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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
APLICAÇÃO DO CONTROLE
ESTATÍSTICO DE PROCESSO: ESTUDO
DE CASO EM UMA EMPRESA DE
CALÇADOS
avançadas de produção”
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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
1. Introdução
O mercado competitivo proporciona às empresas um ambiente desafiador de sobrevivência,
onde o escopo de melhorias que identificam a presença da qualidade no desempenho
estratégico, tático e operacional tende a garantir aos clientes o produto no nível padrão
desejado (DOS SANTOS et al., 2017).
O planejamento estratégico de uma empresa associado à utilização de ferramentas, como as
da qualidade, é imprescindível às empresas que desejam o sucesso perante as frequentes
mudanças ambientais (ALBUQUERQUE et al., 2016). Além disso, são ferramentas como
estas que contribuem com o direcionamento dos esforços das empresas para a resolução mais
assertiva dos seus problemas mais importantes ou críticos (MIRANDA et al., 2015).
Desta forma, os gráficos de controle, introduzidos em 1924 por Walter A. Shewhart, têm
como objetivo controlar a variabilidade dos processos, possibilitando ajudar aqueles que
buscam melhorar seus meios de produção. Estes gráficos são extremamente úteis para
verificar se as variações observadas em um processo são decorrentes de causas comuns ou de
causas especiais (WOODALL & MONTGOMERY, 1999).
Assim, a redução da variabilidade do processo é uma etapa importante do processo de
melhoria contínua da qualidade. O Controle Estatístico do Processo (CEP) constitui-se como
uma eficiente ferramenta na redução de tal variabilidade, pois, com o auxílio de seus cálculos
estatísticos, é possível detectar as causas da variação. Quando essas causas são corrigidas, a
variabilidade do processo é reduzida, e o desempenho do processo é melhorado (COSTA,
EPPRECHT & CARPINETTI, 2004).
O objetivo deste trabalho é demonstrar como o CEP pode auxiliar na manutenção de uma
variável a ser controlada, proporcionando economia nos custos da produção e garantindo a
qualidade na produção de determinado item de uma empresa de fabricação de calçados de
borracha, localizada na região Nordeste. As empresas localizadas nesta região são,
predominantemente, voltadas à produção de calçados de plástico/borracha (ABICALÇADOS,
2016).
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Em 2014, o volume de produção de calçados no Brasil teve uma queda, e essa tendência de
queda passou por um aprofundamento da retração em 2015 devido às dificuldades inerentes
da crise econômica enfrentada pelo país (ABICALÇADOS, 2016). Apesar de a produção
industrial brasileira ter fechado com queda de 6,6% no final de 2016, a categoria de produtos
de borracha e de material plástico teve uma contribuição positiva, com alta de 8,3% (IBGE,
2017).
Diante do exposto, esta pesquisa será conduzida com um estudo de caso realizado em uma
indústria de calçados, a fim de verificar a variabilidade do peso em um determinado processo
de fabricação de calçados de borracha através da utilização do CEP. Após o levantamento e a
análise dos dados, ações foram propostas e implementadas, visando controlar a variável em
questão e melhorar o processo.
Este trabalho está organizado em cinco capítulos. O presente capítulo contém a introdução do
trabalho, destacando a contextualização do problema e o objetivo da pesquisa. O segundo
capítulo apresenta a metodologia, com as características técnicas para elaboração da pesquisa
e, no terceiro capítulo, o referencial teórico traz os conceitos de CEP e Capabilidade de
Processos. No quarto capítulo, apresenta-se o Estudo de Caso, caracterizando a empresa e a
descrição do problema. O quinto capítulo relata a conclusão do trabalho.
2. Metodologia
O presente trabalho possui finalidade aplicada, pois possui interesse prático imediato, e
caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, com objetivo de trabalhar com dados ou fatos
coletados da realidade (CERVO et al., 2007). Quanto à natureza, a pesquisa combina
características quantitativas, sendo possível a mensuração dos dados, e qualitativas, dada a sua
necessidade de explicar os resultados da pesquisa quantitativa (MIGUEL et al., 2012).
A pesquisa será conduzida como um estudo de caso, caracterizado por investigar um
fenômeno contemporâneo inserido em algum contexto da vida real (YIN, 2005), que, neste
caso, será realizado em uma indústria de calçados, localizada na região Nordeste.
A técnica de pesquisa utilizada para coleta de dados foi a documentação indireta, através da
fundamentação teórica e revisão bibliográfica sobre CEP e Capabilidade de Processo, a fim de
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O gráfico da média (ou X ) e o gráfico da amplitude (ou R) são os mais usados entre todos os
tipos de Gráficos de Controle, e monitoram, respectivamente, a variação da média e da
amplitude. A Figura 1 apresenta as fórmulas utilizadas nos dois tipos de gráficos citados
anteriormente.
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N 2 3 4 5 6 7 8
N 9 10 11 12 13 14 15
Deming (1990) destaca como sendo metas do CEP: melhoria da qualidade, melhor
conhecimento do processo e identificação de onde introduzir melhorias; aumento da
quantidade de produtos produzidos sob condições ótimas de produção; redução do custo por
unidade; economia na redução do nível de produtos defeituosos, refugos e retrabalhos;
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Estes índices deverão ser classificados de acordo com os seguintes critérios, conforme a
Tabela 3.
Tabela 3 - Interpretação do índice Cp ou Cpk
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Figura 2 - Variação em gramas dos pesos dos cartuchos na fábrica de calçados de borracha
Quantidade
25
22
21
20 19
18
15
12 12
10 8
0
145g — 150g 150g — 155g 155g — 160g 160g — 165g 165g — 170g 170g — 175g 175g — 180g
Faixa de pesos
Um dos maiores problemas, era a grande variação do peso. O Laboratório da fábrica, que
controla a qualidade do material, estabelece uma variação de cerca de 4 gramas (±2 gramas)
como ideal para que a produção se baseie na preparação dos cartuchos. Já a Engenharia
considera, para as especificações dos cartuchos, uma variação de até 15 gramas (±7,5
gramas), pois, segundo ela, essa margem é suficiente para garantir o produto e não aumentar
demasiadamente a dificuldade da operação. Sendo eles muito leves, ocorre a falta de material,
enquanto que cartuchos muito pesados acarretam numa enorme quantidade de rebarba, ou
seja, de material excedente.
4.2. Resultados e conclusões
A busca pela estabilidade do peso dos cartuchos e a impossibilidade da máquina responsável
pela fabricação em padronizar os pesos fizeram com que a empresa buscasse outro método de
fabricação. O método inicialmente proposto foi a preparação dos cartuchos mecanicamente,
com o auxilio de uma guilhotina. Para a surpresa da alta administração e dos próprios
colaboradores do setor, este processo mostrou-se mais estável, mas somente após uma análise
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mensurada das dimensões dos cartuchos, ou seja, a adequação das dimensões dos cartuchos
para cada número de pé.
O trabalho posterior foi de treinamento dos colaboradores sobre o CEP e métodos de trabalho
para que fossem seguidas as dimensões preestabelecidas, a fim de minimizar as possíveis
variabilidades na preparação dos cartuchos, pois houve uma grande resistência na adoção do
novo método.
Após a preparação e a mensuração desta análise inicial, estudos estatísticos foram propostos
com a finalidade de monitorar o peso dos cartuchos neste novo processo produtivo, reduzir os
índices de refugo e retrabalho e reduzir na variabilidade das características de qualidade do
produto produzido.
Foram feitos diversos histogramas para mostrar a diminuição significativa da variabilidade do
processo, onde resultados expressivos de variações de até 10 gramas (±5 gramas) foram
obtidos. No entanto, ainda não se conseguira as metas propostas pelo Laboratório da empresa
(apesar das metas já se encontrarem dentro da proposta da Engenharia), mas já se encontrava
bem próximo.
As amostras baseavam-se em retirar certa quantidade de cartuchos dentro de certo intervalo de
tempo. A Figura 3 apresenta a retirada de 32 grupos, de tamanho 4 cada, para um devido
turno de trabalho.
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σ̂ 0 σ̂ 0
LSC X = μ̂ 0 3 LSC X = μ̂ 0 3
n n
2,31989 2,31989
LSC X = 132,38 3 LSC X = 132,38 3
4 4
LSC X = 135,85 LSC X = 128,90
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138
136
134
X barrbarr
132
130
128
126
124
1 5 9 13 17 21 25 29
Número da amostra
12
10
8
Amplitude R
0
1 5 9 13 17 21 25 29
Número da amostra
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Com o auxílio dos gráficos das Figuras 5 e 6, foi possível analisar que o material apresentava
uma série de comportamentos não aleatórios, o que inferia ainda em um descontrole do
processo, mesmo ele estando dentro dos limites de controle.
Assim, uma série de ações foi adotada para tentar controlar a variável peso: 1) realizar ajustes
nas máquinas, que visou aumentar a precisão no corte dos cartuchos de borracha (precisão
esta pretendida para melhorar as réguas usadas na medição); 2) melhorar as lâminas para
promover um corte melhor; 3) trocar algumas peças por novas, como o acrílico que envolve
as lâminas (o envolvimento é feito por questões de segurança) com a finalidade de promover
uma melhor visualização do operador no posicionamento das tiras de borracha; 4) promover
intensificados debates com os operadores envolvidos sobre como melhorar a maneira de se
fazer o serviço. Propôs-se a disponibilização do material adequado para eles; conscientização
da importância do trabalho deles no corte do cartucho, pois diminuiria a variação do peso e
perda do material, e intensificação das inspeções, para verificar se o peso e as dimensões dos
cartuchos estavam sendo mantidas e estabilizadas, visando prover melhorias no processo.
Após algumas semanas de testes, obteve-se variações de 7 gramas (±3,5 gramas), sendo os
resultados apresentados na Figura 7.
Figura 7 - Amostras (pesos em gramas) retiradas num turno de trabalho após as ações de melhorias
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Os limites de controle, calculados a partir da Figura 7 para a construção das cartas de controle
X e R, estão dispostos na Figura 8.
Figura 8 - Cálculo dos limites de controle após as ações de melhorias
1,887911 1,887911
LSC X = 132,38 3 LSC X = 132,38 3
4 4
LSC X = 135,30 LSC X = 129,64
Fonte: Os Autores (2017)
136
135
134
133
X barrbarr
132
131
130
129
128
127
126
1 5 9 13 17 21 25 29
Número da amostra
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10
8
7
Amplitude R
5
4
3
2
1
0
1 5 9 13 17 21 25 29
Número da amostra
Os gráficos das Figuras 09 e 10 mostram um controle do processo bem mais apurado. Devido
à matéria-prima (borracha) já ser bastante difícil de estabilizar, os resultados obtidos já se
tornam bastante satisfatórios tanto para a produção quando para o laboratório.
Após o estudo das variações do processo, a Capabilidade do Processo pôde ser mensurada. Os
índices de especificações definidos pela Engenharia, para o tipo de cartucho analisado, são de
140g (LSE) e 125g (LIE), visto que a Engenharia considera essa faixa bastante satisfatória
para a produção neste tipo de cartucho. Assim, tem-se para o cálculo do Cpk:
Cpk mín1,329043;-1,31939* ;
Cpk mín1,33;1,32 ;
* = considera-se o módulo.
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Cpk 1,32 .
Cp 1,32.
Fonte: Os Autores (2017)
Este resultado, da comparação entre Cpk e Cp serem praticamente iguais, indica que o
processo está centrado no valor nominal, o que mostra ser bastante satisfatório para os
resultados, pois levando em conta que o índice Cp mede a dispersão do processo com relação
aos limites de especificação sem levar em conta a localização da média do processo, é
possível que se tenha uma porcentagem de itens fora das especificações, mesmo com um Cp
alto, devido a uma localização da média do processo suficientemente próxima ao limite de
especificação. Já o índice Cpk, determina a distância entre a média do processo e o limite de
especificação mais próximo. Então, se o processo possui um baixo Cpk,, o índice Cp deve ser
verificado para determinar se a variabilidade é demasiadamente alta. Se Cp é próximo ao
valor de Cpk, então a locação do processo não representa um problema.
Com relação à economia obtida, o nível de material prensado com os novos cartuchos que
apresentaram problemas diminuiu de 35% para cerca de 12% (calçados com problemas após a
prensagem), sendo este dado fornecido após estudos do Laboratório comparando os resultados
antes e após o desenvolvimento do trabalho.
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Com relação aos operadores, os treinamentos oferecidos partiram desde conceitos mais
simples, como os conceitos de processo, controle, qualidade, etc., até o próprio estudo do
CEP, que foram apresentados a eles pelos colaboradores dos setores de Engenharia Industrial,
Laboratório, PCP e Produção. Os treinamentos partiram do aval da alta gerência com o intuito
de promover a instrução e capacitação adequada dos funcionários do setor que participavam
da fabricação das calçados de borracha. Estes treinamentos duraram cerca de 8 semanas, com
aulas de uma a duas vezes por semana. Essas aulas mostraram tanto na teoria quanto na
prática como os assuntos abordados podiam ser aplicados no contexto da Empresa X, sendo
fundamentais ao desenvolvimento dos operadores. Foi notória a percepção deles de como era
importante a sua dedicação para que o trabalho fosse realizado com sucesso.
5. Conclusão
Neste trabalho, buscou-se apresentar uma visão geral da qualidade e da utilização do Controle
Estatístico do Processo (CEP) como ferramenta de análise do comportamento de processo e
sua melhoria. Foram apresentadas as características principais dos Gráficos de Controle mais
utilizados, os índices de capacidade de um processo, cuidados que devem ser tomados na sua
aplicação e um estudo de caso demonstrando a aplicação do CEP.
Selecionou-se para o estudo uma empresa na área de calçados, fabricante de calçados de
borracha. Sendo a linha de produção escolhida, uma linha nova, diferente das demais, por se
tratar de um produto novo, moderno e revolucionário. Para que houvesse sucesso na produção
deste novo material, foi necessário o empenho de todos envolvidos, pois, inicialmente, a
produção acarretava em grandes custos relacionados a materiais retrabalhados e desperdícios.
A introdução do CEP na linha de produção promoveu um grau de controle e análise bastante
satisfatório para a empresa, como pode ser observado através dos resultados do estudo. Os
resultados apresentaram significância para a empresa em questão, pois se mostraram
economicamente, quando se relaciona a economia obtida durante a aplicação do CEP, e
culturalmente, quando se relaciona aos cooperadores e a própria empresa, importantes para o
desenvolvimento do trabalho.
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REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, R. P.; MENEZES, G. E.; SANTOS, R. P.; SOARES, J. C. V.; MIRANDA, M. R. S. Aplicação do
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ENEGEP. Proceedings. João Pessoa, PB, Brasil, 2016.
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