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Universidade de Brası́lia

Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica
Disciplina: Mecânica dos Fluidos II
Professores: Francisco Ricardo da Cunha e Gustavo Coelho Abade
Monitores: Adriano Possebon e Nuno Dias

EXPERIMENTO 2
PERFIL NACA-0012 INFINITO
OBJETIVOS

• Encontrar a distribuição do coeficiente de pressão em torno do perfil naca-0012,


para vários números de Reynolds e ângulos de ataque, medindo-se a diferença
entre a pressão estática na superfı́cie do perfil e a pressão estática do escoamento
não perturbado. Deve-se medir também a pressão dinâmica do escoamento não
perturbado e determinar o coeficiente de arrasto, de sustentação e de momento
1
a 4
da corda (por meio das medidas da balança), para vários ângulos de ataque;

• OPTATIVO: Medir a força de arrasto e de sustentação do perfil usando o valor


da força medida com a balança do túnel de vento e calcular o valor do coeficiente
de arrasto e de sustentação por meio de uma integração numérica da distribuição
do coeficiente de pressão na superfı́cie do perfil.

• OPTATIVO: Comparar os valores dos coeficientes de arrasto obtidos por meio


da distribuição de pressão na superfı́cie do cilindro e da força de arrasto medida
na balança (para se determinar o arrasto devido às tensões cisalhantes).

TEORIA ENVOLVIDA

O escoamento em torno de um perfil infinito o escoamento bidimensional em torno


de um perfil. Isso é conseguido na prática, colocando-se o perfil encostado nas duas
laterais do túnel de vento, evitando assim a formação dos vórtices de ponta. O
coeficiente de arrasto CD em um escoamento em torno de um perfil é definido como:

FD
CD = 1 (1)
2
ρU∞
2 A

em que A é a área da asa, U∞ é a velocidade do escoamento não perturbado (no


infinito), ρ é a massa especı́fica do fluido e FD é a força de arrasto.
O coeficiente de sustentação é um valor adimensionalizado da mesma forma
que a força de arrasto.

1
Figura 1: Calibração do extensômetro.

O coeficiente de pressão em um ponto do escoamento ou da superfı́cie nas


vizinhanças do cilindro é definido como:
2
p − p∞ u

CP = 1 = 1 − (2)
2
ρU∞
2 U∞
em que p é a pressão estática do ponto em questão, p∞ é a pressão estática do escoa-
mento não perturbado e u é a velocidade local. O CP é sempre unitário nos pontos de
estagnação.

CURVAS DE CALIBRAÇÃO DOS EXTENSÔMETROS DAS CÉLULAS


DE CARGA

Os resultados da calibração são mostrados nas figuras a seguir.


A equação que representa a curva da figura (1) é dada por:

F = 0, 02207d (3)

em que F é dada em Newtons e d é dado em microdeformações.


A equação que representa a curva na figura (2) é:

F = 0, 05864d (4)

A equação que representa a curva na figura (2) é:

F = 0, 05850d (5)

2
Figura 2: Calibração do extensômetro.

Figura 3: Calibração do extensômetro.

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PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Para vários números de Reynolds e ângulos de ataque, devem ser seguidos os


seguintes passos:

• conectar o manômetro digital à tomada de pressão do perfil e à tomada de pressão


estática do escoamento não perturbado à montante do cilindro;

• conectar outro manômetro ao tubo de pitot para medir a pressão dinâmica do


escoamento;

• alinhar a linha de centro do túnel de vento (linha pintada na lateral do túnel de


vento) com a linha de corda do perfil;

• para medição das forças de arrasto, de sustentação e o momento a 1/4 da corda,


deve-se balancear as três pontes de wheadstone (usando a seletora) do equipa-
mento vishay (com um gage factor igual a 2,11) e depois então regular o mostrador
de maneira que ele marque o mesmo valor que o vishay. Zera-se o mostrador e
então o equipamento fica pronto para ser utilizado.

APARATO EXPERIMENTAL

• Túnel de vento Plint & Partners LTD Engineers com seção de testes de 460mm x
460mm, ventilador centrı́fugo e motor elétrico com potência de 22KW equipado
com inversor de freqüência;

• manômetro digital Validyne;

• balança de três componentes da marca Plint & Partners LTD Engineers;

• equipamento Vishay com mostrador e com seletora;

• perfil naca-0012 com o comprimento da linha de corda igual a 6 polegadas (para


medição das forças na balança) e um outro perfil naca-0012 com as mesmas

4
dimensões e com várias tomadas de pressão ao longo da superfı́cie (para medição
da distribuição do coeficiente de pressão ao longo da corda).

RESULTADOS

• Para cada número de Reynolds e ângulo de ataque, plotar as curvas do CP ao


longo da corda (adimensionalizada);

• optativo: para cada número de Reynolds e ângulo de ataque, determinar o coefi-


ciente de arrasto e de sustentação e coeficiente de momento a 1/4 da corda pela
integração numérica do CP ;

• para cada número de Reynolds e ângulo de ataque, determinar os coeficientes de


arrasto, de sustentação e de momento a 1/4 da corda (com os dados das forças
e momento medidos na balança). Plotar as curvas de coeficiente de sustentação
versus ângulo de ataque, coeficiente de arrasto versus ângulo de ataque e coefi-
ciente de momento a 1/4 da corda versus ângulo de ataque. (Optativo: a partir
do gráfico de coeficiente de momento a 1/4 da corda versus ângulo de ataque
determinar o centro de pressão e o centro aerodinâmico do perfil). Plotar a curva
da polar de arrasto (coeficiente de sustentação versus coeficiente de arrasto);

• optativo: Para cada número de Reynolds e ângulo de ataque, determinar o arrasto


de fricção do perfil.

ANÁLISES E CONCLUSÕES

Cada relatório deverá:

1. Descrever outra maneira de se obter a força de arrasto do perfil em um túnel de


vento (para escoamentos bidimensionais como nesse experimento).

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2. Indicar nas curvas de coeficiente de pressão versus corda as regiões de gradiente
de pressão favorável e de gradiente de pressão adverso.

3. Realizar análise do gráfico de coeficiente de sustentação versus ângulo de ataque,


determinar o ângulo de estol do perfil (ângulo que ocorre o descolamento da
camada limite) e o coeficiente de sustentação máximo.

4. Analisar e explicar o que acontece com a razão entre coeficiente de sustentação


e coeficiente de arrasto no momento da separação da camada limite. Para fazer
essa análise plote o gráfico dessa razão entre o coeficiente de sustentação e o
coeficiente de arrasto versus o ângulo de ataque. Com esse gráfico, determinar o
ângulo onde a razão entre o coeficiente de sustentação e o coeficiente de arrasto
é máxima.

5. Concluir sobre a validade do experimento.

OBSERVAÇÕES

Os dados experimentais desse experimento já serão fornecidos para os alunos, pois
o tempo requerido para colher esses dados é muito grande. Será explicado para o aluno
como foi feita cada medida. Os dados de pressão estão em centı́metros de coluna de
água e os dados medidos na balança estão em microdeformações e deverá ser usado a
curva de calibração para determinar o valor das forças. São 11 tomadas de pressão no
intradorso do perfil e onze tomadas de pressão ao longo do extradorso do perfil. As
coordenadas desses pontos de tomada de pressão ao longo da corda (que são iguais no
intradorso e no extradorso) são dadas abaixo:

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Tabela 1: Coordenadas de Tomada de Pressão
Coordenada
0,00997
0,05000
0,10000
0,15000
0,25000
0,35000
0,45000
0,55000
0,65000
0,75000
0,85000

APÊNDICE

Análise das Escalas nas Vizinhanças do Perfil

A equação de Bernoulli é dada por:

P∞ P u2
= + (6)
ρ ρ 2

Utilizando U∞ como escala para velocidade e a para a escala de comprimento, tem-se:

P∞ − P U2
∼ ∆P ∼ ρ (7)
ρ 2

Multiplicando os dois lados da equação anterior pela área A:

U2
FD = A∆P ∼ ρ A (8)
2

Utilizando agora o coeficiente:


2
U∞
FD = CD ρ A (9)
2

7
Ou, reescrevendo a equação anterior,

FD
CD = 1 (10)
2
ρU∞
2 A

Coeficiente de pressão CP : seja o escoamento em torno de um cilindro. Aplicando


a equação de Bernoulli entre o infinito e um ponto na superfı́cie do cilindro temos que:
2
P∞ U∞ P u2
+ = + ∞ (11)
ρ 2 ρ 2

Reescrevendo a equação acima:

(P − P∞ ) u
 
1 =1− = CP (12)
2
ρU∞
2 U∞

CP é o parâmetro fı́sico do escoamento que relaciona as forças de pressão na superfı́cie


do cilindro e as forças de inércia.

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