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A lei do Tabaco tem incorrecções …

… tenham coragem, admitam-nas e alterem-na!


Não vamos discutir as evidências que já toda agente conhece, tais como, as 650 mil mortes que
todos os anos acontecem só na União Europeia provocadas pelo acto de fumar (?) - 80 mil destas
pessoas apenas estão no local errado à hora errada.
A Lei nº37/2007 visa a protecção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo de tabaco, EIT,
ao proibir o acto de fumar em recintos fechados quer sejam destinados a trabalho ou a recreio. Mas,
abre excepções. Excepções para áreas em que, sim, nessas é permitido fumarem, pois nelas os não
fumadores estão defendidos, não correm nenhum risco dos apontados ao fumo do tabaco,
(queremos nós entender). Essas áreas, especiais certamente, têm que, para além da indispensável
sinalização, garantir a ventilação directa para o exterior através de sistema de extracção de ar que
proteja, dos efeitos do fumo, os trabalhadores e os clientes não fumadores, e ainda sejam separadas
fisicamente das restantes instalações, ou disponham de dispositivo de ventilação, ou qualquer outro,
desde que autónomo, que evite que o fumo se espalhe às áreas contíguas, tal como está descrito nas
alíneas a), b) e c) do nº5, do Artigo 5º.
Isto até parece que faz sentido, não fora o facto de se saber que a única forma de não existir
quaisquer riscos para os ocupantes dos edifícios é a total interdição de fumar. Por outro lado, é do
conhecimento técnico e científico, que a ventilação apenas pode diminuir os efeitos da EIT, não
erradicá-los. Mais, estes factos são do conhecimento geral e são de tal modo evidentes que já nem
as tabaqueiras os contestam.
Assim não percebemos quais são as verdadeiras intenções da Lei nº 37/2007 ao colocar as referidas
excepções. Mais confusos ficamos ao ler o estudo interpretativo que a DGS emitiu no seu site, em
27 de Dezembro e donde salientamos - “É afirmado pela Organização Mundial de Saúde, nas
Policy Recomendations 2007 – Protection from exposure to second-hand tobacco smoke, e outras
entidades Internacionais, que os sistemas de ventilação actualmente disponíveis não são
suficientemente eficazes para eliminar totalmente essa exposição.” Note-se que a frase “sistemas
de ventilação actualmente disponíveis” foi aqui convenientemente colocada e não pode ser inferida
do documento referido da OMS. Continuando, “Tal não obsta a que seja legalmente admissível a
sua utilização, em alternativa à separação física das restantes instalações, considerando,
designadamente, que esta Lei entra em vigor por um período de tempo indeterminado.” Esta
argumentação contradiz o documento da OMS, e que chama a atenção para o facto de que nem a
separação física elimina os efeitos do EIT. “Torna-se então necessário clarificar quais os
requisitos técnicos a que devem obedecer os sistemas de ventilação, no sentido de impedir que o
fumo se espalhe às áreas contíguas. Na impossibilidade de o fazermos por manifesta incapacidade
técnica, remetemos para os requisitos de qualidade do ar interior exigíveis nos termos da lei, e que
descrevemos no ponto seguinte” e, imaginem só, é para a Regulamentação Térmica, nomeadamente
o RSECE, que nos remete o referido ponto seguinte, e que para não entrar em detalhe, diremos
apenas que se trata de uma legislação que foi preparada em 2003 – não tendo portanto em conta
todos os acontecimentos entretanto ocorridos na Europa relativos a este tema, e ainda, a importante
declaração da ASHRAE sobre a EIT em 2005, e a aprovação do livro verde em 2007, onde o
Parlamento Europeu insta os Estados-Membros a introduzirem, no prazo de dois anos, uma
proibição total de fumar em todos os locais de trabalho fechados, incluindo nos estabelecimentos de
restauração, e em todos os edifícios públicos fechados e meios de transporte na UE.
Assim resta-nos questionar o porquê de tanta confusão. Afinal os dispositivos referidos na alínea b)
do nº5 Artigo 5º não existem e não é por não terem sido ainda inventados, nem pela incapacidade
técnica de ninguém, é porque simplesmente, pelas leis da física, não é possível conciliar espaços
abertos de fumadores com não fumadores, sem que isso constitua um risco para os não fumadores –
facto este que é substanciado quer pela OMS quer pela ASHRAE. A Lei nº37/2007 tem
incorrecções que não servem o seu objectivo, e neste momento corre o risco de ser substituída por
uma interpretação de conveniência…Por isso, tenham coragem, admitam-nas e alterem-na!
Ernesto F. Peixeiro Ramos

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