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ADRIELE SANTOS ROCHA SÁ

SALVADOR-BA
2018
A DEFESA DO EXECUTADO: DISTINÇÕES ENTRE A
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E OS
EMBAGOS DO DEVEDOR.

Artigo à ser apresentado ao Curso de Direito,


que consubstancia os meios de defesa do
executado. Com a orientação do docente
Fernando Daltro.

SALVADOR-BA
2018
SUMÁRIO X

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4

1. Dos Princípios Constitucionais de defesa .......................................... 5


1.2. Princípio da ampla defesa e do contraditório ............................. 5
1.3. Princípio da segurança jurídica .................................................. 6
1.4. Princípio do devido processo legal ............................................. 7
2. Das defesas do executado ................................................................. 8
1.2. Defesas típicas ........................................................................... 8
1.2.1. Impugnação ao cumprimento de sentença .......................... 8
1.2.1.1. Efeitos da impugnação .................................................... 10
1.2.1.2. Procedimentos da impugnação ....................................... 11
1.2.1.3. Matérias para alegar na impugnação .............................. 12
1.2.1.4. Defesa nas obrigações de fazer, não fazer
ou de entregar coisa ........................................................ 14
1.2.2. Embargos do Devedor ou embargos à execução ................ 16
1.2.1.1. Matérias para alegas nos embargos à execução ............ 17
3. Das defesas atípicas .......................................................................... 18
3.1 Exceção de pré-executividade ..................................................... 18
3.2 Ações autônomas (defesas heterotópicas) .................................. 20
4. CONCLUSÃO ..................................................................................... 21
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 22
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal estudar a defesa do


executado no processo de execução. Diante de um título executivo, o
devedor possui meios de defesa bastante restritos se comparados àqueles
que dispõe em um processo de conhecimento, pois há uma presunção de
validade e veracidade em relação às matérias constantes do título. Cabe ao
executado, portanto, o ônus de alegar e provar as possíveis falhas no
processo de execução, na fase executiva ou a invalidade do próprio título
executivo.

Por tal razão, o código de processo civil previu expressamente dois meios de
defesa do executado em relação ao título executivo, seja ele judicial ou
extrajudicial, que são os embargos do executado e a impugnação ao
cumprimento da sentença.

Paralelamente, a prática forense vem admitindo um outro meio de defesa do


devedor ou executado: a exceção de pré-executividade. Trata-se de um
instituto introduzido em nosso ordenamento jurídico de forma bastante
peculiar, como veremos nas linhas que seguem.

Por logo, então, ao exame de cada meio executivo de defesa.


1. DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE DEFESA

Os princípios traduzem a essência, a razão última, os valores que inspiram


um determinado ordenamento. “São espécie do gênero “norma”, existindo ao
lado de regras (J.J. Canotilho)”. Então a norma é o que fundamenta as nossas
relações jurídicas o nosso ordenamento.

Esses princípios estão encartados na Constituição Federal de 1988 e estão


intimamente ligados à defesa do réu. Aplicáveis não só no processo de
execução de título extrajudicial, mas em todos os processos reconhecidos
pelo Diploma Processual Civil.

1.2. Princípio da ampla defesa e do contraditório

Este princípio está assegurado pelo artigo 5°, LV da CF/88, mas pode ser
definido também pela expressão “ouça-se também a outra parte”.
Caracterizado pela possibilidade de resposta, onde os litigantes utilizam de
todos os meios de defesa admitidos em direito e está intimamente ligada à
defesa, sendo uma garantia de ordem pública essencial a qualquer tipo de
processo.

A Constituição de 1988 ampliou o direito de defesa, assegurando aos


litigantes, em processo judicial ou administrativo, e os acusados em geral o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerente.

O contraditório significa a possibilidade de manifestação das partes,


possibilitando a participação dentro da relação jurídica. Entretanto, o
contraditório não compreende somente a mera participação por meio de
petições, por meio de provas, mas não se restringe somente isso. A
participação do exercício do contraditório se refere à possibilidade de
interferir no convencimento do juiz, para que assim ele possa formular o seu
convencimento, de uma forma igualitária respeitando a imparcialidade.
Sendo essa a verdadeira expressão do princípio do contraditório.

Abrange o meio processual, se manifestando na oportunidade dos litigantes


de se defender, envolvendo qualquer tipo de processo ou procedimento,
judicial, extrajudicial e outros, garantindo assim que qualquer parte afetada
por um processo possa ter um meio de defesa mais amplo, contradizendo o
que está no montante do processo. Na matéria de execução de título
extrajudicial, o contraditório é inerente ao direito de defesa, assegurando ao
executado o direito de resposta.

Aliado com esse princípio, também no art. 5º, LV CF/88 fala-se no princípio
da ampla defesa, que trata da participação do processo, tendo ela que ser a
mais ampla possível, onde defensor tem que estar habilitado para fazê-la,
garantindo ao executado o ingresso de provas nos embargos da execução.

Assim corrobora Ferraz Junior (2001, p.87): “... ao ver a decidibilidade de


conflitos como problema central da ciência dogmática do Direito". Sendo
assim, é de responsabilidade do Direito assegurar que diante de alegações
feitas por uma parte, outras possam exercer defesa plena.

1.3. Princípio da segurança jurídica

O princípio da segurança jurídica está disposto no art. 5º, XXXVI, CF/88, é


um direito fundamental do cidadão, com o intuito de trazer estabilidade para
as relações jurídicas. Está elencado na Constituição Federal de forma
implícita. Não há uma norma no texto constitucional consagrando
explicitamente a segurança jurídica. É um princípio que também está ligado
diretamente aos direitos e garantias fundamentais do cidadão. Como forma
de instrumentalizar esse princípio, é tido alguns institutos dentro do
processo, como: preclusão, coisa julgada, os próprios precedentes judicias.
Como o estado, indivíduo e sociedade, sua importância é indiscutível e serve
de base para a interposição a outros princípios. Sem isso o universo jurídico
não se sustentaria, pois nele se encontra equilíbrio da sociedade entre os
sujeitos de direito, e a pacificação nos conflitos existentes. O conjunto dos
princípios constitucionais e as leis visam à garantia da ordem jurídica vigente
em nosso país, e que a mesma seja obedecida, dando limitações à liberdade
do comportamento das pessoas.

1.4. Princípio do devido processo legal

Esse princípio está assegurado no art. 5º, LIV, CF/88, sendo ele que dá
origem e inspira todos os outros princípios relativos ao processo, que são
garantias de um processo e de um procedimento justo. Então é dele que sai,
motivação das decisões, contraditório e a ampla defesa, isonomia,
publicidade, duração razoável do processo.

Trata-se, então, de um instituto jurídico, que concede a autoridade à pratica


de atos, onde serão considerados válidos, eficazes, completos, devendo
seguir etapas que estão previstas em lei.

Durante a relação jurídica devem ser observadas todas as garantias


processuais, é o princípio do devido processo legal, foi criado pela carta
inglesa. Sendo um princípio que consagra o sentido que a parte só pode ser
processado e julgado por uma juiz, sempre observando as garantias
fundamentais dessa relação jurídica.
2. DAS DEFESAS DO EXECUTADO

O executado são disponibilizados diversos meios de defesa para


obstar a continuação de um feito executivo. O demandado pode valer-
se tanto de defesas explicitamente taxadas no Código de Processo
Civil, bem como de defesas atípicas, que, mesmo não estando
elencadas como formas de defesas, pode ser utilizadas para essa
finalidade.

1.2. Defesas típicas

1.2.1. Impugnação ao cumprimento de sentença

O processo de execução de título judicial, denominado pelo Código de


Processo Civil de cumprimento de sentença, tem como característica
fundamental o cumprimento de inadimplemento pelo executado.

A defesa do executado apresenta características que estão atribuídas no


novo CPC, sendo a impugnação a forma de defesa atribuídas à títulos
Judiciais. A doutrina traz o conceito de impugnação como um ato de
contestar, de refutar, de contrariar, de resistir, de opor-se a. É a ação de
não admitir uma opinião, de negar a verdade de um fato.

Invocando o grande mestre Fredie Didier Júnior, quando pontifica que,

"a impugnação serve à concretização do direito de defesa, através


da qual o executado não age, ele resiste, portanto a impugnação,
não é ação, mas um incidente da fase executiva do procedimento
comum, mediante a qual o devedor exerce sua defesa”

Fica estabelecido um conceito em sentido amplo, onde determina que o


executado tenha poder de exercer sua defesa.
A impugnação que trata de um meio de defesa que tem natureza jurídica de
ação, também vai ser defendida por Araken de Assis, onde para ele a
principal característica da impugnação, é o seu pedido de tutela jurídica do
Estado, estabelecendo uma espécie de contestação na modalidade
executiva.

O executado tem um prazo de 15 dias para impugnar a decisão favorável ao


exequente, esse prazo começa a contar depois de transcorrido o prazo para
o pagamento voluntário. A intimação do executado deve ser feita por meio de
seu advogado, onde tem o início no dia posterior a publicação no Diário, não
existindo um procurador, o executado vai ser intimado pessoalmente no dia
seguinte à juntada do mandado, não é necessária nova intimação. Acabou
um prazo, começa o outro, como determina o art.525 do CPC.

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o


pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias
para que o executado, independentemente de penhora ou
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação.

O prazo para o pagamento diverge a doutrina quando questiona se deve


contar por dias úteis ou dias corridos, o novo CPC traz no seu art.219, a
contagem dos prazos processuais por dias úteis.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por


lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente
aos prazos processuais.

Sendo assim, cabe definir o que seria um prazo processual. O prazo


processual é aquele previsto na lei processual, trazendo assim
consequências para o processo, portanto, os prazos para pagamento devem
ser entendidos como processuais.
1.2.1.1. Efeitos da impugnação

A impugnação não possui efeito suspensivo, porém, sendo relevantes os


fundamentos para o prosseguimento da execução, podendo ainda causar
grave dano de difícil reparação ao executado, tem o magistrado a faculdade
de concedê-lo. Por sua vez, o exequente poderá requerer o prosseguimento
da execução, oferecendo uma caução determinado pelo juiz.

O executado pode requerer o efeito suspensivo judicialmente, observando


três requisitos indispensáveis, baseado no art.525, § 6º

§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos


atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a
requerimento do executado e desde que garantido o juízo com
penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito
suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o
maprosseguimento da execução for manifestamente suscetível de
causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação.

Outro ponto que deve ser analisado versa sobre qual recurso possível para
a decisão que julgue favorável a impugnação, sendo estabelecido no CPC,
no art.1015, o agravo de instrumento para decisão interlocutória que não for
extinta a execução, por sua vez, na hipótese de decisão que extinguir a
execução, caberá apelação cível.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões


interlocutórias que versarem sobre:

X - concessão, modificação ou revogação do efeito


suspensivo aos embargos à execução;

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões


interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.

Freddie Didier Jr traz referência a obtenção do efeito suspensivo para o


executado, e se esse efeito traz conseqüências para os demais:

“A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida


por um dos executados não suspenderá a execução contra
os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento
disser respeito exclusivamente ao impugnante [art. 525,
§ 9°, CPC]. Ou seja: a obtenção do efeito suspensivo por um
dos executados não suspende a execução para os demais,
caso fundamento que justificou a suspensão diga a respeito
exclusivamente àquele executado – a compensação
alegada por um executado não necessariamente beneficia o
outro, por exemplo,”.

1.2.1.2. Procedimentos da impugnação

Logo depois de passado o prazo para o pagamento voluntário, o executado


tem 15 dias para apresentar sua defesa, devendo ser posta nos próprios
autos do processo, podendo ainda o magistrado, solicitar a produção de
novas provas para o prosseguimento do processo.

Ao adentrar com a impugnação, o magistrado vai marcar uma audiência de


instrução e julgamento para analisar as provas dos autos. Intimado o
devedor a pagar, o credor pode obter uma certidão para realizar o protesto.

Ainda pode existir, a possibilidade de o réu estabelecer uma execução


invertida, onde poderá oferecer pagamento voluntário que entender devido,
antes de ser intimado, como determina o art. 526 do CPC:
Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento
da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o
valor que entender devido, apresentando memória discriminada
do cálculo.

1.2.1.3. Matérias para alegar na impugnação

O art.525, § 1. °, orienta quais matérias devem ser alegadas na impugnação


sendo elas:

§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo


correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
supervenientes à sentença.

Diante desse artigo, deve ser observada cada possibilidade de alegação por
parte do executado.

No inciso I, citação determina a existência do processo, e sua falta pode


acarretar uma impugnação da parte do executado.

Freddie Didier Jr, indica que a citação é condição de validade do


processo em relação ao réu e, além disso, requisito de validade
dos atos processuais que lhe sugirem.
O inciso II pode servir tanto para a ilegitimidade do exequente quanto do
executado, porém essa ilegitimidade deverá ser deduzida na fase de
execução exclusivamente, não sendo analisada na fase de conhecimento.

No inciso III, trata-se de obrigação inexigível, dependendo de previa


liquidação e que pende condição ou termo que iniba sua eficácia.

O inciso IV, quando for praticado por penhora incorreta, porém a impugnação
poderá ser manejada sem prévia penhora, também será ônus do executado
discutir a validade da penhora em sua impugnação.

Inciso V, o excesso de execução caso o executado não venha a alegar na


impugnação, não poderá ser reconhecida de oficio pelo magistrado. O art.
917, § 2°. Determina que há excesso de execução quando:

I - o exequente pleiteia quantia superior à do título;

II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;

III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;

IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o


adimplemento da prestação do executado;

V - o exequente não prova que a condição se realizou.

Inciso VI, pode o executado arguir incompetência (absoluta ou relativa) do


juízo da execução, devendo ser arguida na própria impugnação.
1.2.1.4. Defesa nas obrigações de fazer, não fazer ou de entregar
coisa

O executado pode valer do direito de defesa também nas obrigações de


fazer e não fazer, por seu direito próprio concedido pelo princípio do
contraditório, tem plena defesa na execução.

O art. 536, § 4°, do CPC determina que a impugnação pelas obrigações


prestadas nesse dispositivo, vão seguir as mesmas modalidades previstas
no art.525, no que couber.

Art. 536, § 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade


de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber.

O prazo para impugnação respeita o estipulado no art.525, ou seja, 15 dias


úteis depois do prazo para o cumprimento voluntário da execução. Não se
faz necessária o depósito ou qualquer garantia para validar a impugnação,
não sendo suspensa qualquer medida executiva estipulada, salvo os casos
previstos no art.526, § 6°.

Com extrema maestria, Freddie Didier Jr dispõe que “O oferecimento da


impugnação não suspende a incidência das medidas executivas
estipuladas no titulo judicial. A impugnação somente terá efeito suspensivo
se, cumulativamente: a) o devedor oferecer caução (note que não é
penhora nem depósito, por não se tratar de execução por quantia ou para
entrega de coisa); b) seus fundamentos forem relevantes; e
c) o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar
ao executado grave dano e difícil ou incerta reparação.

Nas obrigações de entregar coisa será analisado o art.538, § 3, do CPC,


onde determina que o mesmo processo de impugnação utilizado nas
obrigações de fazer e não fazer será utilizado nas obrigações de entregar
coisa.

§ 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as


disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
O art. 806, do CPC, determina o prazo para ser entregue a coisa e assim
satisfeita à obrigação

Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de


título executivo extrajudicial, será citado para, em 15 (quinze) dias,
satisfazer a obrigação.
1.2.2. Embargos do Devedor ou embargos à execução

Os embargos do devedor está ligada a não satisfação, donde o devedor desse


título vem a se defender por meios dos embargos. A finalidade do processo de
execução é de dar satisfação do credor. A Finalidade dos Embargos é permitir
que o réu, possa se defenda, podendo gerar a extinção do processo de
execução. A defesa do título extrajudicial, o executado defende-se por meio do
embargos, cujo conteúdo compreende matérias de defesa.

Preleciona o doutrinador Humberto Theodoro, assevera que:

São os embargos a via principal para opor-se à execução forçada.


Configuram eles incidentes em que o devedor, ou terceiro, procura
defender-se dos efeitos da execução, não só visando evitar a deformação
dos atos executivos e o descumprimento de regras processuais, como
também resguardar direitos materiais supervenientes ou contrários ao
título executivo, capazes de neutralizá-lo ou de reduzir-lhe a eficácia,
como pagamento, novação, compensação, remissão, ausência de
responsabilidade patrimonial etc.

O prazo para oferecer os embargos à execução são de 15 dias, contado da


juntada aos autos do mandado de citação da execução ou a juntada do AR,
conforme do art. 915 caput, §1º do CPC. Durante este prazo, pode o
executado reconhecer que deve depositar 30% do valor devido e requerer o
parcelamento do restante em 6 parcelas mensais, como estar previsto o art.
916, caput.
Em regra, os embargos não terão efeito suspensivo. Observa-se no art. 919,
§5º do CPC, ainda que concedido o efeito suspensivo, isso não impedirá a
penhora ou avaliação dos bens.
Existem ainda dois tipos de embargos que podem ser opostos pelo
executado, quais sejam: embargos à arrematação e embargos adjudicação.
No primeiro caso, o executado apresenta embargos quando o bem
penhorado já tiver sido arrematado em hasta pública. Por sua vez, os
embargos à adjudicação podem ser opostos na hipóteses da propriedade do
bem penhorado ter sido atribuída ao credor em razão da hasta pública
frustrada.
É cabível também embargos de terceiros, para a execução de terceiros,
disposto no art. 674 e ss. do CPC. Eles são utilizados quando há turbação
ou esbulho por ato judicial (penhora, depósito, arresto, etc.) de bem daquele
que não é parte no processo.

1.2.1.1. Matérias para alegas nos embargos à execução

Nos embargos, podem ser alegadas, matérias que se encontram taxativas


no art. 917 do Código de Processo Civil.

Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá


alegar:

I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da


obrigação;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

III - excesso de execução ou cumulação indevida de


execuções;

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos


casos de execução para entrega de coisa certa;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da


execução;

VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como


defesa em processo de conhecimento.

Inciso I. É possível duas razões que tornam o título inexequível. O título


apresentado – entenda-se o documento que instruiu a petição inicial – pode
não estar previsto em lei como título executivo, o que acarretará a nulidade
da execução em virtude da ausência de título executivo (princípios da
taxatividade e do nulla executio sine titulo).

Inciso II. Como preleciona Marinoni “ A impenhorabilidade de bem constrito


indevidamente e o excesso de penhora são exemplos de assuntos que
entram na ideia de incorreção da penhora e que dão lugar aos embargos à
execução... os defeitos da penhora e de avaliação, se posteriores ao
momento oportuno para o oferecimento dos embargos à execução, no prazo
de 15 dias (art. 917, §1, CPC).

Inciso III, §§2º e 4º. Se o executado alegar que o credor pleiteia quantia
superior à do título, deverá indicar, na petição inicial de seus embargos, o
valor que entender correto, apresentando memória de cálculo que o
demonstre. A falta da discriminação do cálculo sujeitará a rejeição da liminar.

Inciso IV e §§ 5º e 6º. Na execução para a entrega de coisa, pode o


executado, se de boa-fé, exercer o seu direito ele retenção pelo valor das
benfeitorias por meio dos embargos, que, no caso, recebem o nome de
embargos de retenção por benfeitorias necessárias ou úteis.

Inciso V. Inovação interessante é a inclusão no rol das matérias alegáveis


por meio de embargos à execução, no inciso V do art. 917, da incompetência
absoluta ou relativa do juízo da execução, dirimindo quaisquer dúvidas
acerca da impossibilidade de suspensão do prazo para os embargos.

Inciso VI. É facultado ao embargante, alegar qualquer matéria que deduziria


caso se tratasse de processo de conhecimento e estivesse oferecendo
contestação, em preliminar ou em questão de mérito, como por exemplo,
prescrição do título executivo ou pagamento, ou ainda, compensação com
outra execução.
3. DAS DEFESAS ATÍPICAS

3.1 Exceção de pré-executividade

É um instrumento processual que permite ao devedor que não possui


patrimônio discutir o debito em um processo de execução fiscal. Até 2006,
a exceção era utilizada em qualquer tipo de processo de execução.
Contudo, houve uma alteração na norma geral do Código de Processo
Civil, afastando a necessidade da garantia do juízo.

Por isso, a exceção perdeu grande parte da sua utilidade. Sendo ainda
útil no processo de execução fiscal. Entretanto, na lei nº 6.830/80, ainda
vale a regra da garantia do juízo. Portanto, a exceção da pré-
executividade tem uma utilidade valida no processo de execução fiscal.

O Código de Processo Civil trouxe a normatização desse instrumento,


acentuado no § único do art. 803, asseverando que a nulidade do título
pode ser reconhecida independentemente dos embargos à execução. No
CPC atual assegura a defesa pela qual o executado impugna a validade
de um título executivo, seja por falta de liquidez, pela falta de força
executiva ou pela inexigibilidade da obrigação, ou ainda quando o meio
escolhido para a satisfação da tutela jurisdicional imprópria.

Esse instrumento é admitida nos casos em que o juiz poderia reconhecer


de oficio a matéria, como, por exemplo, nulidade absoluta do título. Vale
ressaltar que essas matérias que o juiz pode conhecer de oficio são
chamadas de matérias de ordem pública. Também podem ser alegadas
causas, modificativas, impeditivas ou extintivas do direito do credor.
Todas as matérias que precisem de dilação probatória, ou seja, precisem
mais do que apenas provas documentais, ou questões que não dizem
respeito aos aspectos formais do título, não podem ser analisadas na
exceção.

Reconhecendo o juiz a procedência das alegações, objeto da exceção da


pré-executividade, haverá uma sentença de extinção do processo de
execução, sem resolução do mérito. Dessa sentença, caberá recurso de
apelação. Por outro lado, o juiz entender que as alegações não são
procedentes, a decisão terá natureza interlocutória, e dela caberá agravo
de instrumento.

3.2 Ações autônomas (defesas heterotópicas)

A defesa heterotópica como a defesa interposta em posição diferente da


natural. Constituem meios autônomos de impugnação de que se servirão
as partes ou terceiros interessados, que são encontrados nos mais
diversos ordenamentos. Com previsão no Código de Processo Civil no
§ 1º do art. 784, sob o comentário de Cassio Scarpinella “o §1º preserva
a regra de uma propositura de qualquer ação relativa ap débito constante
do título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.”

O ajuizamento desse tipo de ação não impede a execução do título. Por


serem tais ações conexas com a execução, os processos devem ser
reunidos. Ajuizada a ação autônoma, seu objeto não pode ser discutido
em sede de embargos na execução, sob pena de litispendência. Nesses
casos, a ação autônoma é recebida como verdadeiros embargos à
execução.
4. CONCLUSÃO

A impugnação abrange diversos aspectos no âmbito do cumprimento da


sentença, pois vem definida no artigo 525 do Novo CPC, trazendo um
método de defesa ao executado, onde ele se opõe ao que foi decidido e
argumenta com fundamentos para uma nova decisão.

De outro ponto, o trabalho buscou o enfrentamento das técnicas de defesa


nos títulos extrajudicial, onde os embargos à execução, preceituado nos
CPC, art. 914 à art. 920.

Observa-se a peculiaridade de cada caso, devendo o executado prezar pela


defesa mais hábil com a finalidade de resguardar seus direitos, uma vez que
em alguns caos deverá atacar questões de ordem públicas, enquanto em
outros atacará o mérito da execução, referentes a títulos executivos ou o
próprio processo executivo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Novo Código de Processo Civil anotado/ Cassio Scarpinella Bueno.


São Paulo: Saraiva, 2015
 DIDIER JUNIOR, Fredie; CARNEIRO, Leonardo; BRAGA, PaulaSarno;
OLIVEIRA, Rafael Alexandria. Curso de direito processual civil - v. 5,
editora juspodivm, 2017
 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sergio Cruz; MITIDIERO,
Daniel. Curso de Processo civil – vol 2, editora revista dos tribunais ltda.
2015
 Curso de Direito Processo Civil – vol. III / Humberto Theodoro Júnior.
50. Ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017
 Novo Código de Processo Civil comentado / Luiz Guilherme Marinoni,
Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. Vol. 3, ed. rev., atual e ampl.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017
 SITE: Passei direto, Jusbrasil

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