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PRÁTICA FORENSE E CUSTAS

2018/2019

AS CUSTAS DE PARTE NO REGULAMENTO


DAS CUSTAS PROCESSUAIS

Jéssica Brandão Barbosa

N.º 13330

REGIME PÓS-LABORAL
1. O QUE SÃO CUSTAS DE PARTE?

As custas de parte pertencem ao conjunto das custas processuais, juntamente com a


taxa de justiça e os encargos. Isto está previsto no art.º 3º/1 do Regulamento das Custas
Processuais (doravante RCP) e no art.º 529º/1 do Código de Processo Civil (doravante CPC).
A taxa de justiça é a contraprestação exigida pelo Estado ao utente da Justiça pelo uso
desta e é devida pelo impulso processual de cada interveniente. Está prevista nos arts. 529º/2 e
530º CPC e 6º/1 RCP.
Quanto aos encargos são as despesas a suportar pelas partes no processo, estranhas à
taxa de justiça, correspondendo ao preço das coisas e serviços que sejam necessários para que
efetivamente seja prosseguida a tarefa de decidir em termos judiciais, com garantia por
conseguinte da efetiva prossecução da função jurisdicional. Estão presentes nos arts. 532º CPC
e 16º/1 RCP.
Por último, as custas de parte, constantes dos arts. 533º CPC e 25º/2 RCP, são integradas
pelas despesas que as partes se vêm obrigadas a suportar com vista a haver o benefício do
impulso processual necessário ao desenvolvimento da lide e ao proferimento, no seu respetivo
âmbito, da ou das decisões que à mesma caibam. Pois bem, estas despesas das partes litigantes
haverão de, no final do pleito, ser restituídos pela parte vencida à parte que tenha tido ganho
de causa e que, para a ter, se tenha visto na necessidade de os suportar. Dessas despesas fazem
parte (art.º 26.º n.ºs 2 e 3): taxa de justiça, encargos (inclui despesas com agente de execução),
honorários com agente de execução, honorários com mandatário forense, no máximo de 50%
de todas as taxas de justiça pagas por vencedores e vencidos nos autos, seus apensos e
incidentes [art.º 533º/2 d) in fine CPC].

Para a determinação das custas de parte deve tomar-se em consideração não só as taxas
de justiça que ambas as partes tenham suportado ao longo do litígio, mas também as taxas de
justiça relativas a procedimentos ou incidentes que tenham sido desencadeados no âmbito
global do litígio.
A este propósito, até se levanta um problema curioso: imaginemos que A inicia um
determinado processo pela via da interposição prévia de um procedimento cautelar, o qual virá
a ser apenso à ação principal e que A decai neste, mas acaba por obter total ganho de causa na
ação principal. Será que nas custas de parte finais deverão incluir-se as taxas de justiça
suportadas pelas partes no decurso da providência cautelar, quando é certo que a parte
vencedora, apesar de o ser, ter decaído no procedimento cautelar?

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A resposta parece ser positiva: o litígio, com efeito, fica terminado com a decisão judicial
final de quem seja parte definitivamente vencida e de quem seja parte definitivamente
vencedora, sendo irrelevante que esta última tenha decaído no âmbito de um qualquer
procedimento ou incidente, decorrendo esta perspetiva da circunstância do art.º 26º/4 do RCP
de todo não distinguir entre procedimentos e incidentes com ou sem ganho de causa.

2. REGIME JURIDICO DAS CUSTAS DE PARTE

As custas de parte vêm regulamentadas nos arts. 25º e 26º do RCP, havendo também
que ter em atenção o articulado da Portaria Nº. 419-A/2009, de 17 de Abril. E, naturalmente, as
disposições do CPC que se lhe referem, às custas de parte.
O REGULAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º
34/2008, de 26-02, com a Declaração de Retificação n.º 22/2008, de 24-04, alterado por: Lei n.º
43/2008, de 27-08, Decreto-Lei n.º 181/2008 de 28-08, Lei n.º 64-A/2008 de 31-12, Lei n.º 3-
B/2010 de 28.04, Decreto-Lei n.º 52/2011, de 13-04, Lei n.º 7/2012 de 13-02, Lei n.º 66-B/2012
de 31-12, DL n.º 126/2013 de 30-08, Lei n.º 72/2014, de 02.09, DL n.º 86/2018, de 29-10 e, mais
recentemente, Lei n.º 27/2019, de 28-03.

2.1. O DIREITO AO REEMBOLSO DAS CUSTAS DE PARTE

‘’A taxa de justiça corresponde ao montante devido pelo impulso processual do


interessado" – di-lo o art.º 6º, nº. 1 do RCP, ou seja, o interessado deve pagar a taxa de justiça
no momento em que desencadeia o impulso processual.
A outra parte, se quiser por seu turno dar impulso processual, por via da contestação,
terá também de proceder ao pagamento da taxa de justiça.

No final do litígio, concluindo quem seja a parte vencedora e, inerentemente, aquela


que tenha saído perdedora, a decisão final esclarece que a parte que tenha decaído é condenada
no pagamento das custas judiciais ao Estado, e também das custas de parte, estas a serem pagas
à parte vencedora e a título de reembolso do que esta tenha suportado com o litígio. Isto mesmo
se alcança do disposto no arts. 527º/1 do CPC e 26º, nº. 1 do RCP.
Concluindo, é no momento da decisão judicial que efetivamente nasce em concreto o
direito ao reembolso das custas de parte, a favor da parte vencedora no litígio e na proporção
desse vencimento.

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2.2. INTERPELAÇÃO PARA O PAGAMENTO DAS CUSTAS DE PARTE

Para haver o efetivo pagamento, a parte que tenha direito às custas de parte terá de
assegurar a interpelação da parte sobre que pertença a obrigação de as pagar. Para tanto,
deverá, a parte credora, produzir uma nota discriminativa e justificativa, onde sejam
consignadas todas as despesas a serem alvo de reembolso, remetendo ao tribunal da causa,
onde ficará a mesma inserida nos autos; e naturalmente também à parte vencida: para que esta
então cumpra o seu pagamento, cumprindo a obrigação que sobre si tenha passado a pertencer
desde o momento do proferimento da sentença condenatória em custas e custas de parte; e
ainda ao agente de execução – arts. 25º/1 e 26º/3 do RCP.

Esta interpelação é absolutamente necessária, uma vez que, se a mesma não for feita
no prazo legal, isso determina a caducidade do direito de haver um tal reembolso: terá havido
uma condenação no pagamento das custas, e também das custas de parte; esta decisão
condenatória determina o nascimento da obrigação de pagamento; mas, para que uma tal
obrigação se vença, tem a mesma de ser imposta pelo credor ao devedor através da interpelação
para pagamento, a qual se contém na nota discriminativa e justificativa.

2.3. QUAL O PRAZO PARA A INTERPELAÇÃO PARA PAGAMENTO DAS CUSTAS DE


PARTE?

O art.º 25º/1 do RCP confirma a interpelação para pagamento deve ser realizada dentro
do prazo de dez dias a contar do momento em que se verifique o trânsito em julgado da decisão
condenatória das custas, ou do momento em que se verifique a notificação de que foi paga a
totalidade do pagamento ou do produto da penhora de bens. O mesmo artigo acrescenta que a
esta nota discriminativa e justificativa pode ser retificada no prazo de dez dias, após a notificação
da conta de custas.

Observada a interpelação pela parte vencedora à parte vencida para que esta pague as
custas de parte, parece conveniente que se garanta a junção aos autos de cópia dessa mesma
notificação e do comprovativo de que a mesma se tenha verificado. E isto é assim na exata
medida em que, acaso haja o incumprimento da obrigação em consideração pela parte vencida
e acaso, por isso, se torne necessário avançar com um procedimento executivo, então tudo fica
simplificado. É importante que a notificação para pagamento das custas de parte abranja em si
a liquidação de tal obrigação. E apenas assim, de resto, será válida essa notificação.

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O art.º 31º/1 da Portaria Nº. 419-A/2009, de 17 de abril evidencia ainda: "as partes que
tenham direito a custas de parte devem enviar para o tribunal e para a parte vencida a respetiva
nota discriminativa e justificativa...".

2.4. O CONTEÚDO DA INTERPELAÇÃO PARA O REEMBOLSO DAS CUSTAS DE PARTE

Da nota discriminativa e justificativa deve constar o conjunto de elementos que constam


elencados no art.º 25º/2 do RCP.
São os seguintes os elementos que devem ser referidos em tal notificação:
a) Da "nota justificativa" deverão constar os elementos necessários à completa identificação,
pela parte recetora da interpelação, do processo a que a mesma se refira, ou seja: indicar-
se-ão as partes que tenham estado envolvidas no processo, o concreto processo em cujo
âmbito se faça a interpelação, a identificação do mandatário e também a identificação do
agente de execução, se for o caso;
b) Em sede de rubrica autónoma, dar-se-á comunicação de todas as quantias que hajam sido
sustidas como taxas de justiça;
c) Também em sede de rubrica autónoma, far-se-á notação de todo o valor despendido a
título de encargos e prévias despesas do agente de execução;
d) Ainda em sede também de rubrica autónoma, serão esclarecidas as quantias pagas como
honorários de mandatário ou de agente de execução, mas isso não deverá fazer-se quando
estas importâncias excedam o valor indicado no artº. 26º, nº. 3, alínea c), ou seja, quando
sejam superiores a 50% da soma das taxas de justiça que tenham sido pagas pela parte
vencida e pela parte vencedora, isto porque, em tal hipótese, o direito da parte vencedora
circunscreve-se a um tal limite;
e) Por último, indicar-se-á a o exato valor total que se pretenda receber da parte responsável
pelo reembolso das custas de parte.

2.5. QUAL O PRAZO DE PAGAMENTO DAS CUSTAS DE PARTE?


Após confirmada que seja a notificação da parte vencedora à parte vencida para que
tenha lugar, por esta, o pagamento das custas de parte, então deverá a parte vencida, por ter
ficado arremetida definitivamente na obrigação de pagamento, de proceder ao mesmo, apenas
assim se absolvendo de tal sua obrigação. Isto caso a parte que tenha sobre si a responsabilidade
das custas de parte não optar por apresentar reclamação da conta que lhe seja apresentada.

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Porém, qual o prazo para o cumprimento desta obrigação de pagamento das custas de
parte?
A solução para esta questão não consta expressamente do RCP, pois em parte alguma
deste diploma se prescreve em que prazo é que o responsável pelo pagamento das custas de
parte deve de as pagar, ou seja, qual é o momento a partir do qual se verifica uma situação
moratória no decurso de um eventual não pagamento oportuno das mesmas.
Contudo, a propósito das custas judiciais propriamente ditas, estabelece-se no art.º
31º/1 do RCP que "a conta é sempre notificada..., e à parte responsável pelo pagamento, para
que, no prazo de 10 dias,..., efetuem o pagamento". Por seu turno, de alguma forma
regulamentando esta disposição, estabelece o art.º 28º/1 da Portaria Nº. 419-A/09 de 17 de
abril que "o prazo de pagamento voluntário da conta é de 10 dias".
É adequado que às custas de parte se aplique o mencionado critério, ou seja, dando-se
como assente que, assegurada que seja a interpelação para o pagamento das custas de parte,
este pagamento deve ser feito no prazo de dez dias e, não o sendo, gerar-se-á uma normal
situação moratória.
Aliás, no mesmo sentido sempre também se poderá invocar o disposto no art.º 149º/1
do CPC, disposição esta segundo a qual "é de dez dias o prazo para as partes requererem
qualquer ato ou diligência, arguirem nulidade, deduzirem incidentes ou exercerem qualquer
outro poder processual", isto quando se verifique que não há uma qualquer disposição de
natureza especial que disponha distintamente em termos de consagração de um prazo próprio.

3. REFORMA E RECLAMAÇÃO DA CONTA DE CUSTAS DE PARTE

Conforme o art.º 26º-A, a reclamação é apresentada no prazo de 10 dias, a contar da


notificação da nota, devendo ser decidida pelo juiz em igual prazo e notificada às partes. É de
realçar que, para que o interpelado possa reclamar da conta de custas de parte, terá,
primeiramente, de proceder legal e obrigatoriamente ao depósito da totalidade do valor da
nota. São aplicáveis subsidiariamente, com as devidas adaptações, as disposições relativas à
reclamação da conta constantes do artigo 31.º do RCP.
Após decisão da reclamação, a mesma poderá ser alvo de recurso em um grau caso o
valor da nota exceder 50 UC.
Da Portaria Nº. 419-A/2009, de 17 de abril, do seu art.º 33º resulta a mesma solução.
Este concede o direito de reclamação da nota justificativa das custas de parte ao obrigado ao
seu pagamento. Para proceder à mesma o obrigado tem o prazo de dez dias contado desde a

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sua notificação, sendo ónus do reclamante assegurar a necessária fundamentação da sua
reivindicação.
O juiz, destinatário da reclamação, deverá, por seu turno, resolver a mesma em o prazo
também de dez dias, sendo a sua decisão naturalmente enviada às partes e para que estas a
obedeçam nos termos em que devem ser cumpridas quaisquer decisões judiciais.
É condição de apreciação da reclamação o depósito, à ordem do tribunal, da totalidade
do valor da nota das custas de parte, isto é, este depósito deve acontecer previamente à
reclamação e ser comprovado concomitantemente com a apresentação do respetivo
instrumento.

Não será inconstitucional que para se proceder à reclamação se proceda ao pagamento


total do valor da nota?
O Tribunal Constitucional decretou inconstitucional a norma que obriga quem queira
reclamar das chamadas “custas de parte” a, previamente, depositar junto do tribunal o total do
valor pedido. Estava em causa o direito do acesso à justiça, consideraram os magistrados.
Reclamar das custas judiciais sempre que se perde uma ação em tribunal deixa de
obrigar ao prévio depósito do valor total em causa. A modificação resulta do Acórdão do Tribunal
Constitucional n.º 280/2017, que atentou que essa norma legal violava a Constituição da
República Portuguesa (CRP). Isso porque esta obrigatoriedade foi criada pelo Governo através
de Portaria, quando só a Assembleia da República poderia ter legislado sobre esta matéria, que
envolve o direito de acesso à justiça. A decisão tem força obrigatória geral, ou seja, a norma em
questão deverá ser aniquilada do ordenamento jurídico e deixa, assim, de poder ser aplicada.
Ora, o que acontece, lê-se no Acórdão emitido pelo TC, é que no RCP nada se diz quanto
à reclamação da conta de custas de parte, "nem sequer se chega a referir que tal matéria será
regulamentada em portaria". Mas o que é certo é que se a parte que perdeu a causa não
concordar com a conta que lhe é apresentada, pode reclamar dela. E, através de uma portaria
de 2012, assinada pela então ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, o Governo veio a
determinar que "a reclamação da nota justificativa está sujeita ao depósito da totalidade do
valor da nota" no tribunal. Ou seja, não havendo dinheiro, nada feito.
Porém, entendeu o TC, a matéria em causa não poderia ser regulada através de Portaria.
Porque, na prática, se estão a impor condições a uma possibilidade de reclamação e isso "afeta,
sem dúvida, o direito fundamental de acesso ao direito e à tutela jurisdicional efetiva,
consagrado na CRP". Uma restrição do direito de acesso à justiça que, diz o TC, é "análogo a um
direito, liberdade e garantia" e, por isso, apenas a Assembleia da República – ou o Governo,
através de decreto-lei autorizado – poderia ter legislado sobre ele.

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Tendo tal acontecido através de Portaria, estamos perante uma inconstitucionalidade
orgânica, por violação do princípio da competência reservada da Assembleia da República,
concluem os magistrados.

4. PAGAMENTO DAS CUSTAS DE PARTE EM PRESTAÇÕES


O RCP consagra a eventualidade de o devedor das custas judiciais apresentar pedido ao
juiz da causa no sentido de, verificados que sejam determinados pressupostos, poder pagar as
mesmas faseadamente, isto é, em prestações.
Contudo, será possível, na verdade, requerer essa possibilidade com a condição de o
valor a pagar ser igual ou superior a 3 UC (art.º 33º/1).
Enunciado que seja um pedido desta índole, o qual deverá ser corretamente
fundamentado com a explanação das razões de facto dele potenciadoras, terá lugar então um
aumento de 5% dessas mesmas custas e as mesmas poderão então ser pagas em 6 ou em 12
prestações mensais sucessivas, sendo esta dicotomia aplicada em função dos montantes
envolvidos – até 12 UC ou até 20 UC - e também em função de tratar-se de pessoa singular ou
pessoa coletiva, respetivamente. Neste último caso, o valor de cada prestação não poderá ser
inferior a meia unidade de conta.
Caso os valores enunciados acima - até 12 UC ou até 20 UC – sejam ultrapassados,
independentemente de se tratar de pessoas singular ou pessoa coletiva, o pagamento será
faseado até 12 prestações, cada uma com valor não inferior a 1 UC.
A parte obrigada a proceder ao pagamento enviará ao juiz um plano de pagamento que
respeite estas regras, aquando do requerimento do pedido de pagamento em prestações.
O pagamento da primeira prestação terá de se realizar no prazo de dez dias a contar da
notificação do deferimento por parte do juiz do pedido enunciado anteriormente e as restantes
no mesmo dia dos meses seguintes.
É de salientar que a falta de pagamento de uma prestação implica o vencimento das
restantes.

5. O INCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO DAS CUSTAS DE PARTE


5.1. O DIREITO DE RETENÇÃO DO TRIBUNAL (ART.º 34º RCP)

O não pagamento voluntário dentro do prazo das custas, multas ou outras quantias
contadas possibilita ao Tribunal, pelo menos até à decisão definitiva de eventual reclamação,

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reter bens, direitos ou dinheiro que esteja na sua posse ou à sua ordem que provenha de caução
depositada pelo responsável pelas custas; de arresto, consignação em depósito ou mecanismo
similar, relativos a bens ou quantias de que seja titular o responsável pelas custas; da
consignação, venda ou remição relativa a bens penhorados que fossem propriedade do
responsável pelas custas e deva ser cedido ao responsável pelas custas.
O não pagamento voluntário no respetivo prazo das custas, multas ou outras quantias
contadas possibilita também ao Tribunal, após a decisão definitiva de eventual reclamação,
pagar-se diretamente de quantias depositadas à ordem do Tribunal, pela seguinte ordem de
prioridade:
a) Taxa de justiça;
b) Outros créditos do Instituto de Gestão Financeira e das Infraestruturas da Justiça, I.P.;
c) Créditos do Estado;
d) Reembolsos a outras entidades por força de colaboração ou intervenção no processo,
incluindo os honorários e despesas suportadas pelo agente de execução, que não seja oficial de
justiça.

5.2. EXECUÇÃO (ART.º 35º RCP)

O não pagamento voluntário das custas, multas não penais e outras quantias contadas
e a impossibilidade de cobrança direta por quantias depositadas à ordem do Tribunal faz com
que, existindo bens penhoráveis previsivelmente suficientes do devedor, a Administração
Tributária promova em execução fiscal a cobrança coerciva. Se, nas mesmas circunstâncias
expostas, os devedores estiverem sediados no estrangeiro, cabe ao Ministério Público a
promoção da execução através de obtenção de título executivo europeu.
O art. 35º/5 RCP indica que a execução por custas de parte segue as regras do artigo
626.º do CPC.
Contudo, não seria necessária esta remição. Desde logo temos uma decisão judicial
condenatória também no pagamento das custas de parte. E tal decisão judicial é naturalmente
integrativa de um normal título executivo, como decorre do disposto no artº. 703º/1, a) do CPC.
Pelo que o que se impõe fazer é atuar, em termos executivos, esse mesmo título executivo que
tem a exata natureza de "sentença condenatória".
Para o efeito necessário é também que, como visto, tenha tido lugar a tempestiva
interpelação para o pagamento dessas mesmas custas de parte e que isso se tenha verificado
com integral cumprimento das necessárias formalidades.

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Assim, munida que seja do aludido título executivo e com a liquidação feita, a parte que
seja credora das custas de parte pode instaurar um vulgar procedimento executivo contra a
parte delas devedora e isto para assim haver a natural tutela do seu direito de crédito.

6. PRESCRIÇÃO (ART.º 36º RCP)

O crédito por custas e o direito à devolução de quantias depositadas à ordem de


quaisquer processos prescrevem no prazo de 5 anos. Tal prazo começa a contar a partir do
momento da notificação do direito a pedir a devolução.

7. AS CUSTAS DE PARTE NO PEDIDO CÍVEL ENXERTADO NO PROCESSO PENAL

A propósito da matéria das custas de parte no âmbito do pedido cível inserido no


processo penal, importa referir que, em termos gerais, com extensão por conseguinte das custas
judiciais e das custas de parte, estabelece o art.º 523º do Código de Processo Penal (doravante
CPP) que "a responsabilidade por custas relativas ao pedido de indemnização cível são aplicáveis
as normas do processo civil", aditando o art.º 524º deste diploma a aplicabilidade subsidiária do
"disposto no Regulamento das Custas Processuais".
Mas, para além daquelas regras – e as mesmas bastariam para concluir-se pela hipótese
de exigência do pagamento de custas de parte –, há também que ter em atenção a enunciação
expressa do art.º 377º/3 do CPP e que vai no aludido e exato sentido. Aqui se estabelece, com
efeito, que, "havendo condenação no que respeita ao pedido de indemnização cível, é o
demandado condenado a pagar as custas suportadas pelo demandante nessa qualidade e, caso
cumule, na qualidade de assistente". Pois bem: estas custas, em que o demandado cível em
processo penal seja condenado a pagar ao demandante, têm a exata natureza de custas de
parte, devendo a sua reivindicação cumprir os contornos definidos no RCP.

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