posto in condizione da ãover
ritenere la necessità ãella difesa direita, non è dubbio ch’io debba
andare impunito per la com pleta assenza in m e di volontà criminosa” .
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C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 16 e 17 235
242 N élson H u n g r ia
244 N élson H u n g r ia
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248 N élson H t j n q r ia
250 N élson H u n g r ia
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252 N é ls o n H u n g r ia
C o a ç ã o ir
r e s is tív e l e
Art. 18. Se o crime ê cometido sob coa-
o b e d iê n c ia ção irresistível ou em estrita obediência a ordem,
h ie r á r q u ic a _ .
não manifestamente ilegal, de superior hierár
quico, s ó é punível o autor da coação ou da
ordem.
DIREITO COMPABADO. Códigos: italiano, arts. 40, 51 e 54, úl
tima parte; alemão, 52 e 59; suíço, arts, 32, 34 e 64, alíneas 2.a e
3.a; norueguês, § 44; holandês, arts, 40 e 43; francês, arts. 64, 114,
190 e 191; dinamarquês, arts. 14 e 84, I, n.° 5 ° , e 2.°; português,
art. 44, ns. 1, 2 e 3; espanhol, art. 8.°, ns. 9, 10 e 12; polonês, arti
gos 19 e 20, S 2.°; húngaro, gg 77 e S0; argentino, art. 34, ns. 2.° e 5.°;
colombiano, arts. 13, l f° , e 25, 1.°; chileno, art. 10, n .° 9.°; equato
riano, art. 18; cubano, arts. 35, F e G, e 36, J ; costa-riquense, art. 26,
ns. l.° e 2.°; guatemalteco, art. 21, ns. 4.°, e 5.° e 11; hondurense,
art. 7.°, ns. 10 e 12; uruguaio, arts. 27 e 29; mexicano, art. 15, ns. I
e V II; nicaragüense, art. 21, n s. 9 e 11; panamenho, arts. 47 e 51;
paraguaio, art. 21, ns, 2 e 6; salvatoriano, art. 8 ° , ns. 9, 10 e 12;
venezuelano, art. 65, n s. 2.° e 4.°.
254 N é l s o n H u n g r ia
COMENTÁRIO
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^56 N é ls o n H u n g r ia
258 N élson H u n g r ia
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260 N élson H u n g r ia
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E x c lu s ã o
d e c r im i- Art. 19. Não há crime quando o agente
n a lid a d e pratica o íato;
I — e m estado de necessidade;
II — em legitima deíesa;
III — em estrito cumprimento de dever
legal ou no exercício regular de direito.
264 N é l s o n H x jn g r ia
E sta d o de
n e c e s s id a d e Art. 20. Considera-se em estado de neces
sidade quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ott
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
L e g it im a
d e fe s a
Art. 21. Entende-se em legítima defesa
quem, usando moderadamente dos meios n e c e s
sários, repele injusta agressão, atual ou iminente,
a direito seu ou de outrem.
E xcesso
c u lp o s o
Parág. único. O agente que excede culpo-
samente os limites da legítima defesa respon
de peto fato, se este é punível como crime
culposo.
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 19 a 21 265
art. 21, ns. 6 a 10 e 12; hondurense, art. 7.°, ns. 5 a 8, 11 a 13; nicara-
güense, art. 21, ns. 4 a 7, 10 e 12; panam enho, arts. 47 a 50; salva-
toriano, art. 8.°, ns. 4 a 7, 10, 11 e 13; porto-riquense, §§ 52 a 55.
COMENTÁRIO
1 Principii, I, p á g . 171.
2 Le cause che escludono Villicltà o biettiva penale, p á g . 120.
3 Le ãottrine generali âel ãiritto penale, p á g . 71.
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26S N ê ls o n H u k g r ia
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 19 a 21 273
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276 N é l s o n H u n g r ia
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278 N é l s o n H u n b h ia
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pro mea defensione: non solurn pro mea, sed etiam propin-
quorum, immo etiam extraneorum.
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296 N é ls o n H u n g r ia
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300 NÉrsoN H u n g r i a
é, q u a n d o o p r a n te a d o G e tú lio V a rg a s, ir m ã o d o a cu sa d o, se a c h a v a
n o ostracism o d e Itu , e ninguém poderia imaginar su a v o lta ao p od er.
A in d a m a is : em m a io d e 1951, as C â m a ra s R e u n id a s d o T r ib u n a l d e
J u s tiç a d o D is trito F e d e ra l (p o r sete v o to s c o n t r a d o is ) d e fe r ir a m a
r e v is ã o p e d id a p o r B e n ja m in V a rg a s, a d o ta n d o m e u p o n t o de vista.
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
302 N élson H u n g r ia
306 N é l so n H u n g r ia
facere, qui jure suo utitur. Outro não era o critério do di
reito canônico, embora sem fixar uma regra geral: reconhe
cia, ao resolver determinados casos, que não cometia crime
aquele que exercia o próprio direito ou o dever imposto pela
lei (como no caso do carrasco: cum homo juste occiãetur,
lex eum occidit, non t u ) . E no mesmo sentido decidia o di
reito estatutário, notadamente quanto ao homicídio do ban-
nitus (colocado fora da lei), ao exercício do jus domesticum
e do jus corrigendi (emendatio propinquorum). Na atuali
dade, os Códigos Penais mais recentes consagram o princípio
de modo explícito e genérico. •
Como já observamos, a norma permissiva ou impositiva
pode ser outra norma penal ou uma norma extrapenal (de
direito civil, comercial, industrial, judiciário civil ou penal,
público, administrativo). Assim, a própria lei penal declara
lícitos, in exemplis: o aborto nos casos do art. 128, n.° II (no
caso do n.° I, trata-se de “ estado de necessidade” ) ; a coação
para evitar suicídio ou realizar intervenção médica ou cirúr
gica, em caso de perigo de vida do paciente (art. 146, § 3.°);
a violação de domicílio nos casos do art. 150; a violação do
segredo profissional no caso do art. 269; o emprego da vis
'modica como meio de correção ou disciplina (art. 136, inter
pretado a contrario sensu),
E agora exemplos de excepcional licitude decorrente,
explícita ou implicitamente, de lei extrapenal ou diversa da
lei penal comum: a do ingresso em prédio alheio no caso do
art. 384 do Cód. Civil ou para o fim de profilaxia sanitária,
de acordo com o Regulamento da Saúde Pública; a da elimi
nação do inimigo no campo de batalha ou a do fuzilamento
executado em cumprimento da pena de morte (nos casos pre
vistos pela legislação m ilitar); a da detenção de pessoa en
contrada em flagrante delito (que constitui dever em rela
ção ao policial e direito em relação a quidam de populo); a
da violência esportiva; a da lesão corporal decorrente de ope
ração cirúrgica (ainda que não seja para evitar perigo de
vida, mas consensiente o enfermo), nos casos aconselhados
SAIR IL 'ilJ ;lli'J k l A JU D A INDICE I | SEG U E
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 19 a 21 313
TITULO III
DA RESPONSABILIDADE
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 22 a 24 317
320 N é l s o n H u n g r ia
COMENTÁRIO
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 22 a 24 323
324 N é l s o n H u n g r ia
" rer) atesta-me que sou o sustentáculo ativo do processo que em mim
“ se opera no ato de sentir (isto é, no conjunto dos processos da vida
“ endotímica) ”, De modo análogo, um moderno psicólogo, L e r s c h ,
“ ensina que a vontade no eu consciente se ergue como uma ilha no
“ mar tempestuoso dos impulsos endotímicos, quase como a represen-
“ tar um pon to de Arquimedes adaptado a guiar e a coordenar as
"várias tendências entre si. A nossa experiência nos conduz, por-
“ tanto, a contrapor, de um ponto de vista fenomenológico, ao cará-
“ ter passivo dos estados e processos endotímicos, a soberania e a au-
“ tonomia da vontade, que, por estes seus caracteres, se impõe a nós
“ como um processo independente e inconfundivel. Não basta, por -
" tanto, para afirmar a responsabilidade ão h om em , dem onstrar a
“ ação exercida sobre ele pelo am biente físico e social em que vive,
“ ou averiguar o tum ulto boírascoso dos processos do “ eu " profundo,
" o irrom pim ento e o violento impulso dos sen tim entos, isto ê, a fir-
“ mar o império dos instintos e dos impulsos e o assom o im petuoso
“ ãas várias tendências. Cum pre dem onstrar que a vontade não foi
“ livre ou foi incapaz de dominar esse m undo tem pestuoso que existe
" no profundo " e u " de cada um ãe nós e que im prim e m esm o à nossa
“ personalidade uma fisionom ia característica. Por isso que a vo n -
“ tade, com o já se afirm ou, não cria coisa alguma, mas som ente ãi~
“ rige, e cabe ao espirito indicar à vontade o fim a atingir e que ela
“ deve escolher en tre os vários fins que lhes são propostos e os m oti-
" m s pelos quais se autodeterm ina, se g u e -se que a responsabilidade
" só d eve ser negada a quem não possui um suficiente desenvolvi-
“ m en to intelectual para conhecer esses fins, ou aqueles a quem o
“ conhecim ento ão fim a atingir é obstaão por um processo mórbido
“ qualquer. Fora dessas duas eventualidades , o h om em é responsável
“ pelas suas ações, que, por isso m esm o, lhe podem ser imputadas”.
É de notar-se, especialmente, que o ato de vontade não pode ser
reduzido a uma concatenação mecânica e automática de representa
ções, como pretendem as doutrinas associacionistas, ou a teoria dos
reflexos condicionados de P a v l o v , ou o behaviourism o. A caracte
rística do ato elementar de volição é ser uma atividade interior ou,
mais precisamente, uma atividade própria do “eu” . É a esponta
neidade do “ eu” que se inclina e tende para um fim . Graças ao
jogo dos motivos, tal inclinação se determina. Quanüo, poróin, se diz
“se determina”, não se quer diser que haia um necessário nexo cau-
SAIR IL 'ilJ ;lli'J k l A JU D A INDICE I | SEG U E
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 22 a 24 325
tir-se que há vontade sem causa. Nada existe no universo sem uma
causa. A causalidade, aqui deve ser identificada na própria natu
reza da vontade e do seu mecanismo. A vontade possui uma autocau-
salidade: na sua atuação, extrai de si mesmo os motivos de sua esco
lha e pode guiar-se por si mesma na avaliação dos motivos. Entre
os motivos avaliados, uns são contrapostos aos outros, de modo que
aparece o valor maior de um ou de outro; mas a determinação é ato
próprio da vontade, tanto assim que ela pode prescindir da objetiva
comparação dos motivos e agir em direção inteiramente oposta. Sem
dúvida, quando se dia que a vontade pode autodeterminar-se, não
se quer significar que está provada a liberdade do homem, fi tarefa
do filósofo a demonstração da existência dessa liberdade; mas a psi
cologia experimental fornece dados de fato que não se expiicam no
seu jogo, senão admitindo-se essa liberdade.
Os deterministas, como conclui o ilustre psicólogo italiano, ne
gam à vontade humana capacidade de autodirigir-se, e o fazem, ao
que declaram, em nome da ciência, de vez que a liberdade volitiva é
uma interpretação da filosofia; mas esquecem-se de que, assim ar
gumentando, são eles próprios que fazem filosofia, e má filosofia, por
que, pelo receio de fazer filosofia, recusam, em nome de um precon
ceito filosófico, um dado de fato que também a pesquisa experimental
ilumina e a consciência atesta. Jamais os deterministas puderam
demonstrar que o esforço da vontade é uma reação de tipo fixo, ao
invés de ser, como diz J a m e s , um fator idêntico ao que os matemá
ticos chamam “ variável independente", a evoluir sobre os dados lixos,
que são, em cada caso, os nossos motivos, o nosso caráter, as nessas
predisposições etc. Ora, na medida em que nossas voiições podem
ser “variáveis independentes” , a psicologia científica torna-se im
potente para explicá-las.
Não é somente, porém, a decrépita filosofia materialista, em cujos
flancos brotou o positivism o penal, que exclui a indagação p s ic o l ó
gica do campo da responsabilidade penal. A exclusão é tarr.brrr
postulada em nome de um requintado tecnicismo jurídico, embora com
diverso fundamento. K e ls e n , no seu famoso livro Hauptproble?ne der
Staatsrechtslehre, defende a teoria chamada da "von tade n o rira -
tiva”, segundo a qual a vontade psicológica não tem relevância
jurídica. O indivíduo, no âmbito das norm as, é um pon*o virtuil
sobre que converge toda a irradiação de deveres e direitos, devendo
SAIR IL 'ilJ ;lli'J k l A JU D A INDICE I | SEG U E
C o m e n tá r io s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 a 2 4 327
C o m e n t á r io s ao C ód ig o P e n a l — A r t s . 22 a 24 329
330 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 a 24 331
■* S ch u ld u n ã Sü h n e, pág. 349.
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
332 N e l s o n H u n g r ia
334 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 a 24 335
104. D e s e n v o lv im e n t o m e n ta l in c o m p le ío ou r e ía r d a d o .
Em segundo lugar, o art. 22 fala em “desenvolvimento men
tal incompleto ou retardado”. Sob este título se agrupam
não só os deficitários congênitos do desenvolvimento psíquico
ou oligofrênicos (Idiotas, imbecis, débeis mentais), como os
que o são por carência de certos sentidos (surdos-mudos) e
até mesmo os silvícoias inadaptados, O conceito de mente,
como adverte o ministro C am p os, na sua E x p o s iç ã o de mo
tivos, é suficientemente amplo para abranger até o “senso
moral” (ensina T i r e l l i que “ mente é o complexo funcio
nal, quant-tativa e qualitativamente harmônico, dos diversos
elementos do arco diastáltico psíquico” ), e, assim, não há
dúvida que entre os deficientes mentais é de se incluir tam
bém o homo sylvester, inteiramente, desprovido das aquisi
ções ét:cas do civilizado homo medius que a lei penal declara
responsável,
338 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r » OS AO C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 A 2 4 339
2 -A N é ls o n H u n g h ia
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 a 2 4 353
do seu particular ponto de vista sobre o mundo, o que vale por uma
atitude simplista, mas apropriada para atrair o favor do grande pú
blico, sempre inclinado ao misticismo. H a n s e l considera a doutrina
psicanalista um fator dissolvente, pois ameaça subverter, entre as
massas populares, o sentimento da responsabilidade pessoal. A s c h a f -
f e n b u r g vê na psicanálise uma série de infundadas fórmulas gené
ricas, dentro de preconceitos e apriorismos. Impugna as idéias de
S t a u b e as de R e i k sôbre o “ constrangimento à confissão" e a “ne
cessidade de castigo” e declara que nenhuma prova existe da eficácia
do extravagante método psicanalista na conjuração das tendências
criminosas. Supondo fazer psicologia profunda, a psicanálise redunda
em generalização superficial. M e z g e r , depois de acentuar o ilogismo
do “ desejo inconsciente da pena”, dado que o receio da pena devia
contribuir na formação do super-ego, deita sobre o ataúde do freu-
dismo esta pá de cal: "A psicanálise não pode demonstrar a pre-
“ tendida existência do chamado complexo de Êdipo, como fenômeno
“ geral humano, e, portanto, esboroam-se os seus fundamentos cri-
“ minológicos” . *
Apreciemos, afinal, a psicologia individual. É um cisma da psi
canálise, uma variante do pretensioso psicologismo profundo: o com
plexo de inferioridade é, aqui, o stigma Dialjoli, e vale o complexo
do Édipo. Embora menos extravagante que o freudismo, o adlerismo
é também baseado num terreno de lucubrações abstratas e unilaterais.
Ê de todo inaceitável o apriorismo de que o crime seja derivativo do
desalento do indivíduo na luta peia vida, dentro da organização atual
da sociedade. E nada nos assegura que numa ordem social igua
litária, segundo a utopia marxista, o crime desaparecesse. Evidente
mente, a delinqüência subsistiria, ainda que sob novas formas, para
que surgisse um Adler às avessas, atribuindo-lhe a origem a um
complexo d e . . . superioridade reprimida! Quanto ao seu programa
educacional de solidariedade humana e espirito de comunidade, isso
já vem dos Evangelhos e dois mil anos de pregação foram inúteis
para extirpar a pretensa criminalidade neurótica. Em critica ao
356 N é l s o n H u n g r ia
' idiotia
< imbecilidade
debilidade mental
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
366 N é ls o n H u n g r ia
370 N é l s o n H u n g r ia
372 N é l s o n H u n g h ia
374 N é ls o n H ungria
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P e n a l — A r t s , 22 a 24 375
tiv o s c o n t r á r io s à s u a im p u ls iv id a d e , e n t r e o s q u a is r e s s a i, s e m dú
v id a a lg u m a , a san ção p e n a l. P ode m esm o d iz e r -s e que p r e c is a
m en te p ara e le s é que fo i in s tit u íd a a pena, qu e, com o am eaça,
e x e r c e u m a s a lu ta r c o a ç ã o p s ic o ló g ic a (s e g u n d o a c lá s s ic a e x p r e s s ã o
d e A n s e lm o F e tje h b a c h ) e, c o m o e x e c u ç ã o , d e ix a , e m quem a s o fr e ,
u m a im p r e s s ã o in d e lé v e l o u d ific ilm e n t e e s q u e c ív e l, d e m o d o a t o r n a r
m a is v ig ila n t e e a tiv a a su a fa c u ld a d e de a u to g o v e rn o .
P o is b e m ; é d e e x p e r iê n c ia c o m u m , c o m a b s tr a ç ã o d e im p r o v á v e is
ila ç õ e s d e eruditismo p s i c o l ó g i c o , q u e a e m o ç ã o , p e l o m e n o s n a s u a
ía s e in c ip ie n te , n ã o e lim in a a vis selectiva d a v on ta d e, p o d e n d o o
in d iv íd u o , c o m o d iz W u l i a m J a m e s , d e i x a r d e exprim i-la e f r u s t r a r ,
p o r t a n to , a p ro g r e s s iv id a d e d a su a tir a n ia . Já a d v e r tia S ên eca, ao
d is s e r ta r s o b r e a e x a lt a ç ã o e m o t iv a : " C u m p r e d o m in a r m o s a p r im e ir a
" ir r ita ç ã o , m a t a n d o -a em s e u g e r m e , p o is , se e la c o n s e g u e arredar
“ n o s s o s s e n tid o s , j á não há e v ita r -lh e o im p é r io : a g ir á segun do o
“ p r ó p r io c a p r ic h o , não segun do nossa p e r m is s ã o . É p r e c is o que
“ d esde a fr o n te ir a se r e p ila o in im ig o ; se este avan ça, ap od era n -
" d o -s e das p o r ta s d a c id a d e la , c o m o poderá receb er o oom ando de
“ um p r is io n e ir o ? ” A n tes do m om en to agudo do raptus e m o c i o n a l ,
há um d e c is iv o in s ta n te e m q u e a in d a se p o d e o b e d e c e r à e x o r ta ç ã o
de H o r á c io :
" ..,animam rege, ntei paret,
Im perat” .
S a lv o n o s c a s o s d e r e a ç ã o I n s tin tiv a e im e d ia t a , o u r e fle x a , a u m
in o p in a d o e s tím u lo fís ic o , p r e c e d e s e m p r e à e m o ç ã o , a in d a q u e b r e v e ,
u m estado de consciência p e r m e á v e l a o j o g o d o s e s t í m u l o s e c o n t r a -
-c s tím u lo s . A s s im sen do, e se o in d iv íd u o não se c o íb e ab initio,
p e r m it in d o q u e a e m o ç ã o p a s s e d e b r a s a a in c ê n d io , p a r a a tin g ir o
s e u c lim a x d e a g it a ç ã o p s ic o -m o t o r a e d e s c a r re g a r n a r e a ç ã o c r im i
nosa, n ã o é d e s p r o p ó s ito que su a r e s p o n s a b ilid a d e s e ja r e fe r id a ao
m o m e n to em q u e p o d i a t e r i m p e d i d o o crescendo d o e s t a d o e m o c io
n a l. S e u c r i m e é u m a actio libera in causa. S u a r e s p o n s a b ilid a d e é
id ê n t ic a e a té m a is e v id e n te q u e a do in d iv íd u o que com ete c r im e
em v o lu n tá r io e s ta d o d e e m b r ia g u e z . D esde que d e ix o u de a t a lh a r
a e m p o lg a d u r a da em oçã o, quando p o d ia ía z ê -lo , v o lu n ta r ia m e n te
se e n tre g o u ao d e s v a r io , n ã o s ó p reven d o com o q u eren d o, ou apro
v a n d o ex ante a r e a ç ã o a n t i - s o c i a l q u e e m t a l e s t a d o v e i o a p r a t i c a r ,
D e p o is ü e ju s t a m e n t e a c e n t u a r q u e a e m o ç ã o , e m s i m e s m a , c o
mo fe n ô m e n o b io -p s íq u ic o , não é m ora l ou im o r a l, s o c ia l ou a n ti-
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
- s o c i a l ( c o m o e n t e n d i a F e r r i ) , p o i s t a i s q u a l i f i c a t i v o s so m e n te p odem
d iz e r com a p e r s o n a lid a d e em c u jo â m b ito s u r g e e se desen cad eia,
p r e t e n d e A lt a v ilj.a que e la d e v e s e r e lis iv a da respon sabilidade nos
lim ita d o s c a s o s e m qu e o su b seq ü en te d e s a f o g o pelo crim e n ão cor
resp on d a ao cu n h o da p e rs o n a lid a d e é tic a do in divíd u o a g e n te . Se
o c r im e e stá e m d is s o n â n c ia c o m o s s e n t i m e n t o s m o ra is do possesso
dn, e m o ç ã o , d e i x a d e s e r e x p r e s s ã o d e s u a p e r s o n a l i d a d e , isto é, deixa
d5 s e r é tic o -p s iq u ic a m e n te “ seu” . D e v e ser d e c l a r a d a a irresp on sa
b ilid a d e quando o choqu e e m o tiv o d e r iv a n u m a a çã o crim in osa in
t e ir a m e n te a lh e ia à m o r a lid a d e h a b itu a l ou g en érica do a g e n te .
O ra , ta l r a c io c ín ío é in a c e it á v e l. S e a c o n s c iê n c ia m o ra l do a g en te,
na eta p a in c o a t iv a da em oçã o, não se a ju s ta s s e à idéia do crim e,
is t o é, s e e x is t is s e m n e le s u fic ie n te s motivos de consciência ou ra d i
cad as a q u is iç õ e s é tic a s , a fu n c io n a r e m com o a n títe se fre n a d o ra , é
c la r o que o c r im e não p o d ia te r s id o p r a tic a d o . A em o ção é u m a
brech a por onde sem pre se escoa o fu n d o da p e rso n a lid a d e . Do
m esm o m o d o q u e a e x c it a ç ã o a lc o ó lic a , a g e s o b r e a in tim id a d e p sí
q u ic a com o o c a lo r so b re u m a e s fe r a m e tá lic a : d ila t a -a , m a s não a
d e fo r m a . C om o se d iz in vino veritas, p o d e ta m b ém d ize r-se in
ejnota m en te veritas. O in d iv íd u o e m o c io n a d o ja m a is s e d e s t a c a d e
si m e sm o , p a r a a d q u ir ir um a p e r s o n a lid a d e esse n cia lm en te c o n tr á -
r i? . à q u e p ossu i fo r a do esta d o e m o c io n a l.
Ê v e r d a d e ir a m e n te estra n h o, p o r is s o m esm o, o se n tim e n to de
p ie d a d e o u t o le r â n c ia c o m q u e s e c o s t u m a j u l g a r o d e lin qü en te e m o
c io n a l. D o p o n t o d e v i s t a e str ita m e n te psicológico, é u m a in coerê n
c ia m a c r o s c ó p ic a o a t r ib u ir -s e p r ê m io ao em o cio n ad o que p ratica
ayòes n ob res, e se c h a m a herói, e o n ã o irr o g a r-se p u n iç ã o a o e m o
c io n a d o que com ete ações m a lé fic a s , d e ix a n d o -s e de t r a t á -lo com o
criminoso. Tão resp on sável é o ú ltim o p e lo seu crim e, q u an to o
p r im e ir o p e lo seu h e r o ís m o . E x is te d ife r e n ç a sob o p rism a é t i c o -
-s o c ia l, p o is , e n q u a n t o u m é s o c ia lm e n te b e n é f i c o , o outro é s o c i a l
m e n t e n o c i v o ; m a s , s e o h e r ó i é g l o r i í i c a d o p e l a su a p ro eza , po r que
o c r im in o s o não d e v e ser p u n id o p e la su a fa ç a n h a ? C o m p ra a -se a
p s ic o lo g ia m odern a em p e s q u is a r a p s ic o g ê n e s e ou processus da
em oçã o, e tem g a sto com is s o arrobas d e p a p e l e t in t a . E com o
a con tece tod a vez que se p reten d e su b m eter a psique h u m a n a ao
“ õ ih o m e c â n ic o ” d a c iê n c ia o b je tiv a , n ã o se logrou u l t r a p a s s a r , a t é
h o ji:, o terren o de hipóteses provisórias, q u e se su ced em ao s a b o r
d e i u c u b r a ç õ e s m a i s ou m e n o s p l a u s í v e i s , m a s s e m a m a rc a d a c e r -
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
C o m e n tá h io s a o C ó d io o P e n a l — A r t s . 22 a 24 377
te z a , o u m e s m o d a a lic ia n te p e rs u a s ã o . A a n t i g a t e o r i a intelectua-
lisia, t ã o c o n v e n c i d a m e n t e s u s t e n t a d a p o r H e r b e r t e N a h i o w s k y , f o i
s u b s t i t u í d a , d u r a n t e 5 0 a n o s , p e l a t e o r i a d e n o m i n a d a periférica o u
somática, d e J a m e s e L a n g e . A q u e l a s u b o r d i n a v a o a f e t i v o a o i n t e -
le c tiv o : os fe n ô m e n o s fis io ló g ic o s da em oçã o (p u ls a r p r e c ip ite do
cora çã o, a lte r a ç õ e s té r m ic a s , a u m e n to de I r r ig a ç ã o c e r e b r a l, ace
le r a ç ã o do r itm o r e s p ir a t ó r io , m o d ific a ç õ e s v a so m o to ra s , in t e n s a
p a lid e z o u in t e n s o r u b o r , m id r ía s e , h o r r lp ila ç ã o , fe n ô m e n o s m u s c u la
r e s , p e r t u r b a ç ã o d a s s e c r e ç õ e s , s u d o r e s e , l á g r i m a s e t c . ) s ã o conse
qüência d e u m e s t a d o a f e t i v o e s p e c i a l , c u j a o r i g e m s e e n c o n t r a n o
jo g o r e c íp r o c o das re p re se n ta çõ e s. S u p r im a -s e a in te lig ê n c ia , e o
s e n tim e n to — c u ja e x c it a ç ã o c a r a c te r iz a a em oçã o — se e s v a ir á ,
ccm o a v id a d e u m se r p a r a s itá r io a o s e p a r a r -s e d o seu m u tu a n te
d e s e iv a o u a lim e n t o , d e ix a n d o d e o p e r a r - s e o s fe n ô m e n o s s o m á t ic o s ,
d e n a tu r e z a a c e s s ó r ia .
P a r a a te o r ia p e r ifé r ic a , e n tr e ta n to , é p re c is a m e n te o c o n tr á r io
qu e ocorre: a s v a r ia ç õ e s s o m á tic a s s e g u e m -s e im e d ia t a m e n t e à p e r
c e p ç ã o d o f a t o e x t e r n o o u r e p r e s e n t a ç ã o d e s te , e a c o n s c iê n c ia d e la s ,
à p r o p o r ç ã o q u e se p rod u zem , é que c o n s titu i a em oçã o com o fa to
p s íq u ic o . C o n s o a n t e a n o ç ã o v u lg a r , d iz - s e : q u a n d o p e r d e m o s n o s s o s
h a veres, a flig im o -n o s e ch oram os; quando d ep a ra m os um a fe r a ,
t r e m e m o s e fu g im o s ; q u a n d o som os insultados, i r r i t a m o - n o s e r e a
g im o s . O r a , o q u e s e d e v e d iz e r , e m b o r a s e a f ig u r e p a r a d o x a l, é q u e
fic a m o s a flit o s p o r q u e c h o r a m o s , fic a m o s com m edo porq u e tre m e
m o s, fic a m o s ir r it a d o s p orq u e r e a g im o s . Se a p ercep çã o não oca
s io n a s s e d ir e t a m e n t e a lte r a ç õ e s fis io ló g ic a s , q u e v ã o r e s s o a r no cé
r e b r o . s e r ia p u r a m e n t e c o g n o s c it iv a , d e s p r o v id a d o m a is m ín im o c a
lo r e m o c io n a l. P o d e r -s e -ia , em ta l caso, rcceber, p o r e x e m p l o , u m
in s u lto e ju lg a r -s e c o n v e n ie n te a r e a ç ã o , m a s n ã o e x p e r im e n ta r ía m o s
a em oçã o da ir a . V á r ia s as o b j e ç õ e s formuladas a e s t a
tê m s id o
t e o r ia , que, no e n ta n to , foi t o t a l m e n t e r e p u d i a d a , e m
a in d a não
r a z ã o d a I n v i a b i l i d a d e d e u m a p r o v a decisiva e m c o n t r á r i o . P a r a
d e m o n s t r a r o s e u e r r o s e r ia p r e c is o , c o m o a r g u m e n ta Jam es, q u e se
e n co n tra sse u m in d iv íd u o que, apesar d e a n e s te s ia d o , n ã o e s tiv e s s e
p a r a lis a d o e , n a d a ob sta n te , a in d a fo s s e cap az de e x p r im ir fisica
m en te a em oçã o, sem e x p e r im e n ta r q u a lq u e r a fe cçã o s u b je t iv a .
in anima vlli, r e a l i z a r
S h e b r im g to n e H e y m a n s , e n tr e o u tr o s , t e n t a r a m ,
integral
e s s a p r o v a c r u c ia l; m a s , n ã o t e n d o s id o p o s s ív e l a s it u a ç ã o
p r o p o s t a p o r J a m e s , o s r e s u l t a d o s n ã o afastaram a d ú v i d . a . Tomou-se
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
21 V e j a m - s e c o m e n t á r i o s a o s a r t s . 1 2 1 , § 1 .° , e 1 2 9 , § 4 .° , n o v o l . V .
d e n t r o d e c e r t a m e d id a , n a su a fu n ç ã o d e c o n t r o le e in ib iç ã o . K ea-
c io n a n d o , o t á la m o r e p e r c u t e , d e u m la d o , s o b r e a c ó r t e x , a q u e le v a
a c o n s c iê n c ia d o s p r o c e s s o s e m o cio n a is e d o proprium quiã d e c a d a
e m o ç ã o , e, d e o u t r o la d o , s o b r e o s c e n t r o s d o s m ú s c u lo s e d a s v ís c e r a s ,
m e d ia n t e o s q u a is se r e a liz a e s e e x p r im e a e m o ç ã o e m to d o o corp o.
O r a , t u d o is s o n ã o p a s s a , c o m o a d v e r t e D u m a s , d e u m a e x p lic a ç ã o
v e r b a l, d e v e z q u e n ã o se a c h a m e s ta b e le c id o s e c o m p r o v a d o s o s m e
c a n is m o s fis io ló g ic o s d e a ç ã o , in t e r a ç ã o e s e le ç ã o q u e a n o v a te o r ia
p ressu p õe. B u s c a in o , d e p o is de e x c lu ir a in t e r fe r ê n c ia o r ig in a l de
um esta d o e m o c io n a l s u b je t iv o , en ten d e que os fa to s p u ra m en te
s o m á tic o s “ c o n s titu e m c o n s t e la ç õ e s c o m p le x is s im a s de r e fle x o s nos
m ú s c u lo s e s tr ia d o s , no s is te m a a u tô n o m o , na s is te m a s im p á tic o ,
“ no s is te m a e n d ó c r in o , com os r e s p e c tiv o s cen tros de coord en a çã o
*■ l o c a l i z a d o s nos g â n g lio s da base e no m e s e n c é fa lo , is to é, e sse n
c ia lm e n te na m assa c in z e n t a q u e c ir c u n d a o te r c e ir o v e n t r íc u lo e
“ o a q u ed u to d e S ílv io " . É c o m o s e o ilu s tr e f is ió lo g o it a lia n o e s t i
v e sse le n d o n o escu ro a e d iç ã o m in ú s c u la d a "D iv in a C o m é d ia " de
D a n te ... D e S a iíc tis , c o n c ilia to r ia m e n te , a fir m a q u e o processus d a
e m o ç ã o a p r e s e n t a a s s e g u in te s e t a p a s : p r im e ir a , p e r c e p ç ã o s e n s ó r ia ;
segu n da, a tiv id a d e c o n s c ie n te da córtex r e p r e s e n ta tiv a e o r g â n ic a
(e m o ç ã o p r im á r ia ), c o m r e c o n h e c im e n t o d o v a lo r a fe t iv o d a p e r c e p
ç ã o ; te r c e ir a , fe n ô m e n o s r e fle x o s b u lb a r e s e t a lâ m ic o s (v a s o m o to re s ),
bem com o h u m o r a is ; q u a rta , r ic o c h e te d esses r e fle x o s com o novos
e s tím u lo s à c o n s c iê n c ia ; q u in ta , esta d o e m o tiv o c o m p le to (e m o ç ã o
v e r d a d e ir a ). N ada, p orém , nos g a ra n te con tra o d e sa ce rto desses
esqu em as, c u ja e x p o s iç ã o pode ser apenas lo g o r r é ia em torn o de
c o n je t u r a s e m ir a g e n s . _
O s e n d o c r in ó lo g o s , p o r s u a v e z , tê m a su a t e o r ia : a em oçã o re
s u lta de um e s tím u lo que d e te r m in a , a tra v és do s is te m a n ervoso,
u m a v a r ia ç ã o e n d ó c r in a , e esta , d e seu la d o , r e p e r c u t e sobre o s is
te m a n erv oso, to r n a n d o -o m a is s u s c e tív e l à ação do e s tím u lo . Se
g u n d o L e v i e R o t h s c h i l d , a t ir e ó id e s e r ia , p o r e x c e lê n c ia , a g lâ n d u la
da em oçã o. D iz ia L u garo que, co m a resseção de três q u a rto s da
tir e ó id e , n ã o h a v e r ia m a is c r im in o s o s v io le n to s . E n tre ta n to , a h i-
p e r tir e o id e u s ou baseáowianos f l a g r a n t e s , d e s s e s d e o l h o s s a l i e n t e s
c o m o e m p o la s d e c â m a r a d e a r p o r in t e r s tíc io s de p n e u , c o n h e ç o e u
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
380 N él so x H ungria
E f o i d e s s a r t e c a n c e l a d o o t e x t o e l á s t i c o d o f a m i g e r a d o § 4 .°
d o a r t . 2 7 d o C ó d i g o d e 9 0 , e s s a c h a v e f a l s a c o m q u e se a b r i a ,
s is te m a tic a m e n te , a p o rta d a p ris ã o a ré u s dos m a is e s tú
p id o s c r im e s . N in g u é m ig n o r a que a fó r m u la d a d ir im e n te
q u e se m o s tr a m d e e s tó ic a s e r e n id a d e .. . O já c ita d o C a n n on reco
n h ece a in flu ê n c ia e n d ó c r in a , m a s as c á p s u la s s u p r a -r e n a is , esta s,
s im , é que s e r ia m as g lâ n d u la s e s p e c ífic a s da e x c it a ç ã o v io le n ta .
O h o r m ô n io q u e s e g r e g a m , is t o é, a a d r e n a lin a , é o m e lh o r " c o m b u s
t ív e l” à s la b a r e d a s d a e m o ç ã o . A h ip e r a d r e n a lin e m ia , d e v id a a o e s
tim u lo e m o c io n a l, e a con seq ü en te h ip e r g lic e m ia a cen tu a m e p ro
lo n g a m a onda e m o c io n a l. Ao que in fo rm a D um as, p orém , são
c o n tr á r ia s a essa h ip ó t e s e as e x p e r iê n c ia s de S te w a h t e R o g o itf:
op era n d o estes sob re g a to s , e x tr a ír a m um a d a s s u p r a -r e n a is e cor
ta ra m os nervos da ou tra , de m odo a fic a r s u p r im id a q u a lq u e r
s e c r e ç ã o d e a d r e n a lin a , e, n o e n ta n to , e sse s g a to s c o n tin u a r a m su s
c e tív e is d e t o d a s a s r e a ç õ e s e m o tiv a s d o s g a to s n o r m a is .
V 6 -s e por a í q u e m u ito pou co pode fo rn e ce r, p a ra o estu d o da
em oçã o, a c iê n c ia d e e x p lo r a ç ã o do p s íq u is m o . Em que pese à in
gênua c r e d u lid a d e de certos ju r is t a s , q u e se m e te m a ãilettanti d a
p s ic o lo g ia r o tu la d a de "e x p e r im e n ta l” , não pode esta a p resen ta r,
s e q u e r, u m a e x p lic a ç ã o c a b a l s o b r e a p s ic o g ê n e s e d a e m o ç ã o . C o n ti
n u a m o s , n ó s , ju r is t a s , p e l o m enos os que tem os a cabeça sobre os
om bros e am bos os p és fir m e m e n te s o b r e o g lo b o terrá q u eo, a lid a r
t ã o -s o m e n te com os dados da e x p e r iê n c ia e m p ír ic a . E é esta , s e m
co n tra ste de q u a lq u e r ila ç ã o p o s itiv a no cam po c ie n tífic o , que nos
a te sta o q u e p a r tic u la r m e n te n o s in te r e s s a s o b o p o n to d e v is ta j u -
r íd ic o -p e n a l, is to é, q u e e x is te no fe n ô m e n o da em oçã o um esta d o
s u b je t iv o e s p e c ia l q u e, se n o seu auge é im p u ls iv id a d e qu ase a u to
m á tic a , p e r m ite , e n tre ta n to , n a su a fa s e in c o a tiv a , a in te r fe r ê n c ia
dos m otivos da consciência o u d o s freios inibitórios, o e x e r c í c i o d o
poder ló g ic o no s e n tid o de r e s is tê n c ia à e m o tiv id a d e , o p r e d o m ín io
d a in te lig ê n c ia e x p e r ie n te , a a t u a ç ã o n o r m a liz a d o r a d a fa c u ld a d e d e
c r ít ic a e s e le ç ã o d o s m o tiv o s . A le i s o c ia l, p o r t a n t o , n ã o p o d e d e ix a r
de a ten d er a essa liç ã o de b a n a l e x p e r iê n c ia e, co n s e q ü e n te m e n te ,
com fu n d a m e n to n o p r in c íp io d a actio libera in causa , d e i n s e r i r a
san ção penal en tre os m o tiv o s dc a n títe s e ao d esen cad ear tu m u l-
tu á r io da em oçã o ou à su a cre sce n te expan são e g o á r q u ic a , que,
q u a n d o o r ie n ta d a p ara o c r im e , p o d e r e b a ix a r o hom em ao esta d o
da p u ra a n im a lid a d e .
N ã o fa lta m , é c e r t o , a o n o s s o C ó d ig o azedos cen sores que, a ssu
m i n d o o ar ãe suficiência d o s q u e j u l g a m p o s s u ir a c h a v e de tod os
o s m is té r io s e s e g r e d o s , im p u g n a m o r a c io c ín io co m q u e n ó s . ju r is t a s ,
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
C o m e n tá r io s a o C ó m o o P enal — A r t s . 22 a 24 383
384 N élson H u n g r ia
388 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 22 a 2 4 387
390 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 22 a 24 391
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 22 a 24 393
TÍTULO IV
DA CO-AUTORIA
c o n s u l e n d o , la u d a n d o , n o n i m p e ã ie n d o , t a c e n d o , d e lic ti p a r -
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 25 A 27 403
C o m e n tá r io s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 25 A 27 405
C o m e n t í r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r ts. 25 a 27 407
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 25 a 27 409
ie> O Projeto argentino C o l l - G o m e z , no seu art. 11, d isp õe: " To
dos los que concorreu, moral o materialmente, en cualquer forma, a la
ejecuclón de un delito, serán sometidos a las sanciones estatuídas
para el mismo” . E o Projeto P eco (1942) assim se exprime (art. 19):
"El autor material, el instigador y el que coopere en la ejecuclón de
un delito serán sometidos a las sanciones establecidas para el mismo,
aunque podrán ser âlsmínuiáa para el que haya prestado un con
curso que revelare menor pelic/rosidad
SAIR i m p r im ir a ju d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
C o h e n t Ar i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 25 a 27 411
C o m e n t á m o s a o C ó d io o P e n a l — A e ts. 25 a 27 411
C o m e n t Ar i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 25 A 27 415
416 N é l s o n H u n g ü ia
■Hu N é l s o n H u n g r ia
que a solução dada pelo art. 48, parág. único, consagra uma
responsabilidade objetiva (sistematicamente repelida pelo
Código): também aqui, não se aplica o versari in re illieita
etiam pro casu teneturf isto é, o partícipe não responderá
pelo crime mais grave quando a conduta do executor se apre
sente de tal modo alheia à sua cota de contribuição, moral
ou material, que valha por um rompimento da cadeia causai
ou represente, em relação a ele, um mero casus.
Cumpre não perder de vista que, sem eficácia causai da
participação, não há concurso. Assim, se Pedro forneci a
Sancho uma dose de veneno que sabe destinada à morte
de Martinho, e Sancho, ao invés do veneno, se utiliza de
uma arma de fogo, o que se dá, em relação a Pedro, é uma
participação putativa, que, como tal, escapa a qualquer pu
nição. É como se, ao auxílio prestado por Pedro, não se ti
vesse seguido, sequer, a tentativa do crime (devendo aplicar
-se a Pedro o disposto no art. 27). Diversamente deve ser
decidida a hipótese em que o executor, determinado por ou
trem, receba deste um “meio” que resultou inidôneo, tendo-
se utilizado de outro para consumação do crime. Aqui, como
ê claro, a determinação não deixou de ser causai: foi um
mero acidente a utilização de um meio executivo em lugar
de outro.
420 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A r ts. 25 A 27 421
422 N é l s o n H u n g r ia
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 25 a 27 425
19 O C ó d ig o e s p a n h o l a tu a l (1944) c o n s id e r a a g r a v a n te g e n é
r ic a a c ir c u n s t â n c ia d e se r o c r im e c o m e t id o " con auxilio de g en te ar
mada o ãe personas que aseguren o proporctonen la im punidaã", ou
"e n guaãrüla", is to é, "cuanão concorren a la com isíón ãel delito
m ás áe tres m alhechores arm ados".
11 C on s. s o b r e o te m a : S i g h e l e (La coppia criminale, La delin
quenza settaria, La teoria positiva delia com plidtà, / delitti delia
folia ) ; L e B o n (Psychologie ães foules, 1895); J e l g e r s m a (“Quelqucs
o b s e r v a tio n s su r Ia p s y c h o lo g ie d e s fo u le s ” , in Scuola Positiva, 1901);
SAIR i m p r im ir a ju d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
C om en tám os ao C ó d ig o P k n a l — A b t s . 25 a 27 £27
C o m e n t á r io s a o Código P e n a l — A r t s . 25 a 27 431
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 25 a 27 435
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 25 a 2 7 437
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — Ak ts. 25 a 27 439
APÊNDICE
SAIR 3 A JU D A ÍNDICE V O LTA | SEGUE
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
, A p ê n d ic e 445
446 N é l s o n H u n g r ia
A p ê n d ic e 449
Bindiug e Carnelulli
A p ê n d ic e 451
A p ê n d ic e 453
* Na p r ó p r ia F ra n ça , a tu a lm e n te , jã n ã o p r e v a le c e a in clu s ã o
í e serv iços n o c o n c e ito de "m e r c a d o r ia s ” . A m a is r e ce n te le g is la ç ã o
so b re “ haute illicite des prix” já n ã o ía la g e n e r ic a m e n te em m a r-
ckc.nãises, m a s, d is tin ta m e n te , e m proãuits et services.
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
A pêndice 455
Conclusão
Apêndice 457
* C o n fe r ê n c ia re a liz a d a n a F a c u ld a d e d e D ireito de B e lo H o
rizo n te , em m a io d e 1951.
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
A pêndice 461
A pêndice 463
A p ê n d ic e 465
A pèhdice 457
A pêndice 469
AFÉKDXCE 471
A pêndice 473
476 N é l s o n H u n g r ia
que seja isso exato. Sem dúvida, como já foi dito, a culpabi
lidade exige uma personalidade adequada à imputação do
fato antijurídico, ou seja, uma personalidade penalmente
responsável, mas não quer isso dizer que, para reconheci
mento da culpabilidade, é preciso que o dito fato seja expres
são genuína da personalidade. Ainda que o fato seja prati
cado num momento excepcional de defecção da personali
dade; ainda que ele se apresente como uma singularidade
exótica na conduta habitual do agente, nem por isso deixará
de haver culpabilidade. Postula-se que o direito positivo
autoriza a referência da culpabilidade à personalidade, quan
do, para julgamento do réu, dá relevo a esta, de par com
os motivos determinantes, a vita anteacta do réu, a reinci
dência, a habitualidade no crime, a capacidade de delinqüir.
Ora, nada disso tem relação com a existência da culpabili
dade, mas com o maior ou menor grau de pena a aplicar-se
ao réu (o que não se confunde com punibilidade). Ainda que
não se trate da personalidade desajustada; ainda que os mo
tivos impelentes tenham sido nobres ou não socialmente
reprováveis; ainda que o passado do réu seja irrepreensível;
ainda que jamais tenha o réu atritado com a lei penal; ainda
que não haja ele revelado senão escassísima capacidade de
delinqüir, a culpabilidade não fica excluída, pois somente
diz com a vontade livre referida a um fato individuado. O
criminoso de emergência ou episódico não deixa de ser cul
pado e, dadas as circunstâncias, pode ser até mais culpado
que um criminoso habitual. A teoria de culpabilidade do
caráter ou culpabilidade do autor confunde noções que se
diferenciam, identificando culpabilidade com capacidade de
A pêndice 431
A p ê n d ic e 483
A B R E V I a TCIRAS
TÍTULO n
DO CRIME
492 H e le n o F ra g o s o
Introdução
Análise do delito
494 H e le n o F ra g o so
C o m e n tá r io s a o C ó d ig o P e n a l 495
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a i 497
Evolução doutrinária
C o m e n t á k io s ao C ó d ig o P enal 499
Punibilidade
5CC H e le n o F ra goso
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P enal 501
4 S4 - 2
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P en al 503
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l 505
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l 307
ARTIGO 11
Introdução
10. A introdução em nosso CP de regra expressa
sobre a relação de causalidade é conseqüência do dogma
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
£ 10 H e íe n o F b a g oso
C o m e n t á r i o s a o C ó d i g o P e n a l — A r t . 11 511
51 2 H e le n o F ragoso
C o m e n t á r i o s a o C ó d i g o P e n a l — A ht . 11 5 is
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A m . 11 515
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t . 11 517
4fi*3 - ^
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t . 11 51»
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t . 11 521
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rt. 11 523
Ação e omissão
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A k i . 11 525
AETIGOS 12 A 14
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — Arts. 12 a 14 527
Conceituação da tentativa
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 12 a 14 529
■' Veja-se o que diz ROXIN na obra coletiva escrita com STREE,
ZIPF e JUNG, Einführung in âas neue Strafrecht, Munique, Beck,
1974, 15. *
c Pequena nota deixada por HUNGRIA observava: “O mesmo
conceito é repetido numa das mais recentes monografias sobre a
tentativa de crime, qual a de GIGVANI BRICHETTI, presidente hono
rário da Corte de Cassação italiana (11 ãelitto tentato, 1963, 38):
\ . .m entre negli atti esecutivi vi ha un attacco al diritto altrui p e
nalm ente tutelato, negli atti preparatori non st ha ancora questo
attacco’. FRIAS CABALLERO, um dos mais ilustres penalistas ibero
-americanos, no seu livro El proceso ejecutivo dei delito, à p. 148,
dllucida a questão, figurando um exemplo: um amador de equitação,
escolhendo e montando um cavalo treinado em corrida de obstáculos,
resolve fazê-lo saltar uma cerca, cuja altura não é fácil de vencer,
e paia isso conduz o animal a uma distância que calcula suficiente
e, a seguir, empreende o galope, mas acontecendo que o cavalo tro
peça e vai ao chão com o cavaleiro. Pois bem: a escolha do cavalo
e a tomada de distância são atos preparatórios, enquanto o empreen
dimento do galope, rumo à meta, é ato de tentativa, isto é, execução
em curso, que não chega ad exitum por circunstância alheia à von
t a d e do agente.”
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
53 2 H ele n o F ragoso
Crime putativo
A R T IG O 15
Conceito de culpa
542 H e l e n o F ra g o so
Tipo subjetivo
Dolo
Dolo eventual
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P enal — Am , 15 54!)
A R T IG O S 16 E 17
Erro de direito
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — a r t s . 16 e 17 535
4 64 - 6
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
A R T IG O 18
Coação irresistível
572 H e le n o F ragoso
1 J E S C H E C K , Lehrbuch, 8 44 III 1.
- WALTER STREE, Rechtswidrigkc.it uná Schuld, no volume
Einführung in das ne.ue Strafrecht. Munique, Beck. 1974. 54.
SAIR i m p r im ir a ju d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
Obediência hierárquica
ARTIGOS 19 A 21
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A b ts. 19 a 21 o76
Antijuridicidade e injusto
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P enal — A r t s . 19 a 21 581
C o m e n t á r io s ao C ó d ig o P enal — A r t s . 19 a 21 583
Tipicidade e antijuridicidade
Estado de necessidade
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 19 a 21 589
594 H e lb n o F ragoso
Legítima defesa
66. Manteve o novo CP definição de legítima defesa que
corresponde ao que se contém no código vigente. Como bem
nota ANIBAL BRUNO, a legítima defesa é instituto que atin
giu notável grau de acabamento. Ao,s comentários de mestre
HUNGRIA desejamos acrescentar que, a nosso ver, não há
legítima defesa sem vontade dirigida no sentido da reação
defensiva. Como observa ANIBAL BRUNO, “ apesar do ca
ráter objetivo da legítima defesa, é necessário que exista, em
quem reage, a vontade de defender-se, C ato do agente deve
ser um gesto de defesa, uma reação contra ato agressivo de
outrem, e esse caráter de reação deve existir nos dois mo
mentos de sua atuação, o subjetivo e o objetivo. O gesto de
quem defende precisa ser determinado pela consciência e
vontade de defender-se” . !u
Consentimento do ofendido
ARTIGOS 22 A 24
H eleno F rago so
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A h ts. 22 a 24 601
C o m e n t á h i JS AO C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 A 24 603
I m p u ta b ilid a d e e c a p a cid a d e d e cu lp a
CGS H e le n o F ra g oso
E m b ria g u ez
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A h ts. 22 a 24 611
C o m e m T Á s ia s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 22 a 24 615
S e m i-im p u t a b ilid a d e
C o m e n t á r io s a o C ó d ic e P e n a l — Arts. 22 a 24 619
Drogas
ARTIGOS 25 A 27
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A rts. 25 a 27 625
!* Cf. R evue de Sc. Crim. Droit Pénal Comparé, 1958, 205; JIME
NEZ DE ASÚA, ob. cit. (nota 2), 240.
FRAGOSO, Lições PG, n. 250.
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEG U E
C o m e n t á r io s a o C ó d ig o P e n a l — A h t s . 25 a 27 031
Co-autoria
Crime culposo
C o m e n t á m o s a o C ó d i c o P e n a i. — A h t s . 25 a 27 635
Participação
92. A participação é necessariamente acessória, pois de
pende da realização da conduta típica e antijurídica pelo
autor. Como diz BOCKELMANN, a participação pressupõe a
autoria, sendo, em si mesma, inimaginável. -* À participação
se realiza através de conduta penalmente irrelevante, que
acede ao fato principal, adquirindo significação jurídica so
mente quando, pelo menos, o autor inicia a execução.20 A
participação constitui contribuição ao crime realizado por
outrem, apresentando-se, basicamente sob duas formas: a
participação moral (determinação e instigação) e a partici
pação material (cumplicidade).
Do ponto de vista objetivo, a participação constitui con
tribuição causai (embora não indispensável) ao delito. Nãc
há participação inócua. Assim, por exemplo, não há instiga
ção se o agente já está determinado a praticar o delito
(omnimodo facturus) . 30 Excluindo-se a possibilidade de ins-
ãê RTJ 34/645; 44/307; 50/319; 59/266; HC 39.539, DJ 28.2.63,
747; RHC 47.958, DJ 1.7.70, 2756.
2T Cf-, porém, DAMÁSIO E. DE JESUS, ob. cit. {nota 1), 366. Na
Itália, a exclusão do concurso de agentes no crime culposo remonta
a CARRARA (.Profframma, I 436).
üs BOCKELMANN, Strafrecht, Allgemeiner Teil, Munique, Beck.
1973, 169 e 182; Id., Ueber das Verhaltnis von Táterschaft und
Teilnahme, no volume Strafrechtliche Untersuchungen, Goettingen.
Schwartz, 1957, 31. Veja-se a argumentação Irrespondível de BETTIOL
Dir. Pen., 498.
29 Vejam-se, porém, os arts. 27 e 76, parágrafo único, CP.
SOLER, Der. Pen., II, 280.
SAIR IMPRIMIR A JU D A ÍNDICE V O LTA SEGUE
C o m e n t á r i o s a o C ó d ig o P e n a l — A r t s . 25 a 27 537
BIBLIOGRAFIA GERAL
640 B ib l i o g r a f i a
Bibliocrafia 641
B ib l io g r a f ia 643
ROMERO SOTO <L. E .), Derecho Penal, Parte General, Bogotá, Te-
B ib l iu g r a u a 645
4fS4 - 11
SAIR 3 A JU D A ÍNDICE V O LTA | SEGUE
SAIR i m p r im ir a ju d a ÍNDICE V O LTA SEG U E
648 Í n d ic e A l f a b é t i c o de A s s u n t o s
Í n d ic e A l f a b é t i c o de A s s u k t o s 649
650 Í n d i c e A l f a b é t i c o de A s s u n t o s
Í n d ic e A l f a b é t i c o d e A s s u n t o s 651
652 Í n d ic e A l f a b é t i c o d e A s s u n t o s
Í n d ic e A l f a b é t i c o de A s s u n t a s 653
S54 ín d ic e A l f a b é t i c o de A s s u n t o s
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