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SUMÁRIO

01. CONCEITO______________________________________________03

1.2. Do Cabimento da Prisão______________________________04

1.3. Procedimentos______________________________________06

02. JURISPRUDÊNCIAS_______________________________________07

03. CONCLUSÃO____________________________________________21

05. BIBLIOGRAFIA___________________________________________22

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1. CONCEITO

A apreensão de título não restituído ou sonegado pelo emitente, sacado ou


aceitante, ao contrário do protesto, trata-se de ato judicial. No entanto, não veste
roupagem cautelar, eis que são “providência satisfativa de direito material (de
restituição) do credor lesado diante da retenção indevida do título pelo emitente,
sacado ou aceitante”.

Não se deve confundir a apreensão de títulos do art. 885 com a busca e


apreensão prevista no art. 839, que é sim providência legitimamente cautelar, pois,
além de assumir finalidade de proteger a eficácia da atividade jurisdicional, exige a
propositura da demanda principal no prazo do art. 806. Já a apreensão do art. 885
não possui caráter antecedente, e, muito menos incidental, pois não depende de
outra ação.

Trata-se de providencia ligada à formação e integração do título cambial. Isto


porque a formação e o aperfeiçoamento de um título podem depender da
participação de várias pessoas: sacador, emitente, sacado, aceitante.

Não se trata de procedimento administrativo, mas sim de processo judicial


contencioso, cuja petição inicial deve preencher os requisitos do art. 282. No que
concerne ao valor da causa, deverá corresponder à quantia constante do título.

A apreensão tem cabimento nos casos de títulos cambiários que dependam


de aceite ou pagamento do devedor, que recebe a cártula com o dever de devolvê-
la, com ou sem aceite ou pagamento, em prazo certo fixado por lei especial, ou, pelo
menos, até a data do vencimento.

Não cumprindo o dever legal de restituição, nasce para o credor o direito de


recuperar o título indevidamente retido. Para reivindicá-lo, é necessário que o
portador prove a entrega do título ao devedor e a sua recusa em devolvê-lo, muito
embora a lei, aparentemente, condicione tal requisito apenas para a decretação da
prisão (art. 885).

Art. 885. O juiz poderá ordenar a


apreensão de título não restituído ou

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sonegado pelo emitente, sacado ou
aceitante; mas só decretará a prisão de
quem o recebeu para firmar aceite ou
efetuar pagamento, se o portador provar,
com justificação ou por documento, a
entrega do título e a recusa de devolução.

Parágrafo único. O juiz mandará


processar de plano o pedido, ouvirá
depoimentos se for necessário e, estando
provada a alegação, ordenará a prisão.

Portanto, o código não só prevê a possibilidade de apreensão do título, como


também a prisão de seu detentor, quando, decretada a apreensão da cártula não
restituída pelo emitente, sacado ou aceitante, aquele que a recebeu para realizar o
aceite ou efetuar o pagamento, recusa-se a devolvê-la.

1.2 Do Cabimento da Prisão

A legitimidade da prisão do detentor do título é tema controvertido pela


doutrina e jurisprudência, já que o art. 5, LXVII da Constituição Federal não a elenca
no quadro das exceções de prisão por dívida civil.

Art. 5º - (...)

LXVII - não haverá prisão civil por dívida,


salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;

O raciocínio dos que defendem a legitimidade da pena de prisão, assenta-se


em diversos argumentos, cujos mais usuais são os de que: não se trata de prisão
por dívida, mas por não devolução da coisa, ou seja, há a infração de um dever legal
de lealdade e confiança; a entrega do título ao devedor com obrigação de devolução
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seria autêntico depósito, implicando em considerar o devedor, depositário infiel, pois
a Constituição emprega esta expressão em sentido genérico; a prisão do art. 885
não seria punitiva, mas simples instrumento de coerção pessoal, similar às
astreintes do direito francês, com vistas a exercer pressão psicológica sobre a
vontade do obrigado para cumprir espontaneamente a obrigação.

Em sentido contrário, outros respondem que a proibição de prisão civil é de


interpretação extensiva, sendo o detentor do título autêntico devedor; que o depósito
não pode ser presumido, tampouco equiparado; e que a prisão preventiva é
decretada cautelarmente no processo criminal para a garantia da ordem pública,
segurança da instrução criminal ou da aplicação da pena, o que não restaria
configurado na hipótese do protesto.

Entendimento este, que comunga Vicente Greco Filho:

Essa prisão, a despeito de regulada no Código, não é compatível com o


sistema constitucional vigente. A Constituição Federal somente admite a prisão por
dívida no caso de depositário infiel ou inadimplemento de obrigação alimentícia (art.
5, LXVII).

Em nenhuma dessas exceções enquadra-se a hipótese do detentor que retém


o título em vez de pagá-lo ou de aceitá-lo. O fato pode constituir, até, infração penal,
mas deve ser apurado e punido nos termos do processo penal regular, garantindo
ampla defesa. A lei não equipara esse detentor ao depositário infiel nem tem ele
essas características, daí a conclusão de que a decretação da prisão é inviável por
não ser consentânea com o sistema constitucional atual.

De qualquer forma, a ordem constitucional não previu expressamente a


hipótese de prisão civil de quem não devolveu o título que lhe foi apresentado, mas
não se pode negar que o entendimento contrário encontra guarida em
jurisprudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal.

1.3 Procedimentos
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Assevera Victor A. A. Bomfim Marins:

Em relação ao procedimento, o parágrafo único do art. 885 prevê o


processamento de plano. No entanto, a decretação da prisão não pode ocorrer, de
qualquer maneira, sem prévia citação do devedor, oportunizando-lhe a purgação da
mora. Não se pode negar a instauração do contraditório, muito embora se deva
atender o procedimento sumário previsto, por ser a medida disciplinada no Livro do
Processo Cautelar (arts. 802 e 803).

O pedido de prisão será autuado, portanto, em separado, realizando-se


justificação prévia se necessário, mas, em todo o caso, citar-se-á previamente o
devedor antes do decreto de prisão, até para que ele possa exercer a faculdade de
restituir o título, ou pagar o seu valor e as despesas feitas, ou o exibir para ser
levado a depósito (art. 886, I). Observa RIBEIRO LEITÃO, com acerto, não haver em
nossa sistemática processual prisão civil inaudita altera pars.

De qualquer forma, mesmo para os que entendem admissível a possibilidade


do provimento liminar, a prisão somente poderia ser decretada, fundada em
documento ou após justificação prévia, em caso de certeza absoluta da entrega do
título e da recusa na devolução, não bastando para o mandado liminar, mero juízo
de probabilidade.

2. JURISPRUNDÊNCIAS

6
2.1. Julgados do STF que apoiam a legalidade da prisão civil do devedor, em
caso de alienação fiduciária.

1.

RE 345345 / SP - SÃO PAULO


RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 25/02/2003 Órgão
Julgador: Primeira Turma
EMENTA: Prisão civil de depositário infiel (CF,
art.5º, LXVII): validade da que atinge devedor
fiduciante, vencido em ação de depósito, que
não entregou o bem objeto de alienação
fiduciária em garantia: jurisprudência
reafirmada pelo Plenário do STF - mesmo na
vigência do Pacto de São José da Costa Rica
(HC 72.131, 22.11 .95, e RE 206.482, 27.5.98)
- à qual se rende, com ressalva, o relator,
convicto da sua inconformidade com a
Constituição.

2.

AI 403828 AgR / MS - MATO GROSSO DO


SUL
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 05/08/2003 Órgão
Julgador: Segunda Turma
E M E N T A: ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM
GARANTIA - PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR
FIDUCIANTE - LEGITIMIDADE

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CONSTITUCIONAL - INOCORRÊNCIA DE
TRANSGRESSÃO AO PACTO DE SÃO JOSÉ
DA COSTA RICA (CONVENÇÃO AMERICANA
SOBRE DIREITOS HUMANOS) - RECURSO
DE AGRAVO IMPROVIDO. LEGITIMIDADE
CONSTITUCIONAL DA PRISÃO CIVIL DO
DEVEDOR FIDUCIANTE. - A prisão civil do
devedor fiduciante, nas condições em que
prevista pelo DL nº 911/69, reveste-se de plena
legitimidade constitucional e não transgride o
sistema de proteção instituído pela Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de
São José da Costa Rica). Precedentes. OS
TRATADOS INTERNACIONAIS,
NECESSARIAMENTE SUBORDINADOS À
AUTORIDADE DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA, NÃO PODEM LEGITIMAR
INTERPRETAÇÕES QUE RESTRINJAM A
EFICÁCIA JURÍDICA DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS. - A possibilidade jurídica
de o Congresso Nacional instituir a prisão civil
também no caso de infidelidade depositária
encontra fundamento na própria Constituição
da República (art. 5º, LXVII). A autoridade
hierárquico-normativa da Lei Fundamental do
Estado, considerada a supremacia absoluta de
que se reveste o estatuto político brasileiro,
não se expõe, no plano de sua eficácia e
aplicabilidade, a restrições ou a mecanismos
de limitação fixados em sede de tratados
internacionais, como o Pacto de São José da
Costa Rica (Convenção Americana sobre
Direitos Humanos). A ordem constitucional
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vigente no Brasil - que confere ao Poder
Legislativo explícita autorização para disciplinar
e instituir a prisão civil relativamente ao
depositário infiel (art. 5º, LXVII) - não pode
sofrer interpretação que conduza ao
reconhecimento de que o Estado brasileiro,
mediante tratado ou convenção internacional,
ter-se-ia interditado a prerrogativa de exercer,
no plano interno, a competência institucional
que lhe foi outorgada, expressamente, pela
própria Constituição da República. Os tratados
e convenções internacionais não podem
transgredir a normatividade subordinante da
Constituição da República e nem dispõem de
força normativa para restringir a eficácia
jurídica das cláusulas constitucionais e dos
preceitos inscritos no texto da Lei
Fundamental. Precedente: ADI 1.480/DF, Rel.
Min. CELSO DE MELLO.

3.

HC 81319 / GO - GOIÁS
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 24/04/2002 Órgão
Julgador: Tribunal Pleno
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" -
IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO, QUE,
PROFERIDA POR MINISTRO-RELATOR,
NÃO FOI SUBMETIDA À APRECIAÇÃO DE
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ÓRGÃO COLEGIADO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL - ADMISSIBILIDADE -
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA -
PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR FIDUCIANTE -
LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL -
INOCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO
PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA
(CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
DIREITOS HUMANOS) - CONCESSÃO DE
"HABEAS CORPUS" DE OFÍCIO, PARA
DETERMINAR QUE O TRIBUNAL DE
JUSTIÇA LOCAL, AFASTADA A
PREJUDICIAL DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 4º DO
DECRETO-LEI Nº 911/69, ANALISE AS
DEMAIS ALEGAÇÕES DE DEFESA
SUSCITADAS PELO PACIENTE.
LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA
PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR FIDUCIANTE. -
A prisão civil do devedor fiduciante, nas
condições em que prevista pelo DL nº 911/69,
reveste-se de plena legitimidade constitucional
e não transgride o sistema de proteção
instituído pela Convenção Americana sobre
Direitos Humanos (Pacto de São José da
Costa Rica). Precedentes. OS TRATADOS
INTERNACIONAIS, NECESSARIAMENTE
SUBORDINADOS À AUTORIDADE DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, NÃO
PODEM LEGITIMAR INTERPRETAÇÕES
QUE RESTRINJAM A EFICÁCIA JURÍDICA
DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. - A
possibilidade jurídica de o Congresso Nacional
10
instituir a prisão civil no caso de infidelidade
depositária encontra fundamento na própria
Constituição da República (art. 5º, LXVII). A
autoridade hierárquico-normativa da Lei
Fundamental do Estado, considerada a
supremacia absoluta de que se reveste o
estatuto político brasileiro, não se expõe, no
plano de sua eficácia e aplicabilidade, a
restrições ou a mecanismos de limitação
fixados em sede de tratados internacionais,
como o Pacto de São José da Costa Rica
(Convenção Americana sobre Direitos
Humanos). - A ordem constitucional vigente no
Brasil - que confere ao Poder Legislativo
explícita autorização para disciplinar e instituir
a prisão civ il relativamente ao depositário infiel
(art. 5º, LXVII) - não pode sofrer interpretação
que conduza ao reconhecimento de que o
Estado brasileiro, mediante tratado ou
convenção internacional, ter-se-ia interditado a
prerrogativa de exercer, no plano interno, a
competência institucional que lhe foi outorgada,
expressamente, pela própria Constituição da
República. A ESTATURA CONSTITUCIONAL
DOS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE
DIREITOS HUMANOS: UMA DESEJÁVEL
QUALIFICAÇÃO JURÍDICA A SER
ATRIBUÍDA, "DE JURE CONSTITUENDO", A
TAIS CONVENÇÕES CELEBRADAS PELO
BRASIL. - É irrecusável que os tratados e
convenções internacionais não podem
transgredir a normatividade subordinante da
Constituição da República nem dispõem de
11
força normativa para restringir a eficácia
jurídica das cláusulas constitucionais e dos
preceitos inscritos no texto da Lei Fundamental
(ADI 1.480/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO,
Pleno). - Revela-se altamente desejável, no
entanto, "de jure constituendo", que, à
semelhança do que se registra no direito
constitucional comparado (Constituições da
Argentina, do Paraguai, da Federação Russa,
do Reino dos Países Baixos e do Peru, v.g.), o
Congresso Nacional venha a outorgar
hierarquia constitucional aos tratados sobre
direitos humanos celebrados pelo Estado
brasileiro. Considerações em torno desse
tema. CONCESSÃO "EX OFFICIO" DA
ORDEM DE "HABEAS CORPUS". - Afastada a
questão prejudicial concernente à
inconstitucionalidade do art. 4º do Decreto-Lei
nº 911/69, cuja validade jurídico-constitucional
foi reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal,
é concedida, "ex officio", ordem de "habeas
corpus", para determinar, ao Tribunal de
Justiça local, que prossiga no julgamento do
"writ" constitucional que perante ele foi
impetrado, examinando, em conseqüência, os
demais fundamentos de defesa suscitados pelo
réu, ora paciente.

4.

RE 252477 AgR / GO - GOIÁS


12
AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE
Julgamento: 13/02/2001 Órgão
Julgador: Primeira Turma
EMENTA: A orientação jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal, no tocante a prisão
civil do devedor, na alienação fiduciária, já se
firmou, por maioria de votos, a partir do
julgamento do HC 72.131, proferido na Sessão
Plenária de 22.11.95, no sentido de ser
"legítima a prisão civil do devedor fiduciante
que não cumprir o mandato judicial para
entrega da coisa ou seu equivalente em
dinheiro". Agravo regimental a que se nega
provimento.

5.

RE 270296 / GO - GOIÁS
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Julgamento: 13/06/2000 Órgão
Julgador: Primeira Turma
EMENTA: PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO
INFIEL. LEGITIMIDADE. ART. 5º, INC. LXVII,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
JURISPRUDÊNCIA. O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do Habeas Corpus
72.131 (Plenário, 23.11.95), decidiu ser
legítima a prisão civil do devedor fiduciante que
não cumprir o mandado judicial para entregar a
coisa ou seu equivalente em dinheiro, tendo
13
em vista que houve recepção do Decreto-Lei nº
911/69 pela Carta Política atual. Entendimento
reafirmado no julgamento do RE 206.482 e do
HC 76.561 (Plenário, 27.05.98). Recurso
extraordinário conhecido e provido.

6.

HC 77616 / SP - SÃO PAULO


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Julgamento: 22/09/1998 Órgão
Julgador: Primeira Turma
EMENTA: PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO
INFIEL. LEGITIMIDADE. ART. 5º, INC. LXVII,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
JURISPRUDÊNCIA. O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do Habeas Corpus
72.131 (Plenário, 23.11.95), decidiu ser
legítima a prisão civil do devedor fiduciante que
não cumpriu o mandado judicial para entregar
a coisa ou seu equivalente em dinheiro, tendo
em vista que houve recepção do Decreto-Lei nº
911/69 pela Carta Política atual. Orientação
reafirmada no julgamento do Habeas Corpus
76.561 e do RE 206.482 (Plenário, 27.05.98).
Habeas corpus indeferido.

2.2. Julgados do STJ que apoiam a ilegalidade da prisão civil do devedor, em caso
de alienação fiduciária.
14
01.

Emenda: AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE


INSTRUMENTO PARA SUBIDA DE
RECURSO ESPECIAL. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. BUSCA E
APREENSÃO. CONVERSÃO EM AÇÃO DE
DEPÓSITO. POSSIBILIDADE. PRISÃO CIVIL.
INCABIMENTO. Segundo o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, não cabe prisão
civil do devedor que descumpre contrato
garantido por alienação fiduciária (Corte
Especial, EREsp 149.518). O Supremo
Tribunal Federal, no julgamento do Recurso
Extraordinário n. 466.343-SP, decidiu que só o
devedor de alimentos está sujeito à prisão civil.
Agravo a que se nega provimento.

02.

AGA_200500150088
(Acórdão)
STJ
Ministro(a) PAULO FURTADO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/BA)
DJE DATA:12/05/2009
Decisão: 28/04/2009
Emenda: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO
15
CONTRA A DECISÃO QUE INADMITIU
RECURSO ESPECIAL. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE DEPÓSITO. PRISÃO
CIVIL. DESCABIMENTO. PRECEDENTES DO
STJ E ENTENDIMENTO DO STF. 1. A Corte
Especial deste Superior Tribunal de Justiça
proclamou o entendimento de ser incabível a
prisão civil do devedor de contrato com
alienação fiduciária em garantia, conforme
precedente no AgRg nos EREsp 784.627, Rel.
Ministro Fernando Gonçalves, julgado em
16/08/2006. 2. No julgamento do RE
466.343/SP, o STF adotou o entendimento de
que os Tratados e Convenções Internacionais
sobre Direitos Humanos, aos quais o Brasil
aderiu, têm status de norma supralegal, tais
como o Pacto de São José da Costa Rica, cuja
autorização à prisão civil por dívida se limitara
à hipótese de descumprimento inescusável de
prestação alimentícia, desautorizando a prisão
do depositário infiel. Agravo regimental
improvido

03.

HC_200800602597
(Acórdão)
STJ
Ministro(a) NANCY ANDRIGHI
DJE DATA:23/06/2008
Decisão: 17/06/2008

16
Emenda: HABEAS CORPUS. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. BUSCA E APREENSÃO.
CONVERSÃO EM DEPÓSITO. PRISÃO CIVIL.
DESCABIMENTO. 1. A falta de devolução do
bem alienado fiduciariamente não autoriza a
prisão civil do devedor que descumpre contrato
garantido por alienação fiduciária. Precedentes
do STJ. 2. Ordem de habeas corpus
concedida.

04.

AGRESP_200700709637
(Acórdão)
STJ
Ministro(a) HÉLIO QUAGLIA BARBOSA
DJ DATA:24/09/2007 PG:00322
Decisão: 11/09/2007
Emenda: AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA CONVERTIDA
EM DEPÓSITO. DEPOSITÁRIO INFIEL.
PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES
DO STJ. NOVO POSICIONAMENTO DO STF.
AGRAVO IMPROVIDO. 1. Não se admite a
decretação da prisão civil do devedor fiduciário,
em sede de ação de busca e apreensão
convertida em ação de depósito. Precedentes
do STJ. 2. O c. Supremo Tribunal Federal tem
externado novo posicionamento, nesse mesmo
sentido. RE 466.343/SP e HC 90.172-7/SP. 3.
Agravo regimental improvido
17
05.

(Acórdão)
STJ
Ministro(a) ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO
DJ DATA:17/09/2007 PG:00281
Decisão: 28/08/2007
Emenda: Processual civil. Habeas corpus.
Prisão civil. Alienação fiduciária. I - Cabível a
impetração de ordem de habeas corpus
perante o Superior Tribunal de Justiça contra
ato de Desembargador de Tribunal que
indefere medida liminar em outro writ, nos
termos do art. 105, I, alíneas "a" e "c", da
Constituição da República, no caso de
manifesta ilegalidade ou abuso de poder. II - A
falta de devolução do bem alienado
fiduciariamente, nos termos do entendimento
firmado em precedentes da Corte Especial,
não autoriza a prisão civil do devedor que
descumpre contrato garantido por alienação
fiduciária. III - Ordem de habeas corpus
concedida.

06.

AGA_200700137986
(Acórdão)
STJ
Ministro(a) HÉLIO QUAGLIA BARBOSA

18
DJ DATA:20/08/2007 PG:00291
Decisão: 07/08/2007
Emenda: AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE BUSCA E
APREENSÃO CONVERTIDA EM AÇÃO DE
DEPÓSITO. PRISÃO CIVIL DETERMINADA.
INADMISSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Prevalece, no âmbito da colenda Corte
Especial deste Sodalício, o entendimento de
que "não cabe a prisão civil do devedor que
descumpre contrato garantido por alienação
fiduciária." (cf. EREsp nº 149.518/GO, DJ de
28/02/2000, Rel. Min. Ruy Rosado). 2. A
Quarta Turma, igualmente, já se posicionou no
sentido de que "consoante entendimento
pregado pela Corte Especial, em caso de
conversão da ação de busca e apreensão em
ação de depósito, como verificado na espécie,
torna-se inviável a prisão civil do devedor
fiduciário, porquanto as hipóteses de depósito
atípico não estão inseridas na exceção
constitucional restritiva de liberdade,
inadmitindo-se a respectiva ampliação" (cf. HC
nº 55.412-DF, Min. Jorge Scartezzini, DJ de
01/08/2006). 3. Agravo regimental improvido.

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3. CONCLUSÃO

Sentido amplo, a entrega de título pode ser comparada com depósito, quem
entrega um título para que ponha o aceite, ou, em vez de pôr o aceite, o restitua,
confiou na pessoa a quem entrega, enquanto não se devolve o título, fica em
custódia de quem o recebe que há de agir com fidelidade. Seria impertinente que se
interpretasse a palavra "depósito", no texto constitucional. Se alguém tem consigo
um título para receber a prestação que nele se contém, no todo ou em parte, e a
pessoa que tem de fazer o pagamento não o fez e retém o titulo, há infidelidade
manifestada. A lei é que conceitua o "depositário infiel", e o Código de Processo
Civil, art. 885, o fez; portanto, está na forma da lei o dever de devolver por parte de
quem recebeu o título. No Código de Processo Civil também há o art. 662, em que
se diz que, sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar
os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem (cf.
20
art. 579). Como ali, as decisões de prisão fazem ir à justiça penal o julgamento,
porque houve crime, conforme consta da lei penal.

Ou Seja, na prática não há que se cogitar em nosso ordenamento jurídico da


prisão civil por dívida do depositário, até porque, gize-se, a introdução da norma
oriunda do tratado internacional (Art. 7, VII Convenção Americana de Direitos
Humanos - Pacto São José da Costa Rica) se deu posteriormente a promulgação da
Constituição da República de 1988.

4. BIBLIOGRAFIA

BERTOLDI, THIAGO MORAES, Comentários aos artigos 882 a 887 do


código de processo civil. Disponível em:
<http://www.tex.pro.br/wwwroot/00/00882_887_TM.php>, Acesso em: 10 de Set. de
2010.

Jurisprudência Unificada on-line. Disponível em:


<http://www.jf.jus.br/juris/unificada/>. Acesso em: 12 de Set. de 2010.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Jurisprudências. Disponível em:


<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/pesquisarJurisprudencia.asp>. Acesso em
12 de Set. 2010.

21
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Jurisprudência. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/webstj/Pesquisa/MontaPesquisaGenericoJ.asp?
seq_pesquisa=358>. Acesso em: 12 de Set. de 2010.

FILHO, VICENTE GRECO. Direito Processual Civil Brasileiro Vol.: 3,. Ed. Saraiva.
São Paulo, SP. 2008.

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